FALANDO NO INHOTIM
31/03/2012 -
FALOU NO FM? TĂ FALADO!
JARDIM DE ARTE NO BRASIL
English:
http://www.nytimes.com/2012/03/10/world/americas/bernardo-pazs-inhotim-is-vast-garden-of-art.html?_r=1
Inhotim - http://www.inhotim.org.br/
NĂŁo surpreende que chamem Bernardo Paz de "imperador de Inhotim".
Cerca de mil funcionĂĄrios, incluindo curadores, botĂąnicos e pedreiros, trabalham no Instituto Inhotim, complexo de arte contemporĂąnea espalhado por 2.000 hectares nas colinas de Minas Gerais. Amantes das artes tĂȘm a chance de ver obras espantosas como "Sonic Pavilion", de Doug Aitken, que usa microfones de alta sensibilidade posicionados num buraco de 192 metros de profundidade para transmitir o som das profundezas da Terra.
Em meio às florestas de eucaliptos de Inhotim, Bernardo Paz espalhou mais de 500 obras de artistas plåsticos brasileiros e de estrangeiros. Seu jardim botùnico contém mais de 1.400 espécies de palmeiras. Ele brilha quando fala das plantas raras de Inhotim, como a flor-cadåver de Sumatra, assim chamada devido a seu cheiro fétido. Magnata da mineração, Bernardo Paz -61 anos, magro e fumante inveterado- fala aos sussurros. Ele se casou pela sexta vez em outubro, e sua mulher estå gråvida do sétimo filho dele. Paz tem cabelos brancos até os ombros e olhos azuis claros.
"Este Ă© um projeto para durar mil anos", afirmou, referindo-se ao Inhotim. Grandes coleçÔes privadas de arte foram abertas ao pĂșblico em outras partes da AmĂ©rica Latina, como a ColecciĂłn Jumex, de Eugenio LĂłpez, na Cidade do MĂ©xico. E, num arquipĂ©lago do mar interior Seto, no JapĂŁo, o SĂtio de Arte Benesse tambĂ©m combina arquitetura com arte contemporĂąnea.
Mas nenhum desses lugares possui a exuberùncia do Instituto Inhotim, situado nas colinas marcadas pela mineração da Mata Atlùntica, a floresta que cobria a região no passado. Historiadores de arte e curadores ficam maravilhados com a escala e visão do que Bernardo Paz criou.
"A quantidade de espaço dedicado a projetos de artistas individuais Ă© algo que nĂŁo tem igual, assim como o modo como o visitante se desloca de um edifĂcio a outro, refrescando seus sentidos e mergulhando na natureza", comentou Beverly Adams, autoridade em arte latino-americana.
O fato de deixar os connoisseurs maravilhados ainda parece dar grande prazer a Paz, que abandonou os estudos ainda no colégio. Ele trabalhou na Bolsa de Valores de Belo Horizonte, o que disse ter odiado, e depois no setor de mineração do ferro, montando um império empresarial privado que financia o Instituto Inhotim.
Algumas obras que estĂŁo no Inhotim parecem questionar ou atĂ© mesmo insultar o conceito de obter lucro com a extração das riquezas da Terra. Por exemplo, uma instalação do artista americano Matthew Barney como cĂșpulas geodĂ©sicas inclui uma cena de violação ambiental: um enorme trator recoberto de barro agarrando uma ĂĄrvore e suas raĂzes. Para chegar atĂ© a instalação, os visitantes caminham por morros ricos em minĂ©rio.
O Instituto Inhotim recebeu 250 mil visitantes em 2011. Paz diz que suas empresas fornecem ao instituto entre US$ 60 milhĂ”es e US$ 70 milhĂ”es por ano. Para tornar Inhotim autossustentĂĄvel, ele diz que planeja construir dez hotĂ©is no local, um anfiteatro para 15 mil pessoas e atĂ© mesmo um complexo de lofts para quem quiser viver no meio da coleção. De acordo com Paz, ainda hĂĄ lugar para pelo menos outras 2.000 obras de arte em Inhotim. O crescimento do instituto nos Ășltimos dez anos vem dando uma injeção de Ăąnimo na economia da regiĂŁo; muitos dos moradores das cidadezinhas prĂłximas trabalham em Inhotim, fato que os torna dependentes da visĂŁo de Paz de montar uma "DisneylĂąndia" de arte contemporĂąnea.
"Antes de Inhotim, nossos homens trabalhavam nas minas ou iam a SĂŁo Paulo para ganhar dinheiro", contou Profira de Souza, 74, moradora do povoado de Marinhos cujo filho e neto trabalham no instituto. "Deus nos mandou Bernardo Paz e eu rezo para que demore a lhe chamar de volta."
Indagado sobre obras especĂficas, Bernardo Paz muda o rumo da conversa. Outras coisas em Inhotim atraem sua atenção, como as timbaĂșbas ou a traĂra, peixe carnĂvoro das lagoas daqui que Ă© capaz de arrancar sangue dos dedos de um visitante.
"NĂŁo me considero um apaixonado por arte. Gosto mesmo Ă© de jardins", disse Paz.
Simon Romero - The New York Times - Fonte: Folha de S.Paulo - 26/03/12.
Reportagem original em inglĂȘs:
http://www.nytimes.com/2012/03/10/world/americas/bernardo-pazs-inhotim-is-vast-garden-of-art.html?_r=1
Inhotim - http://www.inhotim.org.br/
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