PENSANDO NA ADVERSIDADE
07/05/2009 -
PENSE!
A UNIĂO DOS POBRES
English:
http://www.economist.com/world/international/displaystory.cfm?story_id=13610801
"Os pobres se unem na adversidade", diz a "Economist" (http://www.economist.com/world/international/displaystory.cfm?story_id=13610801), em reportagem mostrando que, enquanto os "ricos se angustiam" se o capitalismo anglo-saxĂŁo deve dar lugar Ă versĂŁo francesa, "os emergentes avançam sem angĂșstia".
O pouco que debatem Ă© quanto Ă demanda interna ou externa na qual basear a economia. NĂŁo questionam o capitalismo nem abraçam os pedidos de "renacionalização", como no caso da Embraer. Brasil, Ăndia e China sĂŁo dados como governos que, em relação a EUA e Europa, hoje, pouco duvidam do mercado. Em parte, porque jĂĄ vinham mais contidos na liberalização. "Mais importante, os maiores emergentes jĂĄ começam a ver pistas de recuperação."
Toda MĂdia - Nelson de SĂĄ - Fonte: Folha de S.Paulo - 08/05/09.
PAULO COELHO
"Never Give up on Your Dreams, Follow the Signs" (NĂŁo desista dos seus sonhos, siga os sinais)
NatĂĄlia D'ornellas - Fonte: O Tempo - 03/05/09.
SĂ DE PASSAGEM
Conta-se que no século passado, um turista americano foi à cidade do
Cairo no Egito, com o objetivo de visitar um famoso sĂĄbio.
O turista ficou surpreso ao ver que o sĂĄbio morava num quartinho muito
simples e cheio de livros.
As Ășnicas peças de mobĂlia eram uma cama, uma mesa e um banco.
- Onde estĂŁo seus mĂłveis? Perguntou o turista.
E o såbio, bem depressa olhou ao seu redor e perguntou também:
- E onde estĂŁo os seus...?
- Os meus?! Surpreendeu-se o turista.
- Mas estou aqui sĂł de passagem!
- Eu também... - concluiu o såbio.
"A vida na Terra Ă© somente uma passagem... No entanto, alguns vivem como se fossem ficar aqui eternamente, e se esquecem de ser felizes."
"NĂO SOMOS SERES HUMANOS PASSANDO POR UMA EXPERIĂNCIA ESPIRITUAL... SOMOS SERES ESPIRITUAIS PASSANDO POR UMA EXPERIĂNCIA HUMANA..."
(Colaboração: Shirley - Caraguatatuba/SP)
JOIO E TRIGO
Metade dos deputados nĂŁo fez nenhuma viagem internacional Ă custa do erĂĄrio pĂșblico. Na metade que viajou com passagens da CĂąmara dos Deputados, hĂĄ casos muito diferentes: um parlamentar foi 40 vezes a Miami com a famĂlia e outro esteve em Bangladesh participando de um fĂłrum parlamentar sobre combate Ă fome. NĂŁo dĂĄ para generalizar e atribuir os abusos a toda classe polĂtica. Ă preciso coibir irregularidades e punir malfeitores, sim, mas fazendo justiça aos bons parlamentares e preservando a instituição do Congresso.
Raquel Faria - Fonte: O Tempo - 04/05/09.
PRĂSTATA
Assunto sério e tratado aqui de forma objetiva e esclarecedora para despertar a atenção daqueles resistentes à prevenção.
Clique aqui: http://www.slideshare.net/cab3032/prstata2.
(Colaboração: A.M.B.)
RHVIDA - http://www.rhvida.com.br/
APRENDIZ 6 - UNIVERSITĂRIO
O desafio do jovem universitĂĄrio.
http://aprendiz6.rederecord.com.br/
CONFERĂNCIA CONTRA O RACISMO
A ConferĂȘncia de RevisĂŁo de Durban aconteceu em Genebra e o mundo nĂŁo parou de girar, como os detratores da conferĂȘncia queriam que pensĂĄssemos que aconteceria.
De fato, Ă© possĂvel que o mundo tenha se tornado um lugar melhor, agora que a conferĂȘncia adotou por consenso um documento que se inspira no compromisso, assumido em Durban (Ăfrica do Sul) hĂĄ oito anos, de combater a discriminação racial e a intolerĂąncia em todo o mundo.
Apesar de dĂ©cadas de mobilização, dos esforços de muitos grupos e de muitas naçÔes e das inĂșmeras provas de suas terrĂveis consequĂȘncias, a verdade Ă© que o racismo persiste. Nenhuma sociedade, grande ou pequena, rica ou pobre, estĂĄ imune.
A conferĂȘncia de Genebra (SuĂça) foi uma oportunidade para os paĂses chegarem a um acordo sobre um documento comum que consagrasse uma aspiração comum: a de rejeitar o racismo em todas as suas manifestaçÔes e trabalhar para eliminĂĄ-lo.
No entanto, durante mais de um ano, algumas vozes apelaram ao boicote da conferĂȘncia. Essa oposição se baseava, em grande medida, no receio de que o encontro desencadeasse a repetição das virulentas atividades antissemitas que algumas ONGs levaram a cabo em 2001, Ă margem da conferĂȘncia em Durban.
Os atos deplorĂĄveis de uns quantos mancharam a reputação de todo o processo, desde 2001 atĂ© este ano. Dez Estados-membros da ONU, incluindo CanadĂĄ, Israel, EUA, AustrĂĄlia e Nova ZelĂąndia, e 5 dos 27 paĂses da UniĂŁo Europeia decidiram nĂŁo participar do encontro de Genebra, que foi convocado pela Assembleia Geral da ONU para analisar a aplicação da Declaração e Programa de Ação de Durban, o documento final da conferĂȘncia de 2001.
A ausĂȘncia desses paĂses revelou-se preocupante quando, no primeiro dia da conferĂȘncia, o presidente do IrĂŁ, Mahmoud Ahmadinejad, pronunciou um discurso em que atacava Israel, os EUA e outros Estados ocidentais, utilizando o fĂłrum da ONU para uma retĂłrica polĂtica facciosa.
Contudo, essa atitude foi rotundamente rejeitada no dia seguinte com a adoção, por consenso, de um documento que constitui a Ășltima palavra da conferĂȘncia. Os Estados demonstraram determinação, espĂrito de compromisso e respeito pela diversidade ao se mobilizarem, unidos, em prol de uma causa comum e urgente.
Esperamos que o acordo gere efeitos benĂ©ficos duradouros para as inĂșmeras vĂtimas do racismo, da discriminação e da intolerĂąncia. No documento, os Estados se comprometeram a impedir manifestaçÔes de racismo, discriminação racial e xenofobia, sobretudo em relação a migrantes, refugiados e requerentes de asilo. Eles tambĂ©m acordaram em promover maior participação e oportunidades para as pessoas de origem africana e asiĂĄtica, os povos indĂgenas e os indivĂduos pertencentes a minorias Ă©tnicas, religiosas e linguĂsticas.
Comprometeram-se a assegurar que a discriminação nĂŁo afete aberta ou dissimuladamente o acesso a emprego, serviços sociais, cuidados de saĂșde e participação em outras esferas. O documento reafirma a importĂąncia fundamental da liberdade de expressĂŁo e sublinha sua compatibilidade com a legislação internacional em vigor que proĂbe a incitação ao Ăłdio.
Isso deveria ajudar a superar a divisĂŁo artificial em torno de certos assuntos sensĂveis relacionados com a religiĂŁo, que, Ă força de ser tĂŁo falada, poderia tornar-se uma realidade, desencadeando um conflito de civilizaçÔes. AlĂ©m disso, o documento final representa o importante reconhecimento das injustiças e atrocidades do passado e propĂ”e medidas para evitar que voltem a acontecer. Entre elas figura o compromisso de proibir atividades violentas, racistas e xenĂłfobas de grupos que adiram a ideologias baseadas na supremacia.
A conferĂȘncia proporcionou uma plataforma para um novo começo. Os poucos Estados que decidiram manter-se Ă margem deveriam avaliar agora o documento final em razĂŁo do seu mĂ©rito e conteĂșdo. Muitos desses Estados participaram da sua elaboração e fizeram parte do consenso que foi se estabelecendo atĂ© a vĂ©spera da conferĂȘncia. Ă por isso que tenho esperança de que se associarĂŁo aos esforços internacionais para combater o racismo e a intolerĂąncia formulados nesse importante documento.
Não devemos ceder espaço àqueles que pretendem alimentar uma controvérsia que contribui para a intolerùncia. à mais importante para não permitir que nos façam esquecer nosso objetivo principal: fomentar sociedades em que não haja discriminação e um mundo em que haja igualdade de tratamento e de oportunidades para todos nós ou, pelo menos, para nossos filhos e os filhos dos nossos filhos.
Navi Pillay, mestre e doutora em direito pela Universidade Harvard, Ă© a alta comissĂĄria das NaçÔes Unidas para os Direitos Humanos. Foi a primeira mulher nĂŁo branca a atuar na Suprema Corte da Ăfrica do Sul. Fonte: Folha de S.Paulo - 03/05/09.
Navi Pillay - http://www.un.org/sg/senstaff_details.asp?smgID=139
Harvard - http://www.harvard.edu/
OS CHEFES AGEM COMO MACACOS
O seu chefe Ă s vezes parece um animal? Ele sĂł estĂĄ seguindo o prĂłprio instinto. ApĂłs estudar o comportamento de executivos durante 15 anos, psicĂłlogos australianos constataram que tanto chefes quanto macacos dominantes andam mais eretos, sĂŁo mais barulhentos, fazem menos tarefas e se exibem mais.
CiĂȘncia Maluca (http://super.abril.com.br/blogs/cienciamaluca/) - Fonte: Super Interessante - Edição 254 - Maio 2009.
KAFKA E BECKETT PREVIRAM O FUTURO
A ideia de "totalidade" que animou a "razĂŁo humana" por milĂȘnios acaba de falecer. Acabou de morrer com o socialismo. O homem pensa como um organismo, deseja que a vida seja um corpo funcional. Tudo aspirava a ser "um". Toda razĂŁo sempre aspirou Ă totalidade.
Agora sĂł hĂĄ fragmentos. Os pensadores ainda fingem gostar do fragmentario, do caĂłtico, do incontrolĂĄvel. Mentira. Cada fragmento se reerige em totalidade. De onde falamos, quando pedimos o bem? Falamos de uma "harmonia perdida", como se ela fosse ainda possĂvel, ou tivesse algum dia existido.
SĂł a ficção previu a ilĂłgica do mundo atual. Kafka e Beckett previram o mundo de hoje muito mais claramente que os cientistas polĂticos. Disseram para Brecht: "Kafka foi o primeiro autor bolchevista". Brecht observou: "E eu sou o Ășltimo escritor catĂłlico".
Por que praticar o bem se ele nĂŁo Ă© mais possĂvel? O mal virou uma necessidade social. NĂŁo dĂĄ mais para viver sem praticar o mal. NĂŁo dĂĄ para estragar a nossa felicidade cada vez que olhamos para crianças famintas. O mal Ă© um mecanismo de defesa. O mal Ă© sempre o "outro". Nunca somos "nĂłs". Hitler nos absolveu a todos. Stalin nos fez santos.
Achamos que a "tarefa democrĂĄtica" seria um subproduto do capitalismo, como se ele almejasse a diferença, a contemplação das diversidades. Ă ilusĂŁo achar que o capitalismo almeja o heterogĂȘneo. Vejam a obviedade da crise financeira, gerada pelos vĂcios da voracidade e do egoĂsmo. Sempre houve um grande "auĂȘ" com as injustiças da ditadura. Mas, e o mal dos democratas? Estamos na era do erro inextrincĂĄvel. Do crime "sem criminosos".
Nem bem nem mal. São as coisas que estão controlando os homens. à o CO2 que controla os governos e não o contrårio. As coisas tomaram o poder. Cito Heiner Muller: "A måquina odeia o homem, pois para todo sistema de ordem ele apresenta um fator de perturbação. O homem faz sujeiras, não funciona. Logo, é preciso que ele se vå, o capitalismo deseja a perfeição do sistema estrutural da måquina".
Os fiascos de hoje sĂŁo defeitos de fabricação. Ou o lixo que o lixo do capitalismo gera. A gripe suĂna nasce de onde? Deste grande pesadelo poluĂdo e sem controle. No Brasil, muitas catĂĄstrofes sĂŁo "fora do lugar". A evolução tĂ©cnica convive com o ambiente de misĂ©ria e dĂĄ no "mal functioning". Explodem pela soma de novas tecnologias com o excesso de atraso: traficantes no morro com supermetralhadoras.
Todos sabĂamos que a bolha poderia explodir. Explodiu. Esse malogro traz uma nova era? TerrĂvel ou nĂŁo, alguma verdade vem aĂ. Que nova verdade serĂĄ essa? A prudĂȘncia, a parcimĂŽnia?
Nossa catĂĄstrofe maior Ă© a impotĂȘncia polĂtica, HĂĄ tambĂ©m o naufrĂĄgio da insensibilidade crescente diante do horror. Os fatos estĂŁo alĂ©m da piedade. HĂĄ o tĂ©dio crescente pela catĂĄstrofe, quando a alma vira uma grande pele de rinoceronte.
Mas, hĂĄ ainda um grande amor brasileiro pelo fracasso, pela falĂȘncia de propĂłsitos. Quando o fracasso acontece, Ă© um alĂvio. A fracasso Ă© bom porque nos tira a ansiedade da luta. JĂĄ perdemos, para que lutar?
O mal do Brasil não estå no assassino serial, estå nos pequenos psicopatas que nos roem a vida. Não estå na infinda crueza da burguesia nordestina (pior que a do Sul e Sudeste); estå muito mais no seu riso, na sua cordialidade. O mal não estå na måfia das passagens aéreas no Congresso, nas roubalheiras, mas nos simpåticos jaquetÔes dos nossos parlamentares, em suas gargalhadas soltas.
Ao denunciar o mal, vivemos dele. Vivemos da denĂșncia e com ela lucramos. Eu lucro sendo um cara "legal" que denuncia o mal e, assim, escapo da fome, comendo a comida de quem lamento.
Como quase nada acontece no Brasil, a nĂŁo ser o desatino, o erro da tentativa, o tiro pela culatra, a incompetĂȘncia arrogante, quando um desastre ou escĂąndalo acontecem, a plateia fica calma. Nossa vida fica mais real e podemos entĂŁo, aliviados, botar a culpa em alguĂ©m.
E dizemos: "Viram? Nada dĂĄ certo aqui⊠a culpa Ă© delesâŠ" Eles quem?
HĂĄ uma tradição de que nossa vida Ă© um conto-do-vigĂĄrio em que caĂmos. Somos sempre vĂtimas de alguĂ©m. Nunca somos nĂłs mesmos. NinguĂ©m se sente vigarista.
HĂĄ os fiascos em preparação, como as reformas do Estado que o Congresso nĂŁo deixa fazer; hĂĄ as catĂĄstrofes da lentidĂŁo dos processos jurĂdicos; hĂĄ os eternos denunciadores do fim, fotĂłgrafos, escritores, jornalistas (eu?), gente que denuncia o mal do mundo para o mundo, denĂșncias que sĂŁo um pleonasmo maldito para nada.
A vitĂłria Ă© burguesa. "Seja marginal, seja herĂłi." O fracasso Ă© legal, a vitĂłria Ă© careta. A vitĂłria dĂĄ culpa; o fracasso Ă© um alĂvio.
A crise, a catĂĄstrofe, o bode preto tĂȘm um sabor de "revolução". Ă como se a explosĂŁo "revelasse" algo, uma tempestade de merda purificadora. AlĂ©m disso, para os carbonĂĄrios, depois de tudo arrasado, a pureza renasceria do zero.
O Brasil Ă© visto como um grande "bode" sem solução - paraĂso da esquerda pessimista, dos militantes imaginĂĄrios. Quem quiser positividade Ă© traidor. A Academia cultiva o "insolĂșvel" como uma flor. Quanto mais improvĂĄvel um objetivo, mais "nobre" continuar tentando. O masoquista se obstina com fĂ© no impossĂvel.
A falĂȘncia nos enobrece. O culto portuguĂȘs Ă impossibilidade Ă© famoso. Numa sociedade patrimonialista como Portugal do sĂ©culo XVI, onde sĂł o Estado-rei valia, a sociedade era uma massa sem vida. Suas derrotas eram vistas com bons olhos, pois legitimavam a dependĂȘncia ao rei. Fomos educados para a desgraça. AtĂ© hoje somos assim; sĂł nos resta xingar e desejar o mal do paĂs.
Vejam como o Brasil se animou com a crise. Assim como o atraso sempre foi uma escolha consciente no século XIX, o abismo para nós é um desejo secreto. Hå a esperança de que no fundo do caos surja uma solução divina.
"Qual a solução para o Brasil ?", perguntamos. Mas, a própria ideia de "solução" é um culto ao fracasso. Não nos ocorre que a vida seja um processo, vicioso ou virtuoso e que só a morte é solução. Para o bem ou para o mal.
Arnaldo Jabor - Fonte: O Tempo - 05/05/09.
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