RACISMO, VĂRUS DA ARROGĂNCIA...
18/10/2007 -
MANCHETES DA SEMANA
LIXO INDUSTRIAL
Reino Unido - A obra 'A Grande DĂĄdiva', do artista Klaus Weber, Ă© exibida em Londres. Esculturas feitas de pedra e lixo industrial jorram ĂĄgua como se estivessem vomitando, suando, chorando, urinando e cuspindo.
Fonte: Terra - 19/10/07.
O "NOBEL" INFELIZ
Uma entrevista do biĂłlogo James Watson, 79, com declaraçÔes racistas em 16/10 a um jornal britĂąnico atraiu uma enxurrada de crĂticas de cientistas, sociĂłlogos, polĂticos e ativistas de direitos humanos.
Watson, ganhador do PrĂȘmio Nobel por ter descoberto a estrutura do DNA juntamente com Francis Crick, em 1953, afirmou ao jornal britĂąnico "The Sunday Times" que africanos sĂŁo menos inteligentes do que ocidentais e, em razĂŁo disso, se declarou pessimista em relação ao futuro da Ăfrica.
"Todas as nossas polĂticas sociais sĂŁo baseadas no fato de que a inteligĂȘncia deles [dos negros] Ă© igual Ă nossa, apesar de todos os testes dizerem que nĂŁo", afirmou o cientista. "Pessoas que jĂĄ lidaram com empregados negros nĂŁo acreditam que isso [a igualdade de inteligĂȘncia] seja verdade."
A declaração verbal foi apenas um jeito um pouco menos delicado de expor o que ele jĂĄ havia escrito em seu recĂ©m-lançado livro "Avoid Boring People" (Evite Pessoas Chatas): "NĂŁo hĂĄ razĂŁo firme para crer que as capacidades intelectuais de pessoas geograficamente separadas evoluam de maneira idĂȘntica. Nosso desejo de considerar poderes iguais de raciocĂnio como uma herança universal da humanidade nĂŁo vai se prestar a isso."
Pessoas que apontaram erros na declaração de Watson afirmam que a reação ao cientista precisa ser contundente. O cientista chegou ontem a Londres para divulgar seu livro, e jĂĄ foi recebido com crĂticas -teve uma palestra cancelada no Museu de CiĂȘncia de Londres.
"Isso Ă© Watson no nĂvel mais escandaloso", disse Steven Rose, fundador da Sociedade para Responsabilidade Social em CiĂȘncia do Reino Unido. "Ele jĂĄ havia dito coisa parecida sobre mulheres, mas eu nunca o ouvira entrar no terreno do racismo. Se ele conhecesse literatura sobre o assunto, saberia que estĂĄ totalmente enganado cientificamente, alĂ©m de socialmente e politicamente."
Dono de opiniĂ”es polĂȘmicas, Watson ganhou o apelido de "Honest Jim". Em seu livro "Genes, Girls and Gamow", Watson se declarou favorĂĄvel a um tratamento genĂ©tico para deixar mulheres feias mais bonitas. Em outra ocasiĂŁo, defendeu o direito ao aborto, se as grĂĄvidas pudessem saber se a criança nasceria homossexual.
Entre os cientistas que reagiram de maneira mais dura contra Watson estĂŁo os prĂłprios geneticistas.
"Definitivamente, isso nĂŁo faz sentido nenhum e Ă© totalmente estapafĂșrdio", disse Ă Folha SĂ©rgio Danilo Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais. "Ă uma falĂĄcia de autoridade. Ele nĂŁo Ă© especialista no estudo de evolução de populaçÔes humanas. Ele estuda biologia molecular pura."
Pena, cujo trabalho sobre populaçÔes brasileiras contribuiu em grande medida para derrubar o conceito biológico de raças humanas, afirma que a maioria das pessoas "não vai levar Watson a sério", mas que ele pode "inflamar os ùnimos" daqueles que jå são racistas.
Sobre a situação da Ăfrica, Pena diz que nem sequer Ă© uma questĂŁo de inteligĂȘncia. "O Watson confunde uma situação histĂłrica e social da Ăfrica com uma situação biolĂłgica", disse. "O que acontece Ă© que os africanos foram vĂtimas de uma colonização brutal por parte dos europeus."
Com "The Independent" - Rafael Garcia - Fonte: Folha de S.Paulo - 18/10/07.
POR FALA RACISTA, NOBEL Ă SUSPENSO DE LABORATĂRIO
Mesmo apĂłs ter pedido desculpas por ter feito declaraçÔes racistas, o prĂȘmio Nobel James Watson, 79, continua colhendo problemas. Foi suspenso do LaboratĂłrio Cold Spring Harbor, em Long Island (EUA), onde ele trabalha.
Uma turnĂȘ britĂąnica que tinha como objetivo divulgar o novo livro do biĂłlogo, "Evite pessoas chatas", foi cancelada.
Fonte: Folha de S.Paulo - 20/10/07.
CONTAMINADAS PELO VĂRUS DA ARROGĂNCIA
Por que marcas fortes, empresas dominantes, que ficaram anos no topo de suas categorias, perdem essa gloriosa posição de forma tĂŁo surpreendente? Por que pessoas famosas, envoltas em glĂłria e fama, perdem a invejada posição? Ă claro que hĂĄ muitas explicaçÔes. Mas, sem dĂșvida, uma delas Ă© a arrogĂąncia.
Empresas lĂderes tornam-se arrogantes com muita facilidade. Pessoas, tambĂ©m. O sucesso lhes sobre Ă cabeça. NĂŁo dĂŁo mais a devida atenção ao atendimento simpĂĄtico e cortĂȘs, Ă assistĂȘncia tĂ©cnica rĂĄpida e eficaz, Ă visita constante aos clientes principais... Começam a acreditar que o cliente e o mercado precisam mais dela do que ela do cliente e do mercado. Tornam-se soberbas e arrogantes.
As pessoas que se deixaram inocular pelo vĂrus da arrogĂąncia nĂŁo suportam mais suas velhas amizades, suas companheiras dos primeiros anos, os lugares simples que freqĂŒentavam. Tudo deve mudar - roupas novas, carros novos, mulheres novas, amigos novos, hĂĄbitos novos. E um dos maiores sintomas da arrogĂąncia Ă© a cegueira mental, que faz com que essas pessoas nĂŁo se dĂȘem conta de que os novos amigos sĂŁo falsos amigos e as novas mulheres vĂŁo estar ali enquanto a fama ou a riqueza durar.
As empresas que se deixam contaminar pelo vĂrus da arrogĂąncia sofrem de perda total de memĂłria. NĂŁo se lembram de que as ajudou a crescer. Esquecem-se dos primeiros clientes, dos velhos fornecedores, dos funcionĂĄrios que, sem perspectiva alguma, acreditaram em seu futuro. Elas se esquecem do passado. Ă o começo do fim. E a empresa contaminada, em vez de perceber sua doença e buscar a cura, fica ainda mais arrogante. O vĂrus da arrogĂąncia, uma vez inoculado, nĂŁo deixa mais aquela vĂtima.
E, para nĂŁo se deixar contaminar, sĂł hĂĄ uma vacina: a humildade. E a humildade, por sua vez sĂł pode ser conseguida com muito esforço, muita espiritualidade, muita consciĂȘncia da transitoriedade da fama e dos bens materiais e da sabedoria, que nos avisa a todo instante que Ă© mais fĂĄcil chegar ao topo do que manter-se nele.
Pense nisso. Sucesso!
Luiz Marins - Fonte: TAM Maganize - NĂșmero 44 - outubro 2007.
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