DEFINITIVAMENTE, ESSE NĂO Ă UM PAĂS SĂRIO
10/12/2007 -
COLUNA DO CANALHA
DEFINITIVAMENTE, ESSE NĂO Ă UM PAĂS SĂRIO
Segundo a lenda, Charles de Gaulle teria dito, sobre o Brasil, que esse nĂŁo Ă© um paĂs sĂ©rio. E olha que ele nem tinha idĂ©ia do que seria esse paĂs ainda.
No entanto, a afirmativa de Charles de Gaulle, dizia respeito ao carĂĄter festivo do povo brasileiro, do clima ameno, das belezas naturais e fazia apenas uma ironia na questĂŁo polĂtica.
Mas, no fim das contas, ele estava certo. E a gente se acostumou a isso.
ApĂłs o fim da ditadura, nĂłs, brasileiros, temos permitido que o destino do nosso paĂs seja traçado por interesses que pouco tem a ver com a função de um governo propriamente dito.
O desenvolvimento passou a ser o negĂłcio do estado e isso passou a ser uma diretriz, um estilo de governar.
A discussĂŁo sobre a TV Digital deixou claro o quanto, muitas vezes, os interesses econĂŽmicos prevalecem sobre os interesses sociais.
José Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula.
Exceto Itamar Franco, que herdou a presidĂȘncia â mas inclusive ele, todos foram colocados na presidĂȘncia atravĂ©s do voto. NĂłs Ă© que votamos. NĂłs os escolhemos. NĂłs os colocamos lĂĄ.
Desde o fim da ditadura, os governos destes cavalheiros foram o pano de fundo dos maiores escĂąndalos polĂticos e financeiros de nossa histĂłria, nĂŁo sĂł pela quantidade de dinheiro envolvida, mas tambĂ©m pela engenhosidade e eficiĂȘncia com que se rouba a nação.
Em entrevista, por telefone, ao UOL News, o senador Jefferson Peres diz que nĂŁo espera mais nada da classe polĂtica.
Um senador da repĂșblica diz que nĂŁo espera mais nada da classe polĂtica e isso repercute com muito menos importĂąncia do que o rebaixamento do Corinthians Ă segunda divisĂŁo.
Em cerimÎnia no Palåcio do Planalto nosso presidente diz que prefere ser uma metamorfose ambulante. Ou seja, o Brasil estå nas mãos de uma metamorfose ambulante. E essa metamorfose ambulante é muito amiga de Hugo Chavez e diz que estå convencida de que Evo Moralles é a coisa mais extraordinåria que apareceu na América do Sul.
Ă impressionante o que uma pessoa Ă© capaz de dizer, especialmente quando estĂĄ bĂȘbada de poder.
A obrigatoriedade do voto Ă© uma lei que precisa ser revista com bastante urgĂȘncia, antes de tudo por ser um instrumento absolutamente antidemocrĂĄtico.
Ă o voto obrigatĂłrio que permite a existĂȘncia de currais eleitorais e compra de votos.
Por incrĂvel que pareça no Brasil, ainda se troca voto por botina, cesta bĂĄsica, galinha... E por emprego. NĂŁo que a pessoa vĂĄ ganhar emprego. Ă que se nĂŁo votar no candidato indicado, ela perde o emprego.
E de escĂąndalo em escĂąndalo, de CPI em CPI, Renan Calheiros continua senador da repĂșblica, o senador Jefferson Peres, na mesma entrevista ao UOL News citada acima, disse que o dia da absolvição de Renan Calheiros em mais um processo de cassação era um dia de finados para o Brasil. Uma semana depois o mesmo Jefferson Peres vota a favor da prorrogação da CPMF no senado. Vai entender?
Mas Ă© isso mesmo que precisamos fazer. Entender. Entender e votar direito. Escolher direito. Mesmo que votar ainda seja uma coisa obrigatĂłria, pois obrigatĂłrio ou nĂŁo, o voto sempre serĂĄ o instrumento correto para escolher quem vai nos governar.
Precisamos parar com essas metamorfoses ambulantes e dar ao Brasil uma compostura polĂtica e social.
Precisamos de respeito pelo que produzimos e pelo que podemos produzir.
Precisamos de representatividade e o cidadĂŁo sĂł se sente representado quando ele escolhe âumâ candidato, e nĂŁo âqualquerâ candidato, sĂł porque tem que votar.
Se Ă© que disse mesmo, Charles de Gaulle nĂŁo sabia que sua frase ficaria tĂŁo famosa e que seria tĂŁo repetida. Mas mesmo sem saber exatamente o que dizia, ele tinha razĂŁo, esse paĂs ainda nĂŁo Ă© um paĂs sĂ©rio.
Imagem: Charge do Bira.
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