AR LĂQUIDO
08/04/2010 -
MARILENE CAROLINA
FOG CATCHERS
English:
http://news.nationalgeographic.com/news/2009/07/090709-fog-catchers-peru-water-missions.html
http://www.peachygreen.com/going-green/peachy/water-for-parched-communities-fog-collecting
http://news.bbc.co.uk/2/hi/8297276.stm
Em Bellavista, no Peru, a umidade da neblina Ă© retida por ĂĄrvores e redes que produzem depois litros de ĂĄgua.
PrĂłximo de Lima, no Peru, hĂĄ um vilarejo montanhoso chamado Bellavista - ainda que, no inverno, a "bela vista" seja bloqueada pela densa neblina que vem do PacĂfico. Mas os moradores locais encontraram uma boa maneira de aproveitar essa umidade. Com a ajuda dos conservacionaistas alemĂŁes Kai Tiedemann e Anne Lummerich, eles recolhem a umidade do ar por redes que condensam as minĂșsculas gotĂculas, obtendo assim ĂĄgua - muita ĂĄgua.
Apenas 13 milĂmetros de chuva cai a cada ano. Antes da instalação das redes, em 2006, os moradores eram obrigados a desembolsar atĂ© 15% de sua renda para comprar ĂĄgua, trazida em caminhĂ”es-tanque. Agora a neblina permite o cultivo de 700 ĂĄrvores jovens e dez hortas comunitĂĄrias. A expectativa de Tiedemann Ă© de que, Ă medida que cresçam, as ĂĄrvores ajudem a restaurar a paisagem antes viçosa. "Esses morros eram cobertos de mata", diz. "Depois que foi derrubada, nĂŁo havia como aproveitar a umidade." Por enquanto, as redes devem cumprir tal função.
Em termos globais, outros projetos de aproveitamento de neblina estĂŁo sendo implantados em comunidades, do Equador Ă Eritreia.
A desvantagem? Agora, diz Anne, "podemos produzir muito mais ĂĄgua que a nossa capacidade de armazenamento."
COMO CAPTAR NEBLINA
1 - As gotĂculas de umidade ficam presas numa rede de plĂĄstico, formando gotas que sĂŁo recolhidas por canos.
2 - A ågua é conduzida até um reservatório subterrùneo, capaz de armazenar mais de 100 mil litros.
3 - Ela é utilizada na irrigação de årvores jovens que vão captar a umidade da neblina em seus galhos e folhas.
4 - Nas åreas mais baixas das encostas, as hortas comunitårias também se beneficiam desse processo.
Hannah Bloch - Fonte: National Geographic - Edição 121.
Mais detalhes:
http://news.nationalgeographic.com/news/2009/07/090709-fog-catchers-peru-water-missions.html
http://www.peachygreen.com/going-green/peachy/water-for-parched-communities-fog-collecting
http://news.bbc.co.uk/2/hi/8297276.stm
PAPEL DE PAREDE - CATARATAS DO IGUAĂĂ
Ăgua Ă© vida. AtĂ© 6 milhĂ”es de litros de ĂĄgua por segundo escorrem pelas cataratas do Iguaçu, entre o Brasil e a Argentina. Foto de Frans Lanting.
Confira: http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/papeis-de-parede/papeis-parede-marco-543151.shtml?foto=1p.
Fonte: National Geographic - Edição 121.
HERBERT DE PERTO
Autores: Roberto Berliner e Pedro Bronz.
Editora: Imagem Filmes.
à claro que a tragédia que acometeu Herbert Vianna, deixando-o paraplégico e matando sua mulher, é de cortar o coração. Mas o grande achado desse delicado documentårio é confrontar o Herbert de agora, com o mesmo do passado, além de acompanhar seus momentos de superação dentro e fora do palco. O DVD traz muitos extras, tais como os bastidores do disco "Hoje" (2005), cenas de arquivo que não entraram no longa e até clipes clåssicos como "Alagados" e "Novidade".
Fonte: Monet - NĂșmero 85.
Todos os detalhes - http://www.herbertdeperto.com.br/
A DESCENDĂNCIA BASTARDA
Os brasileiros são såbios. Pesquisa Datafolha, publicada na semana passada, revela que a maioria dos inquiridos (59%) aceita Darwin sem jogar Deus pela janela. Contra essa maioria, existem 8% que apostam tudo no macaco. E 25% que apostam tudo contra o macaco. A discussão é absurda. Para os dois extremos. à absurda hoje, nas lutas correntes entre "criacionistas" e "evolucionistas". Mas seria sobretudo absurda para a sociedade vitoriana, que recebeu a obra de Darwin com outro tipo de preocupaçÔes.
Começo pelo Ăłbvio: quando Charles Darwin publicou a sua "Origem das EspĂ©cies", sĂ©culo e meio atrĂĄs, a ideia herĂ©tica de que o mundo nĂŁo havia sido criado nas vĂ©speras nĂŁo constituĂa propriamente uma novidade. A geologia, e em especial os estudos de Charles Lyell (que Darwin leu a bordo do Beagle), apontava jĂĄ para mudanças lentas, graduais, ao longo de perĂodos de tempo imensamente longos, que acabariam por gerar alteraçÔes profundas no rosto da Terra. Para um fundamentalista, a Terra talvez fosse o resultado de uma criação recente, tal como a BĂblia estabelecia; nĂŁo para um cavalheiro ilustrado na Londres do sĂ©culo 19.
E se assim era com a Terra, assim seria com as espĂ©cies que a habitavam. Ă um fato que Charles Lyell nunca deu esse passo: as alteraçÔes geolĂłgicas nĂŁo autorizavam qualquer tipo de "transmutação" das espĂ©cies. Mas a "transmutação" era jĂĄ corrente entre os cĂrculos letrados. Antes de viajar pelo mundo, recolhendo fĂłsseis com planos anatĂŽmicos semelhantes, mas nĂŁo iguais, aos exemplares mais contemporĂąneos, Darwin conhecia o essencial da literatura evolucionista. Conhecia Lamarck. E conhecia o seu avĂŽ, Erasmus Darwin. A ideia simpĂĄtica de que Deus criara tudo atravĂ©s de um Ășnico sopro; e que, a partir dele, as espĂ©cies se mantiveram constantes ao longo de milĂȘnios, nĂŁo era mais que isso: uma ideia simpĂĄtica.
Dito de outra forma: Darwin nĂŁo perturbou os seus contemporĂąneos ao desautorizar cientificamente a BĂblia; a revelação de um mundo mais antigo e mais "instĂĄvel" do que o GĂȘnesis revelava era, digamos, a parte menor do seu tratado.
A parte maior residia na explicação do mecanismo responsåvel por essa "instabilidade". De fato, o que perturbou os vitorianos foi a dimensão moral, ou amoral, da teoria.
O mundo de Darwin não era mais o mundo relativamente "ordenado" de William Paley, para quem tudo o que existia cumpria um sentido que era anterior e superior à mera transitoriedade do tempo. A natureza e as suas criaturas eram peças de um "relógio"; e existiam porque o supremo "relojoeiro" as criara daquela forma, destinadas a cumprir aquele propósito.
Darwin desautoriza essa versĂŁo: a natureza nĂŁo Ă© um "relĂłgio"; Ă© um estado de guerra, dominado pela competição de organismos que lutam pela sua sobrevivĂȘncia e reprodução. Ao negar o perfeito "mecanicismo" de Paley, Darwin regressava ao pessimismo de Thomas Malthus para quem a condição social dos homens jĂĄ era esse perpĂ©tuo campo de batalha. Em obra inultrapassĂĄvel sobre as consequĂȘncias morais do darwinismo, "Darwin and the Darwinian Revolution", conta a historiadora Gertrude Himmelfarb que nĂŁo foi difĂcil aos vitorianos, como nĂŁo Ă© difĂcil para os brasileiros, conciliar Darwin com a manutenção das suas crenças religiosas.
Mesmo a publicação posterior de "A DescendĂȘncia do Homem" (1871) permitiu que as ĂĄguas continuassem separadas: se o homem descendia do macaco, o macaco continuava a descender de Deus.
Aliås, não apenas o macaco; todas as leis de seleção natural que Darwin se limitara a revelar.
PorĂ©m, havia um outro desconforto que nĂŁo abandonava os vitorianos: o desconforto da orfandade. De que valia um Deus criador se ele jĂĄ nĂŁo era a "mĂŁo invisĂvel" que orientava a criação?
As lutas posteriores sĂŁo filhas dessa pergunta. Muitos aceitaram-na, reformulado o preceito bĂblico de dar a Deus o que Ă© de Deus e Ă ciĂȘncia o que Ă© da ciĂȘncia.
Muitos outros responderam Ă inquietação pela negação da teoria, uma espĂ©cie de retorno radical ao paraĂso perdido.
Mas a verdadeira tragĂ©dia nĂŁo veio com os "criacionistas" empedernidos. Veio com a descendĂȘncia bastarda de Darwin, para quem a pergunta os autorizava a transformar a ciĂȘncia em ideologia. Darwin retirara das mĂŁos de Deus o mecanismo seletivo. A descendĂȘncia bastarda retirava esse poder das mĂŁos da natureza para o entregar ao poder polĂtico.
Foi a receita para o desastre. Um desastre evitĂĄvel se a descendĂȘncia bastarda tivesse a intuição dos brasileiros para colocar a ciĂȘncia no seu lugar devido.
JoĂŁo Pereira Coutinho - Fonte: Folha de S.Paulo â 06/04/10.
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