SONHAR E REALIZAR, PARA MINIMIZAR OS "HERROS"...
16/12/2007 -
A JENTE HERRAMOS
VĂTIMAS SENSUAIS
O jornal parĂłdico "The Onion" http://www.theonion.com/content/index soltou um "Atlas" http://www.theonion.com/content/atlas/ mundial, retratando China, EUA etc. Sobre o Brasil, diz que "tem as pessoas mais sensuais que jĂĄ foram esfaqueadas Ă noite" e "as vĂtimas de seqĂŒestro mais atraentes no mundo".
Toda MĂdia - Nelson de SĂĄ - Fonte: Folha de S.Paulo - 20/12/07.
O SONHO DOS RATOS (nova velha fĂĄbula)
Era uma vez um bando de ratos que vivia no buraco do assoalho de uma casa velha. Havia ratos de todos os tipos: grandes e pequenos, pretos e brancos, velhos e jovens, fortes e fracos, da roça e da cidade. Mas ninguém ligava para as diferenças, porque todos estavam irmanados em torno de um sonho comum: um queijo enorme, amarelo, cheiroso, bem pertinho dos seus narizes. Comer o queijo seria a suprema felicidade...
Bem pertinho Ă© modo de dizer. Na verdade, o queijo estava imensamente longe, porque entre ele e os ratos estava um gato... O gato era malvado, tinha dentes afiados e nĂŁo dormia nunca. Por vezes fingia dormir. Mas bastava que um ratinho mais corajoso se aventurasse para fora do buraco para que o gato desse um pulo e... era uma vez um ratinho!!
Os ratos odiavam o gato. Quanto mais o odiavam, mais irmĂŁos se sentiam. O Ăłdio a um inimigo comum os tornava cĂșmplices de um mesmo desejo: queriam que o gato morresse ou sonhavam com um cachorro...
Como nada pudessem fazer, reuniram-se para conversar. Faziam discursos, denunciavam o comportamento do gato (nĂŁo se sabe bem para quem), e chegaram mesmo a escrever livros com a crĂtica filosĂłfica dos gatos. Diziam que um dia chegaria em que os gatos seriam abolidos e todos seriam iguais.
"Quando se estabelecer a ditadura dos ratos", diziam os camundongos, "então todos serão felizes"... - O queijo é grande o bastante para todos, dizia um. - Socializaremos o queijo, dizia outro. Todos batiam palmas e cantavam as mesmas cançÔes. Era comovente ver tanta fraternidade. Como seria bonito quando o gato morresse! Sonhavam... Nos seus sonhos comiam o queijo.
E, quanto mais o comiam, mais ele crescia. Porque esta Ă© uma das propriedades dos queijos sonhados: nĂŁo diminuem; crescem sempre. E marchavam juntos, rabos entrelaçados, gritando: âAo queijo, jĂĄ!"...
Sem que ninguém pudesse explicar como, o fato é que, ao acordarem, numa bela manhã, o gato tinha sumido. O queijo continuava lå, mais belo do que nunca. Bastaria dar uns poucos passos para fora do buraco. Olharam cuidadosamente ao redor. Aquilo poderia ser um truque do gato. Mas não era. O gato havia desaparecido mesmo. Chegara o dia glorioso, e dos ratos surgiu um brado retumbante de alegria.
Todos se lançaram ao queijo, irmanados numa fome comum. E foi entĂŁo que a transformação aconteceu. Bastou a primeira mordida. Compreenderam, repentinamente, que os queijos de verdade sĂŁo diferentes dos queijos sonhados. Quando comidos, em vez de crescer, diminuem. Assim, quanto maior o nĂșmero dos ratos a comer o queijo, menor o naco para cada um.
Os ratos começaram a olhar uns para os outros como se fossem inimigos. Olharam, cada um para a boca dos outros, para ver quanto do queijo haviam comido. E os olhares se enfureceram. Arreganharam os dentes. Esqueceram-se do gato. Eram seus prĂłprios inimigos. A briga começou. Os mais fortes expulsaram os mais fracos a dentadas. E, ato contĂnuo, começaram a brigar entre si. Alguns ameaçaram chamar o gato, alegando que sĂł assim se restabeleceria a ordem.
O projeto de socialização do queijo foi aprovado nos seguintes termos: "Qualquer pedaço de queijo poderå ser tomado dos seus proprietårios para ser dado aos ratos magros, desde que este pedaço tenha sido abandonado pelo dono". Mas como rato algum jamais abandonou um queijo, os ratos magros foram condenados a ficar esperando...
Os ratinhos magros, de dentro do buraco escuro, não podiam compreender o que havia acontecido. O mais inexplicåvel era a transformação que se operara no focinho dos ratos fortes, agora donos do queijo. Tinham todo o jeito do gato, o olhar malvado, os dentes à mostra. Os ratos magros nem mais conseguiam perceber a diferença entre o gato de antes e os ratos de agora.
E compreenderam, então, que não havia diferença alguma. Pois todo rato que fica dono do queijo vira gato. Não é por acidente que os nomes são tão parecidos.
"Consegues compreender o que estĂĄ ocorrendo hoje no Brasil?"
Autor: Rubem Alves - (Colaboração: A.M.B.)
E NĂIS QUE PENSAVA QUE NUNCA ERRAVA!
CONTINUAMOS ERRANDO PROPOSITALMENTE...! HERRAR Ă UMANO!
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