CRIATIVIDADE NO MARKETING
05/10/2013 -
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PROFESSOR TOM COELHO
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Protelação e urgĂȘncia
*por Tom Coelho e Eduardo Moretti
âNĂłs matamos o tempo, mas ele nos enterra.â (Machado de Assis)
A decisão do STF de acatar os embargos infringentes, permitindo novo julgamento a alguns réus do mensalão, precisa ser analisada com critério.
Ă doloroso aceitar que foi uma deliberação tecnicamente correta. Um dos princĂpios fundamentais em matĂ©ria de direitos humanos Ă© assegurar ao rĂ©u o amplo direito de defesa, ainda que isso nos faça lembrar as palavras do jurista uruguaio Eduardo Juan Couture: âTeu dever Ă© lutar pelo Direito, mas se um dia encontrares o Direito em conflito com a Justiça, luta pela Justiçaâ.
O ato de julgar tem que ser demorado? Algumas vezes, sim. Amadurecer um posicionamento, refletir (pensar mais de uma vez sobre a mesma coisa), talvez ajude o magistrado a prolatar uma sentença mais "justa" sem preocupar-se com o "clamor social". A propósito, hå que se observar que no caso em questão, grande parte da população parece preconizar não a justiça, mas a vingança...
Dizia Ruy Barbosa que "justiça tardia, nĂŁo Ă© justiça". Em alguns casos, a resposta judicial deve ser cĂ©lere, evitando que a sensação de impunidade se instale. Tudo depende da complexidade do caso, do nĂșmero de envolvidos e, tambĂ©m, do volume de trabalho do juiz.
Nossos juĂzes tem uma carga de trabalho significativa. Por isso, a demora no julgamento de processos nĂŁo Ă© resultado de procrastinação voluntĂĄria, mas consequĂȘncia direta do acĂșmulo de açÔes judiciais â um excesso que, espera-se, nĂŁo comprometa a qualidade das anĂĄlises e decorrentes sentenças.
Diante do referido volume, associado aos tantos recursos, embargos e instĂąncias, muitos processos sĂŁo encerrados por mera prescrição de prazo. Por isso, estamos diante de uma armadilha que precisa ser desfeita. Leis que precisam ser reescritas, regimentos que precisam ser reformulados para permitir, juntamente com a ampliação do nĂșmero de magistrados, maior celeridade aos processos.
Este episĂłdio diz muito sobre nossa sociedade. Precisamos combater o mau hĂĄbito de protelar, adiar, empurrar com a barriga. Um âbom diaâ tem que ser dado no ato, desculpas proferidas de imediato, agradecimentos enviados tĂŁo logo possĂvel. Deixamos para depois decisĂ”es, declaraçÔes, projetos. Assim, adiamos o cotidiano e nos distanciamos do futuro.
Nossa nação alimenta carĂȘncias do tamanho de sua grandiosidade. Hospitais sem infraestrutura, mĂ©dicos sem preparo, educação sem qualidade, falta de moradias, transporte sem mobilidade, insegurança urbana. SĂŁo todas necessidades urgentes, para ontem.
PorĂ©m, tudo fica para a prĂłxima eleição, a prĂłxima votação, o prĂłximo julgamento, o prĂłximo mandato, no mĂȘs que vem, depois de amanhĂŁ. Talvez seja vĂĄlido lembrar o que disse John Maynard Keynes: âNo longo prazo, todos estaremos mortosâ.
* Tom Coelho Ă© educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 17 paĂses. Ă autor de âSomos Maus Amantes â ReflexĂ”es sobre carreira, liderança e comportamentoâ (Flor de Liz, 2011), âSete Vidas â LiçÔes para construir seu equilĂbrio pessoal e profissionalâ (Saraiva, 2008) e coautor de outras cinco obras. Contatos atravĂ©s do e-mail tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com.
* Eduardo Moretti Ă© educador e advogado. Especialista em Direito Empresarial e Mestre em Direito Comercial pela PUC-SP. Coordenador do curso de Direito da Faculdade Fapan (Uniesp) de SĂŁo Bernardo do Campo. Foi examinador para ingresso nos quadros da OAB (Exame de Ordem) e Relator do Tribunal de Ătica e Disciplina da OAB. Contatos atravĂ©s do e-mail eduardo@morettietaccola.adv.br. Visite: www.morettietacola.adv.br.
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