DESEJOS DE UM POVO
22/02/2008 -
MANCHETES DA SEMANA
KOSOVO - A DECLARAĂĂO DE INDEPENDĂNCIA
English:
http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2008/02/17/AR2008021700176.html?nav=rss_email/components
http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/gallery/2008/02/16/GA2008021602616.html
http://www.time.com/time/world/article/0,8599,1714164,00.html
http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601087&sid=axIW4cBf1m2Q&refer=home
Kosovo - Fogos iluminam o cĂ©u da capital Pristina apĂłs a declaração de independĂȘncia da ex-provĂncia sĂ©rvia. AlĂ©m da festa nos cĂ©us, um show com diversos artistas marcou a festa dos kosovares pela proclamação.
Fonte: Terra - 17/02/08.
SAIBA QUE PAĂSES JĂ SE DECLARARAM SOBRE A INDEPENDĂNCIA DE KOSOVO
Os Estados Unidos e os paĂses mais poderosos da Europa disseram nesta segunda-feira que reconhecem a independĂȘncia de Kosovo, um dia depois de o territĂłrio de maioria albanesa declarar sua secessĂŁo da SĂ©rvia.
A SĂ©rvia se opĂ”e Ă separação, assim como a RĂșssia, seu principal aliado. A Alemanha afirmou que 17 dos 27 paĂses da UniĂŁo EuropĂ©ia (UE) estĂŁo dispostos a reconhecer a independĂȘncia de Kosovo em breve.
Veja os paĂses que jĂĄ deixaram claras suas posiçÔes:
Reconhecem
AfeganistĂŁo: O AfeganistĂŁo disse nesta segunda-feira que reconhece e apĂłia Kosovo como um paĂs independente.
Alemanha: Berlim declarou que irĂĄ reconhecer a independĂȘncia de Kosovo.
Estados Unidos: Os EUA reconheceram formalmente Kosovo como "um paĂs soberano e independente", segundo declaração da secretĂĄria de Estado, Condoleezza Rice, nesta segunda.
França: A França reconheceu a independĂȘncia de Kosovo nesta segunda, apĂłs os ministros das RelaçÔes Exteriores da UE emitirem uma declaração conjunta sobre o futuro da provĂncia separatista. A UE afirmou, no comunicado, que irĂĄ trabalhar pela estabilidade na regiĂŁo, ao mesmo tempo em que deixa seus membros livres para decidirem se reconhecem a independĂȘncia de Kosovo.
Itålia: Massimo D'Alema, ministro das RelaçÔes Exteriores da Itålia, disse nesta segunda que irå reconhecer Kosovo como um Estado independente sob supervisão internacional.
Reino Unido: O chanceler David Miliband anunciou nesta segunda que o paĂs irĂĄ reconhecer a independĂȘncia de Kosovo.
Turquia: O chanceler Ali Babacan afirmou nesta segunda que a Turquia decidiu por reconhecer Kosovo como um Estado independente.
NĂŁo reconhecem
AzerbaijĂŁo: A ex-repĂșblica soviĂ©tica disse que nĂŁo reconhece a independĂȘncia de Kosovo.
Espanha: O paĂs, que enfrenta seus prĂłprios movimentos separatistas, afirmou que nĂŁo reconhece o novo paĂs.
PaĂses da UE: Diversos paĂses da UE, entre eles Chipre, GrĂ©cia, EslovĂĄquia e BulgĂĄria indicaram que nĂŁo irĂŁo reconhecer Kosovo agora por questionamentos legais ou temores em relação a minorias insurgentes em seus prĂłprios paĂses.
RomĂȘnia: A RomĂȘnia afirma que nĂŁo irĂĄ reconhecer a independĂȘncia de Kosovo, mas nĂŁo irĂĄ bloquear a posição da UE.
VietnĂŁ: O VietnĂŁ declarou que se opĂ”e Ă independĂȘncia de Kosovo.
Fonte: Folha Online - 18/02/08.
BRASIL DEFENDE CAUTELA E ESPERA DECISĂO DA ONU SOBRE KOSOVO
O Brasil pretende aguardar a posição da ONU sobre a independĂȘncia de Kosovo antes de tomar uma posição sobre o assunto.
"Não hå que tomar uma decisão precipitada", afirmou o ministro das RelaçÔes Exteriores, Celso Amorim, em entrevista coletiva no Itamaraty. "à uma questão complexa, que tem vårios aspectos."
Com o apoio da RĂșssia, a SĂ©rvia quer que a ONU condene a separação unilateral de Kosovo. As autoridades sĂ©rvias defendem a anulação da declaração de independĂȘncia e pedem que a entrada de Kosovo como novo membro da ONU seja vetada pelo o Conselho de Segurança.
Amorim disse que o Brasil defende o respeito Ă s resoluçÔes do Conselho de Segurança da ONU - a resolução 1.244, de 1999, estabelece a integralidade do paĂs (na Ă©poca, ainda IugoslĂĄvia).
O ministro ressaltou, no entanto, que o governo brasileiro também vai levar em conta o desejo da população local.
"Eu vi as imagens na televisĂŁo, vejo que o povo de Kosovo aparentemente, de um modo geral, estĂĄ contente com esta situação, o que Ă© algo que vocĂȘ tambĂ©m tem que levar em conta", afirmou.
"Mas tambĂ©m nĂŁo podemos ignorar totalmente", acrescentou. "Se a SĂ©rvia tivesse concordado com a independĂȘncia seria mais fĂĄcil, mas nĂŁo Ă© o caso."
Comedimento
Em nota oficial, o Itamaraty diz que "o Brasil espera que prevaleça orientação construtiva e vontade polĂtica que possibilite alcançar solução satisfatĂłria e conclama os atores envolvidos no processo a exercerem o mĂĄximo comedimento de maneira a nĂŁo pĂŽr em risco a paz e a segurança na regiĂŁo, assim como a assegurarem a adequada proteção das minorias".
Amorim conversou sobre a independĂȘncia de Kosovo na reuniĂŁo que teve com o chanceler da Ăndia, Pranab Mukherjee, no Itamaraty, e tambĂ©m com o chanceler da RĂșssia, Serguei Lavrov, em um telefonema na manhĂŁ desta segunda-feira para tratar de outros assuntos.
Brasil e Ăndia tĂȘm posiçÔes similares, segundo Amorim, e defendem uma solução multilateral, por meio do diĂĄlogo e da negociação.
O ministro defendeu a cautela e argumentou que esta tambĂ©m tem sido a posição de vĂĄrios paĂses europeus.
"Temos que analisar com cuidado porque essas decisÔes mais tarde podem valer também pra outras situaçÔes", afirmou.
Fonte: Folha Online - 18/02/08.
CONHEĂA A HISTĂRIA DO TERRITĂRIO E A ORIGEM DO NOME KOSOVO
O livro "A Origem dos Nomes dos PaĂses" traz uma pesquisa inĂ©dita sobre as origens das diferentes denominaçÔes dos paĂses, regiĂ”es e ilhas do mundo. O autor Edgardo Otero apresenta a etimologia de alguns nomes histĂłricos e o significado dos nomes de cidades importantes da Antiguidade, inclusive como eram conhecidos os paĂses em outros tempos.
KOSOVO (Kosovar)
O territĂłrio do Kosovo situa-se no que atualmente se conhece como penĂnsula dos BĂĄlcĂŁs. Esse termo foi usado de maneira incorreta pela primeira vez em 1808, pelo geĂłgrafo alemĂŁo Johann August Zeune. A referĂȘncia mais antiga Ă palavra "BĂĄlcĂŁs" Ă© de 1490, feita pelo humanista, escritor e diplomata italiano Buonaccorsi Callimarco. Este utilizou o termo "BĂĄlcĂŁs", que em turco significa "montanha arborizada", referindo-se Ă montanha bĂșlgara Stara Planina (montanha velha).
Por volta do sĂ©culo XVIII o viajante inglĂȘs John Morritt introduziu o termo na literatura britĂąnica, e logo sua abrangĂȘncia se alargou, passando a cobrir uma ĂĄrea que abarcava do AdriĂĄtico atĂ© o mar Negro. Atualmente essa denominação inclui todos os territĂłrios da Europa meridional e compreende vĂĄrios paĂses: BĂłsnia-HerzegĂłvina, SĂ©rvia e Montenegro, EslovĂȘnia, CroĂĄcia, MacedĂŽnia, AlbĂąnia, BulgĂĄria, GrĂ©cia, RomĂȘnia (a RomĂȘnia histĂłrica) - e alguns autores incluem a Hungria.
Desde o segundo milĂȘnio a.C., os ilĂrios, ancestrais dos atuais albaneses, habitaram essa regiĂŁo. Em termos concretos, o territĂłrio ilĂrio da DardĂąnia era formado por Kosovo, parte atual da MacedĂŽnia e terras do sudeste da SĂ©rvia, que sĂ©culos depois foram anexadas pelo impĂ©rio romano.
Do sĂ©culo VIII ao sĂ©culo XII, Kosovo foi o nĂșcleo do Estado medieval de Raska (Rascia); em fins do sĂ©culo XII o governador sĂ©rvio EstĂȘvĂŁo Nemanja o anexou e, durante algum tempo, Prizren foi a capital dos prĂncipes sĂ©rvios.
Em 1389 um exército invasor otomano derrotou as tropas sérvias durante a batalha de Kosovo, o que provocou a conquista do território em 1459.
Entre os sĂ©culos XVI e XVIII os vastos territĂłrios dos BĂĄlcĂŁs, que incluĂam Kosovo, foram divididos entre o impĂ©rio otomano (que ficou com a SĂ©rvia, BĂłsnia, HerzegĂłvina, Montenegro e MacedĂŽnia); os Habsburgo (que ficaram com a CroĂĄcia, a EslovĂȘnia, parte da DalmĂĄcia e Voivodina) e a RepĂșblica Veneziana (Ăstria e DalmĂĄcia). Esmagada a insurreição de 1690 na velha SĂ©rvia, cerca de 70 mil pessoas se refugiaram nos territĂłrios de Habsburgo.
O impĂ©rio otomano transferiu muçulmanos albaneses para os territĂłrios abandonados de Kosovo e Metojia. Esse territĂłrio foi cenĂĄrio de numerosas rebeliĂ”es antiturcas, mas em meados de 1912 os turcos foram expulsos da regiĂŁo, proclamando-se entĂŁo o Estado independente da AlbĂąnia, que incluĂa Kosovo e partes da MacedĂŽnia ocidental.
Terminada a Primeira Guerra Mundial, e ante a insistĂȘncia da RĂșssia, as grandes potĂȘncias dividiram Kosovo entre a SĂ©rvia e Montenegro. Em 1918 foi incorporada ao recĂ©m-criado reino dos sĂ©rvios, croatas e eslovenos, mais tarde chamado de IugoslĂĄvia. Os albaneses locais protagonizaram insurreiçÔes entre 1918 e1919, que foram reprimidas. O governo de Belgrado resolveu forçar a expulsĂŁo dos albaneses, o fechamento de escolas e o confisco de suas terras, ao mesmo tempo que fomentava a colonização da regiĂŁo com a população sĂ©rvia.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Kosovo foi incorporada Ă AlbĂąnia, que Ă Ă©poca estava ocupada pelos italianos, e os sĂ©rvios foram obrigados a abandonar essas terras. Os albaneses que viviam na regiĂŁo resistiram Ă reincorporação Ă IugoslĂĄvia, mas em julho de 1945Âș exĂ©rcito guerrilheiro de Josip Broz Tito venceu a resistĂȘncia albanesa. Kosovo se organizou como uma unidade administrativa da RepĂșblica SĂ©rvia, a princĂpio como regiĂŁo autĂŽnoma, mas depois das revoltas de 1968 na AlbĂąnia foi elevada Ă categoria de provĂncia autĂŽnoma.
Em março e abril de 1981 recrudesceram os distĂșrbios em Kosovo, vizinha da AlbĂąnia, que resultaram na expulsĂŁo dos albaneses de postos do governo e nos protestos dos sĂ©rvios locais. A população, em sua maioria de origem albanesa (90% do total) protagonizou novas revoltas em 1988 e 1990.
Em merco de 1989, Slobodan Milosevic eliminou todo vestĂgio e autonomia em Kosovo e estendeu a polĂtica de discriminação antialbanesa (proibição do uso da lĂngua albanesa, dissolução do Parlamento autĂŽnomo), submentendo a regiĂŁo Ă ocupação militar.
Isso provocou o surgimento de um movimento de resistĂȘncia pacĂfica albanĂȘs, graças ao qual se consolidou um Estado paralelo ao estabelecido pelas autoridades sĂ©rvias.
Em 1992 realizou-se um referendo (nĂŁo reconhecido por Belgrado nem pelas potĂȘncias ocidentais) depois do qual a população albanesa proclamou, de forma unilateral, sua independĂȘncia da SĂ©rvia.
A radicalização do conflito facilitou o surgimento, em 1997, de um ExĂ©rcito de Libertação de Kosovo que, ignorando a estratĂ©gia de "resistĂȘncia pacĂfica" posta em marcha pela Liga, iniciou uma sĂ©rie de atentados contra as forças de segurança que atuavam na regiĂŁo. A SĂ©rvia respondeu com uma polĂtica mais repressiva que, ante as denĂșncias da maioria albanesa (em forma de manifestaçÔes e marchas), levou a que no começo de 1998 a comunidade internacional interviesse para conseguir que as partes em conflito chegassem a um acordo duradouro.
Em fevereiro de 2003 o Parlamento aprovou a carta constitucional para a nova uniĂŁo da SĂ©rvia e Montenegro, mas o problema de Kosovo, um protetorado internacional, legalmente ainda integrante da SĂ©rvia, continuou por resolver.
Em março de 2004 Kosovo, ainda sob tutela da ONU, voltou a ser cenĂĄrio de violentos combates entre a maioria albanesa e a minoria sĂ©rvia. Os dirigentes albaneses que vivem na regiĂŁo anunciaram que seu objetivo era a independĂȘncia, embora a ONU e a UniĂŁo EuropĂ©ia se tivesse pronunciado em favor da autonomia dentro da federação. Enquanto isso, na SĂ©rvia, vĂĄrios dirigentes exigiam a divisĂŁo da provĂncia entre sĂ©rvios e albaneses, outra solução rejeitada pelas chancelarias ocidentais.
A palavra "Kosovo" Ă© de origem sĂ©rvia. A denominação mias precisa Ă© Kosovo Polje, que significa "campo de melros" ou "planĂcie dos melros", e foi motivada pela grande quantidade de melros que hĂĄ nessa regiĂŁo. A palavra "Kos" significa "melro", enquanto Kosovo Ă© o adjetivo possessivo derivado de "Kos".
Fonte: Folha Online - 18/02/08.
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