FALANDO EM BATALHA DE IDEIAS
10/07/2011 -
FALOU NO FM? TĂ FALADO!
FILOSOFIGHTERS
The sites:
http://filosofighters.tumblr.com/
http://super.abril.com.br/multimidia/filosofighters-631063.shtml
Videos:
http://www.youtube.com/watch?v=sSE9OFMz98w
Nove do smaiores filĂłsofos de todos os tempos estĂŁo em uma Ă©pica batalha de ideias. Siga os filĂłsofos no Twitter e se prepare para lutar no novo jogo do site, Filosofighters!
Confira:
www.super.abril.com.br/filosofighters
www.twitter.com/revistasuper/filosofighters
Mundo Super - Fonte: Super Interessante - Edição 293.
Mais detalhes:
http://filosofighters.tumblr.com/
VĂdeos:
http://www.youtube.com/watch?v=sSE9OFMz98w
MENSAGENS DE NOSSOS LEITORES E COLABORADORES
DITO E FEITO: "SOPA NO MEL"
O termo data de quando o prato nem sequer era sopa...
Ă o bom no melhor, uma oportunidade feliz, uma chance maravilhosa. Hoje pode parecer bastante estranho colocar mel na sopa (ou vice-versa), mas, no Portugal do sĂ©culo 17, quando a expressĂŁo ganhou forma, "sopa" nĂŁo era o prato que conhecemos hoje, e sim uma fatia de pĂŁo mergulhada em um calso de carnes e legumes, segundo o folclorista LuĂs da CĂąmara Cascudo, em "LocuçÔes Tradicionais no Brasil". Era um alimento muito bĂĄsico, e nĂŁo poderia haver luxo maior do que adicionar a ele um pouco de mel.
Daniel Cardoso - Fonte: Aventuras na História - Edição 96.
LocuçÔes Tradicionais no Brasil -
SOTAQUE Ă DETERMINANTE
Eles revelam mais que apenas a nossa origem. Cientistas da Friedrich Schiller, universidade alemĂŁ em Jena, constataram que a fala se sobrepĂ”e Ă aparĂȘncia quando as pessoas classificam os outros com base apenas nessas duas caracterĂsticas. Os sotaques sĂŁo cruciais para a integração social, uma vez que podem afetar o modo como os ouvintes percebem o falante. Segundo a pesquisadora Patricia Bestelmeyer, da Universidade de Glasgow, onde estuda as reaçÔes do cĂ©rebro a sotaques diferentes, "eles podem influenciar o quanto se gosta ou se confia em alguĂ©m".
Luna Shyr - Fonte: National Geographic - Edição 135.
Friedrich Schiller - http://www.uni-jena.de/en/Studying_in_Jena.html
Universidade de Glasgow - http://www.gla.ac.uk/
O QUE VOCĂ PODE FALAR, AFINAL?
A onda politicamente correta cresceu a ponto de tolher a liberdade de pensamento. O maior problema, porém, é outro: a reação torna tudo o que é incorreto "bacana". E abre espaço para a intolerùncia.
"Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada Ă© feia pra c... TĂĄ reclamando do quĂȘ? Deveria dar graças a Deus." A fala Ă© de um show de comĂ©dia stand-up de Rafinha Bastos. O Twitter foi inundado de mensagens com variaçÔes do tema proposto por Mayara Petruso - a estagiĂĄria de direito que recomendou o afogamento de nordestinos. Claro que nem Rafinha estĂĄ defendendo o estupro nem os afogadores de imigrantes sĂŁo necessariamente homicidas em potencial.
Boa parte dessa truculĂȘncia Ă© uma reação Ă onda politicamente correta das Ășltimas dĂ©cadas. A incorreção, nesse sentido, virou uma arma para defender a liberdade de expressĂŁo, que sĂł existe quando vocĂȘ tambĂ©m Ă© livre atĂ© para pensar o impensĂĄvel e dizer o impronunciĂĄvel.
Mas o que acontece quando o impensåvel agride o próximo gratuitamente? Para entender como chegamos a esse nó, vamos para a origem do termo "politicamente correto". Ele apareceu pela primeira vez com um significado bem diferente do que usamos hoje: na China dos anos 30, para denotar a estrita conformidade com a linha ortodoxa do Partido Comunista, tal como enunciado por Mao Tsé-tung. Mas os significado com que a expressão chegou até nós é criação dos Estados Unidos dos anos 60.
Na época, universitrårios americanos abraçaram a defesa dos direitos civis, seja das mulheres, seja dos negros. Era uma época de transformaçÔes na sociedade: as empresas e universidades, antes habitadas exclusivamente por homens brancos, agora viam chegar mulheres, negros, gays, imigrantes. Era preciso ensinar as pessoas a conviver com a diferença.
Nisso, negro virou "african-american", ("afro-americano"), "fag" ("bicha") virou "gay" ("alegre"). O paradoxal aà é que, pela primeira vez na história americana, quem buscava estender os direitos civis também advogava por uma limitação na liberdade de expressão.
O passo seguinte viria com os anos 90. Mais especificamente com a derrocada do mundo comunista. O fim do socialismo mudou a agenda dos grupos de esquerda. Se antes a busca pela igualdade era a busca pela diminuição das diferenças entre as classes sociais, agora era pela eliminação das "classes pessoais". Tratava-se de nĂŁo estigmatizar as pessoas por aquilo que elas eram - afinal, nĂŁo faz sentido aumentar o peso do fardo que cada um tem de carregar na vida. Dessa maneira, nĂŁo bastava combater sĂł o sexismo e o racismo. E "obesidade" virou "sobrepeso"; "deficiĂȘncia fĂsica" virou "necessidade especial"...
SĂł que o mĂ©todo, por mais bem-intensionado que seja, Ă© inĂłcuo. Quem explica por que Ă© o francĂȘs Ferdinand Saussure, o pai da linguĂstica, num texto de 1916: "De todas as instituiçÔes sociais, a linguagem Ă© a que oferece menor margem a iniciativas". Ela Ă© utilizada por todos os membros de uma comunidade, que, por esta ser naturalmente inerte, acaba por conservar a linguagem. Qualquer interferĂȘncia tende a ser rechaçada.
Ă aĂ que o debate começa, Politicamente corretos ficam do lado do conselho que a sua mĂŁe dava: seu direito termina onde começa o do outro. Se o prĂłximo se sente ofendido, vocĂȘ nĂŁo pode falar. Ponto.
Parece um argumento inatacĂĄvel. Mas tem um problema aĂ: quem Ă© o juĂz para decidir o que Ă© certo e o que Ă© errado, o que ofende e o que nĂŁo ofende? Onde fica a liberdade de pensamento , de expressĂŁo? A ideia de que o direito de uma termina onde começa a do outro vale aqui tambĂ©m: pode alguĂ©m retirar o direito do outro de dizer o que pensa?
Talvez por isso a transformação ideológica de palavras seja tão utilizada por governos: é uma ótima forma de revogar o direito de pensar. Tanto regimes autoritårios - como o "apartheid" sul-africano, em que a palavra "miscigenação" virou "imoralidade" - quanto democråticos - como os dos EUA, que usou o termo "guerra preventiva" para o ataque unilateral ao Iraque - usaram do expediente.
No mundo do politicamente correto isso Ă© o equivalente a chamar de "melhor idade" a Ă©poca da vida em que vemos multiplicar o valor do plano de saĂșde.
De boa intenção, o politicamente correto passa a ser visto como hipocrisia. E de hipĂłcrita a algo fundamentalmente errado. Como lidar com o excesso de correção polĂtica, entĂŁo?
Não temos a pretensão de dar uma resposta definitiva. Mas sair xingando os outros de gordo, aleijado, retardado e baranga estuprada é que não vai ser. Se fosse engraçado, talvez até funcionasse. Mas não. Não é.
Essencial - MaurĂcio Horta - Fonte: Super Interessante - Edição 293.
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