"HERROS" PUBLICITÃRIOS
02/10/2010 -
A JENTE HERRAMOS
VENEZA
English:
http://www.nytimes.com/2010/09/19/world/europe/19venice.html
ELISABETTA POVOLEDO
Diz a lenda que a ponte dos Suspiros, que liga o Palazzo Ducale a uma antiga prisão, deve seu nome ao fato de que dali os condenados viam pela última vez a lÃmpida laguna de Veneza.
Hoje, porém, a vista mais provavelmente seria a de um colossal outdoor anunciando joias Bulgari ou Coca-Cola sobre lonas azul-celeste, cravejadas de nuvens. Por trás delas estão as fachadas de frágeis monumentos em restauração, mas tais estruturas também geram faturamento publicitário.
Quando os outdoors da Coca foram colocados, meses atrás, diante dos prédios que ladeiam a Piazza San Marco -o coração histórico de Veneza-, alguns venezianos ficaram indignados.
"Não poderÃamos ficar quietos", disse Maria Camilla Bianchini d'Alberigo, presidente de uma associação de proteção do patrimônio histórico. "Aà já é demais", completou. A entidade dela, o Fondo Ambiente Italiano, denunciou a intrusão dos anúncios, gerando um debate na opinião pública.
"O que falta é um conjunto de critérios que torne a publicidade compatÃvel com o ambiente, para que os prédios não sejam ofendidos, e para que eles continuem visÃveis", afirmou ela. As autoridades municipais alegam que, sem esses outdoors, a cidade não poderia iniciar a manutenção dos seus monumentos históricos, muitos dos quais mostram a degradação resultante dos séculos de desgaste, exacerbada por um ambiente tão cheio de água.
Renata Codello, funcionária do Ministério da Cultura responsável pelos monumentos de Veneza, disse que "os anúncios pagam a restauração dos prédios públicos, que de outra maneira não seriam reparados". "Simplesmente não estamos em posição de dizer não ao dinheiro, não por razões estéticas. Não posso rejeitar a imagem de uma garrafa quando há pedaços do Palazzo Ducale caindo no chão."
Codello disse que seu departamento recebeu US$ 200 mil para restaurações desde o começo de 2010, bem aquém dos US$ 2,6 milhões a US$ 3,9 milhões que ela solicita anualmente para as situações mais precárias.
Mas Veneza, acrescentou Codello, possui relativamente poucos espaços publicitários nos andaimes, em comparação a cidades como Roma e Florença, onde os outdoors são bem mais presentes.
O Ministério da Cultura tem um orçamento de cerca de US$ 47 milhões para a restauração desses edifÃcios, mas a Itália possui um rico patrimônio arquitetônico, e as verbas são sempre apertadas. Dessa quantia, US$ 1,8 milhão foram alocados a toda a região do Vêneto, que inclui Veneza.
PatrocÃnios privados, outrora limitados a contribuições financeiras, se tornaram menos restritivos graças a uma lei de 2004 que permite que os doadores se envolvam diretamente nos projetos de restauração. Uma fonte do Ministério da Cultura disse que a mudança não teve grande efeito na arrecadação de recursos.
Em meio às discussões sobre até que ponto interesses empresariais deveriam se intrometer em atividades culturais, e embora empresas privadas há mais de uma década estejam ativas nisso -por meio de livrarias, restaurantes e serviços de venda de ingressos-, as autoridades encarregadas de preservar o patrimônio cultural da Itália continuam desconfiando do envolvimento comercial.
"Podemos aumentar a eficiência e melhorar os resultados, mas não podemos comercializar tudo", disse Alessandra Mottola Molfino, presidente da Italia Nostra, outra agência de proteção do patrimônio. "A lição que isso passa é que há um preço para tudo."
No caso da ponte dos Suspiros e do Palazzo Ducale, a prefeitura assinou há dois anos um acordo com o Dottor Group, a empresa responsável pela restauração, autorizando-a a vender espaço publicitário. Uma fase da restauração do palácio foi apresentada em setembro, e a empresa disse que esperar concluir as obras até outubro de 2011.
"Os cofres municipais estavam vazios, então tivemos de encontrar patrocinadores", disse o prefeito Giorgio Orsoni.
O Dottor Group prometeu arrecadar US$ 2 milhões durante três anos com a publicidade, que fica afixada sobre as lonas azuis com nuvens, criadas pelo fotógrafo Oliviero Toscani, conhecido por seus anúncios para a Benetton. Pietro Dottor, presidente da empresa, disse que prefere se "concentrar no trabalho, não nas polêmicas". "Estamos realizando projetos de alta qualidade com custo zero para a cidade. Isso que é importante."
O custo total da restauração do lado do palácio que dá para o canal da Canonica, incluindo a ponte dos Suspiros, chegará a US$ 3,6 milhões, e todo o faturamento publicitário irá para o projeto.
Mas entidades ligadas ao patrimônio acham que os anúncios deveriam ser mais contidos.
"Não é uma questão de radicalismo ideológico, mas de preocupação com o caráter invasivo dos anúncios em lugares delicados, como a Piazza San Marco", disse Bianchini d'Alberigo. Em Veneza, "existe um diálogo especial entre arquitetura, pedras, água e o homem, o que os anúncios rompem", disse.
Outros acreditam que poderia ser possÃvel arrecadar mais para a preservação por meio de doações diretas, ou colocando a própria prefeitura para vender os anúncios. É uma noção que Orsoni rejeita. "A Prefeitura não é agência de publicidade; não é o nosso negócio", disse.
Fonte: Folha de S.Paulo - 27/09/10.
Mais detalhes:
http://www.nytimes.com/2010/09/19/world/europe/19venice.html
PALHAÇADA PAULISTA
Crescem como capim os eleitores de Tiririca para deputado federal, por São Paulo. Pesquisas dizem que o palhaço pode ter mais de um milhão de votos, recorde nacional. Seu partido distribui revistinha em quadrinhos, convocando crianças para que "peçam (votos) à mamãe e ao papai", garantindo: "o que Tiririca aprendeu no circo vai aplicar na polÃtica".
O que Tiririca aprendeu no circo? "EquilÃbrio nas decisões, coragem ao se lançar na polÃtica, firmeza para domar os altos impostos, habilidade nas negociações, capacidade de dar grandes passos e uso dos poderes em favor do povo". Mundo estranho é São Paulo: só como prefeitos, já elegeu Maluf, Pitta, Marta Suplicy, Jânio Quadros, Luiza Erundina.
Paulo Navarro (http://www.pnc.com.br/) - Fonte: O Tempo - 27/09/10.
CHACRINHA ASSUMIU UM PEDAÇO DO JUDICIÃRIO
As eleições estão aà e pode-se temer que o glorioso Abelardo Chacrinha tenha buzinado uma ideia para alguns magistrados: "Eu vim pra confundir, não pra explicar".
A Lei da Ficha Limpa foi sancionada no dia 4 de junho deste ano. Um mês depois, o Ministério Público Federal ajuizou uma ação contra a candidatura do ex-senador Joaquim Roriz ao governo do Distrito Federal. Esse caso particular carregava consigo a discussão da constitucionalidade da lei, bem como sua aplicação neste pleito. O TRE de BrasÃlia cancelou o registro de Roriz, seus advogados recorreram ao Tribunal Superior Eleitoral e perderam. Numa instância a decisão demorou 25 dias, na outra, 19.
Em setembro, Roriz levou o caso ao Supremo Tribunal. Foi julgado 20 dias depois e acabou num empate de 5 x 5. A eleição será domingo, e os cidadãos não sabem o destino que tomarão alguns de seus votos. Consumiram-se 64 dias, e nada.
Quem entende de lei são os juÃzes, mas a patuleia entende de calendário. Apressando-se o ritual da Justiça estimulam-se decisões sumárias, levadas pela emoção, mas há litÃgios em que a razão pede um julgamento rápido. Durante a desorganizada sessão em que o Supremo julgou o caso, surgiu a proposta de se esperar a indicação do 11º ministro por Lula. Embutia a decisão de não decidir. Se a lei é constitucional, como entendeu o Supremo, e se o recurso do ficha-suja não foi concedido (por conta do empate), quanto vale a decisão anterior do TSE?
Em 2000, num caso mais premente, o Judiciário americano deu a Presidência dos Estados Unidos a George Bush 34 dias depois de uma eleição contestada. Noutra, de 1971, a Corte Suprema derrubou em 17 dias a tentativa de Richard Nixon de censurar os documentos da Guerra do Vietnã conhecidos como Pentagon Papers.
Em Pindorama está acontecendo o contrário. Em abril de 2009, provocado pelo deputado Miro Teixeira, o STF mandou ao lixo a Lei de Imprensa da ditadura e decidiu que por cá que não há censura. Desde então, diversos magistrados proibiram os meios de comunicação de publicar isto ou aquilo. Os humoristas tiveram que ir à rua para defender seu direito de propagar o riso. Ou o STF acabou com a censura para inglês ver, ou há juÃzes que não acreditam na sua decisão.
A buzina do Chacrinha soou mais alto com a confusão estabelecida em torno dos documentos que o cidadão deverá levar à seção eleitoral. Desde 1965 a choldra sabe que convém levar o tÃtulo de eleitor e, necessariamente, um documento de identidade com fotografia. Caso tenha esquecido o tÃtulo, se o seu nome está listado na seção eleitoral, vota com a carteira de identidade. É isso que manda o Código Eleitoral. Uma lei do ano passado entrou para complicar: mesmo que o eleitor tenha a carteira com fotografia, precisa do tÃtulo. Para quê? Se José Rousseff mostrou que é José Rousseff e seu nome está na lista de votação, qual a dúvida? Seguiu-se a lei básica da burocracia: em dúvida, complique. Os partidos polÃticos e a Justiça Eleitoral tiveram um ano para consertar o conflito. Faltam quatro dias para a eleição e ele ainda está de pé. Como diria o Velho Guerreiro, "o mundo está em dicotomia convergente, mas vai mudar".
Elio Gaspari - Fonte: Folha de S.Paulo - 29/09/10.
E NÓIS QUE PENSAVA QUE NUNCA ERRAVA!
CONTINUAMOS ERRANDO PROPOSITALMENTE...! HERRAR É UMANO!
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