POR QUE NĂO DESISTO - FUTEBOL, DINHEIRO E POLĂTICA
25/06/2009 -
FUTEBOL SHOW
BOLEIROS
Juca Kfouri lançou na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, o livro "Por Que NĂŁo Desisto - Futebol, Dinheiro e PolĂtica".
A obra é uma seleção das colunas escritas por ele na Folha. O ex-jogador Tostão, também colunista do jornal, assina o prefåcio.
MĂŽnica Bergamo â Fonte: Folha de S.Paulo â 23/06/09.
O livro -
http://www.livrosdefutebol.com/catalogo_detail.asp?cod_produto=227
http://www.publishnews.com.br/noticias/news_int.asp?id_noticia=27428
FIFA ANUNCIA SORTEIO PARA COPA 2010
Joseph Blatter, presidente da Fifa, anunciou que o sorteio dos grupos para a Copa do Mundo de 2010, na Ăfrica do Sul, acontecerĂĄ em 4 de dezembro deste ano.
A sede do sorteio serå na Cidade do Cabo. Todas as 32 seleçÔes classificadas serão definidas até meados de novembro deste ano. O Mundial de futebol acontece entre 11 de junho e 11 de julho de 2010. Blatter se comprometeu a estudar a proposta de colocar os cabeças-de-chave de cada grupo em sede fixa.
Fonte: O Tempo â 23/06/09.
HERANĂA VIVA DO APARTHEID
SĂmbolo de resistĂȘncia atĂ© a dĂ©cada de 1990, bairro do Soweto sofre com falta de infraestrutura. EstĂĄdio reformado contrasta com a situação miserĂĄvel da maior parte da população.
Riqueza e misĂ©ria convivendo lado a lado. Assim Ă© Soweto, hoje bairro de Johannesburgo criado durante o apartheid, na dĂ©cada de 50, para afastar os negros da cidade e mandĂĄ-los para a periferia. Com o fim da segregação racial, em 1991, a regiĂŁo perdeu essa conotação, mas ficou marcada por ser o principal foco de resistĂȘncia ao regime e local onde ocorreram mobilizaçÔes apontadas como determinantes para o fim da segregação. Hoje, o que mais chama a atenção em Soweto Ă© o contraste. Enquanto R$ 70 milhĂ”es foram investidos na reconstrução do Orlando Stadium, reformado para receber treinos de seleçÔes durante a Copa do Mundo de 2010, ao lado, famĂlias vivem em casas improvisadas, feitas de papelĂ”es e placas de alumĂnio.
O governo sul-africano trabalha para acabar com esse tipo de moradia, mas a tarefa nĂŁo tem sido fĂĄcil. A lei local nĂŁo permite que as famĂlias sejam desalojadas antes que haja outro lugar para colocĂĄ-las. A pobreza, porĂ©m, nĂŁo estĂĄ retratada apenas nas moradias improvisadas. Mesmo na parte velha do bairro, construĂda pelo governo durante o apartheid, e que dispĂ”e de infraestrutura bĂĄsica, a pobreza Ă© visĂvel. Ontem, em uma volta pelo bairro, bastava estacionar o carro para que logo grupos de crianças se encostassem Ă s janelas com as mĂŁos estendidas mendigando qualquer moeda.
DifĂcil resistir ao patrocĂnio da mendicĂąncia, mas aquelas crianças, mal vestidas, algumas descalças, outras sujas e com o nariz escorrendo sĂŁo vitimas de um processo de discriminação social e econĂŽmico que ainda levarĂĄ algum tempo para ser reparado. ApĂłs caminhar por alguns metros - escoltados por um motorista, que se sentia mais seguro dentro do carro -, nĂŁo demorou para que outro grupo de crianças nos cercasse. Olham e reparam tudo e, assim como o outro, repetem a primeira abordagem, cantam uma mĂșsica que lembra o tempo de repressĂŁo e pedem moedas. Tentamos sair logo, mas Ă© quase impossĂvel, principalmente, porque, a essa altura, uma senhora aparece e jĂĄ começa a questionar: "e vocĂȘs nĂŁo vĂŁo dar nada para elas nĂŁo?" Ă hora de ir embora, alerta o motorista, afinal, o relĂłgio apontava mais de 17h. "NĂŁo podemos ficar aqui apĂłs anoitecer. Temos que ir", decretou.
População
1,2 milhĂŁo de pessoas estĂŁo concentradas em Soweto.
RogĂ©rio Tadeu - Fonte: O Tempo â 23/06/09.
FUTEBOL ESTĂ PRESENTE
O futebol tem uma presença marcante em Soweto. Dois dos principais clubes do paĂs sĂŁo da regiĂŁo: o Orlando Pirates e o Kaiser Chiefs. No entanto, nĂŁo hĂĄ espaços ideais para a prĂĄtica do esporte. "NĂŁo precisa. Jogamos na rua mesmo", explicou o adolescente Banele Mhiuzi, que vive no Soweto desde que nasceu, hĂĄ 16 anos. Ao saber que Ă©ramos brasileiros, logo falou sobre o jogo entre a seleção e a Ăfrica do Sul e disse acreditar no tĂtulo brasileiro. (RT)
O QUE MENOS IMPORTA
Pode soar estranho dizer, mas o futebol Ă© o que menos importa nesta competição, criada pela Fifa hĂĄ quase dez anos, chamada Copa das ConfederaçÔes. O diretor de marketing da entidade que manda no futebol mundial, Thierry Weil, reconheceu, nas entrelinhas, que "isso aqui Ă© para testar serviços e equipamentos para o ano que vem". NĂŁo dĂĄ para acreditar que a ItĂĄlia, atual campeĂŁ do mundo, tenha levado a sĂ©rio esta disputa na Ăfrica do Sul.
NĂŁo passou da primeira fase! AtĂ© hoje nenhuma seleção campeĂŁ deste torneio conseguiu o tĂtulo da Copa do Mundo no ano seguinte. Na verdade, o que vale Ă© o teste da infra-estrutura, estĂĄdios e segurança para 2010. Nisso a Ăfrica do Sul leva uma nota cinco, com uma dose de boa vontade.
SEPARAĂĂO AINDA Ă EVIDENTE
"O apartheid acabou com a discriminação gratuita, aquela que era cometida sem motivo. Mas tudo isso se trata de um processo. Aquelas pessoas mais velhas ainda carregam o sentimento daquela Ă©poca." O depoimento de JoĂŁo Zacarias, moçambicano que chegou Ă Ăfrica do Sul hĂĄ 19 anos para fugir da guerra civil de seu paĂs, retrata o sentimento do povo sul-africano.
O fim do apartheid acabou com a discriminação legal e transformou em crime o julgamento pela cor da pele. Mas, no dia a dia, a Ăfrica do Sul dos mais velhos ainda Ă© carregada de muitos julgamentos raciais. "Hoje, nas escolas, jĂĄ Ă© possĂvel ver crianças brancas e negras brincando sem nenhum tipo de problema", completa Zacarias, deixando claro que o processo serĂĄ lento. (RT)
Fonte: O Tempo â 23/06/09.
O SOM DA VUVUZELA
CrĂticas. Os sul-africanos adoram o som da vuvuzela, uma espĂ©cie de corneta; os estrangeiros odeiam. Entre o incĂŽmodo e a tradição. Presidente da Fifa tambĂ©m nĂŁo gosta do barulho, mas nĂŁo irĂĄ proibir o uso na Copa de 2010.
Indispensåvel para alguns, um saco para outros. Assim são as vuvuzelas - uma espécie de corneta - que provoca um barulho infernal dentro dos estådios. Os instrumentos, no entanto, fazem parte da cultura do futebol sul-africano e estão presentes por onde quer que a bola role por aqui, seja de qual divisão ou torneio for. Na Copa das ConfederaçÔes, o instrumento não poderia ficar de fora. Mas o barulho tem incomodado a alguns. Na semana passada, o assunto ganhou destaque, quando um grupo de jornalistas dos Estados Unidos e da Holanda formalizou um protesto na Fifa contra as cornetas, pedindo que elas não entrem nos estådios no Mundial 2010.
Com isso, o presidente da entidade, Joseph Blatter, foi convocado Ă discussĂŁo. Ele chegou a admitir que realmente elas sĂŁo muito barulhentas, mas daĂ a proibir disse que seria uma interferĂȘncia na cultura do torcedor sul-africano. "HĂĄ muitos sons na Ăfrica do Sul. JĂĄ disse e vou repetir. Aqui as pessoas cantam, dançam, tocam tambores, usam batuques e usam essas cornetas. Sei que algumas pessoas nĂŁo gostam desse barulho. Alguns canais de televisĂŁo tĂȘm criticado, dizendo que atrapalha, mas nĂŁo serĂĄ a Fifa que irĂĄ proibir. Os treinadores e jogadores devem se adaptar", garantiu Blatter. Apesar de alguns turistas reclamarem, a maioria parece ter se adaptado facilmente Ă s vuvuzelas.
Segundo uma vendedora de uma das bancas montadas pela Fifa no Loftus Stadium, as pessoas procuram muito pelo produto na loja. "Comprei essa em um sinal vindo para cå (Loftus para acompanhar Brasil e Itålia). Vou fazer muito barulho aqui e ainda vou levå-la para o Brasil", assegurou Ailton Damasceno, que veio com um grupo de amigos do interior de São Paulo para acompanhar os jogos da Copa das ConfederaçÔes. Por aqui, falou em vuvuzelas, falou em futebol. "Não hå como separar. à algo que faz parte da cultura do futebol sul-africano. Eu não consigo imaginar os estådios sem o som das vuvuzelas", afirmou Tino Makaza, torcedor fiel do Orlando Pirates, time local.
Apoio
"(As vuvuzelas) estão sendo até interessantes. Dentro do campo, a concentração é tanta que não consigo discernir o barulho que vem da torcida" (Maicon - lateral da seleção brasileira)
Campanha
Imprensa. "Venha soprar seu chifre em 2010". Essa era a chamada do Daily Sun. O jornal sul-africano faz campanha a favor do uso das vuvuzelas. Segundo o diĂĄrio, nĂŁo hĂĄ sentido em proibir o instrumento que faz parte da cultura esportiva do paĂs.
RogĂ©rio Tadeu â Fonte: O Tempo - 24/06/09.
PARA INCOMODADOS: "ALGODĂO"
Quem tambĂ©m saiu em defesa das vuvuzelas foi o tĂ©cnico da seleção da Ăfrica do Sul, Joel Santana. Para ele, o instrumento nĂŁo atrapalha em nada, alĂ©m de fazer parte da cultura local. "Ă que europeu Ă© assim, faz um negocinho e fica logo incomodadinho. E olha que tem uma pequenininha que Ă© pior ainda. Mas jĂĄ estou acostumado", considera o treinador.
Para Joel Santana, o som emitido pelo instrumento serve até como incentivo. "à bonito. à a cultura daqui, eu acho legal, tem que continuar tocando mesmo", destacou Joel. Para quem não gosta, o treinador brasileiro deu uma dica que pode funcionar: "Os incomodados que levem um algodãozinho", completou. (RT)
Fonte: O Tempo - 24/06/09.
MANDELA
Prestes a completar 91 anos, Nelson Mandela Ă© um mito vivo em toda a Ăfrica. A sua luta contra o apartheid Ă© reconhecida fora das fronteiras sul-africanas. Foi ele quem pediu para se encontrar com a seleção do paĂs e levar uma mensagem de fĂ© aos jogadores. NĂŁo sĂł para o jogo de hoje, mas principalmente para a Copa de 2010. Adepto da discrição e de poucas apariçÔes pĂșblicas depois que deixou a PresidĂȘncia, qualquer gesto de Mandela mexe com toda a população. Joel Santana chorou no encontro, o que ganhou capa nos jornais sul-africanos.
SINĂNIMO
Quem usa aparelhos de GPS para se conduzir de carro pela Ăfrica do Sul tem um macete simples para chegar ao centro de qualquer cidade: Ă© sĂł programar a mĂĄquina para a avenida ou praça "Nelson Mandela". NĂŁo hĂĄ cidade que nĂŁo tenha uma homenagem a ele em forma de endereço importante. Kafunga dizia que quem quisesse reverenciĂĄ-lo, que o fizesse em vida, jĂĄ que, depois de morto, ele nĂŁo poderia curtir as homenagens. Pois Nelson Mandela estĂĄ tendo esse prazer. Sua luta e seus 27 anos de prisĂŁo contra a segregação sĂŁo reconhecidos por todos.
AJUSTES
O apartheid acabou oficialmente em 1994, mas muito tempo ainda vai se passar atĂ© que as diferenças raciais e sociais cheguem a um bom termo. As leis impostas aos brancos foram duras, visando igualdade de direitos, mas a resolução do problema nĂŁo Ă© tĂŁo simples. HĂĄ cotas em quase todas as atividades na Ăfrica do Sul. Qualquer empresa tem que ter, pelo menos, um sĂłcio negro. Toda empresa tem que empregar, pelo menos, 20% de negros, que sĂŁo quase 90% da população do paĂs. Em qualquer loja, os atendentes sĂŁo negros, mas os donos quase sempre sĂŁo brancos.
SEGREGAĂĂO
As leis que determinavam onde os negros podiam frequentar acabaram, mas na prĂĄtica elas continuam em muitos ambientes por aqui. HĂĄ shoppings que sĂŁo frequentados por negros e tambĂ©m o contrĂĄrio, locais com funcionĂĄrios negros e compradores brancos. Nos esportes, o futebol tem a preferĂȘncia dos negros. Os brancos preferem o rĂșgbi e o crĂquete. No dia a dia, negros e brancos convivem bem. Nem parece que isso jĂĄ foi proibido. Ă inacreditĂĄvel como o mundo aceitou a segregação racial durante tantos anos, como se nĂŁo houvesse nada de errado.
BENEFĂCIOS
A Copa na Ăfrica do Sul vai beneficiar diretamente outros paĂses africanos, especialmente os vizinhos mais prĂłximos, como o ZimbĂĄbue, Moçambique, SuazilĂąndia e vĂĄrios outros. No caminho de volta de Nelspruit para Johannesburgo, cruzamos a fronteira da SuazilĂąndia, para cortar caminho e conhecer outro paĂs da regiĂŁo. Uma surpresa agradĂĄvel, jĂĄ que, ao contrĂĄrio do que sempre ouvi dizer, trata-se de um lugar dos mais bonitos que jĂĄ conheci, organizado e sem aparĂȘncia de pobreza como Ă© passado para o mundo. AlĂ©m de um povo sorridente e prestativo.
Chico Maia â Fonte: O Tempo â 25/06/09.
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