ZILDA ARNS
15/01/2010 -
MANCHETES DA SEMANA
MISSÃO HUMANITÃRIA
English:
http://www.care2.com/c2c/share/detail/1357605
A médica pediatra e fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, morreu vÃtima do terremoto de 7 graus de magnitude que atingiu o Haiti dia 12 de janeiro.
Zilda estava em Porto PrÃncipe, capital do Haiti, para uma missão humanitária e faria uma palestra nesta quarta-feira. Segundo Rubens Arns Neumann, um dos filhos de Zilda, ela estava discursando em uma igreja no momento do terremoto. (leia Ãntegra da palestra abaixo).
Zilda era irmã do cardeal dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo. Em nota, ele disse que ouviu emocionado a notÃcia que sua "carÃssima" irmã sofreu "com o bom povo do Haiti o efeito trágico do terremoto". Para o religioso, não é hora de perder a esperança.
"Que nosso Deus, em sua misericórdia, acolha no céu aqueles que na terra lutaram pelas crianças e os desamparados. Não é hora de perder a esperança", diz dom Paulo na nota.
Nascida em 1934, Zilda era representante da CNBB (Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil) e fundadora também da Pastoral da Pessoa Idosa.
Ela também era membro do Conselho Nacional de Saúde e membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
Viúva e mãe de cinco filhos, ela era empenhada em causas ligadas ao combate à mortalidade infantil, desnutrição e violência familiar. Ela chegou a ser indicada ao prêmio Nobel da Paz em 2006 e recebeu outros diversos prêmios.
Repercussão
PolÃticos, lÃderes religiosos e entidades sociais lamentaram a morte de Zilda Arns. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva interrompeu hoje a cerimônia de lançamento de ações do governo para a Copa de 2014 para pedir um minuto de silêncio em memória das vÃtimas do terremoto. Ele também decretou luto de três dias no paÃs.
Além de Lula, os governadores de São Paulo, José Serra (PSDB), de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), e do Paraná, Roberto Requião (PMDB), também decretaram luto oficial de três dias.
Em nota, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso destacou o trabalho feito por Zilda na Pastoral da Criança, que segundo ele contribuiu para reduzir as taxas de mortalidade infantil no Brasil. Para o ex-presidente, o trabalho que ela fez deve servir de exemplo e estimular "todos que desejam um Brasil melhor".
Fabiano Maisonnave/Márcio Falcão - Fonte: Folha online - 14/01/10.
PASTORAL DA CRIANÇA
http://www.pastoraldacrianca.org.br/
TRIBUTO
Deve-se a Zilda Arns, que morreu em consequência do terremoto no Haiti, a decisão de realizar em Belém (PA) o próximo encontro entre o CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) brasileiro e o Cese (Comitê Econômico e Social Europeu). Na reunião anterior, em julho, em Bruxelas, os europeus criticaram a ocupação da Amazônia. Zilda rebateu. Disse que, primeiro, eles deveriam conhecer a região, como ela fez por meio da Pastoral da Criança. Os temas da reunião, de 24 a 26 deste mês, são desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas. Haverá visita a pontos da floresta amazônica e palestra sobre povos indÃgenas.
Mônica Bergamo - Fonte: Folha de S.Paulo - 14/01/10.
MEMÓRIA
Uma das principais divergências de Zilda Arns com o governo Lula ocorreu logo após a eleição de 2002, quando do lançamento do Fome Zero. Ela criticava a distribuição de cupons prevista no programa porque eles "poderiam levar à corrupção".
À época, Zilda sugeriu: "É melhor dar diretamente o dinheiro à s mulheres, que têm uma inteligência difusa maior". Dois anos depois, o decreto que criou o Bolsa FamÃlia ordenou que o titular do cartão deve ser preferencialmente a mulher.
SÃlvio Navarro - Fonte: Folha de S.Paulo - 14/01/10.
TRAGÉDIA COMO EXEMPLO
Em qualquer paÃs do mundo, uma tragédia como a que atingiu o Haiti, nesta terça-feira, não teria como deixar de provocar reações de extrema consternação e prontas iniciativas de solidariedade internacional.
Parece haver, entretanto, uma contingência de particular crueldade no fato de o terremoto, de grande intensidade, ter ocorrido no paÃs mais pobre das Américas, que em 2008 fora castigado por uma sequência de tempestades tropicais, da qual resultou cerca de um milhão de desabrigados.
Com um total de 9 milhões de habitantes, o Haiti tem uma renda per capita anual de US$ 1.300, que corresponde a um terço da registrada na BolÃvia. O analfabetismo atinge 45% dos adultos; o Ãndice de mortalidade infantil, de 49 crianças por mil nascidas vivas, é duas vezes maior do que a média brasileira.
Não bastasse isso, a polÃtica haitiana foi varrida pela violência civil na primeira metade desta década. A intervenção das forças da ONU, a partir de 2004, vinha recentemente trazendo alguma estabilidade ao paÃs.
O desastre no Haiti concerne de modo especial o Brasil, que assumiu papel preponderante nos esforços internacionais de pacificação e reconstrução daquele paÃs.
Em meio à precariedade das informações até agora, confirma-se a morte de mais de uma dezena de militares brasileiros.
Ao lado dessas vÃtimas -sacrificadas, para honra do paÃs, durante uma missão de paz-, lamenta-se igualmente a perda de Zilda Arns, médica brasileira cuja atuação na luta contra a pobreza e a mortalidade infantil, à frente da Pastoral da Criança, adquiriu amplo reconhecimento mundial.
Da cidade de Florestópolis (PR), onde iniciou seu trabalho em 1982 (diminuindo, em um ano, de 12,8% para 2,7% o Ãndice de mortalidade infantil), estendeu a 2 milhões de crianças e 80 mil gestantes o número de beneficiados pelo programa no Brasil. O modelo da Pastoral da Criança foi seguido internacionalmente. Assim como fizera em vários paÃses, Zilda Arns visitava o Haiti para levar, de viva voz, sua experiência e sua mensagem.
Aos 75 anos, morreu sem desistir do propósito, certamente distante, mas não impossÃvel, de vencer a miséria e tornar mais digna a vida humana.
Diante de mais essa tragédia, num paÃs que não cessa de lutar contra o próprio destino, cabe sem dúvida guardar seu exemplo: o de não ceder ao desespero, e recomeçar, ainda uma vez, o trabalho da reconstrução. Ao Brasil cabe participar, com os recursos materiais e humanos de que já dispõe, dos esforços internacionais nesse sentido.
Editoriais - Fonte: Folha de S.Paulo - 14/01/10.
NOBEL DA PAZ BRASILEIRO
Zilda Arns foi o que todas nós, ou muitas de nós, gostarÃamos de ser ou de ter sido: uma mulher de infinita dedicação à s suas crianças, à sua gente, ao seu paÃs e ao seu mundo.
Ela morreu como viveu: chacoalhando em desconfortáveis jipes militares, aos 75 anos, numa guerra contra a pobreza, a sujeira, a ignorância. A favor da vida. Morreu para que tantos outros vivessem no pequeno Haiti, o mais miserável paÃs da América Latina, quase um encrave da Ãfrica pobre na região.
Médica, especializada em educação fÃsica e pediatria, coordenadora da Pastoral da Criança da CNBB, Zilda foi indicada três vezes pelo Brasil para o Prêmio Nobel da Paz.
Merecia, e seria uma honra para cada um de nós. Mas ela não era só brasileira, era do mundo.
Suas soluções simples, baratas e enormemente eficazes cruzaram fronteiras e foram salvar vidas em 15, 20 paÃses pobres da América Latina e da Ãfrica. Coisas assim como lavar as mãos, tomar banho, aproveitar os alimentos até o último detalhe. Quem não leu sobre macerar cascas de ovos para adicionar cálcio à alimentação de pobres? Quem não sabe da mistura caseira para salvar crianças de desnutrição e desidratação?
Sua história e seus ideais se confundem com os de um Ãcone mundial, que foi Madre Tereza de Calcutá. Mas Zilda não era freira, não usava hábito e dedicou sua vida à vida alheia, mantendo-se bonita, vaidosa, imensamente feminina. Não interpretou um papel. Era apenas ela mesma em ação.
Se Zilda Arns tivesse morrido de uma doença qualquer, de um acidente qualquer, mesmo assim sua morte teria imensa repercussão e geraria uma tristeza nacional. Quis o destino, ou a sua saga, que ela morresse no Haiti, num terremoto.
Torna-se, portanto, uma personagem única, cercado por sÃmbolos e exemplos que deixam marcas, rastros. Zilda, definitivamente, não passou pela vida em vão.
Eliane Cantanhêde - Fonte: Folha de S.Paulo - 14/01/10.
ZILDA ARNS, A MÃE DO BRASIL
Pode-se repetir que ninguém é insubstituÃvel, mas a dra. Zilda Arns, vÃtima do terremoto que arruinou o Haiti, era, sim, uma pessoa imprescindÃvel. Nela mostrava-se imperceptÃvel a distância entre intenções e ações. Formada em medicina e movida por profundo espÃrito evangélico -era irmã do cardeal dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo-, fundou a Pastoral da Criança, alarmada com o alto Ãndice de mortalidade infantil no Brasil.
Em iniciativas de voluntariado podem-se mapear dois tipos de pessoas: as que, primeiro, agem, põem o bloco na rua e depois buscam os recursos, e as que se enredam no cipoal das fontes financiadoras e jamais passam da utopia à topia.
Zilda Arns arregaçou as mangas e, inspirada na pedagogia de Paulo Freire, encontrou, primeiro, recursos humanos capazes de mobilizar milhares de pessoas em prol da drástica redução da mortalidade infantil: mães e pais das crianças de 0 a seis anos atendidas pela pastoral transformados em agentes multiplicadores.
Ela, sim, fez o milagre da multiplicação dos pães, ou seja, da vida. Aonde chega a Pastoral da Criança, o Ãndice de mortalidade infantil cai, no primeiro ano, no mÃnimo 20%. Seu método de atenção à s gestantes pobres e à s crianças desnutridas tornou-se paradigma mundial, adotado hoje em vários paÃses da América Latina e da Ãfrica. Por essa razão, ela estava no Haiti, onde pagou com a morte sua dedicação em salvar vidas.
Trabalhamos juntos no Fome Zero.
No lançamento do programa, em 2003, ela discordou de exigir dos beneficiários comprovantes de gastos em alimentos, de modo a garantir que o dinheiro não se destinasse a outras compras. Oded Grajew e eu a apoiamos: ressaltamos que apresentar comprovantes não era relevante, valia como forma de verificar resultados. Haveria que confiar na palavra dos beneficiários.
Em março de 2004, no momento em que o governo trocava o Fome Zero pelo Bolsa FamÃlia, ela me convocou a Curitiba, sede da Pastoral da Criança. Em reunião com José Tubino, da FAO, e dom Aloysio Penna, arcebispo de Botucatu (SP), que representava a CNBB, debatemos as mudanças na área social do governo. Expus as tensões internas na área social, sobretudo a decisão de acabar com os comitês gestores, pelos quais a sociedade civil atuava na gestão pública.
Zilda Arns temia que o Bolsa FamÃlia priorizasse a mera transferência de renda, submetendo-se à orientação que propõe tratar a pobreza com polÃticas compensatórias, sem tocar nas estruturas que promovem e asseguram a desigualdade social.
Acreditava que as polÃticas sociais do governo só teriam êxito consolidado se combinassem polÃticas de transferência de renda e mudanças estruturantes, ações emergenciais e educativas, como qualificação profissional.
Dias após a reunião, ela publicou, neste espaço da Folha, o artigo "Fôlego para o Fome Zero", no qual frisava que a polÃtica social "não deve estar sujeita à polÃtica econômica. É hora de mudar esse paradigma. É a polÃtica econômica que deve estar sujeita ao combate à fome e à miséria".
E alertava: "Erradicar os comitês gestores seria um grave erro, por destruir uma capilaridade popular que fortalece o empoderamento da sociedade civil; (...) por reforçar o poder de prefeitos e vereadores que nem sempre primam pela ética e pela lisura no trato com os recursos públicos. O governo não deve temer a parceria da sociedade civil, representada pelos comitês gestores".
O apelo da mãe da Pastoral da Criança não foi ouvido. Os comitês gestores foram erradicados e, assim, a participação da sociedade civil nas polÃticas sociais do governo. Apesar de tudo, o ministro Patrus Ananias logrou aprimorar o Bolsa FamÃlia e o Ãndice de redução da miséria absoluta no paÃs, conforme dados recentes do Ipea. Falta encontrar a porta de saÃda aos beneficiários, de modo a produzirem a própria renda.
Zilda Arns nos deixa, de herança, o exemplo de que é possÃvel mudar o perfil de uma sociedade com ações comunitárias, voluntárias, da sociedade civil, ainda que o poder público e a iniciativa privada permaneçam indiferentes ou adotem simulacros de responsabilidade social.
Se milhares de jovens e adultos brasileiros sobreviveram às condições de pobreza em que nasceram, devem isso em especial à dra. Zilda Arns, que merece, sem exagero, o titulo perene de mãe da pátria.
Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto (http://www.freibetto.org/), 65, frade dominicano, é assessor de movimentos sociais e escritor, autor de "A Mosca Azul - Reflexão sobre o Poder" (Rocco), entre outros livros. Foi assessor especial da Presidência da República (2003-2004). - Fonte: Folha de S.Paulo - 14/01/10.
ÃNTEGRA DA PALESTRA
Agradeço o honroso convite que me foi feito. Quero manifestar minha grande alegria por estar aqui com todos vocês em Porto PrÃncipe, Haiti, para participar da assembleia de religiosos.
Como irmã de dois franciscanos e de três irmãs da Congregação das Irmãs Escolares de Nossa Senhora, estou muito feliz entre todos vocês. Dou graças a Deus por este momento.
Na realidade, todos nós estamos aqui, neste encontro, porque sentimos dentro de nós um forte chamado para difundir ao mundo a boa notÃcia de Jesus. A boa notÃcia, transformada em ações concretas, é luz e esperança na conquista da Paz nas famÃlias e nas nações. A construção da paz começa no coração das pessoas e tem seu fundamento no amor, que tem suas raÃzes na gestação e na primeira infância, e se transforma em fraternidade e responsabilidade social.
A paz é uma conquista coletiva. Tem lugar quando encorajamos as pessoas, quando promovemos os valores culturais e éticos, as atitudes e práticas da busca do bem comum, que aprendemos com nosso mestre Jesus: "Eu vim para que todos tenham vida e a tenha em abundância" (Jo 10.10).
Espera-se que os agentes sociais continuem, além das referências éticas e morais de nossa Igreja, ser como ela, mestres em orientar as famÃlias e comunidades, especialmente na área da saúde, educação e direitos humanos. Deste modo, podemos formar a massa crÃtica das comunidades cristãs e de outras religiões, em favor da proteção da criança desde a concepção, e mais excepcionalmente até os seis anos, e do adolescente. Devemos nos esforçar para que nossos legisladores elaborem leis e os governos executem polÃticas públicas que incentivem a qualidade da educação integral das crianças e saúde, como prioridade absoluta.
O povo seguiu Jesus porque ele tinha palavras de esperança. Assim, nós somos chamados para anunciar as experiências positivas e os caminhos que levam as comunidades, famÃlias e pais a serem mais justos e fraternos.
Como discÃpulos e missionários, convidados a evangelizar, sabemos que força propulsora da transformação social está na prática do maior de todos os mandamentos da Lei de Deus: o amor, expressado na solidariedade fraterna, capaz de mover montanhas: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos" significa trabalhar pela inclusão social, fruto da Justiça; significa não ter preconceitos, aplicar nossos melhores talentos em favor da vida plena, prioritariamente daqueles que mais necessitam. Somar esforços para alcançar os objetivos, servir com humildade e misericórdia, sem perder a própria identidade. Todo esse caminho necessita de comunicação constante para iluminar, animar, fortalecer e democratizar nossa missão de fé e vida. Cremos que esta transformação social exige um investimento máximo de esforços para o desenvolvimento integral das crianças. Este desenvolvimento começa quanto a criança se encontra ainda no ventre sagrado da sua mãe. As crianças, quando estão bem cuidadas, são sementes de paz e esperança. Não existe ser humano mais perfeito, mais justo, mais solidário e sem preconceitos que as crianças.
Não é por nada que disse Jesus: "... se vocês não ficarem iguais a estas crianças, não entrará no Reino dos Céus" (MT 18,3). E "deixem que as crianças venham a mim, pois deles é o Reino dos Céus" (Lc 18, 16).
Hoje vou compartilhar com vocês uma verdadeira história de amor e inspiração divina, um sonho que se fez realidade. Como ocorreu com os discÃpulos de Emaús (Lc 24, 13-35), "Jesus caminhava todo o tempo com eles. Ele foi reconhecido a partir do pão, sÃmbolo da vida." Em outra passagem, quando o barco no Mar da Galileia estava prestes a afundar sob violentas ondas, ali estava Jesus com eles, para acalmar a tormenta. (Mc 4, 35-41).
Com alegria vou contar o que "eu vi e o que tenho testemunhado" a mais de 26 anos desde a fundação da Pastoral da Criança, em setembro de 1983.
Aquilo que era uma semente, que começou na cidade de Florestópolis, Estado do Paraná, no Brasil, se converteu no Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, presente em 42 mil comunidades pobres e nas 7.000 paróquias de todas as Dioceses da Brasil.
Por força da solidariedade fraterna, uma rede de 260 mil voluntários, dos quais 141 mil são lÃderes que vivem em comunidades pobres, 92% são mulheres, e participam permanentemente da construção de um mundo melhor, mais justo e mais fraterno, em serviço da vida e da esperança. Cada voluntário dedica em média 24 horas ao mês a esta missão transformadora de educar as mães e famÃlias pobres, compartilhar o pão da fraternidade e gerar conhecimentos para a transformação social.
O objetivo da Pastoral da Criança é reduzir as causas da desnutrição e a mortalidade infantil, promover o desenvolvimento integral das crianças, desde sua concepção até o seis anos de idade. A primeira infância é uma etapa decisiva para a saúde, a educação, a consolidação dos valores culturais, o cultivo da fé e da cidadania com profundas repercussões por toda a vida.
Um pouco de história:
Sou a 12ª de 13 irmãos, cinco deles são religiosos. Três irmãs religiosas e dois sacerdotes franciscanos. Um deles é D. Paulo Evaristo, o Cardel Arns, Arcebispo emérito de São Paulo, conhecido por sua luta em favor dos direitos humanos, principalmente durante os vinte anos da ditadura militar do Brasil.
Em maio de 1982, ao voltar de uma reunião da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, D. Paulo me chamou pelo telefone a noite. Naquela reunião, James Grant, então diretor executivo da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), falou com insistência sobre o soro oral. Considerado como o maior avanço da medicina no século passado, esse soro era capaz de salvar da morte milhões de crianças que poderiam morrer por desidratação devido a diarreia, uma das principais causas da mortalidade infantil no Brasil e no mundo. James Grant conseguiu convencer a D. Paulo para que motivasse a Igreja Católica a ensinar as mães a preparar e administrar o soro oral. Isto podia salvar milhares de vidas.
Viúva fazia cinco anos, eu estava, naquela noite história, reunida com os cinco filhos, entre os nove e dezenove anos, quando recebi a chamada telefônica do meu irmão D. Paulo. Ele me contou o que havia passado e me pediu para refletir sobre ele. Como tornar realidade a proposta da Igreja de ajudar a reduzir a morte das crianças? Eu me senti feliz diante deste novo desafio. Era o que mais desejava: educar as mães e famÃlias para que soubessem cuidar melhor de seus filhos!
Creio que Deus, de certo modo, havia me preparado para esta missão. Baseada na minha experiência como médica pediatra e especialista em saúde pública e nos muitos anos de direção dos serviços públicos de saúde materna-infantil, compreendi que, além de melhorar a qualidade dos serviços públicos e facilitar às mães e crianças o acesso a eles, o que mais falta fazia às mães pobres era o conhecimento e a solidariedade fraterna, para que pudessem colocar em prática algumas medidas básicas simples e capazes de salvar seus filhos da desnutrição e da morte, como por exemplo a educação alimentar e nutricional para as grávidas e seus filhos, a amamentação materna, as vacinas, o soro caseiro, o controle nutricional, além dos conhecimentos sobre sinais e sintomas de algumas doenças respiratórias e como as prevenir.
Me vem a mente então a metodologia que utilizou Jesus para saciar a fome de 5.000 homens, sem contar as mulheres e as crianças. Era noite e tinham fome. Os discÃpulos disseram a Jesus que o melhor era que deixassem suas casa, mas Jesus ordenou: "Dai-lhes vós de comer". O apóstolo Felipe disse a Jesus que não tinham dinheiro para comprar comida para tanta gente. André, irmão de Simão, sinalou a uma criança que tinha dois peixes e cinco pães. E Jesus mandou que se sentassem em grupos de cinquenta a cem pessoas (em pequenas comunidades). Então pensei: Por que morrem milhões de crianças por motivos que podem facilmente ser prevenidos? O que faz com que eles se tornem criminosos e violentos na adolescência?
Recordei o inicio da minha carreira, quando me desafiei a querer diminuir a mortalidade infantil e a desnutrição. Vieram a minha mente milhares de mães que trocaram o leite materno pela mamadeira diluÃda em água suja. Outras mães que não vacinam seus filhos, quando não havia ainda cesta básica no Centro de Saúde. Outras mães que limpavam o nariz de todos os seus filhos com o mesmo pano, ou pegavam seus filhos e os humilhavam quando faziam xixi na cama. E ainda mais triste, quando o pai chegava em casa bêbado. Ao ouvir o grito de fome e carinho de seus filhos, os venciam mesmo quando eram muito pequenos. Sabe-se, segundo resultados de pesquisas da OMS (Organização Mundial da Saúde), cuja publicação acompanhei em 1994, que as crianças maltratadas antes de um ano de idade têm uma tendência significativa para violência, e com frequência fazem crimes antes dos 25 anos.
A Igreja, que somos todos nós, que devÃamos fazer?
Tive a seguridade de seguir a metodologia de Jesus: organizara as pessoas em pequenas comunidades; identificar lÃderes, famÃlias com grávidas e crianças menores de seis anos. Os lÃderes que se dispusessem a trabalhar voluntariamente nessa missão de salvar vidas, seriam capacitados, no espÃrito da fé e vida, e preparados técnica e cientificamente, em ações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania. Seriam acompanhados em seu trabalho para que não se desanimassem. Teriam a missão de compartilhar com as famÃlias a solidariedade fraterna, o amor, os conhecimentos sobre os cuidados com as grávidas e as crianças, para que estes sejam saudáveis e felizes. Assim como Jesus ordenou que considerassem se todos estavam saciados, tÃnhamos que implantar um sistema de informações, com alguns indicadores de fácil compressão, inclusive para lÃderes analfabetos ou de baixa escolaridade. E vi diante de mim muitos gestos de sabedoria e amor apreendidos com o povo.
Senti que ali estava a metodologia comunitária, pois podia se desenvolver em grande escala pelas dioceses, paróquias e comunidades. Não somente para salvar vidas de crianças, mas também para construir um mundo mais justo e fraterno. Seria a missão do "Bom Pastor", que estão atentos a todas as ovelhas, mas dando prioridade à quelas que mais necessitam. Os pobres e os excluÃdos.
Naquela maravilhosa noite, desenhei no papel uma comunidade pobre, onde identifique famÃlias com grávidas e filhos menores de seis anos e lideres comunitários, tanto católicos como de outras confissões e culturas, para levar adiante ações de maneira ecumênica, pois Jesus veio par que "todos tenham Vida e Vida em abundância" (João 10,10). Isto é o que precisa ser feito aqui no Haiti: fazer um mapa das comunidades pobres, identificar as crianças menores de 6 anos e suas famÃlias e lideres comunitários que desejam trabalhar voluntariamente.
Desde a primeira experiência, a Pastoral da Criança cultivou a metodologia de Jesus, que é aplicada em grande escala. No Brasil, em mais de 40 mil comunidades, de 7.000 paróquias de todas as 272 diocese e preladias. Está se estendendo a 20 paÃses. Estes são, na América Latina e no Caribe: Argentina, BolÃvia, Colômbia, Paraguai, Uruguai, Peru, Venezuela, Guatemala, Panamá, República Dominicana, Haiti, Honduras, Costa Rica e México; na Ãfrica: Angola, Guiné-Bissau, Guiné Conakry e Moçambique e na Ãsia: Filipinas e Timor Leste.
Para organizar melhor e compartilhar as informações e a solidariedade fraterna entre as mães e famÃlias vizinhas, as ações se baseiam em três estratégias de educação e comunicação: individual, de grupo e de massas. A Pastoral da Criança utiliza simultaneamente as três formas de comunicação para reforçar a mensagem, motivar e promover mudanças de conduta, fortalecendo as famÃlias com informações sobre como cuidar dos filhos, promovendo a solidariedade fraterna.
A educação e comunicação individual se fazem através da 'Visita Domiciliar Mensal nas famÃlias' com grávidas e filhos. Os lÃderes acompanham as famÃlias vizinhas nas comunidades mais pobres, nas áreas urbanas e rurais, nas aldeias indÃgenas e nos quilombos, e nas áreas ribeirinhas do Amazonas. Atravessam rios e mares, sobem e descem montes de encostas Ãngremes, caminham léguas, para ouvir os clamores das mães e famÃlias, para educar e fortalecer a paz, a fé e os conhecimentos. Trocam ideias sobre saúde e educação das crianças e das grávidas; ensinam e aprendem.
Com muita confiança e ternura, fortalecem o tecido social das comunidade, o que leva a inclusão social.
Motivados pela Campanha Mundial patrocinadas pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 1999, com o tema "Uma vida sem violência é um direito nosso", a Pastoral da Criança incorporou uma ação permanente de prevenção da violência com o lema "A Paz começa em casa". Utilizou como uma das estratégias de comunicação a distribuição de seis milhões de folhetos com "10 Mandamentos para alcançar a paz na famÃlia", debatÃamos nas comunidades e nas escolas, do norte ao sul do paÃs.
As visitas, entre tantas outras ações, servem para promover a amamentação materna, uma escola de dialogo e compartilhar, principalmente quando se dá como alimento exclusivo até os seis meses e se continua dando como alimento preferencial além do um ano, inclusive além dos dois anos, complementarmente com outros alimentos saudáveis. A sucção adapta os músculos e ossos para uma boa dicção, uma melhor respiração e uma arcada dentária mais saudável. O carinho da mãe acariciando a cabeça do bebe melhora a conexão dos neurônios. A psicomotricidade da criança que mama no peito é mais avançada. Tanto é assim que se senta, anda e fala mais rápido, aprende melhor na escola. É fator essencial para o desenvolvimento afetivo e proteção da saúde dos bebês, para toda a vida. A solidariedade desponta, promovida pelas horas de contato direto com a mãe. Durante a visita domiciliar, a educação das mulheres e de seus familiares eleva a autoestima, estimula os cuidados pessoais e os cuidados com as crianças. Com esta educação das famÃlias se promove a inclusão social.
A educação e a comunicação grupal têm lugar cada em cada mês em milhares de comunidades. Esse é o Dia da Celebração da Vida. Momento dedicado ao fortalecimento da fé e da amizade entre famÃlias. Além do controle nutricional, estão os brinquedos e as brincadeiras com as crianças e a orientação sobre a cidadania. Neste dia as mães compartilham práticas de aproveitamento adequado de alimentos da região de baixo custo e alto valor nutritivo. As frutas, folhas verdes, sementes e talos, que muitas vezes não são valorizados pelas famÃlias.
Outra oportunidade de formação de grupo é a Reunião Mensal de Reflexão e Evolução dos lÃderes da comunidade. O objetivo principal desta reunião é discutir e estabelecer soluções para os problemas encontrados.
Essas ações integram o sistema de informação da Pastoral da Criança para poder acompanhar os esforços realizados e seus resultados através de Indicadores. A desnutrição foi controlada. De mais de 50% de desnutridos no começo, hoje está em 3,1%. A mortalidade infantil foi drasticamente reduzida e hoje está em 13 mortos por mil nascidos vivos nas comunidades com Pastoral da Criança. O Ãndice nacional é 2,33, mas se sabe que as mortes em comunidades pobres, onde estão a Pastoral da Criança, é maior que é na média geral. Em 1982, a mortalidade infantil no Brasil foi 82,8 mil nascidos vivos. Estes resultados têm servido de base para conquistar entidades, como o Ministério da Saúde, Unicef, Banco HSBC, e outras empresas. Elas nos apoiam nas capacitações e em todas as atividades básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania. O custo criança/mês é de menos de US$ 1.
Em relação à educação e à comunicação de massas apresentará três experiências concretas de como a comunicação é um instrumento de defesa dos direitos da infância.
Materiais impressos
O material impresso foi concebido especificamente para ajudar a formação do lÃder da Pastoral da Criança. Os instrutores e os multiplicadores servem como ferramenta de trabalho na tarefa de guiar as famÃlias e comunidades sobre questões de saúde, nutrição, educação e cidadania. Além do Guia da Pastoral da Criança, se colocou em marcha publicações como o Manual do Facilitador, Brinquedos e Jogos, Comida e as Hortas Familiares, alfabetização de jovens e adultos e mobilização social.
O jornal da Pastoral da Criança, com tiragem mensal de cerca de 280 mil, ou seja 3 milhões e 300 mil exemplares por ano, chega a todos os lÃderes da Pastoral da Criança. É uma ferramenta para a formação continua.
O Boletim Dicas abarca questões relacionadas com a saúde e a educação para cidadania. Este especialmente concebido para os coordenadores e capacitadores da Pastoral da Criança. Cada publicação chega a 7.000 coordenadores.
Para ajudar na vigilância das mulheres grávidas, a Pastoral da Criança criou os laços de amor, cartões com conselhos sobre a gravidez e um partos saudável.
Outros materiais impressos de grande impacto social é o folheto com os 10 mandamentos para a Paz na FamÃlia, 12 milhões de folhetos foram distribuÃdos nos últimos anos.
Além desses materiais impressos, se envia para as comunidades da Pastoral da Criança material para o trabalho de pesagem das crianças, objetos como balanças e também colheres de medir para a reidratarão oral e sacos de brinquedos para as crianças brincarem no dia da celebração da vida.
Material de som e vÃdeo
Outra área em que a Pastoral da Criança produz materiais é de som e a produção de filmes educativos. O Show ao vivo da Rádio da Vida, produzido e gravado no estúdio da Pastoral da Criança, chega a milhões de ouvintes em todo Brasil. Com os temas de saúde, de educação na primeira infância e a transformação social, o programa de rádio Viva a Vida se transmite semanalmente 3.740 vezes. Estamos "no ar", de 2.310 horas semanais em todo Brasil. Além disso, o Programa Viva a Vida também se executa em vários tipos de sistemas de som de CD e aparados nas reuniões de grupo.
A Pastoral da Criança também produz filmes educativos para melhorar e dar conhecimento de seu trabalho nas bases. Atualmente há 12 tÃtulos produzidos que sem ocupam na prevenção da violência contra as crianças, comida saudável, na gravidez, e na participação dos Conselhos Municipais de Saúde, na preservação da AIDS e outros.
Campanhas
A Pastoral da Infância realiza e colabora em várias campanhas para melhorar a qualidade de vida das mulheres grávidas, famÃlias e crianças. Estes são alguns exemplos:
a. Campanhas de sais de reidratação oral
b. Campanha de Certidão de Nascimento: a falta de informação, a distância dos cartórios e a burocracia fazem com que as pessoas fiquem sem certidões de nascimentos.
b. Campanha de Certidão de Nascimento: a falta de informação, a distância dos escritórios e a burocracia fazem com que as pessoas fiquem sem uma certidão de nascimento. A mobilização nacional para o registro civil de nascimento, que une o Estado brasileiro e a sociedade, [busca] garantir a cada cidadão de pleno direito o nome e os direitos.
c. Campanha para promover o aleitamento materno: o leite materno é um alimento perfeito que Deus colocou à disposição nos primeiros anos de vida.
Permanentemente, a Pastoral da Criança promove o aleitamento materno exclusivo até os seis meses e, em seguida, continuar, com outros alimentos. Isso protege contra doenças, desenvolve melhor e fortalece a criança.
d. Campanha de prevenção da tuberculose, pneumonia e hansenÃase: as três doenças continuam a afetar muitas crianças e adultos em nosso paÃs. A Pastoral da Criança prepara materiais especÃficos de comunicação para educar o público sobre sintomas, tratamento e meios de prevenção destas doenças.
e. Campanha de Saneamento: o acesso à água potável e o tratamento de águas residuais contribuem para a redução da mortalidade infantil. A Pastoral da Criança, em colaboração com outros organismos, mobiliza a comunidade para a demanda por tais serviços a governos locais e usa os meios ao seu dispor para divulgar informações relacionadas ao saneamento.
f. Campanha de HIV/Aids e SÃfilis: o teste do HIV/Aids e sÃfilis durante o pré-natal permite a redução de 25% para 1% do risco de transmissão para o bebê. A Pastoral da Criança apoia a campanha nacional para o diagnóstico precoce destas doenças.
g. Campanha para a Prevenção da morte súbita de bebês "Dormir de barriga para cima é mais seguro": Com a finalidade de alertar sobre os riscos e evitar até 70% das mortes súbitas na infância, a Pastoral da Criança lançou esta grande campanha dirigida à s famÃlias para que coloquem seus bebês para dormir de barriga para cima.
h. Campanha de Prevenção do Abuso Infantil: Com esta campanha, a Pastoral da Criança esclarece as famÃlias e a sociedade sobre a importância da prevenção da violência, espancamentos e abuso sexual. Esta campanha inclui a distribuição de folheto com os dez mandamentos para a paz na famÃlia, como um incentivo para manter as crianças em uma atmosfera de paz e harmonia.
i. Campanha - 20 de novembro, dia de oração e de ação para as crianças: A Pastoral da Criança participa dos esforços globais para a assistência integral e proteção a crianças e adolescentes, em colaboração com a Rede Mundial de Religiões para a Infância (GNRC).
Em dezembro de 2009, completei 50 anos como médica e, antes de 2002, confesso que nunca tinha ouvido falar em qualquer programa da Unicef ou da Organização Mundial de Saúde (OMS), ou de outra agência da Organização das Nações Unidas (ONU), que estimulasse a espiritualidade como um componente do desenvolvimento pessoal. Como um dos membros da delegação do Brasil na Assembleia das Nações Unidas em 2002, que reuniu 186 paÃses, em favor da infância, tive a satisfação de ouvir a definição final sobre o desenvolvimento da criança, que inclui o seu "desenvolvimento fÃsico, social, mental, espiritual e cognitivo". Este foi um avanço, e vem ao encontro do processo de formação e comunicação que fazemos na Pastoral da Criança. Neste processo, vê-se a pessoa de maneira completa e integrada em sua relação pessoal com o próximo, com o ambiente e com Deus.
Estou convencida de que a solução da maioria dos problemas sociais está relacionada com a redução urgente das desigualdades sociais, com a eliminação da corrupção, a promoção da justiça social, o acesso à saúde e à educação de qualidade, ajuda mútua financeira e técnica entre as nações, para a preservação e restauração do meio ambiente. Como destaca o recente documento do papa Bento 16, "Caritas in veritate" (Caridade na verdade), "a natureza é um dom de Deus, e precisa ser usada com responsabilidade." O mundo está despertando para os sinais do aquecimento global, que se manifesta nos desastres naturais, mais intensos e frequentes. A grande crise econômica demonstrou a inter-relação entre os paÃses.
Para não sucumbir, exige-se uma solidariedade entre as nações. É a solidariedade e a fraternidade aquilo de que o mundo precisa mais para sobreviver e encontrar o caminho da paz.
Final
Desde a sua fundação, a Pastoral da Criança investe na formação dos voluntários e no acompanhamento de crianças e mulheres grávidas, na famÃlia e na comunidade.
Atualmente, existem 1.985.347 crianças, 108.342 mulheres grávidas de 1.553.717 famÃlias. Sua metodologia comunitária e seus resultados, assim como sua participação na promoção de polÃticas públicas com a presença em Conselhos de Saúde, Direitos da Criança e do Adolescente e em outros conselhos levaram a mudanças profundas no paÃs, melhorando os indicadores sociais e econômicos. Os resultados do trabalho voluntário, com a mÃstica do amor a Deus e ao próximo, em linha com nossa mãe terra, que a todos deve alimentar, nossos irmãos, os frutos e as flores, nossos rios, lagos, mares, florestas e animais. Tudo isso nos mostra como a sociedade organizada pode ser protagonista de sua transformação. Neste espÃrito, ao fortalecer os laços que ligam a comunidade, podemos encontrar as soluções para os graves problemas sociais que afetam as famÃlias pobres.
Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, deverÃamos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los.
Muito Obrigada!
Que Deus esteja convosco!
Dra. Zilda Arns Neumann
Médica pediatra e especialista em Saúde Pública
Fundadora e Coordenadora da Pastoral da Criança Internacional
Coordenadora Nacional da Pastoral da Pessoa Idosa
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