PLANTA BLOGUEIRA
22/10/2008 -
MARILENE CAROLINA
JAPAN MIDORI-SAN
English:
http://www.reuters.com/article/lifestyleMolt/idUSTRE49K0LN20081021
Planta de 40 centĂmetros de altura Ă© colocada em frente a laptop em cafĂ© de Kamakura. O vegetal, batizado de Midori-san ("verde", em japonĂȘs), escreve em um blog diariamente, com a ajuda de um sensor de sinais elĂ©tricos e um computador que os traduz na lĂngua local. A ação faz parte de um projeto da Universidade de Keio.
Se conversar com as plantas faz ou nĂŁo com que elas cresçam melhor Ă© uma discussĂŁo antiga e, agora, ultrapassada. A nova questĂŁo Ă©: e se as elas pudessem responder? Talvez o melhor seja perguntar para Midori-san, uma planta japonesa de 40 centĂmetros de altura que escreve em seu blog diariamente, com a ajuda de um sensor de sinais elĂ©tricos e um computador que os traduz para o japonĂȘs.
Midori-san ("verde", em japonĂȘs) faz parte de um projeto da Universidade de Keio, no JapĂŁo. "QuerĂamos saber o que as plantas sentem e a que reagem onde nĂŁo podemos ver", disse Ă Reuters Satoshi Kuribayashi, um dos pesquisadores envolvidos no projeto.
A intensidade dos sinais elétricos na folha da planta, que reage à luz e ao toque humano, é medida por um sensor acoplado a ela. Esses dados são enviados a um computador, que usa um algoritmo para traduzir os sinais e outros fatores - como o clima ou a temperatura - em palavras, que são automaticamente postadas no blog de Midori-san (http://plant.bowls-cafe.jp/).
"Hoje o dia estava lindo e pude pegar bastante sol... Me diverti muito hoje.", diz em um post do blog. Em outro dia, a planta escreve: "Hoje estava nublado. Estava frio."
Segundo a Reuters, Kuribayashi diz esperar que, no futuro, o blog reflita ainda mais precisamente os sentimentos da planta.
Fonte: Terra - 22/10/08.
Universidade de Keio - http://www.keio.ac.jp/
XXIII PRĂMIO JOVEM CIENTISTA
Minas Gerais ganhou destaque na entrega do XXIII PrĂȘmio Jovem Cientista do Conselho Nacional de Desenvolvimento CientĂfico (CNPq), considerado um dos mais importantes da comunidade cientĂfica na AmĂ©rica Latina. Quatro estudantes mineiros e uma escola pĂșblica de Montes Claros, no Norte de Minas, tiveram trabalhos de pesquisa premiados, por promoverem a redução da desigualdade social. Minas teve representantes em quatro das cinco categorias da premiação, com destaque para alunos de instituiçÔes pĂșblicas e com trajetĂłria no ensino gratuito. O Jovem Cientista impulsiona a continuidade da formação desses estudantes e pode possibilitar que os projetos sejam transformados em polĂticas pĂșblicas. A aluna do curso de filosofia da PontifĂcia Universidade CatĂłlica de Minas Gerias (PUC Minas) Terezinha Cristina da Costa, 24, levou o primeiro lugar na categoria ensino superior ao criar um dicionĂĄrio temĂĄtico da LĂngua Brasileira de Sinais para que deficientes auditivos tenham acesso Ă linguagem acadĂȘmica. O dicionĂĄrio poderĂĄ ser distribuĂdo gratuitamente para as escolas e universidades pĂșblicas do paĂs. JĂĄ o primeiro lugar da categoria ensino mĂ©dio ficou com a ex-aluna do Centro Federal de Educação TecnolĂłgica (Cefet-MG) JĂșlia Soares, 18.
Ela fez um trabalho de divulgação de uma tĂ©cnica simples que transforma ĂĄgua poluĂda em ĂĄgua de boa qualidade. Com o prĂȘmio, ela espera conseguir recursos para divulgar melhor a tĂ©cnica. O terceiro lugar entre os alunos de ensino superior tambĂ©m ficou com uma mineira. A aluna do curso de CiĂȘncias Sociais da UFMG Mariana Gadoni Canaan fez uma pesquisa sobre o programa de assistĂȘncia estudantil promovido pela universidade. Na categoria de estudantes jĂĄ graduados, a ex-aluna do curso de Comunicação Social da UFMG Fernanda Souza alcançou o terceiro lugar com uma revista em ĂĄudio destinada a deficientes visuais. "O prĂȘmio Ă© importante para que possamos continuar investindo em projetos que possibilitem a inclusĂŁo", disse. A Escola Estadual Doutor Carlos Albuquerque, em Montes Claros, ganhou o MĂ©rito Institucional porque Ă© considerada, pelo CNPq, uma referĂȘncia de qualidade de ensino, uma vez que jĂĄ ganhou diversos prĂȘmios por projetos criados por seus alunos e professores. "NĂŁo temos um segredo. Tudo isso Ă© resultado de um esforço dos professores em despertar o interesse dos alunos em projetos cientĂficos", analisou a vice-diretora Berenice BrandĂŁo.
PrĂȘmio chega a R$ 30 mil
Nesta edição do Jovem Cientista foram 1.748 inscriçÔes de todo o paĂs em cinco categorias: graduado, estudante do ensino superior, estudante do ensino mĂ©dio e mĂ©rito institucional, para escolas de nĂvel mĂ©dio e superior que apresentarem o maior nĂșmero de pesquisas com mĂ©rito cientĂfico. As premiaçÔes em dinheiro chegam a R$ 30 mil. Os trabalhos vencedores serĂŁo publicados em livro para divulgação. (EM)
EugĂȘnio Martins - Fonte: O Tempo - 23/10/08.
Saiba mais:
http://www.agencia.fapesp.br/materia/9625/noticias/ganhadores-do-premio-jovem-cientista.htm
http://www.cnpq.br/saladeimprensa/noticias/2008/1022.htm
MEMĂRIAS QUENTES E GELADAS
Uma das questĂ”es que aparecem com freqĂŒĂȘncia quando se debate o aquecimento global Ă© o papel do Sol no clima da Terra. Sendo nossa principal fonte de energia, pode-se imaginar que variaçÔes na atividade solar afetam a quantidade de calor recebida aqui na Terra e, conseqĂŒentemente, o clima.
Em geral, esse tipo de questĂŁo vem daqueles que duvidam de que o aumento atual na temperatura global seja de fato causado por fatores antropogĂȘnicos, isto Ă©, gerados pelo homem -ou, mais precisamente, pela queima dos combustĂveis fĂłsseis que sustentam a mĂĄquina industrial do planeta. Segundo o argumento, um aumento da atividade solar nos Ășltimos cem anos poderia mais do que ultrapassar qualquer efeito oriundo de nossas atividades poluentes.
Estudos da irradiação solar mostram que a variação nos Ășltimos 2000 anos felizmente foi muito pequena: da ordem de 0,1% atĂ© no mĂĄximo 0,6%. Se fosse alta, mesmo que da ordem de apenas 5%, provavelmente nĂŁo estarĂamos aqui pensando sobre o aquecimento global. Note que variação nĂŁo Ă© o mesmo que aumento. A irradiação solar comporta-se como uma onda, aumentando e diminuindo ciclicamente. A variação Ă© a diferença entre o mĂĄximo e o mĂnimo de irradiação.
VariaçÔes de atĂ© 0,6% concentram-se principalmente em datas antigas, dada a dificuldade de obter dados precisos. Nos Ășltimos 300 anos, foi de 0,1%, em mĂ©dia. O pico de atividade tende a coincidir com o pico do chamado ciclo solar, que tem uma duração mĂ©dia de 11 anos. Um dos sintomas da atividade Ă© o nĂșmero de manchas que surgem na superfĂcie do Sol; quanto mais ativo, mais manchas aparecem. No auge de um ciclo, mais de cem manchas podem aparecer. Por outro lado, no mĂnimo de um ciclo, o nĂșmero pode ser de uma ou duas manchas. Ou, como nos meses de julho e agosto passados, nenhuma.
Quanto Ă questĂŁo do papel do Sol no aquecimento global dos Ășltimos cem anos e, principalmente, dos Ășltimos 15 anos, modelos de variação climĂĄtica usam uma variação na irradiação solar de 0,25%, ou seja, acima do valor medido de 0,1%. De fato, dados sobre a variabilidade na atividade solar sĂŁo pedidos aos especialistas da Nasa e de outras entidades que monitoram o comportamento do Sol justamente pelos profissionais que modelam o clima. A conclusĂŁo de um estudo de 2006 publicado na revista "Nature" [Foukal, Peter et al. (2006). Nature 443 (7108): 161-166] Ă© que Ă© pouco provĂĄvel que a variabilidade solar seja um fator relevante no aquecimento global. Os autores nĂŁo descartam o possĂvel efeito de outros tipos de radiação vinda do Sol, como a ultravioleta ou mesmo um aumento no fluxo de raios cĂłsmicos caindo sobre a Terra, mas essas causas nĂŁo parecem ser determinantes.
Olhando no sentido contrĂĄrio, para baixo do solo, Ă© possĂvel extrair informação sobre a variação climĂĄtica da Terra estudando depĂłsitos de gelo na AntĂĄrtida com idades que chegam a 800 mil anos. A neve soterrada sob um monte de 80 ou mais metros Ă© comprimida em gelo que fica denso o suficiente para ser impermeĂĄvel e imune a variaçÔes locais. Nele, em colunas de quilĂŽmetros de profundidade, ficam presas bolhas de ar contendo gĂĄs carbĂŽnico e oxigĂȘnio, cujas propriedades contam a histĂłria do clima no passado. Por exemplo, eras glaciais ocorrem em mĂ©dia a cada 100 mil anos, embora a sua relação com o ciclo solar ainda nĂŁo tenha sido definitivamente demonstrada.
Mesmo que o Sol tenha um efeito pequeno no aquecimento global atual, devemos tratĂĄ-lo com respeito. Se as variaçÔes aumentarem, a vida na Terra serĂĄ impossĂvel.
Marcelo Gleiser Ă© professor de fĂsica teĂłrica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "A Harmonia do Mundo". Fonte: Folha de S.Paulo - 19/10/08.
OĂSIS EM MINIATURA
Ă medida que os dias quentes de verĂŁo se aproximam, praças e parques reforçam seu papel de oĂĄsis urbanos. Basta visitar um desses locais para constatar: o calor diminui e a sensação Ă© mais agradĂĄvel. Mas uma nova pesquisa mostrou que nĂŁo Ă© apenas em grandes ĂĄreas verdes que esse benefĂcio Ă© possĂvel: cada ĂĄrvore constitui um microoĂĄsis. E, sozinha, consegue melhorar o conforto tĂ©rmico ao seu redor.
Quem apostou que isso se deve Ă sombra se enganou. O que a arquiteta Loyde Abreu descobriu em sua pesquisa de mestrado na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Ă© que a principal causa desse bem-estar Ă© o aumento da umidade relativa do ar.
Tome-se como exemplo o jambolĂŁo, que chega a perder 101 litros de ĂĄgua por dia (uma lavadora de roupas com capacidade para cinco quilos gasta 135 litros). A 10 m dessa ĂĄrvore, a umidade mĂ©dia Ă© de 68%, segundo Abreu. A 50 m de distĂąncia, esse Ăndice cai para 57%. A OMS (Organização Mundial da SaĂșde) considera preocupantes os Ăndices inferiores a 30%, pois trazem riscos Ă saĂșde.
SĂŁo essas gotĂculas que envolvem a planta que proporcionam o conforto -mesmo que a pessoa esteja sob o sol. A lĂłgica Ă© a mesma de um borrifo de ĂĄgua: a temperatura nĂŁo muda, mas a sensação Ă© de frescor.
Para a arquiteta PĂ©rola Felipette Brocaneli, professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o estudo comprova cientificamente algo que, atĂ© o momento, era alvo apenas de estimativas. "Ă um dado excelente, porque condiz com o que acredito ser necessĂĄrio para o sistema de resfriamento da cidade. A maior parte das pessoas nĂŁo tem esse conhecimento sobre a importĂąncia que uma Ășnica ĂĄrvore tem."
Além de aumentar a umidade do entorno, a vegetação também ajuda na absorção de parte da radiação que vem do Sol -ainda no caso do jambolão, a absorção promovida pela copa da årvore chega a 89%.
Os galhos e as folhas também atenuam a velocidade do vento -mais um dado positivo para o conforto térmico: o vento forte, além de incomodar a pele, espalha a umidade promovida pela årvore, fazendo com que ela não seja mais significativa, de acordo com Brocaneli.
"Isso pode ter pouca importùncia em espaços livres, mas pode ser um elemento muito importante em um påtio, por exemplo", diz Abreu.
Os efeitos dessa proteção verde jĂĄ foram alvo de diversos estudos. Um deles, realizado no Golfo PĂ©rsico, mostrou que a presença de vegetação reduzia as temperaturas internas das residĂȘncias e levava a uma queda de 65% no consumo de energia gasta com ar-condicionado.
Em Campinas, outro estudo mostrou que, nos dias mais quentes, a colocação de um vaso com ĂĄrvore diante de uma escola diminuĂa o desconforto tĂ©rmico em 98,1% dos casos.
Conforto
Mas como medir esse conforto? Para responder a essa pergunta, Loyde Abreu utilizou um método desenvolvido, também na Unicamp, pela arquiteta Mayra de Mattos Moreno.
Moreno entrevistou cerca de 90 pessoas em um bairro pouco arborizado de Campinas. Cada participante deveria escolher, dentre cinco cartÔes, a imagem que mais se aproximava de sua sensação térmica, indo do muito frio ao muito quente.
Enquanto isso, eram registrados dados como a temperatura e a umidade do ar, a velocidade do vento e as caracterĂsticas do entorno -presença de prĂ©dios, ĂĄrvores e revestimento do piso (o asfalto, por exemplo, emana mais calor do que a terra). TambĂ©m eram consideradas as roupas do entrevistado, incluindo textura e cor.
Ao relacionar as respostas subjetivas dos participantes com os dados objetivos dos equipamentos, Moreno viu que era possĂvel identificar em que situação a maioria das pessoas sentia conforto tĂ©rmico.
E, ao tentar determinar que situação era essa, ela percebeu que, além da temperatura, da velocidade do vento etc., um fator importante era a proximidade de årvores.
Na prĂĄtica, isso significa que quem estava rodeado por brita e cimento sentia desconforto tĂ©rmico. Mas, se houvesse uma ĂĄrvore com copa rala por perto, a sensação era tolerĂĄvel. E, quando a ĂĄrvore era frondosa, o relato era de conforto. A associação, ressalta Moreno, era fĂsica, e nĂŁo psicolĂłgica.
Para avaliar como as årvores influenciavam no conforto térmico, Loyde Abreu também registrou dados como temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do vento. Esses registros foram então comparados com os gråficos de zona de conforto elaborados por Moreno. Seus dados simulam a sensação de uma pessoa fazendo caminhada com roupas leves.
Espécies
Abreu avaliou quatro ĂĄrvores isoladas: um jambolĂŁo, uma mangueira, um jacarandĂĄ e um ipĂȘ -nas versĂ”es com folhas, sem folhas e com flores.
As mediçÔes mostraram por quanto tempo cada uma delas proporcionou conforto térmico ao longo de um dia. A 10 m de distùncia, ganhou a mangueira -com quatro horas.
O ipĂȘ com folhas foi a opção que ofereceu conforto tĂ©rmico por mais tempo (cinco horas) tanto a 25 m quanto a 50 m. Sem as folhas, o ipĂȘ promoveu conforto sĂł por duas horas.
Jambolão e jacarandå tiveram o mesmo resultado: duas horas de conforto térmico por dia, a uma distùncia de 10 m ou 25 m, e uma hora, a 50 m.
Segundo Brocaneli, o problema Ă© que a mangueira, por exemplo, nĂŁo Ă© recomendada para o ambiente urbano, por ter frutos grandes. "JĂĄ o ipĂȘ tem um tamanho excelente."
Em grupo
Abreu também avaliou um grupo de chuvas-de-ouro, com cinco årvores. Essa foi a opção que ofereceu mais conforto térmico à distùncia -10 horas por dia, a 50 m de distùncia.
Quanto maior o nĂșmero de ĂĄrvores, maior o efeito. E, nessa conta, um mais um nĂŁo sĂŁo dois -o efeito Ă© potencializado.
Uma årvore sozinha, embora melhore a sensação térmica, não diminui a temperatura. Jå um parque consegue fazer isso. Essa relação fica clara nos mapas do Atlas Ambiental de São Paulo (veja nas pågs. 6 e 7).
Os mapas mostram que as regiĂ”es mais frias de SĂŁo Paulo sĂŁo as mais arborizadas, como Interlagos. "A Serra da Canteira tem uma amenização de 5ÂșC a 6ÂșC em comparação Ă regiĂŁo da RepĂșblica", afirma Patricia Sepe, geĂłloga da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de SĂŁo Paulo. Na semana passada, diz, em um dos dias mais quentes do ano, a maior temperatura registrada foi de 36,8ÂșC, em SĂŁo Mateus -o bairro, na zona leste, Ă© um dos mais pobres da cidade. Pobre, tambĂ©m, de ĂĄrvores.
AmarĂlis Lage - Fonte: Folha de S.Paulo - 23/10/08.
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