PROJETO LIVRO DE RUA
27/05/2010 -
COLUNA DO CANALHA
DOE LIVROS...
Se vocĂȘ começar a encontrar em locais pĂșblicos cariocas um livro aqui, outro acolĂĄ, com jeito de esquecido ou abandonado, nĂŁo se avexe. VĂĄ lĂĄ e pegue-o. O livro estĂĄ ali Ă espera de um leitor que depois o passe adiante, exatamente da mesma forma que o encontrou. Que tal começar a deixar livros jĂĄ lidos em bancos de praça ou noutros locais em que possam ser achados, desejados, lidos e, mais uma vez, passados Ă frente?
Quantas vezes jĂĄ quisemos doar livros e ficamos sem saber que destino dar a eles, que acabaram voltando, ou nem saindo, da estante lotada. Doar livros requer, ainda, a prĂĄtica, nem sempre fĂĄcil, do desapego. Um sentimento de propriedade inĂștil muitas vezes toma conta dos donos das obras que nĂŁo percebem que elas jĂĄ cumpriram sua função. Doar livros Ă© como libertar pĂĄssaros.
Ampliar esta corrente mais do que do bem Ă© o que quer o projeto Livro de Rua, inspirado no movimento internacional BookCrossing, que difunde o pensamento hĂĄ tempos. A intenção Ă© transformar as cidades em bibliotecas sem muros, sem estantes, sem armĂĄrios ou gavetas. A ideia de libertar livros jĂĄ lidos, para que se tornem instrumentos de transformação de outras pessoas â se deixados em comunidades carentes melhor ainda â Ă© do Instituto Ciclos do Brasil. A ONG tambĂ©m promove distribuição de livros em locais pĂșblicos, com âcontaçãoâ de histĂłrias e rĂ©citas de poesia, e incentiva a criação de Bibliotecas da Liberdade. Essas sĂŁo instaladas em locais onde se pode colocar e retirar livros sem nenhum tipo de restrição. O Ășnico compromisso Ă© devolvĂȘ-los para que sirvam a outras pessoas.
A Biblioteca da Liberdade pode nascer em bares, lan houses, igrejas, postos de saĂșde e outros que possam virar espaços de leitura. Como os livros resultam de doaçÔes, nĂŁo hĂĄ custo ou burocracia. Para fortalecer a corrente, pode-se cadastrar o livro no site http://www.livroderua.com.br/, no qual registra-se o nĂșmero da inscrição que deverĂĄ ficar na capa e o Ășltimo local onde o livro foi deixado. Assim, sabe-se quantas pessoas foram beneficiadas e por onde o livro vem passando.
No domingo 25 de abril, do recente ViradĂŁo Carioca, cerca de mil livros foram doados no Posto 6, em Copacabana, numa barraca montada pelo Livro de Rua, ao lado da estĂĄtua sedestre do poeta Carlos Drummond de Andrade. Drummond, que nĂŁo pediu, mas que, forjado em bronze, estĂĄ sentado num banco, assistindo ao mundo, vasto mundo de Copacabana, deve ter ficado feliz. Pena que estĂĄtua nĂŁo fala. Mas sente.
Carlos Leonam e Ana Maria Badaró - Fonte: Carta Capital - Edição 595.
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