PENSANDO NA ECOLOGIA
18/02/2010 -
PENSE!
REI DO PLANETA AZUL
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Boneco de Obama chamado "Yes we can be ecologist" (Sim, nĂłs podemos ser ecologistas), durante os desfiles da 126ÂȘ edição do Carnaval de Nice que tem como tema "King of the Blue Planet" (Rei no Planeta Azul). O carnaval em Nice começou dia 12 e vai atĂ© 28 de fevereiro.
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PARA REFLETIR...
"Um grupo de ex-terroristas elaborando normas sobre direitos humanos equivale a um grupo de pedófilos revisando o Estatuto da Criança e do Adolescente." (AnÎnimo).
Paulo Navarro (http://www.pnc.com.br/) - Fonte: O Tempo â 14/02/10.
PARA REFLETIR II...
"EspĂritos evoluĂdos sofrem de solidĂŁo".
Paulo Navarro (http://www.pnc.com.br/) - Fonte: O Tempo â 17/02/10.
PARA REFLETIR III...
No Brasil, a diferença entre polĂtico de esquerda e de direita Ă© da mĂŁo que ele usa para roubar. Os de centro sĂŁo ambidestros.
Paulo Navarro (http://www.pnc.com.br/) - Fonte: O Tempo â 17/02/10.
PARA REFLETIR IV...
"Viver nĂŁo Ă© esperar a tempestade passar...
...é aprender como dançar na chuva."
(Colaboração: Carla)
A LEALDADE DAS MULHERES
Na semana passada, estive no PresĂdio Feminino do ButantĂŁ, situado na rodovia Raposo Tavares, longe do bairro paulistano do ButantĂŁ.
Aconteceu assim: antes do fim de ano, Wagner Paulo da Silva, que eu nĂŁo conhecia, me escreveu explicando que ele organizava um grupo de leitura regular para detentas desse presĂdio. O grupo (mais ou menos 25 mulheres) tinha discutido uma de minhas colunas; quem sabe eu me dispusesse a proporcionar um "encontro com o autor"?
Soube depois que Wagner da Silva e Durvalino Peco animam hĂĄ anos esse grupo de leitura para detentas do presĂdio do ButantĂŁ e, agora, com o apoio do Estado de SĂŁo Paulo, estendem o programa a 26 penitenciĂĄrias da regiĂŁo metropolitana (para isso, eles promovem, na Fundação Escola de Sociologia e PolĂtica de SĂŁo Paulo, um curso gratuito de formação de mediadores -as inscriçÔes jĂĄ estĂŁo encerradas, mas vale a pena conferir: www.fespsp. org.br/leiturativa/).
Enfim, voltando das férias, liberei uma tarde para aceitar o convite e encontrar minhas leitoras. Ficamos conversando mais ou menos duas horas, e saà de lå com algumas reflexÔes. Eis uma delas.
A prisão, para as mulheres, é uma punição mais severa do que para os homens, e a causa dessa diferença é um atributo feminino.
Claro, hå homens leais e mulheres desleais, mas, em regra, a lealdade é uma qualidade mais feminina do que masculina. Não estou pensando na fidelidade amorosa e sexual -nesse campo, homens e mulheres são capazes das mesmas "traiçÔes". Penso numa lealdade mais fundamental, que uma comparação vai explicar facilmente.
Em dia de visita numa penitenciĂĄria masculina, a fila de mulheres (esposas, mĂŁes, filhas, irmĂŁs) Ă© longa: facilmente, Ă© mais de uma visita feminina por cada preso.
Em dia de visita numa penitenciĂĄria feminina, a fila Ă© curta e, em sua grande maioria, composta pelas mĂŁes das detentas; os homens aparecem num nĂșmero irrisĂłrio. Sei lĂĄ, por 700 mulheres no presĂdio, uma dĂșzia de gatos pingados visitando. Os homens se esquecem de suas companheiras assim que as portas do presĂdio se fecham sobre elas. Abandonada pelo companheiro ou marido, a mulher (outra prova de lealdade) prefere duvidar de si: serĂĄ que o marido nunca comparece porque ela nĂŁo Ă©, nunca foi, a mulher que ele queria?
A deslealdade masculina aparece tambĂ©m quando os homens sĂŁo presos; eles sĂŁo bem felizes de receber a visita das mulheres que voltam a cada semana, lealmente, anos a fio, mas, com frequĂȘncia, se esquecem dos filhos que deixaram fora do presĂdio.
As mulheres presas, ao contrĂĄrio, sĂł pensam nas crianças que estĂŁo lĂĄ fora (em geral, com a avĂł; quase nunca com o pai). E, de novo, a lealdade com as crianças as leva a duvidarem de si mesmas: no dia em que sairĂŁo do presĂdio, os filhos nĂŁo as reconhecerĂŁo, ou entĂŁo, de qualquer forma, eles jĂĄ gostam de avĂłs, vizinhas, tutores e tutoras mais do que delas -e por aĂ vai.
Facilmente, as mĂŁes detentas vivem o afastamento das crianças nĂŁo como consequĂȘncia da punição pelos crimes que elas cometeram, mas, bem mais sofrido, como punição por elas nĂŁo "merecerem" ser mĂŁes -como se os filhos estivessem longe porque elas nĂŁo souberam e nĂŁo saberiam ser mĂŁes.
As mulheres, qualquer criminologista sabe, agem criminosamente por razÔes diversas das dos homens. Em regra, matam por paixão amorosa; quando traficam ou assaltam é, frequentemente, para acompanhar o parceiro. Com isso, a prisão feminina é uma espécie de pena do talião: crimes cometidos por amor são punidos pelo sumiço dos homens amados e pelo medo da perda do amor das crianças.
Na Ă©poca em que trabalhei em instituiçÔes psiquiĂĄtricas fechadas, quando o expediente terminava e estava na hora de ir embora, no fim do dia, eu era acometido por uma tristeza profunda. Acabava de compartilhar um bom tempo com os que estavam lĂĄ internados, e eis que, agora, eu ia embora, para uma casa, uma companhia, o convĂvio dos amigos. E eles, nĂŁo; eles ficavam. A tristeza era uma espĂ©cie de culpa por abandonĂĄ-los no que era, de fato, uma desolação. Pois bem, ao sair da penitenciĂĄria do ButantĂŁ, nĂŁo senti nada disso, pois nĂŁo havia desolação. NĂŁo teria como fazer elogio maior Ă direção do presĂdio, Ă equipe que lĂĄ trabalha e Ă s detentas que encontrei, pela resiliĂȘncia de sua vontade de viver.
Contardo Calligaris â Fonte: Folha de S.Paulo â 18/02/10.
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