SHOW DE CHARME
07/10/2010 -
FUTEBOL SHOW
VOCĂ VAI AMAR O FUTEBOL FEMININO
The site:
http://www.fff.fr/footballaufeminin/
Essa a chamada da Federação Francesa de Futebol para o futebol feminino.
Adriana Karembeu (mulher de Christian, campeĂŁo do mundo em) posa para a campanha da FFF.
100.000 licenças é o objetivo que a FFF deseja atingir daqui a dois anos. São mais de 60.000 hoje em dia.
Fonte: Metro France (www.metrofrance.com).
O site:
http://www.fff.fr/footballaufeminin/
TREINO DE FUTEBOL Ă FUTEBOL
TelĂȘ Santana sabia disso. O mestre trazia adversĂĄrios de verdade, que queriam mostrar serviço nos treinos da Seleção. E sabiam que esses jogos eram uma vitrine poderosa
Nenhum jogador gosta de treinar sem bola! Esta foi uma das minhas inĂșmeras constataçÔes durante os 15 anos de militĂąncia na ĂĄrea. Em princĂpio, pensei se tratar de um sentimento pessoal, uma intuição de estreita relação com a situação em que me encontrava. TambĂ©m das dificuldades que tinha para arranjar tempo necessĂĄrio para me dedicar aos treinamentos de campo, diante do fato de ser estudante de medicina ou mesmo arredio aos suores provocados por exaustivas sessĂ”es de atividades fĂsicas, muitas vezes incompatĂveis com a minha realidade estrutural.
Quando fui orientado por TelĂȘ Santana, imediatamente percebi uma distĂąncia gigantesca de sua filosofia de trabalho com a dos outros treinadores com os quais atuara: a maior parte do tempo que era dedicado ao desenvolvimento dos fundamentos necessĂĄrios para a melhora de nossas qualidades tĂ©cnicas o era em contato com a bola. E, principalmente, mimetizando a competição que enfrentarĂamos logo a seguir. Ou seja, ele provocava em treinos situaçÔes que seriam encontradas nos jogos.
Conheci TelĂȘ quando ele me convocou pela primeira vez para a Seleção Brasileira que acabara de assumir. Cheguei ao hotel apreensivo, o velho Solar das Paineiras. NĂŁo sei exatamente a razĂŁo, mas sempre me sinto um pouco desconfortĂĄvel quando devo enfrentar situaçÔes desconhecidas, seja por culpa do ambiente, seja das pessoas. Felizmente, a maior parte dos outros companheiros eu jĂĄ conhecia bem.
Entrando no hall, percebo algumas pessoas sentadas Ă minha direita. Dirijo-me para cumprimentĂĄ-las. Ele era um deles. Percebi que se vestia com simplicidade e estava sentado confortĂĄvel e discretamente. Quando me viu, abriu um largo e tĂmido sorriso e fez questĂŁo de se levantar para se aproximar. Demo-nos as mĂŁos. Seu olhar era profundo e incisivo, despertava absoluta confiança. Sua pele ĂĄspera e rude estampava a trajetĂłria de vida. Apesar de sua pequena estatura, passava uma impressĂŁo forte e segura. NĂŁo pude deixar de comparĂĄ-lo a meu pai. Soube a partir daquele instante que nos darĂamos muito bem. IndivĂduos que possuem entre suas virtudes a sensatez e a sinceridade facilitam os relacionamentos, mesmo em posiçÔes hierĂĄrquicas diferentes. As relaçÔes, neste caso, sempre sĂŁo transparentes e honestas.
JĂĄ nos primeiros contatos em campo percebi que ali havia algo diverso do que conhecia atĂ© entĂŁo. Todos os dias, em algum perĂodo, enfrentĂĄvamos um adversĂĄrio. Em geral, nĂŁo os companheiros que ficavam ou ficariam na reserva da equipe, e, sim, um oponente sem compromisso conosco, que nĂŁo dividia a mesma mesa nem desfrutava da mesma refeição.
Era um adversĂĄrio de verdade querendo mostrar serviço nĂŁo sĂł ao tĂ©cnico da Seleção, mas tambĂ©m e principalmente Ă população brasileira que acompanhava com paixĂŁo os treinos do time nacional. Uma verdadeira competição como a de qualquer jogo oficial. JĂĄ ali entendi o seu objetivo, mesmo que fosse intuitivo e sensitivo, ou mesmo que fosse exclusivamente tĂ©cnico. E, na verdade, os resultados fĂsicos se mostravam muito mais rapidamente que os tĂĄticos ou os tĂ©cnicos.
Alguns meses mais tarde, outra surpresa. Desta vez, muito mais agradåvel: eu seria o capitão da equipe. Mas também sabia que aquilo era uma tremenda responsabilidade que ele colocava nos meus ombros. Chegar à Seleção Brasileira sempre foi um sonho e foi o que me fez retardar a carreira médica, mas jamais havia imaginado que um dia assumiria algo tão portentoso.
Carregar aquela tarja verde-amarela no braço esquerdo era um peso e uma honra, que eu deveria rapidamente entender o que representava. Mesmo assustado com a novidade, sentia-me orgulhoso e confiante. O que mais intrigava era por que ele havia me escolhido, se no primeiro jogo nem mesmo fui titular? Que tipo de lĂłgica ele tinha utilizado para determinar a nova ordem? AtĂ© hoje nĂŁo tenho convicção das suas razĂ”es, mesmo que tenha suposiçÔes que, eventualmente, possam esclarecer estas dĂșvidas, mas sĂł ele poderia responder a essas questĂ”es. Sabia apenas e mais que nunca que, a partir dali, eu teria de fazer de tudo para corresponder Ă sua confiança.
Confiança, aliås, que só aumentava a partir do que aprendia com ele. Uma das grandes liçÔes que ele me deixou, por sinal, foi que o treino de futebol deve ser de uma forma ou de outra⊠futebol. Se o nadador treina nadando, se o sprinter treina correndo, por que não hå de ser futebol o treino do jogador de futebol?
SĂłcrates - Fonte: Carta Capital (http://www.cartacapital.com.br/) - 29/09/10.
NĂŁo deixem de enviar suas mensagens atravĂ©s do âFale Conoscoâ do site.
http://www.faculdademental.com.br/fale.php