O TEMPO PASSA...
03/04/2008 -
MARILENE CAROLINA
RELĂGIO EM LEILĂO
English: http://news.bbc.co.uk/1/hi/scotland/south_of_scotland/7304504.stm
RelĂłgio de bolso que pertenceu a vĂtima do naufrĂĄgio do Titanic irĂĄ a leilĂŁo na Inglaterra e deve ser arrematado por atĂ© US$ 39 mil.
Fonte: Folha Online - 03/04/08.
CIĂNCIA NUM LUGAR INESPERADO
Poucos lugares no Brasil concentram tantos analfabetos e tĂȘm uma taxa de mortalidade infantil tĂŁo alta quanto MacaĂba, uma cidade de 65 000 habitantes a 14 quilĂŽmetros de Natal, no Rio Grande do Norte. Quem mora lĂĄ costuma cruzar as ruas de terra batida em carroças e freqĂŒentar o comĂ©rcio local sem um centavo no bolso, apenas carregado de antigos objetos para trocar. Nesse cenĂĄrio de pobreza e atraso funcionarĂĄ, a partir de maio, um avançado centro de pesquisas especializado na ĂĄrea de neurociĂȘncias. Sua localização improvĂĄvel, sem dĂșvida, surpreende. Outro fato que chama atenção sobre ele Ă© a rara unanimidade que, antes de ser inaugurado, jĂĄ alcançou no mundo acadĂȘmico â dentro e fora do Brasil. De saĂda, neurocientistas ligados aos bons laboratĂłrios o classificaram como um dos melhores que haverĂĄ no gĂȘnero, avaliação amparada em dados objetivos. Primeiro por suas instalaçÔes, que fazem frente Ă s de qualquer laboratĂłrio de primeira linha. O segundo e mais relevante diferencial do novo centro estĂĄ justamente no tipo de pesquisa que serĂĄ desenvolvido ali. Em linhas gerais, a idĂ©ia Ă© criar prĂłteses capazes de captar a intenção de um movimento no cĂ©rebro de uma pessoa e imediatamente o executar, algo que, se concretizado, darĂĄ nova perspectiva a quem sofre de alguma dificuldade motora. Na neurociĂȘncia, nenhum outro estudo da atualidade foi tĂŁo citado e influenciou tantos cientistas, de acordo com um levantamento conduzido pela revista americana Scientific American.
Quem estĂĄ Ă frente dele Ă© Miguel Nicolelis, mĂ©dico paulista de 47 anos, que hĂĄ vinte se mudou para os Estados Unidos com o objetivo de seguir carreira como pesquisador. Foi na universidade Duke, uma das melhores na ĂĄrea da neurociĂȘncia, que desenvolveu seu trabalho. Antes dele, os aparelhos de observação do cĂ©rebro conseguiam captar o movimento de apenas trĂȘs tipos de neurĂŽnios responsĂĄveis pela memĂłria motora. O trabalho de Nicolelis Ă© um avanço por ter resultado numa tecnologia capaz de descrever, simultaneamente, o padrĂŁo de comportamento de 130 neurĂŽnios â desde o momento em que hĂĄ intenção de mexer um braço ou uma perna atĂ© quando de fato se executa tal ação. Com essa abrangĂȘncia, as experiĂȘncias conduzidas por ele, atĂ© entĂŁo em ratos e macacos, mostram ser possĂvel replicar um movimento com 90% de precisĂŁo. Isso por meio de um computador que lĂȘ as informaçÔes no cĂ©rebro e as envia Ă prĂłtese, Ă qual estĂĄ conectado. Em 2009, ele começarĂĄ a testar a tĂ©cnica em pessoas. A pesquisa terĂĄ como cenĂĄrio os novos laboratĂłrios de MacaĂba, uma opção do prĂłprio Nicolelis. Ele justifica a escolha pela cidade, da qual jamais havia sequer ouvido falar: "Escolhi a dedo um lugar onde, sem uma mudança tĂŁo radical quanto essa, as pessoas viveriam para sempre longe da ciĂȘncia".
AtĂ© certo ponto, a trajetĂłria de Nicolelis Ă© tĂpica de alguĂ©m que ambiciona tornar-se um cientista de relevo no Brasil. A cada ano, cerca de 4 000 estudantes brasileiros optam por estabelecer-se no exterior. EstĂŁo, antes de tudo, em busca de condiçÔes mĂnimas para a pesquisa â entre outras coisas, poder contar com um reagente quĂmico no momento em que uma nova experiĂȘncia se revela necessĂĄria. Parece exagero, mas essa Ă© uma queixa real entre os cientistas brasileiros e aparece ao lado de outras igualmente bĂĄsicas em uma sĂ©rie de estudos sobre o assunto. Foi certamente uma das razĂ”es para Nicolelis fazer carreira nos Estados Unidos, e nĂŁo na Universidade de SĂŁo Paulo (USP), onde se graduou. Agora, ele se revezarĂĄ entre Duke, universidade da qual continua professor, e o Rio Grande do Norte. Ao fincar novas raĂzes no Brasil, passa a ser raridade diante de seus colegas. Em geral, os melhores nunca voltam.
Nos Ășltimos cinco anos, Nicolelis pĂŽs-se Ă frente de um mutirĂŁo diĂĄrio com o objetivo de juntar dinheiro para construir o complexo de MacaĂba, algo como 30 milhĂ”es de reais. Conseguiu coletar 70% dessa quantia na iniciativa privada, entre empresas brasileiras e universidades estrangeiras, como a de Lausanne, na SuĂça, e a de Kioto, no JapĂŁo, com as quais o novo centro formarĂĄ uma rede. O restante do dinheiro veio do governo federal. Durante esse perĂodo, ele montou um laboratĂłrio provisĂłrio prĂłximo a Natal e uma escola onde crianças de colĂ©gios pĂșblicos e renda familiar em torno de um salĂĄrio mĂnimo passaram a receber aulas de ciĂȘncias no tempo livre. Ă parte do projeto concebido por Nicolelis. Os experimentos divertem estudantes como Herbert Reinaldo da Silva, de 11 anos, antes avesso Ă matĂ©ria. Ele resume o clima local: "Odiava ciĂȘncias. Hoje sonho ser quĂmico". Para entusiasmo de Herbert e de seus colegas, em breve chegarĂĄ Ă cidade uma caravana com 27 dos mais influentes neurocientistas do mundo, para dar aulas aos profissionais do novo centro. Diz Nicolelis: "Sempre quis voltar ao Brasil e ajudar a formar e a manter no paĂs gente com talento para ciĂȘncias â uma chance que eu nĂŁo tive". Os ainda modestos, porĂ©m concretos, avanços num cenĂĄrio tĂŁo atrasado fazem refletir sobre o potencial de um investimento dessa natureza no Brasil.
Marcos Todeschini - Fonte: Veja - Edição 2054.
Mais detalhes:
http://www.natalneuro.org.br/
EXPOSIĂĂO - DA VINCI SEM SEGREGOS
Mostra que tem inĂcio em 15/4 reĂșne dois dos principais cĂłdigos do gĂȘnio italiano preservados desde o sĂ©culo 17, em MilĂŁo.
Desde o lançamento do best-seller "O Código da Vinci", a trama rocambolesca criada pelo escritor Dan Brown intriga muita gente. Agora, uma exposição no Museu da Casa Brasileira pretende "desvendar os segredos dos códigos" do cientista e artista renascentista italiano.
Mas quem espera mais quebra-cabeças e teorias da conspiração envolvendo a igreja católica e Maria Madalena vai se surpreender.
"A idéia é mostrar os verdadeiros códigos criados por Leonardo da Vinci, que são, na verdade, tratados e estudos sobre assuntos muito variados. Da botùnica à engenharia, tudo chamava a atenção dele e rendia ao menos algumas anotaçÔes", observa Ronaldo Padovani, organizador da exposição.
Dois cĂłdigos: Ao longo dos anos, grande parte do legado de Da Vinci se perdeu. A mostra que tem inĂcio no dia 15 de abril reĂșne dois dos principais cĂłdigos, preservados desde o sĂ©culo 17 na biblioteca Ambrosiana de MilĂŁo: o AtlĂąntico -que ganhou esse nome por ser a maior coleção de anotaçÔes e desenhos sobre temas que vĂŁo da matemĂĄtica Ă arte militar- e o do VĂŽo, com estudos sobre o vĂŽo dos pĂĄssaros e o projeto de uma mĂĄquina voadora.
O material foi todo digitalizado, e os originais em italiano podem ser conferidos em computadores que trazem tambĂ©m reconstituiçÔes tridimensionais de 52 mĂĄquinas, pontes, fortificaçÔes e armamentos, alĂ©m de 130 modelos criados a partir dos estudos sobre o vĂŽo dos pĂĄssaros e um projeto urbanĂstico.
"Da Vinci era canhoto e escrevia de trĂĄs para a frente para nĂŁo borrar o papel com o nanquim. Na mostra, Ă© possĂvel ver esses originais, em italiano, e tambĂ©m a versĂŁo em inglĂȘs", diz Padovani.
A mostra traz tambĂ©m dois modelos fĂsicos: o pĂĄssaro mecĂąnico, um boneco de madeira que reproduz todos os movimentos de um pĂĄssaro e era usado para estudar a influĂȘncia do vento no vĂŽo dos animais, e o automĂłvel robĂŽ, um carro movido a corda utilizado para entreter os duques de MilĂŁo.
OS SEGREDOS DOS CĂDIGOS DE LEONARDO DA VINCI
Quando: 15 de abril a 4 de maio
Onde: Museu da Casa Brasileira (av. Brigadeiro Faria Lima, 2.705)
Quanto: R$ 4
http://www.mcb.sp.gov.br/
DESTAQUES DA EXPOSIĂĂO
CĂłdigo de VĂŽo*
estudos sobre o vĂŽo dos pĂĄssaros e projetos de uma mĂĄquina voadora
CĂłdigo AtlĂąntico*
Ă© o maior conjunto de estudos do cientista e artista italiano -por isso tem esse nome. ReĂșne tratados sobre matemĂĄtica, astronomia, botĂąnica, arquitetura, mecĂąnica, entre outros assuntos.
AutomĂłvel-RobĂŽ
espécie de brinquedo usado para entreter os duques de Milão. à um carro a corda, com quase um metro de comprimento
PĂĄssaro MecĂąnico
boneco de madeira usado por Da Vinci para estudar a influĂȘncia do vento no vĂŽo dos pĂĄssaros
* Os originais dos códigos, em italiano, podem ser vistos em computadores que trarão também modelos tridimensionais das invençÔes do cientista.
Fonte: Folha de S.Paulo - 31/03/08.
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