CRIATIVIDADE NO MARKETING XCIV
22/10/2009 -
NOSSOS COLUNISTAS
PROPAGANDAS INTELIGENTES XCIV (POESIA NO METRĂ)
Falando em leitura e diferentes formas de aprender, começou, nesta semana, uma experiĂȘncia poĂ©tica em SĂŁo Paulo. Foram espalhados por trens e estaçÔes de metrĂŽ versos dos grandes poetas da lĂngua portuguesa. Coloquei uma seleção dessas obras, algumas delas com ĂĄudio, no http://catracalivre.folha.uol.com.br/2009/10/poesias-invadem-o-metro/. Na educação do futuro, a escola vai para a rua - e a rua vai para a escola. Nada melhor para desenvolver o poder de sĂntese do que a poesia.
Gilberto Dimenstein (http://www.dimenstein.com.br/) - Fonte: Folha de S.Paulo - 18/10/09.
Leia mais:
http://www.ube.org.br/lermais_materias.php?cd_materias=3426
http://dulixo13.blogspot.com/2009/08/poesia-no-metro.html
DEGRAUS DE PIANO
Uma campanha publicitĂĄria de uma empresa automobilĂstica propĂŽs transformar objetos âchatosâ do cotidiano para provar que eles podem se tornar interessantes. Os degraus de uma escada foram transformados em teclas de piano, fazendo som e tudo. O resultado? Mais de 60% dos usuĂĄrios optaram pela escada musical, mesmo com uma escada rolante logo ao lado. O vĂdeo foi o mais visto da Ășltima semana na web, com mais de 4 milhĂ”es de acessos. O que isso tem a ver com carros? Talvez os prĂłximos vĂdeos expliquem.
Confira: http://www.youtube.com/watch?v=PoQ2qomupYs
Rafael Pereira - Bombou na Web (http://www.bombounaweb.com.br/) - Fonte: Ăpoca - Edição 596.
PROFESSOR X
PROFESSORES
Muitos anos atrĂĄs, o brilhante e falecido professor de HistĂłria do Pensamento PolĂtico JosĂ© OlegĂĄrio Ribeiro de Castro citava, sempre, em sala de aula, uma frase atribuĂda a PlatĂŁo: "Aquele a quem os Deuses odeiam, fazem-no professor". Se ela era, ou nĂŁo, do grego, pouco importa. Nunca consegui achar no original a referida citação (incompetĂȘncia, certamente). PorĂ©m, ao se apropriar dela, o saudoso mestre fazia-a sua e tĂŁo significativa como se fora do outro. Homem refinado, o professor JosĂ© OlegĂĄrio aliava uma grande delicadeza com ferino senso de humor.
Essa combinação, aliĂĄs, nĂŁo era incomum entre outros docentes da velha Faculdade de Filosofia da UFMG (citaria dois como sĂmbolos - os professores Morse de BelĂ©m Teixeira e Welber da Silva Braga -, mas sem esquecer, contudo, de inĂșmeros pares dos diferentes departamentos). Possivelmente, aquela foi uma graciosa herança bendita deixada pelo professor Arthur Versiani Velloso, lĂder intelectual e espiritual de tantas geraçÔes. Os que tiveram o privilĂ©gio de conhecer o professor Velloso testemunharam como uma poderosa inteligĂȘncia podia se exprimir, de maneira cĂĄustica e cortante, principalmente contra a burrice ou a mĂĄ-fĂ©.
Paulo Duarte, intelectual e ativista da Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo, lamenta no seu livro de memórias - publicado ainda nos anos 70 do século passado - a invasão da universidade pelos que ele chamava de "rinocerontes". Quem sabe tenha sido, essa, apenas uma manifestação de mau humor eventual por parte de um dos maiores responsåveis pela fundação da Universidade de São Paulo (USP)?
Afinal, vivĂamos desde meados da dĂ©cada anterior dentro dos que foram considerados "anos de chumbo". Para um liberal e democrata como Paulo Duarte, o regime militar era uma aberração que contaminava indelevelmente a universidade, ao imprimir nela seu espĂrito bestial, daĂ a referĂȘncia aos rinocerontes.
O que diria ele, se vivo fosse, ao observar a universidade que existe na atualidade, tĂŁo ocupada por professores silenciosamente cĂșmplices com os crimes e com as prĂĄticas deletĂ©rias do lulismo e do petismo em todas as instĂąncias da vida social brasileira? A sedução totalitĂĄria pode atingir, atĂ© mesmo, aqueles que julgĂĄvamos mais protegidos (nĂŁo pertenceu Heidegger ao partido nazista?).
Talvez Paulo Duarte fizesse (como outros de sua Ă©poca tambĂ©m o fariam) o mesmo que o desencantado rabino aludido por Borges em cĂ©lebre poema: "na hora da angĂșstia e de luz vaga, em seu Golem os olhos detinha. Quem nos dirĂĄ as coisas que Deus sentia, ao olhar para seu rabino em Praga?"
PrenĂșncios da barbĂĄrie jĂĄ se fazem presentes aos nossos olhos (inclusive dentro das salas de aula). O embotamento crĂtico (daqueles que deveriam ser fiĂ©is herdeiros de uma lĂșcida tradição) coloca um grave desafio aos professores de amanhĂŁ.
AntĂŽnio Machado de Carvalho - Fonte: O Tempo - 18/10/09.
DESAFIO DA EDUCAĂĂO
Como em todos os anos, o Dia do Professor, em 15 de outubro, deu oportunidade a que ocorressem variadas manifestaçÔes, principalmente da parte dos interessados. Objetivo era chamar a atenção da sociedade para a importùncia desse profissional, encarregado da formação de futuros cidadãos.
Em São Paulo, a categoria ameaçou até fazer uma exibição de nudismo. A promessa não se cumpriu, mas os professores conseguiram colocar seus pleitos salariais. A propósito, a data ensejou a divulgação de como anda a remuneração dos docentes, em especial daqueles que atuam na base da educação.
Esses sĂŁo, de fato, grandes sacrificados. Literalmente, pegam pedras brutas e tĂȘm de lapidĂĄ-las atravĂ©s dos anos. Nisso, nĂŁo encontram, muitas vezes, nem o interesse dos alunos nem de suas famĂlias. Estas, por deficiĂȘncia cultural, tĂȘm uma consciĂȘncia muito tĂȘnue do valor da educação.
Para realizar esse trabalho ĂĄrduo, 1,7 milhĂŁo de professores das redes pĂșblicas municipais e estaduais recebem um salĂĄrio mĂ©dio de pouco mais de R$ 1.500. Em 16 Estados, no entanto, ele Ă© inferior Ă mĂ©dia nacional. A pior remuneração Ă© de Pernambuco: R$ 980. A melhor, do Distrito Federal: R$ 3.300.
NĂŁo sĂŁo valores desprezĂveis e estĂŁo melhorando ano a ano. Nos Ășltimos cinco anos, os ganhos foram de 53%. Os governos vĂȘm aumentando os investimentos em educação. E, pelo menos no discurso, o professor tem sido revalorizado. A sociedade Ă© que nĂŁo confere mais ao professor o prestĂgio que jĂĄ lhe dispensou.
Observa-se isso no ambiente menos amistoso das escolas. Professores tĂȘm sido agredidos por alunos. As novas geraçÔes demonstram pouco interesse em seguir o magistĂ©rio. Isso se reflete na falta de professores, principalmente nas escolas pĂșblicas, repercutindo na qualidade da educação.
Educação é um desafio. Não serå vencido sem o professor.
Editorial - Fonte: O Tempo - 19/10/09.
PROFESSORA PASQUALINA
POESIA NOS TRILHOS
Carlos Figueiredo estava muito longe de ser um aluno exemplar. Na marra, concluiu o supletivo, entĂŁo chamado de madureza, mas nĂŁo foi nem buscar o diploma. NĂŁo se empenhou em cursar uma faculdade. Agora, aos 65 anos, ele Ă© autor da maior lousa jĂĄ produzida, numa cidade brasileira, para ensinar poesia.
Depois de oito anos de espera -desde que apresentou um o projeto ao lado do artista plåstico AntÎnio Petikov-, as poesias começaram a ser espalhadas nas estaçÔes. Calcula-se que, apenas nessa fase inicial, cerca de 400 mil pessoas estarão de frente a versos de João Cabral de Melo Neto, Drummond, CamÔes, Fernando Pessoa.
No próximo ano, com mais espaços ocupados, calcula-se que sejam atingidos até 5 milhÔes, jå que as poesias iriam também para as estaçÔes da CPTM.
Figueiredo nĂŁo se entrosou com a escola. Mas adorava ler. Gostava especialmente de poesia. "O que confortava um pouco minha mĂŁe era que eu sempre tinha uma pilha de livros ao lado da minha cama."
A vida escolar dele era dificultada ainda mais pelo seu prazer em viajar. SaĂa de mochila pela AmĂ©rica Latina, Europa e Ăsia. Preferia as rotas exĂłticas pela Ăndia, Nepal e IrĂŁ.
"Aprender, para mim, significava ler e viajar." Aos 22 anos, tinha uma agĂȘncia de publicidade em Belo Horizonte. Vendeu a pequena empresa de publicidade para bancar mais viagens feitas Ă base de carona e mochila. "Gastava muito pouco."
Como no "Poema de Sete Faces", de Drummond, esse Carlos também era "gauche na vida" -deslocado.
Vivendo de bicos em trabalhos de comunicação, tinha um ponto constante em sua vida alĂ©m das viagens: as poesias. Num de seus livros, fez a coletĂąnea do que considerou os cem poemas essenciais da lĂngua portuguesa. Imaginava os versos, restritos aos poucos livros, espalhados pelas estaçÔes do metrĂŽ -para visualizar essa intervenção, Petikov desenhou o projeto. Era algo "gauche" em excesso para sensibilizar os engenheiros do metrĂŽ, mais sensĂveis a cĂĄlculos matemĂĄticos e obras.
A visĂŁo saiu do campo das alucinaçÔes por uma sĂ©rie de fatos que se conjugaram. O primeiro deles: Figueiredo foi trabalhar na Secretaria de Transportes Metropolitanos. O metrĂŽ jĂĄ vinha desenvolvendo, nas estaçÔes, a disseminação de bibliotecas. Faltava, porĂ©m, o dinheiro -e, aĂ, entrou uma empresa privada.
Para inaugurar o projeto, Figueiredo optou por ler uma poesia de Drummond, chamada "Campos de Flores". "Deus me deu um amor no tempo de madureza/quando os frutos ou nĂŁo sĂŁo colhidos ou sabem a verme."
O Ășnico problema do projeto sĂŁo os alunos, a imensa maioria dos quais simplesmente nĂŁo tem interesse ou nĂŁo entenderia essas palavras do poeta. "Os alunos nĂŁo tĂȘm o hĂĄbito de leitura ou nĂŁo entendem o que estĂĄ escrito".
SĂŁo raros os estudantes que, como Carlos Figueiredo, sĂŁo "gauche" na escola. Mas adoram ler poesias.
Daà que seu projeto agora (quem sabe mais uma alucinação) é tentar convencer as escolas a ensinar as poesias em sala de aula -e, assim, os estudantes apreciariam melhor suas viagens pelo metrÎ.
PS - Para quem, por acaso, nĂŁo conhece, coloquei em meu site (http://www.dimenstein.com.br) o "Poema de Sete Faces".
Gilberto Dimenstein â Fonte: Folha de S.Paulo â 21/10/09.
VERIFICADOR ORTOGRĂFICO AINDA TEM LACUNAS
A Microsoft pĂŽs Ă disposição dos internautas a atualização do verificador ortogrĂĄfico do Office 2007, que promete adequar a grafia das palavras ao Novo Acordo OrtogrĂĄfico da LĂngua Portuguesa, em vigor no Brasil desde janeiro.
Boa parte das mudanças estabelecidas pelo texto oficial foi, de fato, incorporada à sua base de dados, mas ainda hå problemas a resolver.
Se, por um lado, o programa reconhece as novas regras de acentuação gråfica ("enjoo", "ideia", "veem" e "feiura" sem acento, "sequestro" sem trema, "para" e "pelo" sem acento diferencial etc.), por outro, os acentos de "superåvit", "déficit" e "quórum" não foram eliminados, como quer a reforma, que restitui os termos latinos à sua condição de estrangeirismos.
O acento diferencial de "cĂŽa" (substantivo e forma do verbo "coar") tambĂ©m passa despercebido pelo verificador ortogrĂĄfico -Ă© verdade que a sua supressĂŁo sĂł aparece oficialmente na errata do Volp ("VocabulĂĄrio OrtogrĂĄfico da LĂngua Portuguesa"), o que ocorre tambĂ©m com as grafias, agora corretas, "rĂĄdio-vitrola", "rĂĄdio-gravador", "rĂĄdio-cassete e "soto-posto", que o corretor ainda considera erradas.
Embora tenha absorvido quase todas as novas regras de hifenização, o programa nĂŁo Ă© capaz de indicar a falta de um hĂfen. Indica apenas o seu emprego abusivo. Aponta, por exemplo, que hĂĄ erro em "lua-de-mel", "mĂŁo-de-obra" ou "pai-de-santo", que perderam os hifens, mas nĂŁo consegue detectar a incorreção de grafias como "vice presidente" ou "recĂ©m lançado", construĂdas com prefixos que requerem o hĂfen em qualquer situação.
Palavras que mantiveram dupla grafia ("subumano" e "sub-humano", "carboidrato" e "carbo-hidrato" etc.) são aceitos normalmente, mas o mesmo não se verifica com "bem-querença" -certa, mas dada como errada. Jå "sotopor", forma invålida, é tida como correta ao lado da nova, "soto-pÎr".
Formas como "infantojuvenil" e "nuperfalecido", corretas, aparecem como incorretas. "Catavento", errada, não recebe correção, mas "vão-livre", certa, aparece como errada.
Para se ajustar totalmente Ă s idiossincrasias da reforma, ainda falta um pouco.
Thais Nicoleti de Camargo â Consultora de LĂngua Portuguesa - Fonte: Folha de S.Paulo â 21/10/09.
NĂŁo deixem de enviar suas mensagens atravĂ©s do âFale Conoscoâ do site.
http://www.faculdademental.com.br/fale.php