TURMAS PRONTAS PARA HORA DA VIRADA DO ANO...
23/12/2007 -
TURMAS DO FM
AI AI AI AI, TĂ CHEGANDO A HORA...
Brasil - operĂĄrio trabalha na montagem de palco para a festa da virada de ano na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Fonte: Terra - 2/12/07.
ORAĂĂO A MIM MESMO (Oswaldo AntĂŽnio Begiato)
Que eu me permita olhar e escutar e sonhar mais. Falar menos. Chorar menos.
Ver nos olhos de quem me vĂȘ a admiração que eles me tĂȘm e nĂŁo a inveja que prepotentemente penso que tĂȘm.
Escutar com meus ouvidos atentos e minha boca estĂĄtica, as palavras que se fazem gestos e os gestos que se fazem palavras.
Permitir sempre escutar aquilo que eu nĂŁo tenho me permitido escutar.
Saber realizar os sonhos que nascem em mim e por mim e comigo morrem por eu nĂŁo os saber sonhos.
EntĂŁo, que eu possa viver os sonhos possĂveis e os impossĂveis; aqueles que morrem e ressuscitam a cada novo fruto, a cada nova flor, a cada novo calor, a cada nova geada, a cada novo dia.
Que eu possa sonhar o ar, sonhar o mar, sonhar o amar, sonhar o amalgamar.
Que eu me permita o silĂȘncio das formas, dos movimentos, do impossĂvel, da imensidĂŁo de toda profundeza.
Que eu possa substituir minhas palavras pelo toque, pelo sentir, pelo compreender, pelo segredo das coisas mais raras, pela oração mental (aquela que a alma cria e que só ela, alma, ouve e só ela, alma, responde).
Que eu saiba dimensionar o calor, experimentar a forma, vislumbrar as curvas, desenhar as retas, e aprender o sabor da exuberùncia que se mostra nas pequenas manifestaçÔes da vida.
Que eu saiba reproduzir na alma a imagem que entra pelos meus olhos fazendo-me parte suprema da natureza, criando-me e recriando-me a cada instante.
Que eu possa chorar menos de tristeza e mais de contentamentos.
Que meu choro nĂŁo seja em vĂŁo, que em vĂŁo nĂŁo sejam minhas dĂșvidas.
Que eu saiba perder meus caminhos mas saiba recuperar meus destinos com dignidade.
Que eu nĂŁo tenha medo de nada, principalmente de mim mesmo:
- Que eu nĂŁo tenha medo de meus medos!
Que eu adormeça toda vez que for derramar lĂĄgrimas inĂșteis, e desperte com o coração cheio de esperanças.
Que eu faça de mim um homem sereno dentro de minha prĂłpria turbulĂȘncia, sĂĄbio dentro de meus limites pequenos e inexatos, humilde diante de minhas grandezas tolas e ingĂȘnuas (que eu me mostre o quanto sĂŁo pequenas minhas grandezas e o quanto Ă© valiosa minha pequenez).
Que eu me permita ser mĂŁe, ser pai, e, se for preciso, ser ĂłrfĂŁo.
Permita-me eu ensinar o pouco que sei e aprender o muito que nĂŁo sei, traduzir o que os mestres ensinaram e compreender a alegria com que os simples traduzem suas experiĂȘncias; respeitar incondicionalmente o ser; o ser por si sĂł, por mais nada que possa ter alĂ©m de sua essĂȘncia, auxiliar a solidĂŁo de quem chegou, render-me ao motivo de quem partiu e aceitar a saudade de quem ficou.
Que eu possa amar e ser amado.
Que eu possa amar mesmo sem ser amado, fazer gentilezas quando recebo carinhos; fazer carinhos mesmo quando nĂŁo recebo gentilezas.
Que eu jamais fique sĂł, mesmo quando eu me queira sĂł.
Amém.
(Colaboração: Tadeu - Curitiba)
O "HOMEM DE VERĂO"
O sujeito estå de pança cheia ainda. A ceia deve ter sido uma orgia gastronÎmica em que vagamente alguém -é provåvel que tenha sido a tia católica mais ou menos praticante- lembrou o aniversariante assim: "Vamos fazer uma oração pelo Menino".
E mal chegou a ecoar o nome quando a turma jĂĄ se atracava com as partes mais tenras da carne, um peru agigantado. Uma prima -mocinha nĂŁo-catĂłlica, porĂ©m praticante de um monte de coisas mais antigas do que ser cristĂŁo- tascou no aparelho de som um CD da Pitty, que abafou qualquer ruĂdo de mastigação e talheres. A tia ficou no vĂĄcuo, "nhac nhac" mastigou tambĂ©m, pensando na vida eterna. AmĂ©m.
O sujeito agora toma um chope num quiosque em frente Ă VinĂcius de Moraes, protegido pela rua do alvoroço que segue na casa lotada de parentes. Quer nem pensar em comida, embora a geladeira guarde muitas sobras. Alimenta-se hoje somente do "pĂŁo lĂquido". Copo a copo, a gelada o transforma. Rapidamente, como se dĂŁo as metamorfoses quase imperceptĂveis, ele vira o "homem de verĂŁo".
O macho dessa estação Ă© diferente: temperatura do corpo e temperamento mais quentes, atiçado por estĂmulos vĂĄrios que surgem com o calorĂŁo. Os relĂłgios digitais marcam uma calamidade pĂșblica, hĂĄ preguiça e delĂrio em cada centĂmetro da areia. Nesse clima o macho da estação cita letras de sambas e rocks, bebe chopes e paquera meninas. Ele sabiamente tira fĂ©rias nesse perĂodo. Ele Ă© simples e feliz enquanto ignora tanto crime besta e coisa feia da politicalha que sai nos jornais.
O "homem de verão" observa de seu camarote, o quiosque: o calor traz de novo as olhadelas com hora marcada no calçadão. Não que o inverno as impeça totalmente, mas de fato a turma migra para as esteiras de academias quando esfria e chove. Nas academias, as olhadelas se dão através dos espelhos que cercam as pessoas por toda a parte.
Na rua, o esquema Ă© outro: alguĂ©m passa trajando malhas justas em cores cĂtricas e uma camiseta do Busch Gardens, talvez. Enquanto corre, dribla poodles que usam tĂȘnis nas quatro patas e velhotas de cabelo azulado e, entĂŁo, cruza o olhar com o seu, inesperadamente. Ă a versĂŁo acelerada do antigo "footing", prĂĄtica de paquera confinada Ă s pracinhas de cidades do interior do Brasil na distante dĂ©cada de 1930.
Sua paquera de calçadĂŁo pode estar equipada de pequenos fones de iPod enterrados nos ouvidos, seus saudĂĄveis encontros tĂȘm trilha sonora pessoal. Sempre se cruzam no mesmo horĂĄrio na praia, correndo pra lĂĄ, correndo pra cĂĄ.
Até que um dia a parada para a ågua de coco ocorre sincronizada e, curiosamente, no mesmo quiosque da orla. O par feito no "footing" finalmente troca telefones. O "homem de verão" assiste à cena e se lembra vagamente de ter em casa uma mulher a sua espera. Mas a noção logo evapora, ele se torna um desmemoriado. Jå nem se lembra do Natal e não pensa no Réveillon, a cabeça mergulhada no viço ostensivo da praia, que vai durar até bem depois do Carnaval.
CecĂlia Giannetti - Fonte: Folha de S.Paulo - 25/12/07.
DOIS MIL E SETE. ĂLTIMO DECĂLOGO
I Todos os caminhos continuam levando a Roma. O problema, agora, Ă© o engarrafamento.
II Se vocĂȘ conseguir dispensar o indispensĂĄvel, suportar o insuportĂĄvel e amar o odioso, vocĂȘ tornarĂĄ possĂvel o impossĂvel.
III A maioria silenciosa estarĂĄ para a minoria estridente assim como a minoria excĂȘntrica estĂĄ para a maioria concĂȘntrica.
IV Não espere nada DELE. Quando LHE disseram que o ser humano tinha sido feito à SUA semelhança, ELE se ofendeu e disse que nunca mais pisa aqui.
V NĂŁo faça experiĂȘncias filosĂłficas suspeitas. Todos sabemos, teoricamente, que a queda de um corpo do alto de um edifĂcio (ou montanha) multiplica ene vezes a percepção do cadente da altura de que cai. Mas sĂł a partir de uma altura em que a queda Ă© fatal ao indivĂduo projetado. Donde a impossibilidade de provar empiricamente a teoria.
VI O paĂs estarĂĄ atĂ© aqui de psicanalistas. E ainda mais de analistas.
VII No inĂcio do sĂ©culo passado artistas criaram a arte nĂŁo-figurativa. Estamos bem perto de criar a natureza desfigurada.
VIII E seja otimista â quanto mais tempo vocĂȘ esperar a condução, mais perto ela estarĂĄ de chegar.
IX Vivo fosse MillĂŽr Fernandes, em 2008, completaria 15 anos de idade.
X E fique tranqĂŒilo: nĂŁo existe happy end.
MillÎr - Fonte: Veja - Edição 2040.
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