"MIL SĂO" IMPOSSĂVEL?
17/04/2007 -
FUTEBOL SHOW
MISSĂO IMPOSSĂVEL
O nosso craque Romårio vive um drama para marcar o milésimo gol. Vejam a foto!
(Colaboração: Fabiano)
TAĂA NOVOS HORIZONTES DE FUTSAL
Vem aà mais uma edição da Taça Novos Horizontes de Futsal. O nosso time do Faculdade Mental jå estå inscrito. Em breve mais detalhes. Vai ser outro show!
GALO
Com a obrigatoriedade de se cantar o Hino Nacional antes de todos os eventos em SĂŁo Paulo, incluindo jogos de futebol, o Galo estĂĄ prestes a solicitar transferĂȘncia de todos os jogos da SĂ©rie A, previamente marcados para Sampa, para outros estados.
Motivo: Se recusa a cantar o Hino Nacional, principalmente a parte "...a imagem do CRUZEIRO resplandece...".
(Colaboração: Lima)
ZĂ CABALA E O TORCEDOR
Desta vez, o telefonista dos espĂritos recebe alguĂ©m que nĂŁo Ă© atacante, zagueiro, meio-campista ou goleiro.
QUANDO CHEGUEI ao escritĂłrio de ZĂ© Cabala, o grande mensageiro das almas, o supremo webmail dos espĂritos, ele jĂĄ me esperava em sua sala. Usava um turbante negro, e negra tambĂ©m era sua tĂșnica.
Como nunca o tinha vista tĂŁo elegante, perguntei: "EstĂĄ de luto, mestre?". "NĂŁo, Ă© que preto emagrece", ele me respondeu. "Mas vamos ao que interessa. Quem o nobre foliculĂĄrio (ou devo dizer folhiculĂĄrio?) quer entrevistar hoje? Um grande meia, um inesquecĂvel atacante, um invencĂvel zagueiro ou um premiado tĂ©cnico?" "Estava pensando em algo mais simples: um torcedor."
EntĂŁo o divino psicĂłfono ergueu-se, pegou a toalha da mesa e começou a agitĂĄ-la como se fosse uma bandeira, correndo pela sala e cantando uns hinos que eu nĂŁo entendi. Depois, jĂĄ ofegante, finalmente sentou-se. "O senhor Ă© um torcedor?", perguntei. "Ă! E dos bons." "Pois eu queria saber o que leva alguĂ©m a amar um time."
"Ah, meu filho, sĂŁo vĂĄrios motivos e um motivo sĂł. VocĂȘ pode gostar de um time porque Ă© o time da sua cidade, porque algum grande amigo torce por ele ou porque seu pai lhe ensinou assim. Mas o certo Ă© que, se torce para um time, Ă© porque se quer fazer parte de alguma coisa maior. Um homem Ă© sĂł um homem, mas, se ele torce para um time, passa a fazer parte de uma torcida, de um clube, de uma histĂłria, uma histĂłria cheia de vitĂłrias e derrotas, cheia de batalhas herĂłicas e grandes inimigos."
"E esses inimigos sĂŁo importantes?" "Ă! Diga-me com quem nĂŁo andas e te direi quem nĂŁo Ă©s. O inimigo Ă© tĂŁo importante quanto o amigo. Talvez mais. E torcer contra eles Ă© uma delĂcia. Pode perguntar para qualquer um. O torcedor do Sport vibra com a derrota do Santa Cruz, o do Inter bebe vinho quando o GrĂȘmio perde, e o do Galo canta quando o Cruzeiro tropeça. O inferno dos outros Ă© o nosso cĂ©u."
"NĂŁo Ă© meio triste pensar assim?" "Ă, mas fazer o quĂȘ? O ser humano nĂŁo Ă© grande coisa." "Essa histĂłria de inimigo nĂŁo Ă© o que provoca as brigas nos estĂĄdios?"
"Não mesmo! Torcedor comum não briga. Isso é coisa de torcedor organizado. O torcedor comum segue o trilho das coisas certas. Na verdade, ele até gosta de ir ao campo com um amigo que torce para o inimigo, só para ficar tirando sarro do coitado. Tirar sarro dos torcedores adversårios é das melhores coisas que existe. Por isso é que eu adorava as segundas-feiras, porque tirava sarro de metade do pessoal lå no serviço."
"E o senhor acha certo que o futebol seja tĂŁo importante na vida das pessoas?" "Meu filho, as coisas mais importantes sĂŁo as coisas sem importĂąncia. O futebolzinho, conversar com os amigos no bar, beber uma cerveja gelada, comer uma lingĂŒicinha bem apimentada, olhar uma mulher bonita, tomar um bom pingado na padaria, pregar peça nos amigos... Felicidade Ă© um negĂłcio simples, a gente Ă© que complica."
"E quando o senhor era vivo torcia para quem?" "Como assim, vocĂȘ nĂŁo estĂĄ me reconhecendo?" "Bem..., para falar a verdade..." "Te chamei de "meu filho", e vocĂȘ nĂŁo adivinhou quem sou eu?" "Pai?"
"Quem mais? E vocĂȘ sabe que eu torço pelo Santos e contra o Corinthians. AliĂĄs, esperei atĂ© o Ășltimo jogo entre os dois para ir para o lado de lĂĄ. Ah, aquele 2 a 1 foi uma bela despedida. E, falando em despedida, jĂĄ estĂĄ na minha hora. Adeus. De novo." Estranhamente, desta vez ZĂ© Cabala nĂŁo cobrou a consulta.
José Roberto Torero.
(Fonte: Folha de S.Paulo - 19/04/07)