PENSANDO NO PRĂPRIO INTERESSE
12/04/2013 -
PENSE!
PESQUISA ANALISA SENSO DE PRIVACIDADE
English:
Nytimes.com/web-privacy-and-how-consumers-let-down-their-guard
Carnegie Mellon University â
http://www.cmu.edu/index.shtml
http://www.facebook.com/carnegiemellonu
Samford University â
http://www.samford.edu/
Facebook.com/SamfordUniversity
A maioria das pessoas diz que valoriza sua privacidade, mas tende a agir de modo incoerente. Essa foi a conclusĂŁo de uma sĂ©rie de experiĂȘncias feitas pelo pesquisador Alessandro Acquisti, 40, um economista comportamental da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh.
Ele demonstrou que, quando se trata de privacidade, as pessoas nem sempre agem de acordo com o seu prĂłprio interesse, podendo ser facilmente manipuladas.
"O tecnĂłlogo que hĂĄ em mim adora as coisas incrĂveis que a internet permite fazer", disse Acquisti, que afirma ser um dos primeiros adeptos da rede. "Mas o indivĂduo que se importa com a liberdade teme que a tecnologia seja sequestrada, passando de uma tecnologia da liberdade para uma da vigilĂąncia."
Em 2003, Acquisti começou a acompanhar mais de 5.000 usuårios do Facebook, a maioria deles estudantes universitårios.
Ele percebeu que, embora os usuĂĄrios revelassem cada vez mais sobre sua histĂłria pessoal -respondendo a estĂmulos do Facebook sobre se tinham acabado de ter um bebĂȘ, por exemplo, ou se tinham votado-, eles tambĂ©m estavam restringindo a visualização dessas informaçÔes.
Com o tempo, de modo geral, diminuia o nĂșmero de perfis que deixavam suas informaçÔes pessoais acessĂveis a todos os usuĂĄrios do Facebook.
O estudo sugeriu, no mĂnimo, que algumas pessoas valorizam sua privacidade o suficiente para procurar as configuraçÔes da rede social e impedir que estranhos vejam o que elas publicam.
Para aprender como os consumidores determinam o valor de sua privacidade, Acquisti enviou uma série de estudantes universitårios a um shopping center.
Para alguns compradores, os estudantes ofereceram um cartĂŁo de desconto de US$ 10 mais um desconto extra de US$ 2 se eles revelassem suas compras. A metade das pessoas recusou a oferta extra -elas nĂŁo quiseram revelar o conteĂșdo de seus carrinhos por apenas US$ 2.
Para outros consumidores, porém, os estudantes fizeram outra proposta: um cartão de desconto de US$ 12 e a opção de trocå-lo por US$ 10 se elas não quisessem revelar seu histórico de compras. Desta vez, 90% dos consumidores preferiram manter o cupom de maior valor -mesmo que isso significasse revelar o que haviam comprado.
Os resultados ofereceram uma janela para os truques que a mente pode aplicar.
Ă maior a probabilidade de valorizarmos algo que jĂĄ temos. Se ainda nĂŁo temos esse algo, Ă© menor a probabilidade de pagarmos a mais para adquiri-lo.
Em um dos experimentos mais intrigantes de Acquisti, ele pediu que estudantes voluntĂĄrios se submetessem a uma pesquisa anĂŽnima sobre vĂcios.
Os participantes foram questionados se jĂĄ haviam roubado alguma coisa, mentido ou tomado drogas.
A alguns, foi informado que suas respostas seriam publicadas em um boletim de pesquisa. A outros, foi solicitada a autorização da publicação das respostas. A um terceiro grupo, foi solicitada a autorização da publicação das respostas e tambĂ©m da idade, do sexo e do paĂs de nascimento do participante.
Os que receberam a proposta com menos controle sobre quem veria suas respostas pareceram menos dispostos a se revelar: entre eles, apenas 15% responderam a todas as dez perguntas.
Os que haviam recebido o pedido de autorização tinham quase o dobro da probabilidade de responder a todas as perguntas.
Entre aqueles que foram solicitadas informaçÔes demogråficas, todos autorizaram a divulgação dos dados, apesar de esses detalhes permitirem que um estranho tivesse maior probabilidade de identificar o participante.
Acquisti tomou nota do paradoxo: controles mais refinados haviam levado as pessoas a "compartilhar informaçÔes mais delicadas com pĂșblicos maiores e possivelmente mais arriscados".
Essa sensação de controle também pode ser solapada de outras maneiras, principalmente por distraçÔes.
Em um estudo chamado "Truques de privacidade", os sujeitos de Acquisti foram divididos em dois conjuntos de dois grupos. Cada grupo foi solicitado a avaliar professores e recebeu perguntas sobre trapaça.
No primeiro conjunto, metade foi informada de que apenas estudantes veriam suas respostas, e os outros foram informados de que professores, assim como estudantes, veriam suas respostas.
Como se poderia esperar, o grupo com espectadores sĂł estudantes foi mais cooperativo do que o grupo com espectadores estudantes e professores.
Ao outro conjunto de estudantes, Acquisti ofereceu o mesmo questionĂĄrio -mas aplicou um pequeno truque.
Depois de mais uma vez explicar as regras e os procedimentos, ele fez uma pergunta não relacionada: eles gostariam de se inscrever para receber informaçÔes de uma rede da faculdade? Essa pequena distração teve um impacto: desta vez, os dois subgrupos foram quase igualmente cooperativos em suas respostas.
A distração teve um efeito de esquecimento? NĂŁo. Em entrevistas na saĂda, eles se lembraram das regras, embora tenham se comportado como se nĂŁo lembrassem. "VocĂȘ se lembra em algum lugar do cĂ©rebro, mas parece que presta menos atenção", Ă© como Acquisti descreve a situação.
Ou seja, uma sĂ©rie de distraçÔes -e-mails, tuĂtes, torpedos- pode prejudicar nosso sentido de autoproteção quando se trata de privacidade.
Os que acompanham o trabalho de Acquisti dizem que essa pesquisa tem importantes implicaçÔes polĂticas, jĂĄ que ĂłrgĂŁos reguladores vĂȘm analisando o modo como as empresas alavancam os dados pessoais obtidos dos usuĂĄrios.
A ComissĂŁo Federal de ComĂ©rcio dos Estados Unidos fez, no ano passado, um acordo com o Facebook sobre as acusaçÔes de que este havia enganado os usuĂĄrios com mudanças em suas configuraçÔes de privacidade. As autoridades americanas recentemente multaram o Google por recolher e-mails e senhas de usuĂĄrios distraĂdos durante seu projeto de mapeamento Street View.
Acquisti esteve na linha de frente: depÎs no Congresso dos EUA e colaborou com a Comissão de Comércio.
"Seu trabalho foi muito importante, ajudando-nos a descobrir como somos irracionais em decisÔes ligadas à privacidade", diz Woodrow Hartzog, professor-assistente de direito que estuda privacidade digital na Universidade Samford, em Birmingham, no Alabama. "Temos demasiada confiança em nossa capacidade de tomar decisÔes."
Em 2011, Acquisti tirou fotos com uma webcam de quase cem alunos no campus. Em poucos minutos, ele havia identificado cerca de um terço deles, usando um software de reconhecimento facial.
AlĂ©m disso, de cerca de 25% dos sujeitos que conseguiu identificar, ele descobriu o suficiente no Facebook para adivinhar de pelo menos uma parte os nĂșmeros na PrevidĂȘncia Social.
O Facebook pode ser especialmente valioso para ladrĂ”es de identidade, especialmente quando a data de nascimento de um usuĂĄrio Ă© visĂvel ao pĂșblico.
"Eu revelo minha data de nascimento e minha cidade natal no meu perfil do Facebook, e um ladrĂŁo de identidade pode reconstruir meu nĂșmero na PrevidĂȘncia Social e roubar minha identidade", disse Acquisti. "Ou alguĂ©m pode me mandar mensagens de feliz aniversĂĄrio nessa data, o que me deixarĂĄ muito contente."
Somini Sengupta â Fonte: Folha de S.Paulo â 08/04/13.
Reportagem original em inglĂȘs do âThe New York Timesâ:
Nytimes.com/web-privacy-and-how-consumers-let-down-their-guard
Universidade Carnegie Mellon â
http://www.cmu.edu/index.shtml
http://www.facebook.com/carnegiemellonu
Universidade Samford â
http://www.samford.edu/
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O consumo e, consequentemente, a publicidade, intensificaram-se muito nas Ășltimas dĂ©cadas. Anos atrĂĄs, a publicidade veiculada nas mĂdias era bem diferente.
O nĂșcleo principal de quase todas elas eram as caracterĂsticas dos produtos anunciados, que eram bem enaltecidas. As peças publicitĂĄrias tentavam convencer o consumidor de que o produto que vendiam era especial e, por isso, deveria ser o escolhido entre tantos produtos similares. Outro foco era a marca, que funcionava mais ou menos como um indicador de qualidade.
AlĂ©m disso, o pĂșblico-alvo dos anĂșncios eram os adultos. Eles eram considerados os consumidores por excelĂȘncia porque detinham o poder de decisĂŁo de compra.
Hoje, muitas vezes assistimos a um comercial e ao final dele nĂŁo lembramos bem qual foi o produto anunciado. Ă que o foco das peças atuais nĂŁo Ă© o produto, e sim o estilo de vida prometido a quem o comprar. Se vocĂȘ comprar o carro tal, terĂĄ ĂȘxito na vida etc. Essa foi uma mudança e tanto, porque hoje todos consomem determinados estilos de vida.
Outra mudança radical foi o pĂșblico-alvo da publicidade: saiu o adulto e entrou o jovem. Ou o adulto travestido de jovens. Ă que, mesmo sem ter poder aquisitivo, sĂŁo o jovem e a criança que quase sempre decidem o que os pais devem comprar.
Na era do consumo, os jovens tĂȘm consumido de tudo e em exagero. O alcance da publicidade Ă© maior do que o dos objetos anunciados. E os pais tĂȘm aceitado tal situação, mesmo quando consideram exagerado.
E meu exemplo de hoje a esse respeito são festas de formatura do ensino médio.
Li uma reportagem informando que festas desse tipo chegam a custar o valor equivalente ao de um apartamento. Quando li a notĂcia, fui checar com conhecidos, com formandos e na internet.
HĂĄ festas para quase todos os bolsos e hĂĄ, sim, festas que custam uma pequena fortuna, cujo valor relativo os jovens nĂŁo tĂȘm condiçÔes de avaliar.
Eles não estão interessados em celebração, despedidas etc. Estão querendo mais é o tal estilo de vida que vem sendo anunciado por quase todas as peças publicitårias.
Nossa pergunta deve ser: "Por que bancamos essas atitudes deles?". SerĂĄ por querermos a mesma coisa?
Rosely SayĂŁo â Fonte: Folha de S.Paulo â 09/04/13.
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