AH! FEIJOADA!
22/03/2007 -
MARILENE CAROLINA
Ah! meus amiguinhos e minhas amiguinhas!
Na minha modesta opiniĂŁo, os pontos mais importantes que marcam a identidade cultural de um povo sĂŁo a lĂngua e a culinĂĄria. O prato mais tĂpico da nossa culinĂĄria Ă© a feijoada. Ah! A feijoada! Se Vilfredo e eu jĂĄ adoramos uma simples feijoada, ainda mais uma maratona de feijoada, mais alĂ©m ainda uma feijoada entre amigos e, para fechar com chave de ouro, uma feijoada dos amigos do Faculdade Mental. NĂŁo vamos perder esse evento por nada, pois Ă© sempre um prazer estar entre nossos amiguinhos.
Como nasceu a feijoada? Como houve aceitação para essa "misturada" toda? Bem, meninos, todos nĂłs sabemos da enorme influĂȘncia que temos dos europeus. Na Europa (jĂĄ estive lĂĄ...), sobretudo a mediterrĂąnica, havia - e hĂĄ - um prato tradicional que remonta pelo menos aos tempos do ImpĂ©rio Romano: uma mistura de vĂĄrios tipos de carnes, legumes e verduras. HĂĄ variaçÔes de um lugar para o outro, porĂ©m Ă© um prato bastante popular e tradicional. Em Portugal (Ah! Portugal!), o cozido; na ItĂĄlia (Ah! A ItĂĄlia!), a casoeula; na França (Ah! A França!), o cassoulet; na Espanha (Ah! A Espanha!), a paella, esta feita Ă base de arroz. Esta tradição vem para o Brasil com os portugueses e, Ă medida que se adapta ao paladar local, surge a idĂ©ia, inaceitĂĄvel para os europeus, da inclusĂŁo do feijĂŁo. Nasce a feijoada (Ah! A feijoada!).
A explicação mais difundida sobre a origem da Feijoada Ă© a de que os senhores das fazendas de cafĂ©, das minas de ouro e dos engenhos de açĂșcar davam aos escravos os "restos" dos porcos, quando estes eram carneados. O cozimento desses ingredientes, com feijĂŁo e ĂĄgua, teria feito nascer a receita. No entanto, tal versĂŁo nĂŁo se sustenta, seja na tradição culinĂĄria, seja na mais leve pesquisa histĂłrica. Essa alegada origem da Feijoada nĂŁo passa de lenda contemporĂąnea, nascida do folclore moderno, numa visĂŁo romanceada das relaçÔes sociais e culturais da escravidĂŁo no Brasil. Nas referĂȘncias histĂłricas sobre o cardĂĄpio dos escravos, constata-se a presença inequĂvoca do angu, alĂ©m do feijĂŁo servido muito ralo, a ocasional aparição de algum pedaço de carne, punhados de farinha de mandioca e, alguma laranja colhida do pĂ© complementava o resto. NĂŁo existe nenhuma possĂvel referĂȘncia a respeito de uma humilde e pobre Feijoada, elaborada no interior da maioria das tristes e famĂ©licas senzalas. Ă importante lembrar que as partes salgadas do porco, como orelha, pĂ©s e rabo, nunca foram restos. Eram apreciados na Europa, enquanto o alimento bĂĄsico nas senzalas era uma mistura de feijĂŁo com farinha.
No entanto, a feijoada estĂĄ diretamente ligada Ă presença do negro em terras brasileiras. Resultado da fusĂŁo de costumes alimentares europeus e a criatividade do escravo africano, a feijoada Ă© o sĂmbolo da culinĂĄria nacional.
Uma das referĂȘncias mais antigas que se conhece Ă© a feijoada em restaurantes, estĂĄ no DiĂĄrio de Pernambuco de 7 de agosto de 1833, no qual o Hotel ThĂ©atre (Eu estava lĂĄ, meninos...), do Recife, informa que Ă s quintas-feiras seria servida "feijoada Ă brasileira". No Rio de Janeiro, a menção Ă feijoada servida em restaurante aparece pela primeira vez no Jornal do Commercio de 5 de janeiro de 1849.
Um cronista brasileiro da segunda metade do sĂ©c. XIX, França JĂșnior, dizia que feijoada nĂŁo era o prato em si, mas o nome de uma comemoração entre amigos, a "patuscada", na qual comiam todo aquele feijĂŁo.
Com todos os meus cursos de graduação, pĂłs-graduação, mestrado, pĂłs-mestrado, doutorado, pĂłs-doutorados e outros tantos cursos de especialização, eu adoro uma feijoada. Espero poder ver e rever todos os meus amiguinhos, em especial meu amiguinho "RovĂlson", pois afinal: "Onde estĂĄ Wally?". Estejam todos lĂĄ! Como disse na edição anterior, comigo a democracia impera, ou seja, a vontade da maioria. AliĂĄs, esse Ă© outro nome que tenho, "MAIORIA". Quem tiver dĂșvidas, que pergunte ao Vilfredo!
Meus queridos e minhas queridas! Escrevam para mim, mandem e-mails... Eu adoro receber e-mails. Ah! E não se esqueçam, podem me "interpelar" à vontade... Também adoro ser interpelada... (rs)
Beijinhos
Marilene Carolina