O UNIVERSO
07/02/2008 -
MARILENE CAROLINA
LUA, VĂNUS E JĂPITER
English: http://www.seasky.org/astronomy/astronomy_calendar_2008.html; http://www.universetoday.com/2008/01/29/venus-and-jupiter-dazzle-the-eye-on-february-1/; http://www.earthsky.org/skywatching/venus-and-jupiter-before-sunrise-february-1
Argentina - O planeta VĂȘnus, Ă esquerda da Lua e no topo, Ă© visto em conjunção com JĂșpiter, embaixo e Ă direita, no nascer do sol em Buenos Aires.
Saiba mais:
http://www.ccvalg.pt/astronomia/noticias/2008/01/12_eventos_celestes_2008.htm
Spanish:
http://www.rosario3.com/tecnologia/noticias.aspx?idNot=25495
http://www.clarin.com/diario/2008/02/02/sociedad/s-05201.htm
Fonte: Terra - 04/02/08.
4° CENTENĂRIO - PADRE ANTONIO VIEIRA - CRONOLOGIA
1608 - AntĂŽnio Vieira nasce em 6 de fevereiro, em Lisboa
1614 - Sua famĂlia parte para o Brasil, chegando em janeiro de 1615; seu pai era escrivĂŁo do Tribunal da Relação, na Bahia, desde 1609
1623 - Ingressa no ColĂ©gio dos JesuĂtas em Salvador
1624 - Com a ocupação holandesa de Salvador, os jesuĂtas refugiam-se numa aldeia indĂgena, onde Vieira inicia seu trabalho de catequese
1626 - Transfere-se para o ColĂ©gio dos JesuĂtas de Olinda, onde leciona retĂłrica
1633 - Realiza seu primeiro sermĂŁo pĂșblico, o "SermĂŁo do Quarto Domingo da Quaresma", na igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, em Salvador
1634 - Em dezembro, Ă© ordenado padre e reza sua primeira missa
1640 - Prega "Pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal Contra as da Holanda"
1641 - Viaja a Lisboa e conhece o rei, dom JoĂŁo 4Âș
1642 - Apresenta sermĂŁo na Capela Real, em Lisboa
1644 - à nomeado pregador régio
1646 - Realiza missÔes diplomåticas na França e na Holanda, onde, nos anos seguintes, negociaria a devolução das terras invadidas no Nordeste brasileiro
1649 - No mesmo ano em que Ă© criada, por sugestĂŁo de Vieira, a Companhia Geral do ComĂ©rcio do Brasil, Ă© denunciado Ă Inquisição e pressionado a deixar os jesuĂtas, mas Ă© defendido pelo rei
1652 - Parte para o Brasil, liderando missĂ”es de catequização de Ăndios do MaranhĂŁo e do ParĂĄ. Defende-os contra a escravidĂŁo
1654 - Em 13 de junho, véspera do retorno a Portugal, prega o "Sermão de Santo AntÎnio aos Peixes". O navio é atacado por piratas, e Vieira só consegue falar com o rei no fim do ano
1655 - Retorna ao Brasil com plenos poderes para organizar as missĂ”es e os aldeamentos dos Ăndios
1659 - Escreve "Esperanças de Portugal, 5Âș ImpĂ©rio do Mundo", que seria usado como prova de profetismo pela Inquisição
1661 - Vieira e os jesuĂtas sĂŁo expulsos do MaranhĂŁo pelos colonos
1662 - A Inquisição instaura contra o padre processo por heresia
1663 - Ă desterrado para Coimbra
1664 - O Santo OfĂcio ordena a prisĂŁo de Vieira
1667 - A Inquisição o condena: o padre fica proibido de pregar e permanece preso
1668 - Em 12 de junho, o Santo OfĂcio concede anistia a Vieira, mantendo restriçÔes a certos assuntos de seus sermĂ”es
1669 - Parte para Roma buscando revisão da sentença
1673 - Prega, em Roma, para a rainha Cristina, da Suécia
1675 - Regressa a Lisboa, isento da Inquisição portuguesa por meio de carta do papa Clemente 10Âș
1679 - Inicia a publicação dos "SermÔes". Recusa o convite da rainha Cristina para ser seu confessor
1681 - Muda-se definitivamente para a Bahia
1688 - Ă nomeado visitador-geral da provĂncia jesuĂtica do Brasil, cargo que exerce atĂ© 1691
1696 - Redige o "SermĂŁo do FelicĂssimo Nascimento", para celebrar o nascimento da infanta dona Teresa; foi seu Ășltimo sermĂŁo
1697 - Termina a revisĂŁo do 12Âș volume dos "SermĂ”es". Morre em Salvador, em 18 de julho
Fonte: Folha de S.Paulo - 03/02/08.
ANO VIEIRINO
Eventos celebram os 400 anos do Padre Vieira:
6 DE FEVEREIRO
CerimĂŽnia de abertura, colĂłquios e lançamento do primeiro volume da obra crĂtica dos "SermĂ”es" (Imprensa Nacional/ Casa da Moeda de Portugal), na Academia das CiĂȘncias de Lisboa
Leituras de trechos da obra de Vieira; exibição de "Palavra e Utopia", filme de Manoel de Oliveira; e concerto, no Centro Cultural de Belém
Abertura de exposição iconogråfica e bibliogråfica na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa
7 DE FEVEREIRO
ConferĂȘncia "A outra pĂĄtria de Vieira", na Embaixada do Brasil em Lisboa
De 07 a 9/2, realizou-se o congresso internacional Quarto CentenĂĄrio do Nascimento de AntĂŽnio Vieira, na Universidade La Sapienza, em Roma
9 DE FEVEREIRO
Encontro Fé e Justiça 16, intitulado "Padre AntÎnio Vieira - Os Mesmos Desafios, Quatro Séculos Depois", em Lisboa
AGOSTO
A Unicamp realiza ciclo de seminĂĄrios que debatem temas comuns a Machado de Assis e AntĂŽnio Vieira
18 DE NOVEMBRO
Concerto de MĂșsica Barroca e cerimĂŽnia litĂșrgica, no mosteiro de SĂŁo Vicente de Fora, em Lisboa
De 18 a 21/11, acontece o Congresso Internacional Ver, Ouvir, Falar - O Grande Teatro do Mundo, realizado na faculdade de ciĂȘncias humanas da Universidade CatĂłlica Portuguesa e na faculdade de letras da Universidade de Lisboa
PUBLICAĂĂES NO BRASIL
"HistĂłria de AntĂŽnio Vieira" (de JoĂŁo LĂșcio de Azevedo; ed. Alameda) - InĂ©dito no Brasil, o livro do historiador portuguĂȘs (1855-1933) Ă© produzido em parceria com a CĂĄtedra Jaime CortesĂŁo, da USP, e tem prefĂĄcio de Pedro Puntoni.
"Ăndice das Cousas Mais NotĂĄveis" (org. Alcir PĂ©cora; ed. Hedra) - O livro, que contĂ©m anotaçÔes indexadas que o prĂłprio Vieira acrescentava Ă s ediçÔes de seus sermĂ”es, deve ser lançado em abril. A editora prepara ainda "Defesa Perante o Santo OfĂcio", um dos textos que o padre escreveu para o processo movido pela Inquisição
"HistĂłria de AntĂŽnio Vieira" (de JoĂŁo LĂșcio de Azevedo; Topbooks) - Outra versĂŁo do clĂĄssico de Azevedo, esta edição terĂĄ prefĂĄcio de Alcir PĂ©cora e deve ser lançada em maio
"Os SermÔes" (ed. Loyola) -Edição completa em oito volumes, com lançamento no segundo semestre
"Os Autos do Processo de Vieira na Inquisição" (de Adma Muhana; Edusp) - Reedição das atas do processo, com anotaçÔes da professora da USP, prevista para o segundo semestre
Fonte: Folha de S.Paulo - 03/02/08.
UM HOMEM, UM SĂCULO
A longa vida do padre AntĂŽnio Vieira praticamente coincide com o sĂ©culo 17. O que Ă© muito significativo. Foi o perĂodo em que se consolidaram e se ampliaram os valores da modernidade, um processo iniciado nos sĂ©culos anteriores e desencadeado pelo aumento do comĂ©rcio mundial, pelas viagens marĂtimas, pelo progresso cientĂfico, pelo Renascimento, pela descoberta da imprensa e da pĂłlvora.
O sĂ©culo 17 foi o sĂ©culo de instrumentos cientĂficos como o barĂŽmetro, o termĂŽmetro e o microscĂłpio, o sĂ©culo em que William Harvey descreveu a circulação do sangue, dando enorme impulso Ă medicina. O sĂ©culo de Isaac Newton, de RenĂ© Descartes, de Galileu Galilei, de Blaise Pascal, o sĂ©culo da introdução do logaritmo, o sĂ©culo do barroco. Ă o sĂ©culo de inconoclastas e satiristas como John Milton, La Fontaine, MoliĂšre, e, em pintura, de realistas sombrios como Rembrandt. FilĂłsofos como RenĂ© Descartes, John Locke e Baruch Spinoza defenderam a idĂ©ia de que se pode chegar Ă verdade mediante a observação empĂrica e o uso da razĂŁo.
O sĂ©culo 17 afirma o primado da racionalidade; sustenta que a experiĂȘncia deve suplantar o princĂpio da autoridade e que o ser humano pode aperfeiçoar-se mediante o aprendizado e a educação, com o que a histĂłria da humanidade transforma-se numa jornada de progresso contĂnuo.
A personalidade de Vieira foi tão extraordinåria quanto o século em que viveu. Tinha origem mestiça, o que influiu para que se tornasse um homem sem preconceitos.
Estudou com os jesuĂtas, ingressou na ordem contra a vontade da famĂlia, e passou assim a fazer parte de um grupo religioso que se destacava na Ă©poca, inclusive por sua abertura para a ciĂȘncia e para a cultura.
JĂĄ sacerdote, Vieira lutou contra a escravidĂŁo indĂgena; para ele, um grupo humano nĂŁo deveria ser julgado por estereĂłtipos e preconceitos. E nĂŁo tardou a demonstrĂĄ-lo na prĂĄtica. Quando dom JoĂŁo 4Âș assumiu o trono de Portugal, encerrando o perĂodo de domĂnio espanhol, viajou a Lisboa, acompanhando dom Fernando, filho do vice-rei do Brasil.
Conquistou a simpatia do soberano, de quem se tornou conselheiro. Foi enviado em missĂ”es diplomĂĄticas a vĂĄrios paĂses, inclusive a Holanda, onde havia uma grande comunidade de judeus expulsos de Portugal. Deu-se conta de que seu retorno resultaria em substanciais investimentos em Portugal e no Brasil e esforçou-se por atingir esse objetivo. Por suas posiçÔes independentes, tinha muitos inimigos; acabou preso pela Inquisição, e sĂł foi libertado por ordem papal.
Milenarismo: HĂĄ um aspecto na vida de Vieira que parece contradizer suas atitudes vanguardistas. Trata-se de seu conhecido milenarismo. A Ă©poca e o cenĂĄrio colaboraram para isso. Em 1580, o desaparecimento do jovem rei dom SebastiĂŁo, na batalha de AlcĂĄcer-Quibir, contra os mouros, gerou uma lenda que se propagaria por vĂĄrias geraçÔes e que animaria inclusive os rebeldes de Canudos. Era o sebastianismo, segundo o qual o mĂtico rei retornaria para devolver a Portugal a antiga grandeza, sob a forma de um Quinto ImpĂ©rio, que sucederia aos impĂ©rios dos assĂrios, dos medas, dos persas e dos romanos.
Essas idĂ©ias aparecem nos livros de Vieira "Clavis Prophetarum" (chave dos profetas) e "Esperanças de Portugal, 5Âș ImpĂ©rio do Mundo", inspirados pelas profecias do sapateiro Antonio Gonçalo Anes Bandarra (1500-1566), autor de trovas que supostamente preveriam o futuro de Portugal.
Para Vieira, quando o tempo chegar, Cristo reinarĂĄ por meio do papa e do rei de Portugal; os ritos judaicos voltarĂŁo a ser praticados numa JerusalĂ©m que reencontrarĂĄ sua antiga glĂłria. Mas, mesmo em seu milenarismo, Vieira mostrava-se sintonizado com o espĂrito da Ă©poca. Ăpoca confusa, um perĂodo em que, como lembra a historiadora Frances Yates, a astronomia convivia com a astrologia, a quĂmica com a alquimia, e a ciĂȘncia com a magia e a superstição. Disso sĂŁo exemplos Isaac Newton e Paracelso, os dois misturando o conhecimento cientĂfico com a alquimia e a astrologia. Lidos hoje, os textos de Vieira mostram uma surpreendente atualidade.
Ninguém é profeta em sua própria terra, mas não é preciso ter vocação profética para entender o rumo da história: a razão, o bom senso, a sabedoria são, para isso, mais que suficientes.
Moacyr Scliar - Fonte: Folha de S.Paulo - 03/02/08.
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