CUIDADO, CRIANĂAS.
05/10/2007 -
EDITORIAL
A velocidade sempre foi um problema quando se trata de crianças.
Qualquer motorista tem a obrigação de conhecer o significado desta placa aà acima. E, diria eu, os pedestres também deveriam ter.
Quem dera a velocidade no trĂąnsito fosse a Ășnica velocidade com que devĂȘssemos nos preocupar quando se trata de crianças.
Nossas crianças estão morrendo cedo, envelhecendo cedo, adoecendo cedo, se drogando cedo, matando cedo, aprendendo cedo, se informando cedo.
Nossas crianças estĂŁo perdendo a referĂȘncia do que Ă© bom em nosso mundo.
Uma criança é jogada num ribeirão por uma mãe homicida (louca?). Uma outra criança a encontra, numa margem do mesmo ribeirão. Ela consegue ajuda, mas, dias depois, a criança jogada no ribeirão não resiste ao seu duro destino.
Perdemos uma criança? Não. Perdemos duas.
A pobre menina que encontrou a criança no ribeirĂŁo perdeu ali sua infĂąncia, vĂtima de uma homicida que cresceu, mas que nĂŁo perdeu a inconseqĂŒĂȘncia de uma criança.
O que devemos fazer por nossas crianças? NĂŁo apenas as do Brasil, mas aquelas que morrem de fome na Ăfrica, as que sĂŁo exploradas pelo trabalho na Ăsia, as que vĂŁo pra frente de batalha com armas na mĂŁo no Oriente MĂ©dio, as que desaparecem "misteriosamente" na Europa, as que sĂŁo sequestradas na AustrĂĄlia...
Nossas crianças estĂŁo nas calçadas cheirando cola, nos presĂdios para menores fazendo a âfaculdadeâ da bandidagem, engolindo fogo e dando cambalhotas nos sinais de trĂąnsito, vendendo amendoim torrados em mesas de bar.
Nossas crianças. Elas são nossas.
Quando em 20 de novembro 1959 a ONU publicou a Declaração dos Direitos da Criança, ninguĂ©m imaginava que, lamentavelmente, a maioria dos paĂses apenas usaria esta declaração como retĂłrica.
Quarenta e oito anos depois, os polĂticos continuam desinteressados por aqueles que os substituirĂŁo um dia no comando da nação. Eles nĂŁo estĂŁo preocupados com nada, a nĂŁo ser com os compromissos excusos que os colocam e os mantĂ©m no poder. Eles nĂŁo estĂŁo preocupados com a pobre criança que foi jogada no ribeirĂŁo pela mĂŁe.
Essa Ă© a velocidade do tempo. Ele passa. NĂŁo volta atrĂĄs.
O que se perdeu, estĂĄ perdido.
Talvez o mundo esteja errado e deva se preocupar mais com os adultos, pois são eles, apenas eles, que geram e criam nossas crianças. Mas eles não estão sabendo fazer isso.
Os conceitos ficam obsoletos também com muita velocidade. Esquece-se com muita velocidade. O mundo se deteriora com muita velocidade.
Por incrĂvel que pareça, um paĂs como o nosso vem se atrasando com muita velocidade.
O bonde da histĂłria. Corrigindo. O trem bala da histĂłria passa e ficamos cada vez mais parados, estĂĄticos, diante de uma velocidade que nĂŁo conseguimos acompanhar.
A próxima sexta-feira é dia 12 de outubro, Dia das Crianças. E a maioria delas não tem, verdadeiramente, muito o que comemorar.
Cuidado, Crianças.
"Como a senhora explicaria a um menino o que é felicidade? - Não explicaria. Daria uma bola para que ele jogasse..." Dorothee Sölle, teóloga alemã (1929-2003)
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