MULHERES
04/03/2010 -
MANCHETES DA SEMANA
DIA INTERNACIONAL DA MULHER
English:
http://www.internationalwomensday.com/default.asp
http://www.internationalwomensday.com/theme/
http://www.un.org/womenwatch/feature/iwd/
http://www.unifem.org/news_events/event_detail.php?EventID=319
O Dia Internacional da Mulher Ă© comemorado no dia 08 de março. Ă uma data comemorativa para a celebração dos feitos econĂŽmicos, polĂticos e sociais que foram alcançados pela mulher.
A proposta do dia internacional da mulher foi iniciada na virada do sĂ©culo XX, durante o processo de industrialização e expansĂŁo econĂŽmica, que levou a grandes protestos sobre as condiçÔes de trabalho. As mulheres empregadas em fĂĄbricasde vestuĂĄrio tĂȘxtil foram protagonistas de um desses protestos em 08 de março de 1857 em Nova Iorque. O protesto requeria melhores condiçÔes de trabalho e salĂĄrios mais altos.
PorĂ©m o que levou mesmo a essa data ser comemorada mundialmente foi a tese do incĂȘndio provocado na fĂĄbrica da Triangle Shirtwaist, que tambĂ©m ocorreu em Nova Iorque, em 25 de março de 1911. Onde foi registrada cerca de 146 mortes. Segundo relatos, cerca de 129 trabalhadoras foram trancadas e queimadas vivas. O incĂȘndio da fĂĄbrica Triangle, Ă© atĂ© hoje, o pior incĂȘndio da histĂłria de Nova Iorque.
Depois desse episĂłdio, muitos outros protestos foram feitos, e um que se destacou foi o de 1908, onde 15.000 mulheres marcharam sobre a cidade de Nova Iorque exigindo a redução da carga horĂĄria, melhores salĂĄrios e o direito de voto. Sendo assim, o primeiro Dia Internacional da Mulher seguiu-se em 28 de fevereiro de 1909 nos Estados Unidos apĂłs uma declaração do Partido Socialista da AmĂ©rica. Em 1910 ocorreu a primeira conferĂȘncia internacional sobre a mulher em Copenhague, dirigida pela Internacional Socialista, e assim, o Dia Internacional da Mulher foi estabelecido.
Fonte: http://www.mundodastribos.com/.
Mais detalhes:
http://www.internationalwomensday.com/default.asp
http://www.internationalwomensday.com/theme/
http://www.un.org/womenwatch/feature/iwd/
http://www.unifem.org/news_events/event_detail.php?EventID=319
HOMENAGEM AO DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Video: http://www.youtube.com/watch?v=N5vVeH1gn6I&feature=related
NĂO ME ARREPENDO DE NADA
A vida nunca foi fĂĄcil para a faxineira Rita CĂĄssia Faria, filha de uma mĂŁe alcoĂłlatra, que a obrigou a ser babĂĄ aos 13 anos. Anos mais tarde, desempregada, nĂŁo tinha como alimentar os filhos e assaltou um supermercado. "Estava desesperada."
NĂŁo voltou para casa: saiu dali para cadeia, onde ficou por um ano. Agora vai receber uma homenagem graças Ă Edith Piaf, um dos sĂmbolos da mĂșsica francesa -a homenagem virĂĄ na forma da "Non, je ne regrette rien" (NĂŁo me arrependo de nada).
A mĂșsica foi gravada por Juliana, de 14 anos, filha de Rita. "Descobri a histĂłria de Piaf e achei que tinha muito a ver com minha mĂŁe."
A homenagem nasce com uma experiĂȘncia realizada na Cidade Tiradentes, periferia de SĂŁo Paulo, onde quase ninguĂ©m sabe quem foi Edith Piaf -e, se por acaso soubesse, dificilmente ouviria sua voz.
Para discutir a violĂȘncia domĂ©stica, garotas foram convidadas a gravar mĂșsicas com temas femininos -na prĂłxima semana se comemora o Dia Internacional da Mulher. AlĂ©m do CD, haverĂĄ uma apresentação ao vivo.
Passaram, entĂŁo, o filme sobre Edith Piaf, cuja vida foi repleta de traumas -explorada pelo pai e por amantes, teve de cantar na rua para nĂŁo se prostituir e perdeu sua Ășnica filha. "As histĂłrias sĂŁo diferentes, mas aquele sofrimento de Piaf lembrou a minha mĂŁe."
A mĂșsica passou na vida de Rita -mas de raspĂŁo. Ela fez um furo na lona de um circo e deu um jeito de ver o espetĂĄculo, onde fizeram um concurso para a melhor cantora da plateia. Ganhou. "Minha paixĂŁo era cantar". Foram seus cinco minutos de glĂłria. Teve seis filhos, vivendo cada vez mais apertada, a tal ponto que, desempregada, tentou levar comida do supermercado -Juliana e os irmĂŁos foram morar com uma avĂł. "Tentei explicar para os guardas que estĂĄvamos passando fome, mas nĂŁo adiantou."
Cumprida a pena, arranjou o emprego de faxineira e voltou a estudar. EstĂĄ terminando o supletivo do ensino fundamental e pretende continuar. "Quero ser assistente social." JĂĄ perdeu qualquer ilusĂŁo musical.
Mas, na prĂłxima semana, quando ouvir a filha cantando para o pĂșblico, Rita se sentirĂĄ no palco -sem arrependimentos.
PS - Coloquei a gravação de Juliana na internet (www.catracalivre.com.br) -estão também as demais gravaçÔes feitas com temas sobre a mulher do projeto batizado de "Elas por Elas".
Gilberto Dimenstein (www.dimenstein.com.br) - Fonte: Folha de S.Paulo - 03/03/10.
Ouça:
http://catracalivre.folha.uol.com.br/2010/03/nao-me-arrependo-de-nada/
HIPOCRISIA NA CELEBRAĂĂO DO DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Existem datas especiais, em diferentes paĂses, para louvar mĂĄrtires e demonstrar apreço por minorias sociais, mas as celebraçÔes em torno da mulher, no dia 8 de março, sĂŁo, talvez, as mais hipĂłcritas, porque as relaçÔes de gĂȘnero no universo privado, a prĂĄxis polĂtica e as decisĂ”es patronais continuam apontando discriminação do segmento feminino em inĂșmeras situaçÔes, especialmente na ocupação de postos estratĂ©gicos para tomada de decisĂŁo e obtenção de melhores salĂĄrios. Quando a Organização das NaçÔes Unidas (ONU) elegeu uma mulher para comandar a Secretaria Geral, mesmo tendo sacramentado, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos e referendado, em 1975, aquela homenagem como resposta Ă s mobilizaçÔes femininas para obtenção de cidadania plena e condiçÔes adequadas de trabalho? Que paĂses, alĂ©m da SuĂ©cia, fizeram revisĂŁo constitucional para assegurar Ă s princesas o direito ao trono se fossem primogĂȘnitas do casal real? Quantos governantes e empresĂĄrios tĂȘm nomeado ocupantes de cargos executivos sem usar critĂ©rios excludentes relativos a caracterĂsticas femininas? Quantas religiĂ”es tĂȘm permitido que as mulheres sejam sacerdotisas para lidar com o sagrado? Tudo isso permanece em diferentes paĂses, com viĂ©s ainda mais cruel entre os povos islĂąmicos, que apedrejam atĂ© a morte as acusadas de adultĂ©rio, praticam a mutilação genital e impĂ”em um cĂłdigo de conduta muito mais severo ao grupo feminino.
Todas essas prĂĄticas sĂŁo mais absurdas quando ocorrem em ambiente familiar, pois as vĂtimas percebem como nĂŁo tĂȘm apoio efetivo nem dos homens com quem estabeleceram parceria conjugal, geraram filhos e apostaram sua felicidade. Isso fica explĂcito nos frequentes casos de agressĂŁo ou assassinato praticados por companheiros, que se irritam com deslizes menores ou nĂŁo aceitam a separação decidida apĂłs constantes humilhaçÔes ou alheamento Ă s dificuldades domĂ©sticas, especialmente quanto a cuidado dos filhos ou Ă provisĂŁo mĂnima para a subsistĂȘncia.
Um levantamento minucioso das ocorrĂȘncias policiais em qualquer Estado indicaria assustadora frequĂȘncia desses crimes e requintes de crueldade para punir a esposa pela rebeldia Ă sua condição de simples propriedade do companheiro incapaz de controlar seus rompantes de Ăłdio, embora haja afirmaçÔes do senso comum de que os homens sĂŁo mais racionais, lĂșcidos e objetivos na tomada de decisĂ”es.
Outro perigo que ronda as mulheres desde a infĂąncia aponta a ignomĂnia nas relaçÔes de gĂȘnero, pois atĂ© pais estupram meninas em tenra idade, indicando desrespeito absoluto a um ser frĂĄgil fĂsica e emocionalmente. Outros homens atacam desconhecidas que nada lhes fizeram para justificar uma revanche. SĂŁo, portanto, crimes sem qualquer justificativa, pois nascem de impulsos sexuais como se eles pudessem viver alheios Ă s normas culturais ou suas vĂtimas fossem simples objetos para o prazer masculino. Essa violĂȘncia gratuita tem frequĂȘncia assustadora, embora muitos nĂŁo constem dos registros policiais, diante da vergonha ou incapacidade da vĂtima para denunciar o agressor. Infelizmente, isso acontece em grande parte quando o estupro Ă© seguido de assassinato, extinguindo um ser cuja caracterĂstica "desabonadora" era apenas ser mulher.
Não hå, portanto, qualquer motivo para celebração, pois a relevùncia do Dia Internacional da Mulher estå apenas na oportunidade para denunciar as condiçÔes desfavoråveis que enfrentamos ainda hoje.
Gilda de Castro - AntropĂłloga - Fonte: O Tempo - 06/03/10.
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