SHOW DE ESTĂDIO - O TEMPLO DA COPA
01/04/2010 -
FUTEBOL SHOW
SOCCER CITY STADIUM
English:
http://www.sagoodnews.co.za/countdown_to_2010/soccer_city_ready_to_host_the_world.html
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http://www.worldcup2010southafrica.com/
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http://www.stadiumguide.com/wc2010.htm
Jogo especial marca a inauguração do Soccer City, principal arena do Mundial e que tem valor histórico.
Na Ăfrica do Sul, o futebol tem uma data instituĂda. Nas sextas-feiras, conhecidas como Football Friday, a população sai Ă s ruas vestindo camisas de seleçÔes para esquentar o clima da Copa antes do inĂcio da disputa, em junho. Esse foi um dos motivos que levaram os dirigentes sul-africanos a escolher a sexta-feira 26 para fazer a bola rolar pela primeira vez no Soccer City. Principal palco entre os dez que receberĂŁo jogos no Mundial, o estĂĄdio irĂĄ sediar a abertura, a final e outros seis confrontos. Enquanto isso, os operĂĄrios responsĂĄveis pelas obras do Soccer City foram convocados para trocar a picareta por chuteiras e disputar a primeira partida no novĂssimo gramado. Abrir o templo da Copa com uma partida entre sul-africanos Ă© mais um capĂtulo para a histĂłria cheia de simbolismo dessa arena. Ali, sobre o antigo gramado do entĂŁo FNB Stadium, como era chamado o Soccer City, Nelson Mandela proferiu, hĂĄ 20 anos, seu primeiro discurso apĂłs passar quase trĂȘs dĂ©cadas atrĂĄs das grades.
Foi nesse palco, tambĂ©m, que os Bafana Bafana se sagraram campeĂ”es da Copa das NaçÔes Africanas, em 1996. Reformado depois de 30 meses de trabalho e R$ 722 milhĂ”es, o Soccer City continua com a cara da Ăfrica do Sul, de acordo com o arquiteto Vicente de Castro Mello. âEsse projeto Ă© o que mais estĂĄ contextualizado com o paĂs e o deixou em harmonia com a regiĂŁoâ, diz Mello, que visitou o estĂĄdio neste mĂȘs por ser vice-coordenador da equipe de arquitetos da Copa de 2014. Com capacidade para receber 94 mil espectadores, a construção causa impacto pela grandiosidade. Um museu esportivo, restaurantes, lojas, auditĂłrios para reuniĂ”es e festas fazem parte desse centro de entretenimento, como sĂŁo chamados os modernos estĂĄdios do mundo. Ă o design, porĂ©m, que o aproxima das raĂzes africanas.
O Soccer City lembra um tradicional vaso de cerĂąmica local conhecido como calabash. O tom ferroso de sua fachada, feita de placas cimentĂcias (uma mistura de fibras com cimentos pigmentados), integra a construção com a paisagem da redondeza formada por montanhas criadas a partir dos rejeitos retirados das minas de ouro. âDe noite, com as luzes acesas, o mosaico de cores que envolve o estĂĄdio o faz parecer um jarro cozinhando no fogoâ, diz o urbanista e arquiteto Leon Myssior, que tambĂ©m visitou as obras. Foram necessĂĄrios dez mil toneladas de aço, 8,5 milhĂ”es de tijolos e 80 mil m2 de concreto para dar vida ao Soccer City. As obras ao redor do estĂĄdio ainda prosseguem. ConstruĂdo originalmente em 1987, a arena fica em uma das entradas de Soweto, gueto a sudoeste de Johannesburgo que insurgiu contra o apartheid, o regime de segregação racial. âEssa localização visa integrar Soweto com Johannesburgo, criando destinos e ocupando ĂĄreas entre essas cidades da regiĂŁo metropolitanaâ, explica Myssior. âTem carĂĄter urbano, mas tambĂ©m um sentido polĂtico e cultural.â Ă nesse local que a partir de 11 de junho, com uma partida entre Ăfrica do Sul e MĂ©xico, irĂĄ pulsar o coração do futebol no mundo. Claro, numa sexta-feira.
Rodrigo Cardoso - Fonte: Isto à - Edição: 2107.
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CHOVEU NA CONTA
A conta bancĂĄria do tĂ©cnico Dunga nĂŁo para de crescer. AlĂ©m dos recentes contratos publicitĂĄrios que assinou, o treinador ganhou aumento salarial inesperado da CBF. Passou de algo como R$ 110 mil mensais para R$ 140 mil. O presidente da entidade resolveu surpreendĂȘ-lo com o mimo, a tĂtulo de reconhecimento âextracontratualâ pelo sucesso de seu trabalho Ă frente da Seleção.
Ricardo Boechat - Fonte: Isto à - Edição: 2107.
O PAĂS DA BOLA
SĂ©rie de reportagen desvenda o passado, o presente e as muitas caras da Ăfrica do Sul.
TaĂ missĂŁo tĂŁo prazeroza quanto complexa. A jornalista HeloĂsa Gomyde explora em "Expedição Ăfrica do Sul - O PaĂs da Copa" algumas facetas da nação que irĂĄ sediar o Mundial de Futebol. Em 6 episĂłdios, nĂŁo apenas aspectos relacionados Ă competição serĂŁo mostradas, mas tambĂ©m cultura, natureza, economia, polĂtica e problemas sociais.
Dia 11 de abril - domingo - 23h, Globo News.
Fonte: Monet - NĂșmero 85.
Globo News - http://globonews.globo.com/
PELĂ NO SBT
Sem direito de exibir a Copa, SBT contrata Pelé como comentarista. Ex-jogador terå também pequenos programas diårios sobre história do mundial.
Em mais uma de suas jogadas imprevisĂveis, Silvio Santos contratou PelĂ© para comentar os jogos da Copa, apesar de o SBT nĂŁo ter o direito de transmitir o mundial. O ex-jogador esteve ontem no Museu de Futebol (SĂŁo Paulo) para falar Ă imprensa sobre o trabalho.
Além de comentar as partidas nos telejornais, apresentarå, a partir do dia 12, 60 programas diårios de um minuto cada um com a história das Copas.
Durante o mundial, outros 27 episódios de "Um Minuto Com Pelé" irão ao ar.
PelĂ© lembrou ontem jĂĄ ter trabalhado em vĂĄrias outras emissoras como comentarista, entre elas Globo, Band e atĂ© a ĂĄrabe Al Jazira, mas ressaltou ser essa a primeira vez que atuarĂĄ como apresentador. Bem-humorado, fez piada ao responder que programas vĂȘ no SBT. "Jornais, o da Hebe e tem que falar o do nosso patrĂŁo".
Mas ficou sem graça quando a Folha lhe perguntou em que emissora pretendia assistir aos jogos que vai comentar no SBT (na TV aberta, sĂł Globo e Band transmitirĂŁo). "O quĂȘ? NĂŁo entendi", respondeu, sorrindo. A pergunta foi repetida, e ele olhou para os lados, onde estavam sentados executivos da emissora. "Vou ver no SBT."
Passou então a bola, no caso o microfone, para o diretor comercial, Henrique Casciota: "Pelé vai ver onde quiser".
Laura Mattos - Fonte: Folha de S.Paulo â 01/04/10.
GOL A TODA HORA
"Os narradores deveriam ganhar mais para fazer jogos do Santos. TĂȘm de gritar gol a toda hora."
Milton Leite, do canal SporTV, fazendo graça com as goleadas dos santistas.
Panorama - Veja Essa - Julio Cesar de Barros - Fonte: Veja - Edição 2158.
DOMINADOS
As ligaçÔes perigosas dos jogadores Adriano e Vagner Love com a bandidagem do Rio criaram um problema para as empresas que patrocinam o Flamengo. A saber: a Batavo, da Brasil Foods (R$ 22 milhÔes), a Olympikus (R$ 21,3 milhÔes) e o banco BMG (R$ 8,5 milhÔes).
Duas sĂŁo fornecedoras da garotada. Uma produz o Batavinho e outra vende camisas "Olympikus Adriano", a R$ 98 cada. O BMG Ă© um banco que gasta bom dinheiro para impedir que o assaltem. Se as suas diretorias acham que nĂŁo tĂȘm nada a ver com o que os atletas fazem fora do gramado, devem dar uma olhada no que aconteceu com o golfista Tiger Woods.
Ele se meteu num escĂąndalo com uma modelo e 14 outras senhoras. (Nada a ver com golfe, muito menos com bandidagem, nem mesmo com o que Woods faz em pĂ©.) O campeĂŁo perdeu perto de US$ 100 milhĂ”es anuais em contratos de patrocĂnio. As seguintes empresas decidiram afastar sua marcas da notoriedade de Tiger: Gatorade, Gillette, TAG Heuer e AT&T. Aqui vai uma ideia para um anĂșncio das trĂȘs empresas: uma quadrilha, vestindo camisas da Olympikus, assalta uma agĂȘncia do BMG para comprar Batavinhos.
Elio Gaspari (http://www.submarino.com.br/portal/Artista/80141/+elio+gaspari) - Fonte: Folha de S.Paulo â 28/03/10.
COMO PARAR UM CRAQUE?
"NĂŁo hĂĄ como parar Messi. Seria preciso usar uma escopeta."
Gregorio Manzano, técnico do Mallorca, falando de Lionel Messi, craque do Barcelona e da seleção argentina.
Panorama - Veja Essa - Julio Cesar de Barros - Fonte: Veja - Edição 2158.
ARMANDO NOGUEIRA
Estou na China , leitor, onde recebi a triste notĂcia da morte do Armando Nogueira. Era uma figura emblemĂĄtica do nosso jornalismo, especialmente do jornalismo futebolĂstico. Apesar da coincidĂȘncia de sobrenomes, nĂŁo havia parentesco entre nĂłs. Mas, desde a infĂąncia profunda, sempre acompanhava, com interesse arregalado, a sua participação em resenhas de futebol na TV. Uma delas, dos anos 60, chamava-se (se nĂŁo me falha a memĂłria) "Bola na Mesa". Dela participavam, alĂ©m do Armando, o JoĂŁo Saldanha, o Nelson Rodrigues e um flamenguista perna de pau, JosĂ© Maria Scassa, que era alvo fĂĄcil para as ironias e piadas do Nelson.
O Armando tinha um humor mais doce, mais compassivo. O Nelson e o Saldanha tinham muito menos tato -e o pobre Scassa passava maus momentos. Com essa escalação, o "Bola na Mesa" era, às vezes, mais interessante do que os próprios jogos da rodada.
A morte de uma pessoa como Armando Nogueira altera as nossas relaçÔes com o passado. Um dos chavĂ”es menos verdadeiros que conheço Ă© este: "NinguĂ©m Ă© insubstituĂvel". O Armando, assim como o Nelson e o Saldanha, sĂŁo desmentidos enfĂĄticos desse lugar-comum.
Um momento do Armando que ficou na minha memĂłria foi o seu improviso emocionado e emocionante sobre a eliminação da Seleção Brasileira da Copa de 1982, que foi -o leitor deve se lembrar- uma das melhores e mais cintilantes seleçÔes de futebol da histĂłria brasileira e mundial. Ferido de espanto, Armando fez, naquele dia, na TV Bandeirantes, um belĂssimo lamento sobre a inesperada derrota do Brasil diante da ItĂĄlia, que tinha na Ă©poca um time apenas esforçado, apenas batalhador. Espero que as televisĂ”es aĂ no Brasil estejam reprisando, vĂĄrias vezes, esse momento maravilhoso da crĂŽnica futebolĂstica brasileira.
Muitos anos depois, estive algumas vezes com o Armando na casa da Lilian Witte Fibe e do Alexandre Gambirazzio. Eu sempre pedia a ele que contasse histĂłrias do Nelson. E ele gostava de contar. Uma vez, comentei com ele o contraste que me parecia espantoso entre o Otto Lara Resende pessoa fĂsica -que brilhava nas conversas como ninguĂ©m- e o Otto pessoa jurĂdica, cronista e autor de vĂĄrios livros, que tinha um texto pesado e meio opaco, certa mania de citar Anatole France e coisas do gĂȘnero. O Nelson dizia que o Estado brasileiro deveria pagar um taquĂgrafo para seguir o Otto e anotar furiosamente as frases de impacto que ele ia espalhando aos quatro ventos, mas nĂŁo botava no papel nem a tiro.
E o Armando para mim: "VocĂȘ sabe o que o Nelson dizia sobre isso? O Otto sĂł vai escrever direito depois que for currado por dois crioulĂ”es no aterro do Flamengo".
Melhor ainda foi outra que o Armando me contou e que atĂ© jĂĄ publiquei aqui nesta coluna hĂĄ muitos anos. Acho que vale uma reprise. Essa aconteceu no final dos anos 60, por aĂ. Segundo o Armando, o Nelson e o Otto caminhavam tranquilamente pela avenida AtlĂąntica, quando o Otto resolveu fazer uma advertĂȘncia grave: "Nelson, vocĂȘ estĂĄ atacando demais as esquerdas, demais! Qualquer dia leva um tiro!". O Nelson ficou pensativo e perguntou: "VocĂȘ acha mesmo, Otto, que podem me matar?". O outro foi enfĂĄtico: "Acho, sim". O Nelson pensou mais um pouco e perguntou, em tom tambĂ©m grave: "Se me matarem, vocĂȘ escreve a meu respeito?".
O Otto, sem hesitar, respondeu: "Claro".
E o Nelson: "Mas exagera, viu, exagera!".
Paulo Nogueira Batista Jr., 54. Ă diretor-executivo no FMI, onde representa um grupo de nove paĂses (Brasil, ColĂŽmbia, Equador, Guiana, Haiti, PanamĂĄ, RepĂșblica Dominicana, Suriname e Trinidad e Tobago), mas expressa seus pontos de vista em carĂĄter pessoal.
Fonte: Folha de S.Paulo â 01/04/10.
ADEUS AO MESTRE ARMANDO NOGUEIRA
NinguĂ©m Ă© chamado de mestre Ă toa. Mestre Didi, mestre TelĂȘ, mestre Armando. Ele pagou caro o tempo em que fez o jornal mais consumido do paĂs sob as lentes e ameaças da ditadura. E fez sem se fazer nem de mĂĄrtir nem de herĂłi. Fez como achou que tinha de fazer, com todas as limitaçÔes.
ImpossĂvel agora dizer quantas noites perdeu com medo, coisa que eu queria ter perguntado, mas nĂŁo deu.
PossĂvel, no entanto, contar quantas manhĂŁs teceu para nĂŁo desistir. Quem conhece mestre Armando sĂł das palavras sobre esportes conhece, talvez, o melhor Armando Nogueira. Mas nĂŁo o maior.
O maior foi o que resistiu sem parecer que resistia, com doçura, solidariedade e lealdade. Coisa que felizmente, essa sim, eu pude lhe dizer.
E que pude escrever, sorrindo, com ele vivo.
E que repito agora, chorando.
Mestre
VocĂȘ leu nos jornais quase todas as façanhas de Armando Nogueira.
Resumidamente, é claro, porque daria para fazer uma edição inteira só com elas.
Mas nunca mais vocĂȘ terĂĄ o privilĂ©gio de poder abrir um jornal e ler que "Ademir da Guia tem nome, sobrenome e futebol de craque".
Ou que "Deus castiga quem o craque fustiga".
Ou que "Se Pelé não tivesse nascido gente teria nascido bola".
Nunca mais.
Mestre Armando dizia tambĂ©m que "o bom jogador vĂȘ a jogada, o craque antevĂȘ", e ele, como craque que era, antevia nĂŁo sĂł a jogada, como a notĂcia. Por isso, um dia escreveu que "os cartolas pecam por ação, por omissĂŁo ou por comissĂŁo". E que o calendĂĄrio de nosso futebol "nĂŁo era nem juliano nem gregoriano, era cartoliano".
Se houver apenas uma palavra da lĂngua portuguesa para defini-lo esta Ă©, sem dĂșvida, delicadeza.
Mas sabia ser duro, como foi com Ricardo Teixeira, que disse numa CPI nĂŁo precisar do futebol por ser rico: "Sou rico, uma ova! Fiquei rico, Ă custa do futebol", deveria ter dito, indignou-se o mestre.
Era apaixonado pelo Botafogo, pelo Acre e por voar de ultraleve, arte Ă qual se dedicou atĂ© a semana anterior da descoberta, trĂȘs anos atrĂĄs, da doença que o levou.
Adeus
Armando Nogueira morreu.
A Ășltima vez em que conseguimos nos comunicar, porque por telefone era sempre uma choradeira, foi por meio de uma mensagem que ele me mandou, para agradecer uma referĂȘncia qualquer feita por mim num programa de TV: "Juca, Teu carinho me conforta como o abraço de um irmĂŁo caçula. Beijos do Armando".
Fico aqui com minha dor, incapaz de ser minimamente objetivo.
Tenho por ele infinito carinho mesmo e sei o quanto ele penou para dirigir o jornal mais visto no paĂs no perĂodo da ditadura.
Leal, ele agiu sempre no limite da dignidade possĂvel.
E tratou de proteger o quanto pĂŽde aqueles que eram perseguidos. O Brasil perde um belo jornalista, mas, antes de tudo, um homem de bem, um enorme ser humano.
Juca Kfouri (http://blogdojuca.blog.uol.com.br/) - Fonte: Folha de S.Paulo â 01/04/10.
REALIDADE E FICĂĂO
Em ano de Copa, a mĂdia faz dezenas de programas sobre o assunto. Perto e durante o Mundial, quase sĂł vai se falar disso. Muitos acham que todos os brasileiros adoram futebol. Imagine como se sente alguĂ©m que nĂŁo gosta. Deve ter vontade de desaparecer.
Os depoimentos, as histĂłrias, as imagens e os conceitos mostrados nesta Ă©poca costumam ser os mesmos de todas as Copas.
Jå vi um milhão de vezes Pelé fazer o gol que não foi gol, Garrincha driblar de um lado para o outro, e tantas outras imagens. Os jovens devem achar que Garrincha era apenas um driblador, um bailarino. Ele era também extremamente eficiente.
Ao ver alguns grandes clĂĄssicos dos Mundiais, na Ăntegra, com narraçÔes e comentĂĄrios atuais, sĂŁo desmistificados alguns conceitos, como o de que havia pouca violĂȘncia no passado. As partidas entre Brasil e Holanda, em 1974, e entre Brasil e Argentina, em 1978, foram festivais de pontapĂ©s e agressĂ”es. Hoje, nĂŁo terminariam. Quase todos os jogadores seriam expulsos.
O futebol de hoje é mais faltoso e truculento, mas o do passado, por haver menos puniçÔes, era mais desleal e violento. Recebi muitas cusparadas e ameaças de que iam quebrar minha perna.
Na época, também não havia exame antidoping. O uso de "bolinhas", como eram chamados os estimulantes, era mais comum, embora menos sofisticado.
As TVs adoram mostrar PelĂ© recebendo uma falta violenta de um portuguĂȘs, na Copa de 1966. A imagem Ă© sempre a mesma. Ă uma boa desculpa para a derrota do Brasil. Faltas violentas existiram dos dois lados. Portugal venceu porque era melhor.
Dizem sempre que, em 1958, os jogadores exigiram a escalação de Pelé. Ele era titular antes do Mundial e só não jogou os dois primeiros jogos porque estava contundido. Contam ainda que o psicólogo, doutor Carvalhaes, barrou Garrincha por achå-lo criança. à uma boa história, nunca confirmada.
Em 1966, eu estava presente. Doutor Carvalhaes se divertiu quando Garrincha, ao fazer um teste psicológico, desenhou um homem com um corpo pequeno e com uma enorme cabeça. Antes que alguém fizesse um profundo diagnóstico freudiano, Garrincha disse que era Quarentinha, seu companheiro no Botafogo. Essa história também jå foi contada umas mil vezes.
Falam ainda que, em 1970, Zagal- lo, pressionado, teve de me escalar, além de Rivellino e de Piazza. Não foi bem assim.
Perto da Copa, Zagallo ainda tinha dĂșvidas. Em um amistoso, em Guanajuato, no MĂ©xico, ele colocou os trĂȘs. Foi a primeira excepcional atuação coletiva da seleção brasileira. SaĂmos do campo alegres e conversando. Zagallo nos recebeu com um enorme sorriso. Naquele momento, todos tinham certeza de qual seria o time titular na Copa. Nascia uma grande seleção.
Quando alguém tem opiniÔes diferentes dos chavÔes, mesmo com ótimos argumentos e informaçÔes, é geralmente ignorado. OpiniÔes de famosos são mais valorizadas, mesmo que eles não entendam e/ou não acompanhem o futebol de perto.
A história não vive somente de informaçÔes nem somente de lite- ratura. A realidade, a ficção e os mistérios caminham juntos, no futebol e na vida.
TostĂŁo (http://pt.wikipedia.org/wiki/Tost%C3%A3o) - Fonte: Folha de S.Paulo â 28/03/10.
TEIXEIRA MIRA A FIFA
Da cartola da CBF, e com o apoio da parceira de sempre, a Traffic, e da Globo Esportes, o ex-presidente do Flamengo Kléber Leite emerge como candidato ao Clube dos 13, com eleição prevista para dezembro.
O atual mandarim da entidade, o gaĂșcho FĂĄbio Koff, sente nas costas a dor por tambĂ©m ter traĂdo o ideal que norteou a fundação da entidade, em 1987, qual seja o de ser a Liga dos clubes brasileiros.
Com a ajuda de Koff, o Clube dos 13 virou apenas uma agĂȘncia que intermedeia os negĂłcios com a TV. Agora, no entanto, ele nĂŁo Ă© mais confiĂĄvel. Cuspa-se.
Teixeira precisa de alguém em quem possa confiar plenamente e por muitos anos, porque, depois que comandar a Copa no Brasil, quer ser presidente da Fifa, com eleição prevista para 2015.
Leite tem um discurso moderno e uma prĂĄtica antiga, como jĂĄ demonstrou sobejamente sempre que esteve no poder.
à dono de empresa de marketing esportivo, jå foi sócio de J. Hawilla, assim como ambos são velhos parceiros de Teixeira, mais velhos até do que Marcelo Campos Pinto, da Globo Esportes.
Ocupado com a Copa do Mundo e com a melhor grife do futebol mundial, a seleção brasileira, cuja camisa se encontra, diferentemente das dos nossos clubes, em qualquer loja de material esportivo do planeta, Teixeira sabe que a CBF não tem mais como cuidar das diversas divisÔes do Brasileiro e da Copa do Brasil.
E precisa de alguĂ©m, de absoluta confiança, para fazĂȘ-lo.
Leite Ă© uma dessas pessoas, tantas jĂĄ foram as demonstraçÔes de fidelidade numa caminhada em que Teixeira, Leite e Hawilla construĂram enormes fortunas pessoais graças Ă militĂąncia no futebol.
Verdade que ele nĂŁo conta com o apoio do Flamengo, pois fez oposição Ă presidenta PatrĂcia Amorim.
Mas ter Teixeira como cabo eleitoral parece, diante da fragilidade dos presidentes dos nossos clubes, suficiente para se eleger, embora haja quem pense em reagir.
AtĂ© as pazes com Alexandre Kalil, o presidente do Galo e um de seus principais desafetos, Teixeira tratou de fazer, tudo em nome de pavimentar o caminho para o mais importante, a presidĂȘncia da Fifa.
Sim, Teixeira, que era fã de Collor, que afrontou Itamar no voo da muamba, foi tratado a pão e ågua por FHC e virou amigo de infùncia de Lula, também é um pragmåtico.
Se seu ex-sogro, João Havelange, chegou à Fifa depois de presidir a CBD e do tricampeonato, ele também pode na CBF, jå bi, quem sabe tetra depois de mais duas Copas.
O jogo Ă© esse e pode atĂ© ficar pesado, porque, se Koff nĂŁo capitular mais uma vez em nome de alguma conveniĂȘncia como Ă© de seu feitio, o veremos com um discurso novamente radical, como aquele que fazia antes de assumir o Clube dos 13, lĂĄ se vĂŁo longos, e penosos, 14 anos -menos apenas do que os 21 de Teixeira na CBF, que serĂŁo, se nada mais grave acontecer, 26 atĂ© 2015.
Curiosamente, uma das bandeiras de Leite é mudar o estatuto para impedir mais de uma reeleição...
Jogo tĂŁo pesado que Koff foi buscar um especialista em baixar o nĂvel para assessorĂĄ-lo, o ex-presidente do Vasco Eurico Miranda.
Juca Kfouri (http://blogdojuca.blog.uol.com.br/) - Fonte: Folha de S.Paulo â 28/03/10.
NĂŁo deixem de enviar suas mensagens atravĂ©s do âFale Conoscoâ do site.
http://www.faculdademental.com.br/fale.php