FALANDO EM ALUGUĂL
07/02/2013 -
FALOU NO FM? TĂ FALADO!
APARTAMENTO NAS ALTURAS
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O Rio de Janeiro foi a dĂ©cima cidade mais cara do mundo para se locar, no ano passado, um apartamento de alto padrĂŁo com trĂȘs quartos, segundo pesquisa da Eca International, especializada em gestĂŁo de expatriação.
Em 2011, o Rio havia ficado em 12Âș lugar. SĂŁo Paulo nĂŁo apareceu no ranking das 20 com os maiores aluguĂ©is.
Caracas foi a mais cara do continente americano, tendo ultrapassado Nova York.
Os preços na cidade subiram cerca de 30% no ano passado devido Ă falta de imĂłveis adequados e Ă crescente indĂșstria do petrĂłleo, de acordo com a consultoria.
Na Europa, Moscou Ă© a cidade com os maiores preços. O aumento da população expatriada e a oferta reduzida de apartamentos elevaram as taxas de aluguĂ©is nos Ășltimos trĂȘs anos.
Mercado Aberto â Maria Cristina Frias â Fonte: Folha de S.Paulo â 01/02/13.
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MENSAGENS DE NOSSOS LEITORES E COLABORADORES
MAS QUE COISA!
A palavra "coisa" Ă© um bombril do idioma. Tem mil e uma utilidades. Ă aquele tipo de termo-muleta ao qual a gente recorre sempre que nos faltam palavras para exprimir uma idĂ©ia. Coisas do portuguĂȘs.
A natureza das coisas: gramaticalmente, "coisa" pode ser substantivo, adjetivo, advĂ©rbio. TambĂ©m pode ser verbo: o Houaiss registra a forma "coisificar". E no Nordeste hĂĄ "coisar": "Ă, seu coisinha, vocĂȘ jĂĄ coisou aquela coisa que eu mandei vocĂȘ coisar?".
Coisar, em Portugal, equivale ao ato sexual, lembra Josué Machado. Jå as "coisas" nordestinas são sinÎnimas dos órgãos genitais, registra o Aurélio.
"E deixava-se possuir pelo amante, que lhe
beijava os pĂ©s, as coisas, os seios" (Riacho Doce, JosĂ© Lins do Rego). Na ParaĂba e em Pernambuco, "coisa" tambĂ©m Ă© cigarro de maconha. Em Olinda, o bloco carnavalesco Segura a Coisa tem um baseado como sĂmbolo em seu estandarte. Alceu Valença canta: "Segura a coisa com muito cuidado / Que eu chego jĂĄ." E, como em Olinda sempre hĂĄ bloco mirim equivalente ao de gente grande, hĂĄ tambĂ©m o "Segura a Coisinha".
Na literatura, a "coisa" Ă© coisa antiga. Antiga, mas modernista: Oswald de Andrade escreveu a crĂŽnica O Coisa em 1943. A Coisa Ă© tĂtulo de romance de Stephen King. Simone de Beauvoir escreveu A Força das Coisas, e Michel Foucault, As Palavras e as Coisas.
Em Minas Gerais, todas as coisas são chamadas de trem. Menos o trem, que lå é chamado de "a coisa". A mãe estå com a filha na estação, o trem se aproxima e ela diz: "Minha filha, pega os trem que lå vem a coisa!". Devido lugar:
"Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça (...)". A garota de Ipanema era coisa de fechar o Rio de Janeiro. "Mas se ela voltar, se ela voltar / Que coisa linda / Que coisa louca." Coisas de Jobim e de
Vinicius, que sabiam das coisas. Sampa tambĂ©m tem dessas coisas (coisa de louco!), seja quando canta "Alguma coisa acontece no meu coração", de Caetano Veloso, ou quando vĂȘ o Show de Calouros, do Silvio Santos (que Ă© coisa nossa).
Coisa nĂŁo tem sexo: pode ser masculino ou feminino. Coisa-ruim Ă© o capeta. Coisa boa Ă© a Juliana Paes. Nunca vi coisa assim! Coisa de cinema! A Coisa virou nome de filme de Hollywood, que tinha o seu Coisa no recente Quarteto FantĂĄstico. ExtraĂdo dos quadrinhos, na TV o personagem ganhou tambĂ©m desenho animado, nos anos 70. E no programa Casseta e Planeta, Urgente!, Marcelo Madureira faz o personagem "Coisinha de Jesus".
Coisa tambĂ©m nĂŁo tem tamanho. Na boca dos exagerados, "coisa nenhuma" vira "coisĂssima". Mas a "coisa" tem histĂłria na MPB.
No II Festival da MĂșsica Popular Brasileira, em 1966, estava na letra das duas vencedoras: Disparada, de Geraldo VandrĂ© ("Prepare seu coração / Pras coisas que eu vou contar"), e A Banda, de Chico
Buarque ("Pra ver a banda passar / Cantando coisas de amor"), que acabou de ser relançada num dos CDs triplos do compositor, que a Som Livre remasterizou. Naquele ano do festival, no entanto, a coisa tava preta (ou melhor, verde-oliva). E a turma da Jovem Guarda não tava nem aà com as coisas: "Coisa linda / Coisa que eu adoro".
Cheio das coisas
As mesmas coisas, Coisa bonita, Coisas do coração, Coisas que nĂŁo se esquece, Diga-me coisas bonitas, Tem coisas que a gente nĂŁo tira do coração. Todas essas coisas sĂŁo tĂtulos de cançÔes
interpretadas por Roberto Carlos, o "rei" das coisas. Como ele, uma geração da MPB era preocupada com as coisas. Para Maria Bethùnia, o diminutivo de coisa é uma questão de quantidade (afinal, "são
tantas coisinhas miĂșdas"). JĂĄ para Beth Carvalho, Ă© de carinho e intensidade ("ĂŽ coisinha tĂŁo bonitinha do pai"). Todas as Coisas e Eu Ă© tĂtulo de CD de Gal. "Esse papo jĂĄ tĂĄ qualquer coisa... JĂĄ qualquer coisa doida dentro mexe." Essa coisa doida Ă© uma citação da mĂșsica Qualquer Coisa, de Caetano, que canta tambĂ©m: "Alguma coisa estĂĄ fora da ordem."
Por essas e por outras, Ă© preciso colocar cada coisa no devido lugar. Uma coisa de cada vez, Ă© claro, pois uma coisa Ă© uma coisa; outra coisa Ă© outra coisa. E tal coisa, e coisa e tal. O cheio de coisas Ă© o indivĂduo chato, pleno de nĂŁo-me-toques. O cheio das coisas, por sua vez, Ă© o sujeito estribado. Gente fina Ă© outra coisa. Para o pobre, a coisa estĂĄ sempre feia: o salĂĄrio-mĂnimo nĂŁo dĂĄ pra coisa nenhuma.
A coisa pĂșblica nĂŁo funciona no Brasil. Desde os tempos de Cabral. PolĂtico quando estĂĄ na oposição Ă© uma coisa, mas, quando assume o poder, a coisa muda de figura. Quando se elege, o eleitor pensa:
"Agora a coisa vai." Coisa nenhuma! A coisa fica na mesma. Uma coisa Ă© falar; outra Ă© fazer. Coisa feia! O eleitor jĂĄ estĂĄ cheio dessas coisas!
Coisa Ă toa
Se vocĂȘ aceita qualquer coisa, logo se torna um coisa qualquer, um coisa-Ă -toa. Numa crĂtica feroz a esse estado de coisas, no poema Eu, Etiqueta, Drummond radicaliza: "Meu nome novo Ă© coisa. Eu sou a coisa, coisamente." E, no verso do poeta, "coisa" vira "cousa".
Se as pessoas foram feitas para ser amadas e as coisas, para ser usadas, por que entĂŁo nĂłs amamos tanto as coisas e usamos tanto as pessoas? Bote uma coisa na cabeça: as melhores coisas da vida nĂŁo sĂŁo coisas. HĂĄ coisas que o dinheiro nĂŁo compra: paz, saĂșde, alegria e outras cositas mĂĄs.
Mas, "deixemos de coisa, cuidemos da vida, senĂŁo chega a morte ou coisa parecida", cantarola Fagner em Canteiros, baseado no poema Marcha, de CecĂlia Meireles, uma coisa linda.
Por isso, faça a coisa certa e não esqueça o grande mandamento: "amarås a Deus sobre todas as coisas".
ENTENDEU O ESPĂRITO DA COISA?
Fonte: Saulo (Fonte: A. M. Borges)
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