PENSANDO NA SUSTENTABILIDADE
29/10/2011 -
PENSE!
ECONOMIA VERDE
English:
http://www.irekia.euskadi.net/en/news/7607
http://www.theclimategroup.org/_assets/files/Basque-energy-policy-2020.pdf
Cidades avançam com economia verde. Em vez de esperar resultados de negociaçÔes globais, municĂpios criam agendas prĂłprias de sustentabilidade. Objetivo Ă© nĂŁo ficar dependendo de decisĂ”es tomadas em gabinetes.
Enquanto acordos globais que estimulem a transição da economia para um modelo de desenvolvimento sustentĂĄvel nĂŁo saem do papel, cidades e regiĂ”es autĂŽnomas de vĂĄrias partes do planeta vĂȘm se antecipando e criando agendas prĂłprias de sustentabilidade, boa parte delas por meio de regulaçÔes e legislaçÔes que extrapolam as paredes de secretarias e ministĂ©rios do ambiente.
Redigida e debatida ao longo de dois anos, a EstratĂ©gia de Desenvolvimento SustentĂĄvel do PaĂs Basco 2020, recentemente aprovada, Ă© uma mostra interessante de regulação construĂda de maneira coparticipativa, envolvendo representantes de diversos segmentos da sociedade.
Agregando princĂpios de sustentabilidade e desenvolvimento social, o documento inclui metas objetivas de redução de emissĂ”es de gases do efeito estufa, aumento do emprego e investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade, entre outros, que servirĂŁo como plataforma de integração para o conjunto de polĂticas setoriais do governo.
"Em vez de esperar grandes e complexos resultados das negociaçÔes globais, achamos mais pråtico e eficiente avançarmos com as regulaçÔes em regiÔes menores, que podem inclusive ser replicåveis em outros locais", afirma a diretora-geral da Coordenação do Governo Basco, Koldobike Uriarte.
Fonte: Folha de S.Paulo - 25/10/11.
Todos os detalhes:
http://www.theclimategroup.org/_assets/files/Basque-energy-policy-2020.pdf
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PENSAMENTO DA SEMANA
"O arrependimento é certamente a emoção mais solitåria do mundo porque não tens ninguém a quem culpar a não ser a ti mesmo".
Paulo Navarro (www.pnc.com.br) - Fonte: O Tempo - 23/10/11.
MUAMMAR AL CLINTON
O vĂdeo dos minutos finais de Muammar Gaddafi, ensanguentado e cambaleante, ecoa o filme de 1961 que mostrou o primeiro-ministro congolĂȘs Patrice Lumumba amarrado, apanhando antes de ser fuzilado por compatriotas rebelados.
Em 1975 uma comissĂŁo do Senado americano mostrou que a CIA trabalhava para matĂĄ-lo. Em 2002, o governo da BĂ©lgica assumiu a "responsabilidade moral" pela sua participação no crime e pediu desculpas ao povo congolĂȘs.
O comboio em que estava Gaddafi foi atacado por aviÔes americanos e franceses. Hillary Clinton disse, dias antes, que esperava a morte de Gaddafi para "breve".
Os vĂdeos "Lumumba Seized, Returned to Leopoldville" e "L'Assassinat de Patrice Lumumba" estĂŁo no YouTube.
Elio Gaspari - Fonte: Folha de S.Paulo - 23/10/11.
VĂdeos de Kadafi - http://www.youtube.com/watch?v=MvZwpoGUaM0
VĂdeos de Lumumba -
http://www.youtube.com/watch?v=JGnGFaJqmzU
http://www.youtube.com/watch?v=cOYQjegItnM
FOTOS E FATOS
Muitos, quase todos nĂłs, ficamos chocados com as fotos do cadĂĄver de Gaddafi divulgadas pela mĂdia mundial.
Antigamente, nas velhas RedaçÔes, evitava-se a publicação de fotos impactantes.
Em agosto de 1976, era editor de uma revista e tive em mĂŁos a foto de JK apĂłs o acidente na estrada, evidente que nem pensei em publicĂĄ-la, nem mesmo o Instituto Carlos Ăboli, onde a foto foi feita para constituir peça importante do inquĂ©rito, distribuiu aquela imagem para o grande o pĂșblico.
Em outro caso, nĂŁo idĂȘntico, mas anĂĄlogo, hĂĄ tempos, como editor de uma revista ilustrada, recebi de um repĂłrter que trabalhava na minha equipe a foto de uma moça estuprada que foi jogada ao mar no ChapĂ©u dos Pescadores, trecho da avenida que liga o Leblon a SĂŁo Conrado.
Para todos os efeitos, foi a imagem mais terrĂvel que meus olhos jĂĄ viram, pois os assassinos da jovem usaram uma garrafa de Coca-Cola para sodomizar a vĂtima ainda em vida.
HĂĄ uma corrente de profissionais da mĂdia que adota a tese da necessidade de informar tudo o que acontece, o leitor tem o sagrado direito de saber de tudo, nos mĂnimos detalhes. Mesmo os escabrosos, de pĂ©ssimo gosto e que em nada contribuem para clarificação de um fato, por mais delituoso que seja.
Mas voltemos ao caso de Gaddafi. Um ditador criminoso que massacrou milhares de adversĂĄrios e de gente que nem chegava a ser inimiga dele, povo inocente que ele nĂŁo poupou para se manter no poder por mais de 40 anos.
Merecia o fim que teve, nem por isso a foto de seu cadĂĄver mutilado serviria para confirmar a tese de que o crime, no final das contas, nĂŁo compensa.
O corpo de Che Guevara também foi fotografado, mas a imagem que resultou de seu cadåver teve efeito contrårio, muitos viram em seu semblante sereno, os olhos entreabertos sem revelar agonia ou desespero, a semelhança com o próprio Cristo. E por falar em Cristo, o próprio.
Ă sem dĂșvida o corpo mais exposto da histĂłria, em toda a sua crueza. Os cristĂŁos fizeram dele o sĂmbolo de uma religiĂŁo que mudou o mundo. No inĂcio, bastava a cruz para lembrar o sacrifĂcio do CalvĂĄrio.
Mais tarde, sobretudo na Renascença, pintores e escultores colocaram o corpo quase nu coberto de chagas, porejando sangue da cabeça aos pĂ©s. Nas catedrais espanholas hĂĄ crucifixos terrĂveis, impossĂvel qualquer tipo de prece diante de um homem que muitos consideram um Deus.
Tivemos também a exposição do corpo de outro ditador, Benito Mussolini, que foi pendurado num gancho de açougue, de cabeça para baixo, numa praça de Milão.
E para citarmos um exemplo doméstico da vingança que não respeita a morte, temos o caso de Tiradentes. Não bastou enforcå-lo.
A rainha de Portugal mandou esquartejĂĄ-lo, pedaços de seu corpo foram expostos ao longo da estrada que ligava o Rio de Janeiro a Ouro Preto, entĂŁo capital de Minas e sede da InconfidĂȘncia. De um lado, a vingança da Corte contra o rebelde; de outro, a lição para que ninguĂ©m mais tentasse se libertar da metrĂłpole europeia.
Por acaso, citei exemplos contraditĂłrios. Dois tiranos (Mussolini e Gaddafi) e dois herĂłis de causas populares (Che Guevara e Tiradentes).
O caso de Cristo Ă© especial. Um dominicano francĂȘs, frei Corigan OP, publicou um artigo nos meados do sĂ©culo 19, propondo que a igreja abolisse o corpo de Jesus dos crucifixos, ficasse apenas com a cruz enxuta e poderosa, bastava como sĂmbolo e mensagem. E para espantar os demĂŽnios e os vampiros.
Para compensar a falta de um elemento humano como logotipo de uma religião que prega o amor, ele propunha a imagem do Menino Jesus na manjedoura de Belém, os braços estendidos, não para pedir proteção, mas para proteger aqueles que desejava salvar.
Bem, encerro esta crĂŽnica fazendo uma autocrĂtica. Falei em Gaddafi, Che Guevara, Tiradentes, JK, Mussolini e Jesus Cristo.
De quebra, na jovem estuprada. ContrĂĄrio a boa norma do jornalismo, falo muito e nĂŁo concluo nada.
De bom grado, deixo a conclusĂŁo para os outros -se por acaso Ă© possĂvel concluir alguma coisa da histĂłria da humanidade.
Carlos Heitor Cony - Fonte: Folha de S.Paulo - 28/10/11.
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