LOUIS BRAILLE
22/01/2009 -
MARILENE CAROLINA
BICENTENĂRIO DE LOUIS BRAILLE
English:
http://www.nbp.org/ic/nbp/louis/global_events.html
Dia 4 de janeiro marcou o inĂcio das comemoraçÔes mundiais do bicentenĂĄrio do nascimento de Louis Braille (1809), criador do sistema de leitura e escrita para cegos. O sistema braille deu acesso Ă s pessoas cegas ao conhecimento cientĂfico, literĂĄrio, filosĂłfico, tecnolĂłgico e, acima de tudo, a inclusĂŁo na sociedade. A comemoração dessa data Ă© incentivada pela UniĂŁo Mundial dos Cegos (UMC), que atua junto Ă s agĂȘncias das OrganizaçÔes das NaçÔes Unidas (ONU) para assuntos relacionados Ă cegueira. A UMC representa mais de 180 milhĂ”es de pessoas e 600 organizaçÔes distribuĂdas em 158 paises.
No Brasil, os eventos serĂŁo comandados pela UniĂŁo Brasileira de Cegos (UBC), que instituiu a ComissĂŁo Brasileira para o BicentenĂĄrio de Louis Braille (CBBLB), integrada por um grupo de pessoas envolvidas com as diversas ĂĄreas de aplicação do sistema Braille. A comissĂŁo tem como presidente de honra Dorina de GouvĂȘa Nowill, presidente emĂ©rita e vitalĂcia da Fundação Dorina Nowill para Cegos, que trabalha hĂĄ mais de 60 anos na inclusĂŁo social do deficiente visual no Brasil. âDuzentos anos sĂŁo passados quando a brilhante inteligĂȘncia de um jovem cego francĂȘs â Louis Braille, o precursor da inclusĂŁo, por meio de um sistema de comunicação escrita, uniu todas as pessoas cegas, em todos os quadrantes da terra, em todas as lĂnguas, permitindo-lhes a abertura dos horizontes da mente e do saber, ascendendo-lhes no coração o calor da esperança na comunhĂŁo universal e na verdadeira participação na vidaâ, ressalta Dorina. Entre as propostas do grupo destacamos: criação do Dia Nacional do Braille e Semana Nacional do Braille em 2009.
O sistema Braille de escrita e leitura foi inventado na França por Louis Braille, por volta de 1825. Com seis pontos em relevo, dispostos em duas colunas, possibilitaram inicialmente a formação de 63 sĂmbolos diferentes que sĂŁo empregados em textos literĂĄrios nos diversos idiomas, como tambĂ©m nas simbologias matemĂĄtica e cientĂfica, a mĂșsica e, recentemente, na informĂĄtica.
Natural de Coupvray, pequena aldeia a leste de Paris, Louis Braille nasceu em 4 de janeiro de 1809. Proveniente de famĂlia soberbo, ficou cego em 1812, aos trĂȘs anos, apĂłs se acidentar na oficina do pai. Ao tentar perfurar um pedaço de couro com uma sovela, aproximou-a do rosto, e acabou por ferir o olho esquerdo. A infecção se expandiu e atingiu o outro olho, deixando-o completamente cego. Em 1819 deu entrada na Instituição Real dos Jovens Cegos, em Paris, onde iniciou as pesquisas para a criação do braille. Seus estudos tiveram como ponto de partida o sistema de leitura com os dedos, usado para velar os segredos de mensagens militares e diplomĂĄticas, criado pelo capitĂŁo de artilharia Carlos Barbier de La Serre, e denominado nocturna ou sonografia.
A Fundação Dorina Nowill para Cegos possui a maior imprensa braille do Brasil, onde sĂŁo produzidos livros de literatura, didĂĄticos, partituras de mĂșsica, cardĂĄpios, cartĂ”es de visita, embalagens, entre outros. Em 2007, a entidade atingiu a impressionante marca de mais de 33 milhĂ”es de pĂĄginas impressas em Braille. Os livros editados pela entidade sĂŁo distribuĂdos gratuitamente para deficientes visuais e mais de 1.650 organizaçÔes, como escolas, universidades e associaçÔes.
Daniela Sevilha - Fonte: Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com DeficiĂȘncia - http://www.ibdd.org.br/.
Fundação Dorina Nowill para Cegos - http://www.fundacaodorina.org.br/FDNC/Quem_Somos.html
FESTAS MARCAM 200 ANOS DO CRIADOR DO BRAILE
O francĂȘs Louis Braille, criador do famoso sistema de leitura e escrita que leva seu nome, nasceu no dia 4 de janeiro de 1809. Homenagens e festas no mundo inteiro, principalmente na França, estĂŁo lembrando os dois sĂ©culos de seu nascimento.
Braille ficou cego aos trĂȘs anos. Ele brincava na oficina de seu pai, um fabricante de equipamentos de montaria, quando feriu um dos olhos com um objeto pontiagudo. O outro olho acabou contaminado.
Ainda adolescente, Braille se baseou num método militar de comunicação noturna para criar seu sistema. Pontos em alto relevo no papel representam letras e sinais gråficos. A leitura é feita com o dedo.
Os livros em braile nĂŁo podem ser empilhados, para nĂŁo comprometer as saliĂȘncias que formam as letras. Eles ocupam mais espaço -uma pĂĄgina impressa se transforma em no mĂnimo trĂȘs, o que obriga uma obra a ser dividida em vĂĄrios volumes. O custo chega a ser cinco vezes mais alto.
No paĂs, as maiores impressoras desses livros sĂŁo a Fundação Dorina Nowill, em SĂŁo Paulo, e o Instituto Benjamin Constant, no Rio. (RW)
Fonte: Folha de S.Paulo - 18/01/09.
ACORDO TAMBĂM MUDA ESCRITA EM BRAILE
Os brasileiros que nĂŁo enxergam tambĂ©m tĂȘm suas dĂșvidas nos acentos que caĂram e nos hĂfens que apareceram ou desapareceram na virada do ano, quando as regras impostas pelo Acordo OrtogrĂĄfico entraram em vigor no paĂs.
Tudo o que mudou no portuguĂȘs escrito mudou da mesmĂssima maneira no portuguĂȘs convertido em braile, o sistema tĂĄtil usado por cegos do mundo inteiro para ler e escrever.
"Todos nĂłs memorizamos as palavras na grafia antiga. Agora precisamos reconstruĂ-las na memĂłria com a grafia nova. A diferença Ă© que vocĂȘs fazem isso com os olhos e nĂłs [cegos], com os dedos", explica Maria da GlĂłria Almeida, chefe-de-gabinete do Instituto Benjamin Constant, no Rio, dedicado Ă s pessoas com deficiĂȘncia visual.
O Acordo OrtogrĂĄfico tem impacto no braile porque as palavras desse sistema tambĂ©m sĂŁo escritas letra a letra. Uma letra tem atĂ© seis pontinhos em alto relevo. Cada uma se forma com um nĂșmero e uma disposição prĂłpria de pontinhos.
Os acentos e o trema mudam esse arranjo. O dedo treinado de um cego sente a diferença entre "ĂŒ" e"u" e entre "a" e "ĂĄ".
Se "microonda" agora Ă© "micro-onda", a mesma palavra no braile deixa de ter nove caracteres salientes e passa a ter dez -o hĂfen tĂȘm seus pontinhos caracterĂsticos.
As mudanças ortogrĂĄficas haviam sido definidas em 1990 por paĂses que tĂȘm o portuguĂȘs como lĂngua oficial. O objetivo do Acordo, agora colocado em prĂĄtica no Brasil, era unificar a escrita do portuguĂȘs e tornĂĄ-lo mais forte no cenĂĄrio mundial.
Nas escolas
Segundo a Organização Mundial da SaĂșde, 0,5% da população do planeta nĂŁo enxerga. O Brasil teria, por essa conta, 950 mil cegos -o equivalente aos moradores de CuiabĂĄ e FlorianĂłpolis somados.
As escolas brasileiras tĂȘm, de acordo com o MinistĂ©rio da Educação, pouco mais de 8.600 alunos cegos, a maioria deles nas mesmas salas de crianças e adolescentes que enxergam.
As liçÔes de braile sĂŁo dadas fora do horĂĄrio regular de aula e normalmente vĂŁo atĂ© a 4ÂȘ sĂ©rie, Ă©poca em que as crianças jĂĄ conseguem dominar o sistema.
"As nossas preocupaçÔes agora sĂŁo orientar os professores e garantir que a produção dos livros didĂĄticos em braile esteja compatĂvel com a nova grafia", afirma Martinha Clarete Dutra, que responde, no MinistĂ©rio da Educação, pelas polĂticas de inclusĂŁo.
Martinha Ă© cega. "Apesar de lidar com esse tema todo dia, ainda me pego escrevendo na grafia anterior. Estamos tĂŁo habituados... SĂł depois lembro que aquele acento nĂŁo existe mais", ela conta.
Por enquanto, nĂŁo estĂĄ errado escrever na forma antiga. AtĂ© dezembro de 2012, as grafias novas terĂŁo de conviver com as velhas -serĂĄ um perĂodo de transição. A partir de 2013, porĂ©m, sĂł serĂŁo aceitas como corretas as novas regras.
A lĂngua dos sinais, usada pelos surdos, nĂŁo foi afetada pelo Acordo, jĂĄ que cada gesto normalmente representa uma palavra inteira.
Ricardo Westin - Fonte: Folha de S.Paulo - 18/01/09.
Instituto Benjamin Constant - http://www.ibc.gov.br/
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