COUPE DES CLUBS CHAMPIONS EUROPEENS
10/09/2009 -
FUTEBOL SHOW
A LIGA DOS CAMPEÕES DA EUROPA
English:
http://www.uefa.com/competitions/ucl/index.html
A fase de grupos começa no dia 15 de Setembro. Agora é para valer!
Criada em 1955, a partir de uma ideia do jornalista francês Gabriel Hanot, a Liga dos Campeões da UEFA (Champions League) é o torneio mais importante de clubes disputado no mundo. Com nome original de Copa dos Campeões, era disputada apenas pelos vencedores dos torneios de cada país, que se enfrentavam em partidas eliminatórias, em ida e volta, exceto a final, realizada em jogo único. Nos anos 1990, o formato foi mudado, com a instituição de uma fase de grupos e a participação de mais clubes de países tradicionais, como Espanha, Inglaterra e Itália. Para os clubes que participam da Liga dos Campeões, a certeza é de que vão ganhar muito dinheiro. O campeão, só de prêmio, recebe 7 milhões de euros, fora o arrecadado com a venda dos direitos de transmissão de televisão e patrocinadores.
A final é disputada em apenas uma partida. Se terminar empatada, joga-se prorrogação e, em caso de nova igualdade, a decisão vai para os pênaltis. O local é previamente marcado e não é mudado, nem mesmo que, por coincidência, uma das equipes venha a jogar no seu estádio. O jogo decisivo da atual edição vai acontecer no Santiago Bernabéu, em Madri, no dia 22 de maio de 2010.
Nos canais ESPN a partir de 15 de Setembro.
Fonte: Monet - Número 78.
Mais detalhes e tabela:
http://www.uefa.com/competitions/ucl/index.html
PESQUISA DE TORCIDA
Eis os clubes estrangeiros preferidos dos torcedores brasileiros, segundo pesquisa feita pela TNS: Milan (16,04%), Barcelona (12,42%), Manchester United (7,86%), Real Madrid (6,84%), Inter (2,15%), Chelsea (1,53%), Boca Juniors (0,74%), Liverpool (0,61%), Juventus (0,49%) e Arsenal (0,43%). Essa liderança do Milan confirma o resultado de pesquisa feita em janeiro de 2003 por esta coluna, com a ajuda do Datafolha. O time italiano, que investe muito em brasileiros, tem site em português e montou base para treinar garotos no país, é o mais popular aqui. De 2003 para cá, quem perdeu espaço foi o Real. Talvez Kaká mude um pouco isso.
Rodrigo Bueno - Fonte: Folha de S.Paulo – 10/09/09.
TNS - http://www.tnssport.com.br/10/
TIMES EUROPEUS FICAM MAIS SELETIVOS
Os times de futebol europeus compraram menos jogadores para a temporada de 2009, mas pagaram mais caro por eles. É o que aponta levantamento da Traffic Sports, que faz assessoria financeira a atletas.
Os 147 times pesquisados gastaram cerca de € 2,2 bilhões na aquisição de 511 novos talentos para a temporada 2009. O volume pago foi 1,7% acima do investimento feito no ano passado. Em 2008, foram comprados 616 jogadores, 20% mais do que neste ano.
Segundo o presidente da Traffic, Alex Rotter, os principais times da Europa apostaram nas estrelas do futebol mundial na temporada deste ano. "Os grandes clubes concentraram investimentos em jogadores considerados importantes para ganhar campeonatos", diz Rotter.
Um exemplo é a contratação do português Cristiano Ronaldo pelo Real Madrid. O time espanhol investiu € 94 milhões pelo jogador.
Para Rotter, mesmo com menos contratações, a manutenção do investimento europeu em novos talentos mostra que a crise econômica não afetou tanto o caixa dos clubes.
Os times ingleses são exceção. Neste ano, eles gastaram 15% menos na aquisição de jogadores do que na temporada anterior, apesar de continuarem à frente do ranking de investimentos por país.
O modelo de gestão dos clubes ingleses justifica a retração nas compras, diz Rotter. Eles são controlados por empresas e investidores, diferentemente da maioria dos clubes europeus, que tem gestão própria.
"A perda dos investidores na crise refletiu na queda no investimento de grandes times ingleses, como Chelsea e Liverpool", diz Rotter.
Mercado Aberto - Fonte: Folha de S.Paulo – 10/09/09.
Traffic Sports - http://www.traffic.com.br/
CAMPEONATO DE FUTSAL DA FNH
O campeonato de Futsal da FNH começa agora em Setembro com 8 times e um mês e meio de torneio.
Ricardo Lobenwein
Maiores detalhes e regulamento:
http://www.unihorizontes.br/novosite/torneio-de-futsal-da-fnh.html
O BLOG DO NEVES
O jornalista esportivo Milton Neves (http://blog.miltonneves.ig.com.br/) comenta os gols da rodada e fala sobre o mundo dos esportes. Às segundas às 16h, em http://batepapo.ig.com.br/.
Eventos on-line – Acontece na Internet - Fonte: Folha de S.Paulo – 09/09/09.
O 9 DA NÚMERO 1
O atacante Luis Fabiano foi o brasileiro escolhido para estrelar a nova campanha mundial da Nike. Ele assume pela primeira vez o posto que estava sendo ocupado por Alexandre Pato e que já foi cativo de Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho e Adriano. Cristiano Ronaldo e o inglês Wayne Rooney, do Manchester, foram os outros jogadores escolhidos para a campanha, que chega às ruas em outubro. O slogan de Luis Fabiano já está definido: "Ser o número 9 da número 1 na África do Sul. Estou ralando para isso".
Panorama - Radar - Lauro Jardim - Fonte: Veja - Edição 2129.
NO PANTEÃO DO FUTEBOL
A Nestlé, maior empresa de produtos alimentícios do mundo, negocia com a CBF para entrar no panteão de empresas que patrocinam a Seleção Brasileira de Futebol -- grupo do qual fazem parte Nike, Pão de Açúcar, AmBev, Vivo e TAM. Nenhuma das partes comenta o assunto oficialmente, mas executivos da multinacional suíça dizem que as negociações para a assinatura de um contrato estão em estágio avançado. Caso feche o acordo, a Nestlé poderá usar a imagem da seleção para promover sua marca e terá o direito de expor banners em treinos da equipe e prioridade para comprar cotas de patrocínio nas transmissões dos jogos da Copa de 2014, evento que será realizado no Brasil.
Fonte: Exame - Edição 951.
FELIPÃO
O técnico Luiz Felipe Scolari , que comanda o Bunyodkor, do Uzbequistão, é o treinador mais bem pago do mundo, segundo o espanhol "Sport". O jornal diz que o brasileiro recebe anualmente 16,6 milhões de euros.
Fonte: Folha de S.Paulo – 09/09/09.
Sport - http://www.sport.es/
Veja a lista:
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=126&id_news=408493
CARROSSEL
Além de completar 70 anos em 2010, Pelé terá outra data para comemorar: os 40 anos da conquista definitiva da Taça Jules Rimet para o país. A emissora Rai, italiana, já entrou em contato com a equipe do craque para falar sobre eventuais programações especiais. No Brasil, não há nada planejado.
Mônica Bergamo - Fonte: Folha de S.Paulo – 08/09/09.
RACISMO NO FUTEBOL
Há quem se lembre de um amistoso, véspera da Copa da Alemanha, entre França e China. Djibril Cissé fraturou a perna e não pode disputar o Mundial. Cissé, hoje no Panathinaikos, percebeu que a torcida rival imitava macaco todas as vezes que tocava na bola. A fratura era melhor, não doía por dentro.
Já passou da hora de a FIFA colocar um ponto final em tais episódios. A entidade máxima do futebol vive batendo no peito e dizendo que promove a paz e une os povos. Os árbitros deveriam ser obrigados e relatar tudo em súmula e a punição deveria ser exemplar. Se não aprendem com a educação, a saída é punir. O que não é possível é continuar do jeito que está.
Mário Marra – Fonte: O Tempo – 11/09/09.
PEGA LADRÃO
Na Terceira Divisão do campeonato espanhol um juiz parou o jogo e saiu em disparada depois que o auto falante do estádio anunciou que o carro dele, um Audi A 4, tinha sido roubado no estacionamento do estádio. Fatos como esse até que podem acontecer por aqui, o que mudaria é a marca do veículo. Aqui seria um fusquinha. Como ralam os nossos juizes.
Marcos Guiotti - Fonte: O Tempo – 09/09/09.
O BOM E O MAU MOÇO
Quem gosta de analisar futebol e viu Pelé jogar durante anos, mais ainda quem atuou a seu lado, e também viu Maradona, não tem dúvidas de que Pelé foi melhor. Mas futebol não é só razão; é também paixão.
É preciso respeitar as opiniões de muitos argentinos, que acham Maradona superior.
O principal argumento de Maradona e dos que acham o argentino melhor é que ele deu show no Campeonato Italiano, considerado, na época, o mais difícil, pela dureza das defesas. Para eles, Pelé só atuou no Santos, além da seleção, em melhores condições.
Pelé e Maradona eram guerreiros e autoconfiantes. Sabiam que eram melhores e assumiam essa condição. Nelson Rodrigues, com seu delicioso exagero, dizia que Pelé ignorava os marcadores e que sua grande qualidade era não ter nenhuma humildade.
Até a anatomia do olho de Pelé era a ideal. Pelé tinha um olhar expressivo, para fora, com uma visão periférica privilegiada. Parecia enxergar tudo o que estava em suas costas.
Pelé tinha, no mais alto nível, todas as qualidades técnicas e físicas. Maradona era mais habilidoso, mais malabarista. Isso não significa que Maradona não tinha muita técnica e que não era muito eficiente nem que Pelé não era muito habilidoso. Maradona era extremamente objetivo, e Pelé era um grande artista.
Um repórter perguntou a Dunga se ele era símbolo da eficiência, e Maradona, da arte. Nada a ver.
Dunga foi um bom jogador, eficiente. Maradona foi um gênio, que também era muito eficiente.
Em outra entrevista, Kaká, por convicção ou ato falho, o que dá na mesma, falou que Maradona era um grande artista e que ele, Kaká, é mais completo. Outra besteira. Maradona foi muito melhor que Kaká e Messi. Os dois devem ser comparados a outros grandes craques da posição, como Zico, Rivaldo e Ronaldinho, quando estava no auge.
Na Argentina, Maradona é mais idolatrado que Pelé no Brasil. Uma das explicações é que Maradona, por ser passional, não esconder suas fraquezas, esquisitices e vaidades e até por ter feito muitas coisas erradas na vida, torna-se mais humano para os argentinos. Ele é o que é.
Já Pelé, por querer agradar a todos, ficar muito perto do poder, ser excessivamente preocupado com sua imagem pública, frustra as pessoas quando os fatos mostram que ele é igual a todos.
"O habitat natural da alma é viver entre Deus e o Diabo. Sem esse combate, a alma se dissolve em pequenas manias diárias e fica pequena." (Luiz Felipe Pondé)
Tostão - Fonte: Folha de S.Paulo - 06/09/09.
DUNGA, O TÉCNICO E O HOMEM
Não pensaria duas vezes se tivesse que escolher entre Dunga e Mano Menezes para ser técnico de meu time.
Caso a escolha fosse posta ficaria com Mano Menezes, sem titubear.
Porque é muito menos difícil, tecnicamente, ser treinador de uma seleção como a do Brasil do que ser técnico de um clube, como o Corinthians, o Flamengo etc. Só mesmo a pressão popular pode ser maior, embora ninguém ame a seleção na mesma medida que ama o clube de coração.
De resto, todas as vantagens são do técnico da seleção nacional, que escolhe quem quer entre o que há de melhor no mundo e que, por mais que erre com Afonsos e coisas parecidas, sempre tem um Kaká para compensar.
É claro que dirigir time de clube tem a vantagem da convivência diária com os jogadores, mas até isso varia conforme a personalidade de quem dirige, varia de pessoa para pessoa no contato com os grupos de jogadores, alguns capazes de criar fortes vínculos, outros, invencíveis rejeições.
Não se fará aqui a maldade de dizer, como muitos dizem, que os méritos táticos da seleção brasileira são do auxiliar-técnico Jorginho e que as jogadas de bola aérea são tão óbvias que alguém deveria ter vergonha de citá-las.
E não se fará por duas razões básicas: fosse verdade em relação a Jorginho, nem assim deixaria de ser mérito de quem o escolheu como ajudante; óbvias ou não, as jogadas têm dado certo, os argentinos de Maradona que o digam. E está aí o que motiva a coluna.
Ao responder ao repórter Fernando Gavini, da ESPN Brasil, sobre as deficiências da defesa argentina, Dunga teve um chilique, ao ver na pergunta o desmerecimento da "imprensa brasileira" ao seu trabalho, quando não só não era nada disso diante da escancarada fragilidade da zaga rival, que tem até o ex-corintiano Sebá como titular, como era uma pergunta de um jornalista de um veículo, não de todos os jornalistas de todos os veículos, generalização mais que indevida, portanto.
E é nestes momentos que se revela um Dunga detestável.
O ótimo jogador que foi, embora, é claro, não faça nenhum sentido compará-lo a Maradona, não fez dele melhor homem do que é, o que atrapalha o técnico, cuja superioridade no quesito sobre Maradona é também abissal.
O tal homem que exige atitudes francas de todos, esconde-se ao não responder a um dos jornalistas mais respeitáveis deste país. Crítico que ele atacou mentirosamente ao dizer que este o criticara em público e pedira desculpas particularmente, coisa que não aconteceu e que lhe foi cobrada até por carta em sua casa, sem resposta há mais de dois meses.
O mesmo Dunga pediu e, pior, ganhou, a cabeça de um outro jornalista, por sinal xará de um ex-técnico da seleção por quem Dunga tem adoração, simplesmente porque soube que este comemorara a provável queda dele quando da derrota na Olimpíada de Pequim.
Dunga pode até voltar com o hexacampeonato em 2010 em razão dos méritos que demonstra no comando do time da CBF, mas será uma pena se for com tal comportamento, baixo como um anão.
Juca Kfouri (http://blogdojuca.blog.uol.com.br/) - Folha de S.Paulo - 07/09/09.
O REVOLUCIONÁRIO DUNGA
Uma das máximas do futebol, que vem desde a época em que se amarrava cachorro com linguiça, e que persiste até hoje, é que um jogo se ganha no meio- -campo, dominando o setor, trocando passes e impondo seu ritmo.
Segundo meu irmão, que entende muito do assunto, Dunga está revolucionando o futebol ao formar um ótimo time sem meio-campo. Ironias e exageros à parte, o Brasil venceu novamente a Argentina, com inquestionáveis méritos, sem dominar o meio-campo, sem trocar muitos passes e sem impor seu ritmo. Futebol não é mais imposição.
O Brasil formou novamente uma muralha de volantes na frente dos zagueiros. Recuperava a bola e entregava a Kaká. Assim, saiu um gol -e mais dois de bola parada, outra grande virtude brasileira, que independe do meio-campo.
O Brasil não faz muitos gols de bola parada porque treina mais e melhor que os outros. Todos os times e seleções treinam bastante essa jogada. O Brasil faz muitos gols de bola parada porque tem um ótimo cobrador de faltas e escanteios (Elano) e vários outros atletas fortes, altos e bons em jogadas aéreas.
Se Mascherano não tivesse marcado bem Kaká, além de fazer muitas faltas, e se Robinho, auxiliar de Kaká nos contra-ataques, jogasse melhor, o Brasil teria feito mais gols desse jeito, como na goleada sobre o Uruguai.
Na véspera da partida, Maradona e os jogadores diziam que iriam pressionar o Brasil, mas que teriam muito cuidado nos contra-ataques e nas bolas paradas. Já estava escrito, há mais de mil anos, como diriam Raul Seixas e Nelson Rodrigues, que o Brasil ganharia o jogo dessa forma.
Muitos vão dizer que a seleção brasileira joga um futebol moderno. É verdade. Mas ainda não é a única maneira de atuar bem e vencer. Outras ótimas e vitoriosas equipes, como o Barcelona, a Espanha e alguns times ingleses, têm uma estratégia oposta à do Brasil. Privilegiam a troca de passes no meio-campo. Fica mais bonito. Mais importante que o estilo é a qualidade dos jogadores.
A turma do oba-oba já começou a ficar eufórica. Dunga está sendo tratado como o novo Bernardinho, o que nunca relaxa. Se o Brasil perder o Mundial, mesmo jogando bem, por um lance ocasional ou por um erro do árbitro, muitos dos que exaltam Dunga vão dizer, no mínimo, que o Brasil nunca teve um técnico tão inexperiente em uma Copa do Mundo.
O sucesso, até agora, de Dunga, que nunca tinha sido treinador nem auxiliar de um técnico famoso, é mais uma demonstração de que, para ser um bom e vitorioso treinador, não é necessário, obrigatoriamente, ter experiência, cursar faculdade, fazer um cursinho de técnico pela internet nem ser um obsessivo frequentador do Google.
Mais importante ainda é o técnico saber comandar e saber observar. Dunga mostra, cada dia mais, que sabe.
A maneira atual de jogar do Brasil foi planejada ou aconteceu naturalmente, por causa das características dos jogadores?
Deve ter sido as duas coisas. Ninguém descobre nada do nada. As coisas surgem, alguns percebem e vão atrás. Dunga enxerga bem com quatro olhos. Os seus dois e mais os dois de Jorginho.
Tostão - Fonte: Folha de S.Paulo – 09/09/09.
SELEÇÃO NÃO É MOMENTO
Se você é daqueles que ouvem o chavão de que "seleção é momento" e balança a cabeça positivamente, esqueça. Não é. Há décadas não se faz mais seleções como se fazia no Brasil nos anos 50, 60, 70... Quando se reunia um grupo para uma sequência de jogos, realizava-se uma excursão depois de treinar dez dias e a preparação para a Copa durava 40 dias. Não é mais assim. Quer dizer que você monta um time ao longo de convocações para dois jogos, com quatro, cinco dias de treino, ou está frito.
É por isso que se fecha o grupo mais cedo, abre-se para poucas vagas, monta-se o time no decorrer de três anos. Pense na primeira equipe de Dunga, em 2006. Gente como Daniel Carvalho, Vagner Love, Fred, nenhum sobreviveu.
Em três anos de trabalho, é mérito quando se descobre jogadores, como Felipe Melo e Elano, ou quando se desiste de algum deles. O problema não é convocar Afonso Alves. É mantê-lo quando todos os indícios mandam desistir.
Dunga desistiu. Como de Vagner Love e até mesmo de Ronaldinho Gaúcho, enquanto o futebol do ex-melhor do mundo não recomenda pensar de novo em seu futebol. E desistiu de desistir de Kaká.
Montar um time para a Copa exige repetir o sistema tático a maior parte das vezes possível, como Dunga faz desde 2006. Seu padrão funciona pela continuidade, com dois volantes, um armador pela direita -Elano ou Ramires-, Kaká pelo centro, Robinho à esquerda e um centroavante. Se, no clube, cada jogador sabe sua parte porque a repete a cada dia, na seleção é preciso relembrar sua função a cada convocação. É por isso que seleção não é momento. É continuidade.
Em 1980, Giulite Coutinho assumiu a presidência da CBF falando em "seleção permanente". Foi a primeira vez em que a seleção se reuniu uma vez por mês para amistosos.
No decorrer de dois anos, jogos bons e ruins, como a derrota para a URSS no Maracanã. Ao final do trabalho, a lembrança de um time que perdeu, mas encantou, em 1982. Foi o mesmo com Parreira, em 1994. É o mesmo com Dunga para 2010. Time se monta com apostas e desistências. É mérito de Dunga apostar em Felipe Melo e desistir de Afonso Alves. É seu mérito o time que hoje existe.
ADOLESCENTE
Como nos conta Juca Kfouri, Dunga segue irritadiço como um adolescente na relação com a imprensa. Responde a perguntas como se fossem disparos de metralhadoras em sua cabeça. E se recusa a responder pessoalmente a quem ele próprio fez críticas -mentirosas!- publicamente.
ADULTO
Na montagem da equipe, é impossível discordar de Dunga hoje. Os diários argentinos diziam que há jogos que afirmam se um treinador amadureceu. Projetavam que vencer o Brasil seria prova de amadurecimento de Maradona. Foi a da maturidade de Dunga. Pelo menos, para montar a equipe.
Paulo Vinícius Coelho (http://espnbrasil.terra.com.br/pvc/) - Folha de S.Paulo - 07/09/09.
FAÇA FUTEBOL, NÃO FAÇA GUERRA
O tema é polêmico, o que pesou para que virasse, aos 40 minutos do segundo tempo, o texto maior e não ocupasse o espaço da nota de hoje, que valia coluna (talvez aprofunde a questão na próxima semana). Para mudar o "esquema" no final do jogo, segui também a sugestão de amigos leitores.
O assunto é Copa, não a de 2010, que domina esta edição, e sim a de 2014, no Brasil. Eu, só mais um pacífico brasileiro que trabalha 2.600 horas por ano para o fisco, prefiro ver o governo gastar nossa grana em estádio de futebol do que em avião de guerra e submarino nuclear.
Fiquei espantado com números recentes que saíram na mídia: o de horas que os brasileiros trabalham para pagar impostos e os valores gastos em um arsenal militar. Isso quando tanto discutimos a realização de um Mundial (garantido) e de uma Olimpíada no Rio (boa chance).
Vi que o preço de 50 helicópteros militares, que está no "pacote" que o governo anunciou, é R$ 4,7 bilhões.
Isso é praticamente o valor de todas as arenas planejadas para a Copa-14.
Na média, entre construções e reformas, o valor de cada um dos 12 estádios é R$ 400 milhões. Ou seja, com R$ 4,8 bilhões o governo faria as 12 arenas com o tal "padrão de Copa".
Não estou aqui defendendo a utilização, pura e simplesmente, do dinheiro público nas obras esportivas do Mundial. Trabalho em meios de comunicação dos mais críticos do país e me orgulho muito disso. Mas não sou dos que acham um absurdo o governo investir, com honestidade, transparência e inteligência, em estádios (era preciso deixar claro desde o início o gasto em arenas).
O Maracanã foi erguido para 1950 com dinheiro público e é dos melhores projetos e cartões-postais do Brasil. Com inteligência, o governo pode até lucrar com arenas, como fazem tantas empresas. Só que é preciso, como em qualquer gasto, saber o que é viável, o que dá retorno. Não há sentido, por exemplo, em erguer estádio para 70 mil pessoas em Brasília, que não tem clube de expressão. O povo brasileiro precisa de pão, de futebol (circo) e de mais um monte de coisas, não de armas.
Rodrigo Bueno - Fonte: Folha de S.Paulo – 10/09/09.
O LEITOR QUE NÃO LÊ
Amigo torcedor, amigo secador, um dos mais interessantes e contraditórios fenômenos do momento é o leitor que não lê. Sim, ele existe e está solto na rua, como o leão da música do Erasmo e do Roberto.
A nova criatura é uma típica anomalia da era da virtualidade e se multiplica como uma praga de Gremlins. Ataca qualquer tipo de cronista, mas sobretudo o esportivo.
Foi gerado do cruzamento da paixão ludopédica com a internet.
O LQNL (leitor que não lê) atira sempre a primeira pedra e está pronto para o ataque. Como o arrogante consumidor de código em riste, ele tem sempre razão, não interessa o assunto. Ele espalha um texto de jornal, por exemplo, como esta crônica de sexta, entre torcedores do seu time e adverte: "Veja o que esse cara está falando do São Paulo, vamos mandar e-mails para o f.d.p. e provar que somos homens".
Calma, amigo tricolor, é só uma pequena mostra entre centenas que recolho. O efeito, porém, é maluco.
Você recebe meia hora depois milhares de xingamentos e ameaças por uma coisa que nunca escreveu.
O leitor que não lê nem sequer passa o olho no texto, simplesmente segue a boiada virtual liderada por um leitor que caiu de paraquedas e não entendeu o espírito da prosa.
No momento, o leitor que não lê alveja este cronista em desagravo ao "povo goiano". Eu teria escrito contra Goiás. O LQNL deve estar confundindo, creio, uma crítica feita ao comportamento do técnico Hélio dos Anjos, que dirige o time homônimo do Estado, no episódio em que atacou os torcedores do Flamengo que comparecem ao Serra Dourada.
Não falo do leitor que me xinga com razão, nem do sagrado "juris esperniandi", nem do rapaz atento que me corrige. Trato do LQNL que promete me pegar na esquina e mostra que sabe onde moro. Para com isso, amigo palmeirense, uma coisa é o corvo Edgar, el secador fracassado, outra é a pessoa física, afino, mirando covardemente os bíceps de campeão de palitinhos no espelho.
Embora seja um tipo raríssimo, o LQNL patriota também enche o saco. Desconfiava de Dunga da mesma forma que o cronista; agora já se sente hexacampeão do mundo.
O pior do leitor que não lê é que não tem humor nunca. Ao contrário do leitor "sussa", de sossegado, que promete só denunciar a criação ilegal do corvo ao Ibama ou fazê-lo churrasco, entre outros gracejos.
"La buena onda", como me diz aqui El Domador de Yacarés, feliz com o triunfo do seu Paraguai sobre "os curepas boludos" da Argentina.
Para os LQNLs violentos, a gente aplica a lição do Drummond: "Se o meu verso não deu certo foi o seu ouvido que entortou". Na gozação, óbvio, pois não temos cancha para amarrar as chuteiras do poeta, mineiro de Itabira e torcedor do Vasco.
Leitor que não lê, você é a mais linda lição na dialética da internet. Os gutenberguianos, viciados em um jornal de papel, agradecem.
Xico Sá – Fonte: Folha de S.Paulo – 11/09/09.
Não deixem de enviar suas mensagens através do “Fale Conosco” do site.
http://www.faculdademental.com.br/fale.php