CRIATIVIDADE NO MARKETING
15/11/2012 -
NOSSOS COLUNISTAS
PROPAGANDAS INTELIGENTES (O MAIS VITORIOSO - CORITIBA FC)
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Troféu
O Coritiba recebeu, em Londres, o prĂȘmio Football Business Award, patrocinado pelo Chelsea, da Inglaterra, e organizado pelos principais clubes europeus.
ImbatĂvel
A premiação Ă© resultado da campanha "O Mais Vitorioso do Mundo", iniciada apĂłs as 24 vitĂłrias seguidas de 2011 e que elevou o quadro associativo do Coritiba. O time levou a melhor sobre clubes importantes da Europa, como a Inter de MilĂŁo e o milionĂĄrio Zenit, da RĂșssia.
Bernardo Itri â Painel FC â Fonte: Folha de S.Paulo â 11/11/12.
Mais detalhes:
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PROFESSOR TOM COELHO
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Ensinando a ousar
* por Tom Coelho
âO que quer que vocĂȘ seja capaz de fazer, ou imagina ser capaz, comece.
Ousadia contĂ©m gĂȘnio, poder e magia.â
(Goethe)
A cada minuto de nossas vidas estamos sempre assumindo dois papéis: o de professor e o de aluno. Dependendo do momento, do tema e do interlocutor, colocamos um ou outro véu. E num diålogo realmente edificante, chegamos mesmo a utilizar ambos.
PorĂ©m, em regra, somos maus professores. Maus porque pregamos a mediocridade, inibimos a audĂĄcia, coibimos o risco, desestimulamos a galhardia. Ser medĂocre Ă© ser comum, mediano, modesto, despretensioso. Ser medĂocre Ă© estar seguro, ainda que nĂŁo se esteja bem. Ser medĂocre Ă© fruto natural de nossa cultura ibĂ©rica e de nossa tradição catĂłlica.
Empregados sem empregos
Nossas escolas de ensino fundamental privilegiam uma alfabetização metĂłdica, padronizada, enquadrando as crianças num plano bidimensional. SĂŁo ao menos nove anos de estudos sem incentivo Ă criatividade e Ă ousadia. Depois, quem pode gasta uma soma considerĂĄvel com um terapeuta ou em um curso de especialização para instruir seu filho a traçar linhas curvas e nĂŁo apenas retas, a misturar cores quentes e frias, a experimentar outras formas geomĂ©tricas, a unir nove pontos alinhados trĂȘs a trĂȘs com apenas quatro retas.
O ensino mĂ©dio, por sua vez, produz exĂ©rcitos dotados de baionetas com as quais assinalarĂŁo âxâ dentre cinco alternativas possĂveis para, aĂ sim, ingressando no chamado ensino superior, compor uma legiĂŁo de empregados para um mundo sem empregos. A prĂłpria estrutura de ensino promove a subserviĂȘncia, seja por intermĂ©dio do mĂ©todo expositivo de aulas, seja atravĂ©s do respeito incĂłlume Ă s hierarquias, seja por meio dos trabalhos de conclusĂŁo ou estĂĄgios supervisionados, sempre focalizados em grandes empresas e com conteĂșdo discutĂvel.
Nosso modelo de ensino nĂŁo instiga o pensar. HistĂłria Ă© para ser decorada, e nĂŁo entendida. MatemĂĄtica Ă© para se aprender por tentativa e erro, e nĂŁo por tentativa e acerto. PortuguĂȘs tem muitas regras, nĂŁo se sabe para quĂȘ, nĂŁo Ă© mano?
Abolimos as aulas de Educação Moral e CĂvica porque remetiam Ă lembrança dos tempos da ditadura, em vez de modernizarmos seu programa. O resultado Ă© que hoje nĂŁo se sabe mais cantar o Hino Nacional, o qual sĂł Ă© ouvido em jogos de futebol ou quando somos agraciados com alguma façanha em um evento esportivo. Foi-se embora o culto ao patriotismo e o amor ao verde-amarelo. Foi-se tambĂ©m a oportunidade de se ministrar um pouco de Ă©tica e de responsabilidade social.
Mediocridade ensinada
Nossa mediocridade ensinada acaba permeada em nossas vidas sem que nos apercebamos disso. Nossas empresas tornam-se medĂocres porque nĂŁo tĂȘm o gene do empreendedorismo, em especial o empreendedorismo de oportunidade, aquele que gera valor, que produz riqueza, que semeia empregos qualificados e de forma sustentada. Falta-nos a ousadia para adotar novas prĂĄticas, da remuneração variĂĄvel ao horĂĄrio flexĂvel, da gestĂŁo compartilhada Ă participação nos resultados.
Nossa mediocridade ensinada congela nossos Ămpetos corporativos, impedem-nos de investir em nossas prĂłprias ideias, de acreditar em nossos mais castos ou ambiciosos sonhos. O risco, palavra derivada do italiano antigo risicare e que significa nada menos do que âousarâ, deixa de ser uma opção, deixa de ser um destino.
Nossa mediocridade ensinada se mostra presente em nossas vidas pessoais, exacerbando nossa timidez, trazendo consigo a hesitação por uma palavra, por um beijo, por uma conquista mĂștua. Tempera relaçÔes sem usar sal ou pimenta, adota a monotonia e culpa a rotina. Observe como nunca somos medĂocres no inĂcio de um namoro, da troca de olhares ao flerte, do perfume das flores ao sabor dos bombons. Tudo isso atĂ© o primeiro beijo, o Ășnico de fato verdadeiro, pois dele deriva muitos outros atĂ© os finalmente protocolares, como a nota cinco necessĂĄria para se passar de ano.
PĂlula azul ou vermelha?
Vivemos em uma nação na qual, mesmo apĂłs mais de meio sĂ©culo, a terra ainda devolve com fartura tudo o que nela se planta. NĂŁo somos vitimados por catĂĄstrofes naturais. Somos dotados de grande simpatia e predisposição ao trabalho. EntĂŁo, por que sermos medĂocres?
O que nos impede de reproduzir em larga escala a criatividade de nossa publicidade, a inteligĂȘncia de nosso design, a beleza de nossa moda, a eficiĂȘncia de nossa agroindĂșstria da soja, a ousadia de milhĂ”es de pessoas que teimam em se manter vivas com um punhado de reais ao longo de todo um mĂȘs?
Ou a vida Ă© uma aventura ousada, ou nĂŁo Ă© nada. Do contrĂĄrio, nĂŁo vivemos, apenas vegetamos. Ă luz de um Ăcone criado no filme âMatrixâ, podemos tomar a pĂlula azul, esquecer tudo isso, e tratar o ensino com objetivo exclusivo de satisfazer estatĂsticas, empenhados em reduzir Ăndices de evasĂŁo e elevar taxas de escolaridade. Mas podemos optar pela pĂlula vermelha, e incentivar a escola democrĂĄtica, substituir a forma desinteressante e desatrelada da realidade de educar pelo estĂmulo Ă curiosidade, encorajando o aprendizado ao invĂ©s do ensino porque ousadia Ă© uma forma de ser e nĂŁo de saber.
* Tom Coelho Ă© educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 17 paĂses. Ă autor de âSomos Maus Amantes â ReflexĂ”es sobre carreira, liderança e comportamentoâ (Flor de Liz, 2011), âSete Vidas â LiçÔes para construir seu equilĂbrio pessoal e profissionalâ (Saraiva, 2008) e coautor de outras cinco obras. Contatos atravĂ©s do e-mail tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com.
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