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15/04/2007 -
FUTEBOL SHOW
TAĂA NOVOS HORIZONTES DE FUTSAL
Vem aĂ mais uma edição da Taça Novos Horizontes de Futsal. Essa Ă© a Ășltima semana de inscrição dos times. As incriçÔes vĂŁo atĂ© 20/04. Inscreva seu time e participe de mais essa Taça FNH.
ACASO E PLANEJAMENTO
DIMINUIU a troca de treinadores no Brasil. Isso Ă© bom, o que nĂŁo significa que todos os tĂ©cnicos deveriam sempre ser mantidos por um longo tempo. Como existem dezenas de fatores envolvidos no resultado de uma partida, na conquista de um tĂtulo, os treinadores precisam ser avaliados pela mĂ©dia de suas atuaçÔes durante vĂĄrios anos. Muitas vezes, um tĂ©cnico faz uma substituição errada e dĂĄ certo. Em outras oportunidades, substitui certo e dĂĄ errado.
Muitas grandes equipes se formaram tambĂ©m por acaso, e nĂŁo por competĂȘncia e/ou planejamento dos tĂ©cnicos e dos clubes. Na dĂ©cada de 60, coincidentemente, surgiram vĂĄrios jovens no Cruzeiro. NĂŁo esqueço a primeira vez em que eu e Dirceu Lopes treinamos no time principal. TĂnhamos 17 anos. Parecia que jogĂĄvamos juntos hĂĄ mil anos. Nos entendĂamos pelo olhar e pelos movimentos do corpo. As virtudes que me faltavam sobravam nele e vice-versa. Ao mesmo tempo, chegou Piazza.
Para que eu e Dirceu Lopes brilhåssemos, era necessårio um volante que desarmasse por nós dois e que tivesse um simples, bom e råpido passe. Formou-se um tripé no meio-campo, que serviu de base para a entrada de outros jogadores. Em pouco tempo, sem nenhum planejamento, estava pronto um excelente time. E assim aconteceu com muitas outras equipes no futebol.
Ayrton Moreira, tĂ©cnico do Cruzeiro na Ă©poca, que tinha tambĂ©m seus mĂ©ritos, passava todo o treino fora de campo, observando e conversando com os repĂłrteres. Raramente parava o treino para dar instruçÔes. TĂ©cnico bom Ă© o que nĂŁo atrapalha, jĂĄ disse RomĂĄrio. Mas o futebol mudou, ficou mais veloz, mais tĂĄtico, mais coletivo, e os tĂ©cnicos tomaram conta do espetĂĄculo, mais do que deviam. Mesmo quando nĂŁo tĂȘm nenhuma participação nas vitĂłrias, os treinadores se comportam como se tivessem, com apoio de parte da mĂdia que bajula e supervaloriza as decisĂ”es dos tĂ©cnicos.
Impressiona-me tambĂ©m como parte da imprensa, mesmo a independente, dĂĄ tanta importĂąncia a certas informaçÔes e a algumas decisĂ”es tĂĄticas dos tĂ©cnicos, que tĂȘm pouca ou nenhuma importĂąncia. Apesar das minhas crĂticas aos tĂ©cnicos brasileiros, reconheço que eles, na mĂ©dia, sĂŁo melhores que os da Europa. Temos Ăłtimos tĂ©cnicos trabalhando no Brasil, como Vanderlei Luxemburgo, Paulo Autuori, Muricy Ramalho, Abel Braga e muitas boas promessas.
HĂĄ muito tempo, e nĂŁo pelo seu fracasso no Corinthians, nĂŁo coloco LeĂŁo entre os melhores tĂ©cnicos brasileiros. AlĂ©m de suas condutas tĂ©cnicas nada especiais, LeĂŁo estĂĄ cada dia mais prepotente e mais agressivo. E ainda temos de fazer um curso para entendermos o que ele diz nas entrevistas. Ă o "leĂŁonĂȘs".
A maioria das pessoas não suporta mais esse comportamento truculento do Leão, com exceção de alguns jogadores e de parte da imprensa que acham que os atletas só vão correr e jogar bem se forem amedrontados. Isso jå era. Muitos vão dizer que Leão tem créditos. à verdade, mas nem tanto. Fora o grande sucesso que teve no Santos em 2002, ele teve altos e baixos, como quase todos os técnicos.
SerĂĄ que aquele Santos de Diego, Robinho, Alex, Elano, Renato e tantos bons jogadores nĂŁo aconteceu por acaso, independentemente da presença de LeĂŁo ou de qualquer outro bom treinador? Para se ter um bom e organizado time e para se fazer um bom trabalho, em qualquer profissĂŁo, Ă© necessĂĄrio tempo e planejamento. Mas, times excepcionais e as mais belas experiĂȘncias na vida costumam acontecer por acaso, de repente, sem avisar, em um piscar de olhos.
TostĂŁo.
Fonte: Folha de S.Paulo - 08/04/2007.