REIS DA LOGĂSTICA X
11/06/2007 -
FORMANDOS & FORMADOS
OS "VERDADEIROS" REIS DA LOGĂSTICA X
LogĂstica nas alturas e na corda bamba!!! Confira foto!
(Colaboração: Viana)
SERAPIĂO
Autor (a) texto: Desconhecido
SerapiĂŁo era um velho mendigo que perambulava pelas ruas da cidade. Ao seu lado, o fiel escudeiro, um vira-lata que atendia pelo nome de Malhado. SerapiĂŁo nĂŁo pedia dinheiro. Aceitava sempre um pĂŁo, uma banana, um pedaço de bolo ou um almoço feito com sobras de comida dos mais abastados. Quando suas roupas estavam imprestĂĄveis, logo era socorrido por alguma alma caridosa. Mudava a apresentação e era alvo de brincadeiras. SerapiĂŁo era conhecido como um homem bom, que perdera a razĂŁo, a famĂlia, os amigos e atĂ© a identidade. NĂŁo bebia bebida alcoĂłlica, estava sempre tranqĂŒilo, mesmo quando nĂŁo havia recebido nem um pouco de comida. Dizia sempre que Deus lhe daria um pouco na hora certa e, sempre na hora que Deus determinava, alguĂ©m lhe estendia uma porção de alimentos. SerapiĂŁo agradecia com reverĂȘncia e rogava a Deus pela pessoa que o ajudava. Tudo que ganhava, dava primeiro para o malhado, que, paciente, comia e ficava a esperar por mais um pouco.NĂŁo tinha onde dormir, onde anoiteciam, lĂĄ dormiam. Quando chovia, procuravam abrigo embaixo da ponte e, ali o mendigo ficava a meditar, com um olhar perdido no horizonte.
Aquela figura me deixava sempre pensativo, pois eu nĂŁo entendia aquela vida vegetativa, sem progresso, sem esperança e sem um futuro promissor. Certo dia, com a desculpa de lhe oferecer umas bananas fui bater um papo com o velho SerapiĂŁo. Iniciei a conversa falando do Malhado, perguntei pela idade dele, o que SerapiĂŁo, nĂŁo sabia. Dizia nĂŁo ter idĂ©ia, pois se encontraram um certo dia quando ambos andavam pelas ruas e falou: Nossa amizade começou com um pedaço de pĂŁo, ele parecia estar faminto e eu lhe ofereci um pouco do meu almoço e ele agradeceu, abanando o rabo, e daĂ, nĂŁo me largou mais. Ele me ajuda muito e eu retribuo essa ajuda sempre que posso.
Curioso perguntei: Como vocĂȘs se ajudam? Ele me vigia quando estou dormindo; ninguĂ©m pode chegar perto que ele late ataca. TambĂ©m quando ele dorme, eu fico vigiando para que outro cachorro nĂŁo o incomode.
Continuando a conversa, perguntei: SerapiĂŁo, vocĂȘ tem algum desejo na vida? Sim, respondeu ele - tenho vontade de comer um cachorro quente, daqueles que a ZezĂ© vende ali na esquina. SĂł isso? Indaguei. Ă, no momento Ă© sĂł isso que eu desejo. Pois bem, vou satisfazer agora esse grande desejo. SaĂ e comprei um cachorro quente para o mendigo. Voltei e lhe entreguei.
Ele arregalou os olhos, deu um sorriso, agradeceu a dĂĄdiva e em seguida tirou a salsicha, deu para o Malhado, e comeu o pĂŁo com os temperos. NĂŁo entendi aquele gesto do mendigo, pois imaginava ser a salsicha o melhor pedaço, nĂŁo contive e perguntei intrigado: Por que vocĂȘ deu para o Malhado, logo a salsicha? Ele com a boca cheia respondeu: Para o melhor amigo, o melhor pedaço! E continuou comendo, alegre e satisfeito. Despedi-me do SerapiĂŁo, passei a mĂŁo na cabeça do Malhado e sai pensando...
Aprendi como é bom ter amigos. Pessoas em que possamos confiar. Por outro lado, é bom ser amigo de alguém e ter a satisfação de ser reconhecido como tal.
Jamais esquecerei a sabedoria daquele eremita: "PARA O MELHOR AMIGO O MELHOR PEDAĂO"
Espero que sejamos mais um SerapiĂŁo.
(Colaboração: Waldeyr)
NOHTAS FISCAIS
POEMINHA DO SEXAGENĂRIO
AGRADECIDO AO MILAGRE DA QUĂMICA MODERNA (e ao Che)
Tomei somente uma pĂlula
E minha tesĂŁo* Ă© mais pura
JĂĄ sou como Che Guevara,
Endureço com ternura.
DECADĂNCIA DA ĂTICA
Apanhados em flagrante de usurpação do erĂĄrio (dinheiros pĂșblicos), japoneses relapsos continuam a fugir da vergonha, se enforcando. Mas para a rĂgida moral japonesa â de quase 50% da população, um espanto â a vergonha continua. Exige haraquiri.
ASCENDĂNCIA DA ĂTICA
E no Brasil ninguĂ©m foge Ă vergonha de malfeitos, tomando atitude autopunitiva, escapando pela estreita porta do caminho sem volta? Claro que foge. Mas a mĂdia com pĂŁo e manteiga nem registra isso. Registro eu, aqui, cavalheiro sans peur e sans reproche, seja lĂĄ o que isso seja.
Noutro dia um deputado, apanhado ao mesmo tempo pelo mensalĂŁo, pela operação sanguessuga e pela navalha na carne (barba, cabelo e bigode), saltou do dĂ©cimo andar do edifĂcio em que morava, em BrasĂlia.
Saltou pra dentro, é verdade. Mas jå é um começo.
EXEMPLO INĂTIL
Santos Dumont, penitente e amargurado, dizem tambĂ©m que se suicidou quando teve consciĂȘncia do que faziam com a pacĂfica aviação que ele ajudara a inventar. AtĂ© hoje nenhum diretor de TV tomou a mesma atitude apesar da utilização que se deu ao maravilhoso invento.
FREUD, DUAS OU TRĂS COISAS QUE EU SEI DELE
Uma: no inĂcio do sĂ©culo passado um neto chegou perto dele, Freud, e perguntou: "VĂŽ, mulher tem perna?". Era assim que era. Claro que jĂĄ tinha muita gente sabendo, e fazendo, o que era fleur-de-rose e boquete. Mas essa nĂŁo era a do nosso amigo. Pergunta que nĂŁo quer calar: como se atrevia ele a saber tanto sobre sexo? E como conciliar as liçÔes que ele propagava com o sexo hodierno (!) que faz parte de qualquer vestibular? Isso quando nĂŁo Ă© praticado na creche. Ou no convento, pelos pedĂłfilos de plantĂŁo.
Duas: Alma Mahler, a ViĂșva das Quatro Artes (Mahler, Kokoschca, Franz Werfel), quando casada com Mahler (gĂȘnio musical, mas maluquinho que se vocĂȘ desse um teco nele soava como copo de cristal), aconselhou-o a ir falar com Freud. Mahler foi. Ele e Freud ficaram umas duas horas andando e conversando num daqueles maravilhosos jardins austrĂacos. Uma semana depois Freud mandou a conta. Alma nunca mais falou com ele. Sempre que se referia a ele, perguntava a Mahler: "E como vai o idiota?".
LULA E A AUTOBIOGRAFIA DOS OUTROS
Na Ăndia, para todos os Ăndios ouvirem (sĂŁo Ăndios, pois nĂŁo?), Lula declarou que se tornou Ghandiano desde que leu um livro sobre a vida do extraordinĂĄrio monarca (lĂder de mais de um bilhĂŁo de pessoas).
Vou mandar pro Lula um livro do Arthur Koestler contando algumas historinhas de Ghandi; a dos ternos que ele instruĂa os deputados a fazer em roca colocada no congresso, um terno que custava cinco vezes o preço de um terno comprado em Savile Row; a histĂłria das sobrinhas com que ele dormia pra resistir Ă tentação (sempre fracassava); a de suas viagens pra Ăfrica do Sul em vagĂŁo de terceira (recheado de primeira), et cetera.
*Coloquei a palavra tesĂŁo, que estĂĄ em qualquer dicionĂĄrio. Mas meu corretor eletrĂŽnico mudou para desejo. Meu computador Ă© muito pudico.
MillÎr - Fonte: Veja - edição 2012.