30 ANOS SEM GARRINCHA
24/01/2013 -
FUTEBOL SHOW
O CRAQUE DAS PERNAS TORTAS
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Video - Garrincha - The King of Dribble:
http://www.youtube.com/watch?v=JeYyx87NWrU
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O craque ainda nĂŁo descansou. Os mitos que o cercam continuam vivos e impedindo uma compreensĂŁo de sua vida...
Trinta anos apĂłs sua morte, certos mitos sobre Garrincha continuam mais difĂceis de matar do que Rasputin.
O de que ele chamava seus marcadores de "JoĂŁo", por exemplo -significando que nĂŁo queria nem saber quem eram, porque iria driblĂĄ-los do mesmo jeito. Garrincha nunca disse isso.
A histĂłria foi inventada por seu amigo, o jornalista Sandro Moreyra, em 1957, para mostrĂĄ-lo como um gĂȘnio ingĂȘnuo e intuitivo. Garrincha a detestava, porque os adversĂĄrios, que nĂŁo queriam ser chamados de "JoĂŁo", redobravam a violĂȘncia contra ele.
Que Garrincha era um gĂȘnio intuitivo do futebol, nĂŁo hĂĄ dĂșvida. Mas nĂŁo tinha nada do ingĂȘnuo, quase dĂ©bil, com que algumas histĂłrias o pintavam. Ao contrĂĄrio, era atĂ© muito esperto a respeito do que o interessava -mulheres e birita, a princĂpio nesta ordem-, e nĂŁo havia concentração que o prendesse. Nos seus primeiros dez anos de carreira, 1953-1962, Garrincha conseguiu conciliar tudo isso com o futebol. Dali em diante, a vida lhe apresentou a conta.
Outro mito Ă© o de que, Ă s vĂ©speras do Brasil x URSS na Copa-1958, na SuĂ©cia, os trĂȘs jogadores mais influentes da seleção -Bellini, Didi e Nilton Santos- foram ao tĂ©cnico Vicente Feola e exigiram sua escalação na ponta direita, com a consequente barração de Joel, do Flamengo, entĂŁo titular. Em 1995, isso me foi desmentido pelos quatro jogadores (Bellini, Didi, Nilton Santos e Joel), pelo preparador fĂsico daquela seleção, Paulo Amaral, e por outros membros da delegação.
Perguntei a Nilton Santos por que, durante tantos anos, ele confirmara uma história que sabia não ser verdadeira. Ele admitiu: "Era o que as pessoas queriam ouvir". No futuro, em entrevistas, contaria a versão correta: a de que Joel se contundira ante a Inglaterra, e a entrada de Garrincha aconteceria de qualquer maneira. Note-se que, até o jogo com a URSS, Garrincha ainda não era o Garrincha da lenda, e Joel, também grande atleta, era uma escolha normal para a ponta.
Outro mito, este agora bastante atenuado, mas ferocĂssimo na Ă©poca, refere-se Ă participação de Elza Soares na vida de Garrincha. Para os desinformados, ela ajudou a destruĂ-lo. A verdade Ă© o contrĂĄrio: sem Elza, Garrincha teria ido muito mais cedo para o buraco. Quando ela o conheceu (em fins de 1961, e nĂŁo em meados de 1962, durante a Copa do Chile, como atĂ© hoje se escreve), Elza estava em seu apogeu como estrela do samba, do rĂĄdio e do disco. E ninguĂ©m imaginava que Garrincha, logo depois de vencer aquela Copa praticamente sozinho, logo deixaria de ser Garrincha.
NinguĂ©m, em termos. Os mĂ©dicos e preparadores do Botafogo sabiam que Garrincha, com o joelho cronicamente em pandarecos (e agravado pela bebida), estava no limite. Mas ele nĂŁo se permitia ser operado -sĂł confiava nas rezadeiras de sua cidade, Pau Grande. O que Garrincha fez na Copa foi um milagre. Mas, assim que voltou do Chile, os problemas se agravaram. Mesmo jogando pouquĂssimas partidas, levou o Botafogo ao tĂtulo de bicampeĂŁo carioca -e, assim que o torneio acabou, com sua exibição arrasadora nos 3x0 ante o Flamengo, ele nunca mais foi o mesmo. Marque o dia: 15 de dezembro de 1962 -ali terminou o verdadeiro Garrincha.
Um outro Garrincha -gordo, inchado, bebendo às claras ou às escondidas, incapaz de repetir seus dribles e arranques pela direita- continuou se arrastando pelos campos, vestindo camisas ilustres (do próprio Botafogo, do Corinthians, do Flamengo, do Olaria e da seleção) por mais inacreditåveis dez anos -até o famoso Jogo da Gratidão, organizado por Elza Soares. Foi sua despedida oficial, a 19 de dezembro de 1973, com um Maracanã inundado de amor.
Naquela noite, um time formado por Felix, Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Rivellino e Paulo César; Garrincha, Jairzinho e Pelé -praticamente a seleção de 1970 com Garrincha- entrou em campo para enfrentar uma seleção de estrangeiros que atuavam no Brasil, estrelada por Pedro Rocha, Forlan, Reyes e outros.
Numa das vårias preliminares, cantores e artistas, como Chico Buarque, Jorge Ben, Wilson Simonal, Paulinho da Viola, Miele, Sergio Chapelin, Francisco Cuoco e outras celebridades também se enfrentaram. Pelas borboletas do estådio, passaram 131.555 pessoas e, com exceção de uma pessoa -o ditador Garrastazu Medici-, todos pagaram para entrar, inclusive os jornalistas. Era o dinheiro que garantiria o futuro de Garrincha.
Da renda de quase 1 milhĂŁo e 400 mil cruzeiros (US$ 230 mil de 1973, uma nota), cerca de 500 mil cruzeiros saĂram do cofre do MaracanĂŁ direto para cadernetas de poupança em nome de suas oito filhas oficiais e um apartamento ou casinha para cada uma. Este era um dos objetivos do jogo. Com os descontos da Receita e outros, sobraram-lhe mais de 700 mil cruzeiros para fazer o que quisesse -e que ele, naturalmente, torrou logo, sem saber como.
DaĂ o Ășltimo e maior mito a ser derrubado sobre Garrincha: o de que ninguĂ©m o ajudou -o que, no fim da vida, ele declarou em entrevistas para a televisĂŁo, que ainda hoje sĂŁo reprisadas. Mas a verdade Ă© que Garrincha foi muito ajudado, e em vĂĄrias etapas de sua vida.
Entre seus maiores benfeitores, estavam o banqueiro JosĂ© Luiz MagalhĂŁes Lins, do entĂŁo poderosĂssimo Banco Nacional; o empresĂĄrio Alfredo Monteverde, dono do Ponto Frio; o Instituto Brasileiro do CafĂ© (IBC) e a LegiĂŁo Brasileira de AssistĂȘncia (LBA), que lhe deram empregos generosos, aos quais ele nĂŁo correspondeu; e seus ex-colegas do futebol, agrupados na Agap (Associação de Garantia ao Atleta Profissional), que nĂŁo se cansaram de recolhĂȘ-lo em coma alcoĂłlico na rua e internĂĄ-lo em clĂnicas de "desintoxicação" -das quais era criminosamente liberado dois ou trĂȘs dias depois de dar entrada.
O alcoolismo matou Garrincha hĂĄ 30 anos -e continua a matĂĄ-lo atĂ© hoje, a cada uma de suas vĂtimas que o Brasil deixa de assistir.
Ruy Castro Ă© autor de "Estrela SolitĂĄria - Um Brasileiro Chamado Garrincha" (1995), Companhia das Letras, atualmente na 16ÂȘ reimpressĂŁo. â Fonte: Folha de S.Paulo â 20/01/13.
Estrela SolitĂĄria - Um Brasileiro Chamado Garrincha â
Companhiadasletras.com.br/
VĂdeo - Garrincha - The King of Dribble:
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NUMERADA NA TV
O corintiano Zizao sĂł nĂŁo conseguiu driblar Abel Neto...
Obviamente, o Corinthians foi escolhido para abrir as transmissĂ”es do Paulista na Globo. Afinal, tem a maior torcida, o time mais badalado, o melhor tĂ©cnico e o melhor chinĂȘs do torneio.
Qualquer toque na bola do carismåtico oriental merecia replay. Até sua careta ganhava supercùmera lenta.
E, para o palmeirense, nada Ă© tĂŁo ruim que nĂŁo possa piorar. ClĂ©ber Machado chama ao vivo o pĂȘnalti do Palmeiras no Pacaembu. Barcos chuta, goleiro de um lado, bola do outro... na trave. Corte para JundiaĂ, e Zizao dĂĄ uma arrancada digna de nĂŁo chinĂȘs e faz a jogada do gol.
No fim, o repĂłrter Abel Neto corre para entrevistar o chinĂȘs: "A velocidade Ă© sua c-a-r-a-c-t-e-r-Ă-s-t-i-c-a?".
"NĂłs... jĂĄ... jogou... igual... NĂŁo sei como fala", improvisou Zizao. Na volta, ClĂ©ber Machado sacaneou Abel: "VocĂȘ achou que ele ia falar caracterĂstica?". Como punição, Abel deveria fazer a pergunta seguinte em chinĂȘs.
KIDIABA ALISADO
Torcedores do Inter podem matar a saudade do goleiro congolĂȘs do Mazembe, que faz a mesma dança mata-formiga (pulando com os glĂșteos no gramado) na Copa Africana de NaçÔes.
Mostrando que Ă© tendĂȘncia, Kidiaba parece usar o mesmo produto de Pato: sua trancinha estava lisinha.
ULULANTE
E o comentårio do dia foi no jogaço entre Novak Djokovic e Stanislas Wawrinka. Com o quinto set empatado, Osvaldo Maraucci, na ESPN, analisou sem medo de errar: "Vai ganhar quem tiver mais vontade". Acertou.
Sandro Macedo â Fonte: Folha de S.Paulo â 21/01/13.
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