FENÔMENO ORBITAL
02/06/2012 -
MANCHETES DA SEMANA
VÊNUS VAI TRANSITAR PELO SOL
English (Click in Slide Show to see more):
http://www.nytimes.com/2012/05/29/science/space/venuss-transit-between-earth-and-sun-will-be-last-until-2117.html
Astronomia.Trânsito orbital permitiu aos cientistas calcularem pela primeira vez a dimensão do Sistema Solar. Fenômeno raro na terça-feira: Vênus vai transitar pelo Sol.
Ao observar o círculo negro de Vênus cruzar a imagem do Sol, em 3 de junho de 1769, David Rittenhouse deixou um grande buraco nas anotações de seu diário naquele dia, em sua fazenda, a cerca de 30 km da cidade norte-americana da Filadélfia.
Uma possível explicação para o que aconteceu foi registrada na época no museu da Sociedade Filosófica da América do Norte, nos EUA: "Cansado e nervoso, ele afirma ter desmaiado logo após o início do trânsito".
Essa conjunção rara de mecânica orbital pode ter sido o evento científico mais esperado daquele século. Expedições saíram pelos quatro cantos do mundo, inclusive uma liderada pelo capitão James Cook, que navegou até o Taiti para fazer uma observação do fenômeno astronômico. Os grupos viajaram em busca de respostas para uma das perguntas científicas mais complicadas: a que distância está o Sol?
"Essa era a grande questão da astronomia, na época", afirma Owen Ginherigh, professor emérito de astronomia e história da ciência na Universidade de Harvard, nos EUA. Sem aquele número, muitas outras suposições sobre o Sistema Solar ainda eram incertezas, como o tamanho do Sol e a distância entre os planetas.
A próxima passagem de Vênus vai acontecer nesta terça-feira e será visível em praticamente toda a Terra - infelizmente, não de Minas Gerais. O fenômeno começará por volta das 18h na região do Pacífico (19h em Brasília). A agência espacial norte-americana, Nasa, informou que a passagem de Vênus pelo Sol poderá ser observada em alguns países a olho nu, como o Chile.
As precauções geralmente recomendadas para observação de eventos relacionados ao Sol também valem para a data: óculos especiais para eclipses podem ser usados, ou câmeras do tipo Pinhole podem ajudar a projetar a imagem do sol em um papel.
Apesar de não ser mais um evento científico tão importante quanto foi na época de Rittenhouse e Cook, o trânsito de Vênus ainda é um acontecimento raro e impressionante, ocorrendo em pares, com oito anos de diferença, uma vez a cada século. O último trânsito ocorreu em 2004, e praticamente ninguém que está vivo hoje poderá presenciar o próximo acontecimento, daqui a 105 anos, em 11 de dezembro de 2117.
História. Foi só em 1627 que alguém percebeu que o trânsito de vênus de fato acontecia. Naquele ano, Johannes Kepler, o matemático e astrônomo, publicou dados sobre as órbitas planetárias que previam que Vênus deveria passar direito entre a Terra e o Sol em 1631.
Kepler faleceu em 1630, e parece que ninguém chegou a ver o trânsito de Vênus em 1631. (O fenômeno não era visível da Europa). A primeira observação gravada do fenômeno foi em 1638, o que Kepler não havia previsto. Jeremiah Horrocks, astrônomo inglês, notou que Kepler havia cometido um erro em seus cálculos.
Em 1716, Edmond Halley, o astrônomo inglês que dá o nome ao cometa famoso, propôs uma forma de utilizar o trânsito de Vênus para descobrir a distância entre o Sol e a Terra. Em diferentes partes da Terra, o caminho de Vênus frente ao Sol mudaria levemente, bem como o trânsito. Com medições precisas, seria possível "triangular" a posição do Sol em relação à Terra, o que permitiu calcular a distância entre o planeta e o astro: 149 milhões de km.
Importância - Ajuda na descoberta de planetas
A primeira tentativa de observar o fenômeno foi realizada durante o trânsito de 1761. Contudo, poucos foram bem-sucedidos ao calcularem a distância. Os esforços de 1769 foram os mais difundidos.
No Estado da Pensilvânia, nos EUA, David Rittenhouse, que era um matemático reconhecido, astrônomo e fabricante de instrumentos, montou um observatório em sua fazenda para monitorar o fenômeno.
A Sociedade Filosófica da América do Norte também montou estações de observação ao longo da costa norte-americana. A descrição detalhada do fenômeno, escrita por Rittenhouse e acompanhada por um diagrama preciso, foi publicada na maior revista científica da época, a "The Philosophical Transactions", publicada pela Royal Society em Londres.
A resposta que saiu das observações em todo o globo, em 1769, foi muito próxima do real: 153 milhões de km - a resposta correta é 149 milhões. Mais expedições saíram para observar o fenômeno em 1874 e 1882, mas, nessas épocas, o evento já estava se tornando uma espécie de espetáculo público.
Com tecnologias modernas - o radar, particularmente -, astrônomos podem medir as distâncias no Sistema Solar de forma muito mais precisa do que seria possível com a técnica do trânsito.
Contudo, cientistas ainda estarão fazendo observações minuciosas sobre o trânsito orbital para ajudar na compreensão de planetas que orbitam ao redor de estrelas.
Kenneth Chang - Traduzido por Luiza Andrade - Fonte: O Tempo - 02/06/2012.
Matéria original em inglês do The New York Times (Clique em Slide Show para ver mais):
http://www.nytimes.com/2012/05/29/science/space/venuss-transit-between-earth-and-sun-will-be-last-until-2117.html
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