VIRTUAL SHOE MUSEUM
13/11/2009 -
MARILENE CAROLINA
O MUSEU VIRTUAL DO SAPATO
English:
http://www.virtualshoemuseum.com/vsm/index.php
O site Virtual Shoe Museum levou a loucura por sapatos a um novo patamar. EstĂŁo lĂĄ algumas das criaçÔes mais inusitadas e inutilizĂĄveis do mundo todo. Tem tambĂ©m alguns modelos calçåveis. Nada estĂĄ Ă venda, apesar de vĂĄrios dos designers expostos terem suas marcass. Ă o caso de Kobi Levi, que jĂĄ trabalhou na indĂșstria calçadista brasileira e hoje tem uma marca masculina em Tel-Aviv.
Confira o site e veja o vĂdeo: http://www.virtualshoemuseum.com/vsm/index.php.
Fonte: Folha de S.Paulo - 07/11/09.
PAPEL DE PAREDE - CROCODILO-DO-NILO
Este vigilante olho amarelo é de um crocodilo-do-nilo, um caçador lapidado por eras de evolução. Ao longo de 240 milhÔes de anos, estes predadores passaram a dominar o mundo entre a terra firme e as åguas profundas. Mas, com a redução de seus håbitats, muitas espécies crocodilianas defrontam um futuro incerto. Foto de Bruno Calendini, Biosphoto.
A foto: http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/papeis-de-parede/edicao116-novembro-2009-508917.shtml?foto=8p.
Fonte: National Geographic - Edição 116.
NO AZUL DA GRĂCIA
Famosa por seus vulcĂ”es, pelo incomparĂĄvel pĂŽr do sol e por suas casinhas brancas, Santorini Ă© a mais conhecida das Ilhas CĂclades da GrĂ©cia.
Detalhes: http://www.greeka.com.
Fonte: Revista Aduana Minas â Ano 3 â NĂșmero 10.
REDAĂĂO PREMIADA
Em 1953, a princesa Elizabeth Alexandra Mary assumiu o trono da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte. O evento causou um furor inédito: pela primeira vez na história da monarquia britùnica uma coroação era acompanhada ao vivo pela TV e pelo rådio. Com apenas 10 anos, Paul McCartney documentou o acontecimento. Sua redação deixou para trås centenas de estudantes e foi premiada pela coroa britùnica. O texto, encontrado na Biblioteca Central de Liverpool, serå publicado em 2013 para comemorar o aniversårio de 60 anos da coroação.
Fonte: Aventuras na História - Edição 76.
A NOVA LĂNGUA
Quando vocĂȘ pensa que, de tanto ler os clĂĄssicos, de Machado de Assis a JoĂŁo do Rio e a Rubem Braga, jĂĄ adquiriu domĂnio suficiente da lĂngua para dormir tranquilo, a mĂdia o atropela com novidades. Como na primeira vez que li que Fulano estava correndo "risco de morte". Pensei que tivesse lido errado.
NinguĂ©m mais corre risco de vida, sĂł de morte. Ou seja, nĂŁo Ă© mais a vida que estĂĄ em perigo. Suponha que alguĂ©m resolva atravessar uma avenida com o sinal fechado, zanzando entre os carros. AtĂ© outro dia esse gesto poria sua vida em risco. NĂŁo mais. Hoje, segundo a nova lĂngua -adotada por jornais, rĂĄdios, TVs, internet e o locutor da pamonha-, o sujeito corre risco de morte. Quer dizer: estĂĄ ameaçado de nĂŁo morrer nunca, mesmo que os carros lhe passem por cima.
Outra praga: a palavra "pontual". Era usada para descrever uma pessoa ou fato que chegava ou acontecia na hora marcada. Agora significa algo isolado, especĂfico: "A falta de remĂ©dio no hospital xis Ă© pontual". Um amigo me perguntou: "Quer dizer que a falta de remĂ©dio chegou na hora certa?".
E tenho urticĂĄrias no aviĂŁo quando a aeromoça anuncia: "Para informaçÔes adicionais, procure nosso pessoal de terra". Ela quer dizer "para mais informaçÔes". E nĂŁo consigo conter o riso ao ouvir: "Fulaninha me adicionou como sua amiga no orkut". Note bem, adicionar nĂŁo estĂĄ errado -Ă© latim para somar. Mas, da maneira como a turma o usa, Ă© internetĂȘs castiço, traduzido diretamente do burrĂȘs.
O bom do ridĂculo Ă© que ele nĂŁo se enxerga. Um filme de 1929, "A Megera Domada", com Mary Pickford, baseado em Shakespeare, foi lançado em duas versĂ”es: muda e falada. Nesta Ășltima, era preciso dar um crĂ©dito na tela para as falas. O produtor sapecou: "DiĂĄlogos adicionais por William Shakespeare".
Ruy Castro (http://www.releituras.com/ruycastro_mauhumor.asp) - Fonte: Folha de S.Paulo â 09/11/09.
OUTROS MUROS ALĂM DO MUTO DE BERLIM
Esta semana, o mundo comemorou o 20Âș aniversĂĄrio da derrubada do Muro de Berlim, sĂmbolo da divisĂŁo entre paĂses. AlĂ©m de comemorar, devemos lembrar que construĂmos trĂȘs outros muros.
O primeiro separa os pobres dos ricos, nĂŁo importa o paĂs em que vivam. Como um muro ou uma Cortina de Ouro que serpenteia pelo planeta, cortando cada paĂs em duas partes.
De um lado, aqueles com recursos para estudar atĂ© o doutorado; de outro lado, os que nĂŁo saem do analfabetismo ou, no mĂĄximo, chegam Ă 4ÂȘ sĂ©rie. Alguns tĂȘm acesso Ă saĂșde, outros sĂŁo abandonados Ă doença e Ă morte. Uns tĂȘm um sistema de saĂșde que lhes permite a esperança de chegar aos 80 anos; para os outros, a esperança de vida Ă© de 39 anos apenas. De um lado da Cortina de Ouro, a renda per capita Ă© de US$ 20 mil por ano; do outro lado, de US$ 500 por ano.
Esse Ă© um muro tĂŁo brutal quanto o muro que separava a Alemanha em duas. Mas uma brutalidade que esquecemos, como se a derrubada do Muro de Berlim tivesse sido suficiente para construirmos um mundo sem muros. Mas esse nĂŁo Ă© o Ășnico muro que criamos. Ao contrĂĄrio, temos diversos muros para manter a separação entre um lado e outro da sociedade.
O segundo muro separa a atual geração das futuras geraçÔes. à o muro que decorre da destruição ecológica. Até aqui, as geraçÔes seguintes tinham certeza de uma vida melhor que a de seus pais. Que nos separa de nossos filhos e netos. Esse muro separa as geraçÔes fazendo com que possamos usufruir de uma diversidade biológica a que os próximos seres humanos não terão direito, porque ela desaparecerå por causa do aquecimento global.
Uma terceira cortina faz com que, de um lado, estejam aqueles que se acostumaram Ă vida no mundo digital, que convivem com os chips, e do outro estĂŁo aqueles que tĂȘm apenas as mĂŁos, sem o conhecimento necessĂĄrio para lidar com as tecnologias do tempo atual.
Hoje, o mundo estå mais dividido do que estava hå 20 anos, quando o Muro de Berlim ainda estava de pé.
Precisamos dar um salto para irmos alĂ©m do que foi feito 20 anos atrĂĄs e derrubar os muros que continuam impedindo a humanidade de viver a decĂȘncia da mesma oportunidade entre as classes sociais atuais e as geraçÔes futuras.
Antes, o debate era para saber como um lado derrubaria o muro destruindo o sistema social e econĂŽmico que estava do outro lado, espalhando o do vencedor. Agora, o desafio Ă© como construir um mundo sem muros.
O Brasil tem todos esses muros, mas tem os recursos necessĂĄrios para construir um paĂs sem muros.
Alguns paĂses nĂŁo tĂȘm necessidade de derrubar os muros, outros nĂŁo tĂȘm condiçÔes de derrubĂĄ-los. O Brasil tem a necessidade e as condiçÔes. AlĂ©m disso, temos uma massa crĂtica de intelectuais e polĂticos capazes de entender esse problema, e de liderarem as mudanças necessĂĄrias.
Cristovam Buarque - Fonte: O Tempo â 13/11/09.
SĂ A ESCULHAMBAĂĂO NACIONAL PODE NOS SALVAR
Tenho saudade de 94. O Plano Real tinha dado certo, o Brasil ganhou a Copa do Mundo e foi eleito um presidente com palavras novas, da elite cultural progressista que sempre esteve fora do poder. FHC venceu, apesar da inveja de seus colegas de academia, e trouxe uma nova "agenda progressista", que até então se resumira a um confuso sarapatel de "rupturas" revolucionårias, vagos sonhos operårios, numa algaravia de conceitos leninistas, getulistas, terceiro-mundistas que nos levaram sempre a derrotas, desde 1935 até 1968.
AlĂ©m do Lula de 80, com sua polĂtica sindical de resultados, uma primitiva social-democracia que fez dele um importante renovador polĂtico (depois cooptado pelos bolchevistas desempregados), a chegada de FHC foi o Ășnico fato novo. Apesar das crĂticas mecanicistas que sofreu (neoliberal, submisso a Washington, aliado a ACM etc), nada apagou sua novidade: vitĂłria sobre a inflação, substituição da utopia pela "polĂtica do possĂvel", troca da ideia de "solução" por "processo", busca de uma RepĂșblica democrĂĄtica.
Pela primeira vez na vida, vi uma mudança sĂ©ria no paĂs, que hoje Ă© destratada vergonhosamente pelos petistas. (Dilma disse ontem: "na campanha vamos comparar 2002 com 2009!" - fingindo ignorar que o bom que Lula herdou jĂĄ estava feito e que o surto de inflação do final do mandato de FHC veio pelo medo da vitĂłria do Lula).
FHC chegara numa Ă©poca propĂcia, depois do trauma da era Collor, que nos dera fome de limpeza Ă©tica e de organização republicana.
Os aliados de FHC (PFL, PMDB etc) ainda estavam amedrontados depois da chuva de lixo do perĂodo, e essa provisĂłria timidez dos fisiolĂłgicos permitiu que FHC usasse as alas mais "modernas" do atraso (oh, supremo oxĂmoro!) para introduzir prĂĄticas renovadoras. Mas nada disso a velha academia percebeu - sĂł a eleição de Lula foi saudada pelos velhos intelectuais como "verdadeira", como uma injeção de "povo" no mundo "da elite".
No entanto, os anos FHC foram um saneamento bĂĄsico, uma psicanĂĄlise do imaginĂĄrio polĂtico, uma mudança fundamental de agenda, sem a qual estarĂamos batendo panelas na rua. Ele deixou uma "herança bendita", agora em plena des-construção pelos lulo-pelegos.
No primeiro governo Lula, o PT e seus teĂłricos queriam enfiar marxismo na "insuficiente democracia". Deu no mensalĂŁo e outras prĂĄticas "revolucionĂĄrias". AtĂ© que fomos salvos pelo Roberto Jefferson, o herĂłi da "corrupção autocrĂtica", que tirou os bolchevistas de circulação.
A importĂąncia da administração, das reformas internas e de sutis articulaçÔes interpartidĂĄrias estĂĄ sendo substituĂda pela truculĂȘncia dos pelegos chegados ao poder, para consolidar empregos, pois sabem que, se Dilma nĂŁo vencer, poderĂŁo perder boquinhas preciosas.
A verdade Ă© que os petistas nunca acreditaram na "democracia burguesa", como disse um intelectual da USP - "democracia Ă© papo para enrolar o povo". NĂŁo entenderam, com suas doenças infantis, que a democracia nĂŁo Ă© um meio, mas um fim em si mesmo; ou melhor, atĂ© entendem, mas nĂŁo a querem. Eu jĂĄ achei, no meu romantismo idiota, que eles pensavam utopicamente, com fins imaginĂĄrios, mas nobres. NĂŁo. Nada disso; tudo que querem Ă© emprego, poder pelo poder e grana. Tudo que estĂŁo construindo, com a invejĂĄvel fĂ© militante que tĂȘm (viram, tucanos otĂĄrios?), Ă© um novo patrimonialismo de Estado, com a desculpa de que, "em vez de burgueses mamando na viĂșva, nĂłs, do povo, nela mamaremos". E tudo isso em nome do "povo", no raciocĂnio deslumbrado de Lula, lutando por si mesmo: "Eu sou do povo; logo, luto pelo povo".
Hoje, vemos que essa euforia petista no poder, mesmo com 80% de ibope, com a economia mundial enfiando dĂłlares aqui, Ă© um regresso. Alguma coisa essencial (que quase ninguĂ©m enxerga) estĂĄ fazendo ĂĄgua no paĂs, ou melhor, os furos jĂĄ estĂŁo sendo feitos no navio que vai afundar mais tarde. O horror brasileiro estĂĄ retomando sua forma inicial, como o rabo de um lagarto se recompondo. JĂĄ dĂĄ para ouvir a "ouverture" da Ăłpera bufa, a volta da tradicional maldição do "mesmo", a empada maldita de fisiologismo, de estamentos sindicalistas tomando fundos de pensĂŁo para transformĂĄ-los em instrumentos de corporativismo sindical. Tudo farĂŁo pelo "controle" do Estado sindicalista, pois o que mais odeiam e temem Ă© a sociedade criando um paĂs dentro da democracia.
Neste momento que vivemos, com intelectuais fascinados pelo carisma midiĂĄtico do governo (que acusa a oposição de sĂȘ-lo), FHC escreveu um artigo essencial: "Para onde vamos?".
Pronto. Começaram os xingamentos, pois ele exibiu a verdade sinistra do que os petistas estão zelosamente construindo para o futuro.
Cito: "o DNA do âautoritarismo popularâ vai minando o espĂrito da democracia constitucional. (...) Devastados os partidos, se Dilma ganhar, sobrarĂĄ um subperonismo (o lulismo) contagiando os dĂłceis fragmentos partidĂĄrios, uma burocracia sindical aninhada no Estado e, como base do bloco de poder, a força dos fundos de pensĂŁo". E mais: "Partidos fracos, sindicatos fortes, fundos de pensĂŁo convergindo com os interesses de um partido do governo e para eles atraindo sĂłcios privados privilegiados - eis o bloco subperonista que virĂĄ".
Acho que o artigo de FHC é o diagnostico de nosso momento. Xingam-no de "inveja", "rancor" etc, mas é na mosca. Då medo pensar no que pode vir, a partir dos milhÔes que vão gastar em 2010 para manter o poder - só a campanha oficial estå orçada em R$ 250 milhÔes.
No entanto, tenho esperança de que FHC esteja errado. Por duas razĂ”es: primeiro, a economia mundial continuarĂĄ injetando mutaçÔes no paĂs, obrigando-o a se modernizar, para alĂ©m dessa polĂtica vagabunda tecida nas alianças corruptas. A outra esperança Ă© a incompetĂȘncia dos lulo-sindicalistas, que nĂŁo conseguirĂŁo consolidar esse plano ambicioso de um subperonismo. SĂŁo uns trapalhĂ”es e oportunistas.
O atraso nos livrarå de mais atraso. Ou seja: a esculhambação nacional nos salvarå do subperonismo. Se Deus quiser.
Arnaldo Jabor (http://www.arnaldojabor.blogger.com.br/) - Fonte: O Tempo â 10/11/09.
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