OBRA-PRIMA QUE FALA...
02/11/2007 -
FALOU NO FM? TĂ FALADO!
LEONARDO DA VINCI
ItĂĄlia - A obra-prima do pintor renascentista italiano Leonardo Da Vinci começou a ser exibida hoje em versĂŁo digital em altĂssima definição, no antigo convento Santa Maria delle Grazie, no centro de MilĂŁo. O quadro virtual, realizado com a recomposição de mais de 1,6 mil fotografias da obra original registradas com tecnologia de ponta, poderĂĄ ser examinado nos mĂnimos detalhes.
Obra-prima de Da Vinci ganha versĂŁo digital em HD
A Ăltima Ceia, de Leonardo da Vinci, ganha uma versĂŁo digital em altĂssima definição. A partir deste sĂĄbado, um dos murais mais famosos do mundo poderĂĄ ser visto nos seus mĂnimos detalhes por meio de um computador, em qualquer parte do planeta.
A obra-prima virtual foi realizada recompondo 1.677 imagens registradas com tecnologia de ponta. O trabalho foi feito com a ajuda de uma tĂ©cnica especial de iluminação criada para nĂŁo danificar a pintura original. O material pictĂłrico Ă© muito sensĂvel Ă emissĂŁo de raios ultravioleta, assim como ao impacto tĂ©rmico do flash.
A Ăltima Ceia sobreviveu, sem nenhum arranhĂŁo, Ă s nove horas de sessĂ”es fotogrĂĄficas. Muito pouco perto dos quatro ou cinco anos gastos por Leonardo da Vinci para criar o original. O resultado Ă© um quebra-cabeças de 16.945.790.099 pixels que, juntos, formam o mural falso mais verdadeiro da histĂłria. Ela pode ser vista no site www.haltadefinizione.com.
Ao contrĂĄrio do que muitos pensam, o artista desenhou o mural com uma tĂ©cnica de pintura a seco e a Ăłleo, e nĂŁo a usada tradicionalmente em afrescos. Por isso, ele tem a delicadeza e a fragilidade de uma aquarela. Normalmente, A Ăltima Ceia Ă© exposta sob um tĂȘnue vĂ©u de luz indireta, apenas o suficiente para dar uma boa impressĂŁo a olho nu. E os visitantes estĂŁo proibidos de tirar fotografias, com ou sem flash. Eles devem guardar na memĂłria as impressĂ”es e as emoçÔes daquele momento Ășnico.
Todos os dias, quase mil admiradores desfilam diante do mural. Ele ocupa uma das paredes do refeitĂłrio do antigo convento Santa Maria delle Grazie, no centro de MilĂŁo. Os visitantes formam grupos de 25 pessoas e somente podem ficar 15 minutos diante da parede pintada pelo gĂȘnio italiano.
A cena, descrita na BĂblia, mostra o Ășltimo encontro de Jesus Cristo com os apĂłstolos e o anĂșncio da traição de Judas. Esta nĂŁo Ă© a primeira vez que a obra Ă© fotografada. No começo do sĂ©culo passado, A Ăltima Ceia foi retratada em preto e branco atravĂ©s da proteção de grandes vidros. E durante os anos 80, sempre de acordo com as tecnologias mais avançadas da Ă©poca, o mural tambĂ©m foi retratado em cores. Desta vez, a profundidade e nitidez cromĂĄticas reveladas pela mega-fotografia supera em duas vezes a qualidade das imagens digitais convencionais. Sofisticados programas de computador e processadores de Ășltima geração garantiram o sucesso da operação, impensĂĄvel pouco tempo atrĂĄs por causa das dimensĂ”es do mural, que mede 4,6 por 8,8 metros.
A obra-prima de Leonardo da Vinci foi feita entre os anos de 1494 e 1498. O mestre alternava momentos de intensa atividade com longas pausas. Ao longo dos sĂ©culos, as expressĂ”es e os gestos das figuras continuam a encantar geraçÔes. A herança artĂstica em versĂŁo digital irĂĄ proporcionar a cada curioso ou turista virtual uma visĂŁo tĂŁo prĂłxima da realidade como se fosse um restaurador trabalhando no mural, a poucos centĂmetros da parede.
A Ășltima restauração foi feita entre 1977 e 1999, pela italiana Pinin Brambilla. Ela foi passada a limpo e muitas partes originais foram reveladas depois de descobertas sob estratos de trabalhos anteriores. Outras foram irremediavelmente perdidas.
A Ăltima Ceia, versĂŁo digital, Ă© capaz de proporcionar ao pesquisador mais acurado a identificação dos traços intocĂĄveis do mestre e aqueles retoques mais recentes, realizados para recuperar o conjunto. Somente nĂŁo serĂĄ possĂvel respirar o cheiro da tinta e nem sentir mistĂ©rio na pele.
A obra representa um dos patrimĂŽnios artĂsticos mais estudados em todo o mundo. O mural continua sendo uma fonte inesgotĂĄvel de interpretaçÔes, leituras mĂsticas ou nĂŁo. Pesquisadores de fim de semana, diletantes, chegam atĂ© mesmo a encontrar partitura de mĂșsica e diĂĄlogos "lendo" o posicionamento das figuras.
O best-seller mundial O CĂłdigo da Vinci tambĂ©m tem com trama central a obra do artista. A Ăltima Ceia digital chega em boa hora. O original estĂĄ sendo ameaçado pela poluição ambiental. As partĂculas em suspensĂŁo sĂŁo trazidas pelos prĂłprios turistas, cerca de 350 mil ao ano. E jĂĄ se fala em fechamento por temporadas para a proteção da obra. VĂȘ-la na tela do computador pode servir de consolo e cada um vai poder dar asas Ă imaginação diante de um dos murais mais enigmĂĄticos jĂĄ feitos.
O projeto foi financiado, em parte, pelo Ministério para os Bens e as Atividades Culturais da Itålia.
BBC Brasil - Fonte: Terra - 27/10/07.
"Muito bom o Editorial - A Ditadura da Democracia. Concordo plenamente com vocĂȘs: Ainda assim, viva a Democracia." FM: Ă verdade! Graças Ă Democracia o Faculdade Mental estĂĄ no ar com toda essa liberdade.
"OlĂĄ!! Tudo bem? TĂȘm noticias da nossa turma??? NĂŁo poderĂamos unir o pessoal e fazer um churrasco, neste, eu juro que vou... Abraços!!!" FM: Essa Ă© para a galera que se formou na FNH no final de 2005. Entrem em contato com o FM para organizarmos uma confraternização antes do final do ano.
"O que vocĂȘs tĂȘm contra loiras, hein? Apesar disso, o 'Loicar' Ă© realmente muito engraçado." FM: Nada contra, pelo contrĂĄrio, sem elas, o Cantinho Humor poderia atĂ© ser um Fiasco!!!
"Essa Ă© para os bebedores de leite". FM: Charge disponibilizada na coluna "A Jente Herramos". Valeu!
"Ă coisa de alemĂŁo mesmo. Que logĂstica maluca aquela da Igreja. Vi na Internet que a Igreja somente chegou na outra cidade depois de 5 dias. E olha que foram somente 12 quilometros. Agradeço por divulgarem a matĂ©ria e os links, pois caso contrĂĄrio, acho que ficaria sem saber dessa loucura". FM: Isso Ă© que Ă© logĂstica. NĂłs do FM estamos sempre antenados para passar as novidades aos nossos leitores. Esperamos que os professores de logĂstica se aprofundem mais sobre tema e transmitam aos seus alunos todo o planejamento e os estudos para o transporte dessa igreja.
"Vejam que frase oportunista: ACHEI QUE ESTAVA MORRENDO POR CAUSA DA CACHAĂA... UFA, ERA O LEITE!!!". FM: Brincadeiras Ă parte, Ă© uma frase para se pensar muito seriamente.
"Olha! Dei boas risadas com os links para a Tropa de Elite Argentina e Gaivota Meliante. Tudo de bom!". FM: Concordamos com vocĂȘ. O Eu Digital dessa semana tambĂ©m estĂĄ muito bom. Confira!
UM OPERĂRIO CHEGA AO PARAĂSO
O Leitor jĂĄ deve ter percebido que oscilo entre os resmungos e a reflexĂŁo, e isso vale tambĂ©m tanto para filhos e netos, companheira, amigos quanto para o prĂłprio paĂs. E ocorre aleatoriamente, ao sabor dos acontecimentos e de sĂșbitas sacaçÔes, nem sempre originais. Ă como na poesia: cheiro de tangerina tem alguma coisa de novo? Claro que nĂŁo, mas pode me arrastar a inesperadas indagaçÔes.
E mais ou menos assim foi quando reparei que o conflito que se daria entre a classe operĂĄria e a burguesia dar-se-ia agora -depois da derrocada do socialismo real- entre pobres e ricos. Alguma novidade? NĂŁo, mas leva a outras coisas.
Por exemplo: o que representa a chegada de Lula ao poder no Brasil? Ă a vitĂłria da classe operĂĄria? Mas o vice dele nĂŁo Ă© um empresĂĄrio rico? E a polĂtica econĂŽmica que seu governo pratica nĂŁo Ă© a mesma do governo anterior, que ele denunciava como neoliberal? EntĂŁo, o que de fato ocorreu, quem chegou ao poder no paĂs com as eleiçÔes de 2002?
Ă essa uma pergunta ociosa? Pode ser, mas quem perde tempo especulando acerca de um cheiro de tangerina Ă© capaz de tudo. Vou tentar respondĂȘ-la, ainda que me faltem os recursos prĂłprios a um cientista social. E a primeira coisa que me ocorre Ă© a lembrança de que, num passado jĂĄ longĂnquo, GetĂșlio Vargas, ao mesmo tempo em que concedeu aos trabalhadores direitos de que nĂŁo usufruĂam, passou a manipulĂĄ-los, usando, para isso, o imposto sindical e o pelego -anulando assim a ação aliciatĂłria dos comunistas. Deposto pelos militares em 1945, voltou cinco anos depois, nos braços do povo, para, em 1954, suicidar-se.
O seu herdeiro entre os trabalhadores era JoĂŁo Goulart que, chegado Ă presidĂȘncia com a renĂșncia de JĂąnio Quadros, foi tambĂ©m derrubado pelos militares em 1964. Se Ă quela altura, jĂĄ no contexto da Guerra Fria (que alimentava o anticomunismo), pelegos e comunistas se haviam tornado aliados, foram indistintamente expulsos da vida sindical e de toda atividade polĂtica pela ditadura que se implantara.
Esse fato assinala, sem dĂșvida, o fim de um perĂodo na histĂłria da luta sindical no Brasil. Os comunistas vĂŁo para a clandestinidade, os sindicatos passam Ă s mĂŁos de dirigentes coniventes com o regime autoritĂĄrio. Acabam-se as greves e calam-se as reivindicaçÔes.
O ressurgimento da luta sindical, que se verifica no ABC paulista, na dĂ©cada de 1970, nĂŁo tem qualquer vĂnculo com aquele passado: brota da pregação da esquerda catĂłlica junto a uma nova liderança sindical, a que se juntarĂŁo militantes contrĂĄrios ao regime militar, alguns advindos da fracassada luta armada. Aliam-se ideĂłlogos sem massa e um lĂder sindical sem ideologia, mas com massa, que atendia pelo apelido de Lula -e nasce o PT. Esse lĂder sindical sem ideologia poderia lembrar de algum modo o antigo pelego, com a diferença fundamental de que nĂŁo era manipulado pela classe dominante, e com um traço semelhante: o uso da liderança em causa prĂłpria.
O que importa, porĂ©m, Ă© que esse sindicalismo se opĂ”e ao governo militar e, ao reivindicar os direitos dos trabalhadores, exige implicitamente a volta da democracia, alĂ©m de reafirmar o sonho socialista de uma sociedade justa e igualitĂĄria. Mas, finda a ditadura, quando, em 1990, Lula se candidata Ă PresidĂȘncia da RepĂșblica com um discurso radical de esquerda, Ă© derrotado, e o mesmo ocorre, sucessivamente, em 1994 e 1998.
Eis então que, em 2002, ele obriga o PT a aceitar as suas condiçÔes para voltar a candidatar-se: chama um empresårio para a chapa presidencial, transmuda-se em Lulinha paz e amor e adota um programa de governo palatåvel para a maioria do eleitorado.
Se se observa bem, o ultimato que Lula deu ao PT foi um choque de realidade, com que assume seu verdadeiro papel de lĂder conciliador, nĂŁo-ideolĂłgico e pragmĂĄtico, ao mesmo tempo em que pĂ”e o PT face a face com sua condição de partido ideologicamente superado pelo fim do socialismo real.
O empresariado, que se assustara com uma possĂvel vitĂłria de Lula, verificou em seguida que nĂŁo havia o que temer. Houve, sem dĂșvida, uma mudança na correlação de forças, mas uma mudança polĂtica apenas, em que um lĂder de origem operĂĄria, em vez de ser usado pelo poder, agora o assume, nĂŁo para mudar o sistema econĂŽmico, mas, sim, para preservĂĄ-lo.
O conflito classe operĂĄria versus burguesia pertence ao passado das ideologias, restando a Lula o papel conciliador de presidente de todos os brasileiros e protetor dos pobres, que se satisfazem com trĂȘs refeiçÔes por dia.
Ferreira Gullar - Fonte: Folha de S.Paulo - 28/10/07.
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