PENSANDO NOS PROBLEMAS
09/04/2009 -
PENSE!
A VIDA Ă BELA, SĂ NOS RESTA... VIVER!
A vida Ă© difĂcil para todo mundo. Todos tĂȘm problemas, todos tĂȘm dificuldades e com vocĂȘ nĂŁo Ă© ou nĂŁo serĂĄ diferente...
Para acabar com o estresse faça algo que te dĂȘ prazer... Mas nĂŁo exagere, pois tudo tem consequĂȘncias!!! Ou entĂŁo, exagere pra valer e grite "Valeu a pena"!!! Elas estĂŁo falando da tatuagem de cada uma nas nĂĄdegas, quando a velhinha diz:
- "A minha também era uma åguia..."
(Colaboação: Markão)
FORCA
O medo do desemprego vem crescendo entre os paulistanos: para 59,7%, perder o trabalho seria a pior consequĂȘncia da crise, segundo pesquisa da Fecomercio (Federação do ComĂ©rcio do Estado de SĂŁo Paulo). Em outubro de 2008, os que temiam a demissĂŁo eram 38%. O medo de se endividar tambĂ©m aumentou, de 8% para 16,3%.
MĂŽnica Bergamo - Fonte: Folha de S.Paulo - 06/04/09.
Fecomercio - http://www.fecomercio.com.br/pagina.php
VIAGEM DO CONHECIMENTO
Participe do II Desafio National Geographic
InscriçÔes gratuitas até 31/07/09
Regulamento e informaçÔes: http://www.viagemdoconhecimento.com.br/
Fonte: National Geographic - Abril 2009.
ACABOU O TEMPO DO "DEUS LHE PAGUE..."
Existe coisa mais triste do que menininhos de 6 anos fazendo malabarismo com bolinhas de tĂȘnis nos sinais de trĂąnsito?
Eles nos angustiam porque sĂŁo prova do nosso fracasso. NĂłs evitamos vĂȘ-los; eles nos veem o tempo todo. Os miserĂĄveis sĂŁo nossa caricatura e damos esmola na esperança de uma salvação, mas eles nĂŁo sĂŁo generosos e nĂŁo nos perdoam. Apenas um vago "Deus lhe pague"...
Antes, as esmolas faziam mais bem a nós do que a eles. A miséria tinha uma "função social". Hoje, estå fora de moda, a miséria não é mais um "hype", a miséria estå "enchendo o saco, não chove nem molha".
A gente se esqueceu da população trabalhadora dos morros, com operårios, domésticas, faxineiros; ela só aparece violenta, nas revoltas da Febem, nos tiros de bandidos. A miséria armada estå nos fazendo esquecer da miséria indefesa.
Com a onda de violĂȘncia, perdemos a compaixĂŁo pelos pobres. E como ninguĂ©m sabe resolver o drama da misĂ©ria, surge atĂ© um vago rancor contra ela, pois ela teima em reaparecer.
MisĂ©ria nĂŁo Ă© igual em qualquer parte. A misĂ©ria em SĂŁo Paulo nĂŁo Ă© estrelada, invasiva como a do Rio, onde os jardins suspensos das favelas nos olham do alto. Em SĂŁo Paulo, a misĂ©ria tambĂ©m nĂŁo Ă© uma paisagem natural, como no Nordeste. Em SĂŁo Paulo, a misĂ©ria Ă© mais perifĂ©rica e sĂł entra para pequenos serviços - Ășteis "paraĂbas" nas construçÔes, no lixo.
No Rio, nossa pobreza jĂĄ teve uma tradição, uma arte. PrĂncipes como Cartola, Nelson Cavaquinho, o samba.
A favela paulista se atravanca em planĂcies. NĂŁo venta, nĂŁo tem vista para o mar, nĂŁo dança. Ă lama pura e dormitĂłrio para a mĂŁo-de-obra nĂŁo qualificada.
A misĂ©ria carioca tinha uma certa "allure", bafejo de elegĂąncia. Agora, sĂł tem servido para criar uma "consciĂȘncia da morte" nos pequenos e grandes burgueses (oh, cĂ©us!..). Hoje, temos essa "living art", constante "instalação" de trapos e mĂŁos postas. Nos "olhos azuis de brancos" (Lula "dixit..."), jĂĄ vemos o sentido trĂĄgico da vida.
"O senhor aguenta essa fumaça na cara o dia inteiro?", pergunto com os olhos vermelhos na avenida Santo Amaro, em São Paulo, às sete da noite.
"Respire fundo, vĂĄ, moço, respire fundo que passa, vĂĄ!", diz o paraĂba de meio metro que dirige o tĂĄxi. E ri de mim, de minha queixa ecolĂłgica. Em volta, privilegiados encalhados no trĂąnsito. Rostos mortos no volante. A fumaça cresce.
Vingança dos miserĂĄveis que construĂram a cidade? Vingança de quem, essa fumaça? SĂŁo Paulo Ă© feito uma cebola. NĂŁo Ă© apenas a BĂ©lgica da BelĂndia. Ă uma cebola de bĂ©lgicas cada vez mais fechadas, mais finas. Hoje, para sofrer menos temos de usar antolhos para nĂŁo ver o destino negro das cidades.
Uma vez, tive um encontro com um empresĂĄrio e um norte-americano antropĂłlogo. Cinema, grana, outros papos. O empresĂĄrio e eu falamos sobre o Brasil para o gringo: "Eles....eles...eles..." O Brasil estaria sendo destruĂdo por "eles". AtĂ© que o norte-americano nĂŁo aguentou mais de curiosidade e perguntou: "Who are they?" (Quem sĂŁo eles?).
Parei, travado. AĂ, descobri o Ăłbvio triunfal: para mim, "eles" seriam os outros, as forças ocultas que desculpam nossa omissĂŁo. Todos nĂłs falamos da desgraça nacional como se fosse culpa de seres impalpĂĄveis: o Congresso, o governo, os norte-americanos, os jornalistas... Todos, menos nĂłs.
Houve uma Ă©poca em que a misĂ©ria nos tocava mais, ela era Ăștil para nossa piedade, mesmo como tema para arte e literatura. A misĂ©ria sempre deu lucro. No Brasil, a misĂ©ria Ă© quase uma indĂșstria. Quanto lucro uma igreja de charlatĂŁes tem com os dĂzimos? A misĂ©ria dĂĄ lucro polĂtico; falar na misĂ©ria denota preocupação humanitĂĄria, traz votos populistas.
Antes, havia uma misĂ©ria "boa", controlĂĄvel. TĂnhamos pena, desde que ela ficasse no seu lugar, ela aplacava nossa consciĂȘncia. Nos sonhos "revolucionĂĄrios" dos pequenos burgueses, a misĂ©ria era nossa bandeira.
SofrĂamos com ela. A misĂ©ria dos outros era nosso problema existencial. Nos iludĂamos achando que nosso sofrimento interior minorava o horror de suas vidas.
Na Ă©poca, Ă©ramos a favor de um socialismo imaginĂĄrio, panaceia para nossos problemas, e ficĂĄvamos tranquilos sem fazer nada. Mas nos enganĂĄvamos, achando que nosso mal-estar com a tragĂ©dia dos pobres ajudava-os em alguma coisa. Desde que caiu o socialismo, caiu a ilusĂŁo de que Ă©ramos Ășteis em pensamento. Desde entĂŁo somos habitados por um desalento pela ausĂȘncia de formas de luta contra a injustiça. Esse desalento gerou um desconforto inicial, mas, aos poucos, deu lugar a um secreto cinismo quase doce. Hoje sofremos menos porque nĂŁo adianta mesmo... Assim, passamos a cuidar de nossos jardins, nosso narcisismo, nossa arte pessoal de viver. O fim das ideologias Ă© um alĂvio para a culpa.
Hoje, só nos resta tentar não sofrer com a miséria que nos cerca. As regras båsicas estão no ar, no lar, no bar, como os mandamentos da felicidade pós-tudo - uma virtude negativa, fugitiva. Todos começam com "não": não olhar tragédias, não ler nem assistir jornais, não ouvir conversa de cùncer ou chacina. Providenciar grades, carros blindados, companhias de segurança e armas, se preciso. Chegamos a temer: "se acabar o tråfico vai ser pior - vão descer mais das favelas para o asfalto..."
Alguns, mais canalhas, podem atĂ© pensar: "A Ășnica arma que luta contra a misĂ©ria Ă© a fome. A fome debilita, fragiliza e extingue tudo num genocĂdio branco, sem autores. A fome regula o mercado da pobreza. A fome Ă© o grande freio Ă falta de planejamento familiar destes nordestinos erĂłticos".
No entanto, depois de tantos vexames de nossa burguesia secularmente sórdida, vemos que nossa miséria "pobre" é a ponta de uma miséria maior. Não existe um mundo limpo e outro, sujo. Um infecta o outro. A burocracia é miséria, a corrupção é miséria, a estupidez brasileira é miséria.
Somos uns miserĂĄveis cercados de miserĂĄveis por todos os lados.
Arnaldo Jabor (http://www.arnaldojabor.blogger.com.br/) - Fonte: O Tempo - 07/04/09.
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