O SHOW DOS "REIS" DA LOGĂSTICA LXVIII...
22/04/2009 -
FORMANDOS & FORMADOS
LOGĂSTICA PLASTIKI
English:
http://adventure.nationalgeographic.com/2008/10/david-de-rothschild/plastiki-text
Video: http://www.adventureecology.com/theplastiki/
Adventure Ecology - http://www.adventureecology.com/
Aventureiro inglĂȘs constrĂłi barco com 12 mil garrafas PET. David de Rothschild quer cruzar o PacĂfico e chamar a atenção para os lixĂ”es de plĂĄstico no oceano.
Em 1997, o velejador americano Charles Moore participou de uma regata entre Los Angeles e Honolulu. Na volta, resolveu pegar um atalho. Moore saiu da rota principal para SĂŁo Francisco, arriou as velas, acionou o motor de popa e rumou para o Giro do PacĂfico Norte, uma vasta zona de calmaria em alto-mar, a meio caminho entre o HavaĂ e a CalifĂłrnia. Apesar de o Giro do PacĂfico ter a ĂĄrea de dois Brasis, ele Ă© evitado pelos navegantes. LĂĄ quase nĂŁo venta, e suas ĂĄguas se movem lentamente em sentido horĂĄrio, formando um imenso redemoinho. Se seu motor quebrasse, Moore correria o risco de navegar em cĂrculos indefinidamente.
Para sua surpresa, Moore descobriu que esse era o destino do plĂĄstico descartado nas duas margens do PacĂfico. Quando sĂŁo jogados no oceano, os rejeitos ficam Ă deriva por meses ou anos. Levados pelas correntes, acabam no centro do Giro do PacĂfico, onde engrossam um lixĂŁo flutuante com 100 milhĂ”es de toneladas de plĂĄstico, formado por um emaranhado de sacos, garrafas PET, seringas, escovas de dentes, canetas e copos descartĂĄveis. âNa semana que levei para cruzar o Giro, nĂŁo importa a hora do dia, havia lixo em todas as direçÔesâ, diz Moore. Ele foi o primeiro a alertar o mundo para a existĂȘncia desses lixĂ”es oceĂąnicos. Moore voltou com oceanĂłgrafos ao local, para descobrir as causas e consequĂȘncias daquela sopa que, sabe-se hoje, tem o tamanho do Estado do ParĂĄ.
Em 2006, Moore publicou suas conclusĂ”es na revista Natural History. âĂ medida que lia aquele artigo, eu me perguntava como Ă© que ninguĂ©m nunca tinha ouvido falar daquilo antesâ, diz o aventureiro inglĂȘs David Mayer de Rothschild. Em 2007, com 27 anos, Rothschild tornou-se o mais jovem britĂąnico a atingir, esquiando, os polos Norte e Sul â o que lhe valeu o prĂȘmio de Explorador Emergente da National Geographic Society. David de Rothschild Ă© filho de Sir Evelyn de Rothschild, o patriarca do ramo britĂąnico da mais famosa dinastia de banqueiros da Europa, fundada em Frankfurt, no sĂ©culo XVIII, por Mayer Amschel Rothschild.
Jovem, rico e solteiro, Rothschild, de 30 anos, nĂŁo se imagina sucedendo ao pai na presidĂȘncia do banco. Ele nĂŁo tem carro. SĂł anda de bicicleta. Em sua casa, perto de Londres, Rothschild apenas consome eletricidade de fornecedores verdes. Ele tambĂ©m cria minhocas para consumir todo o seu lixo orgĂąnico.
Rothschild fundou e dirige a Adventure Ecology, uma organização nĂŁo governamental voltada para o desenvolvimento de projetos que aliam a aventura com a conscientização da proteção ao meio ambiente. Ao ler o artigo de Moore e ficar sabendo da existĂȘncia do lixĂŁo flutuante do PacĂfico, Rothschild descobriu qual seria sua prĂłxima aventura. Decidiu construir um barco feito inteiramente com material reciclado e movido por energias renovĂĄveis, como a eĂłlica e a solar. Seu objetivo Ă© fazer a travessia do PacĂfico, de SĂŁo Francisco a Sydney, na AustrĂĄlia. Rothschild quer mostrar a urgĂȘncia de a humanidade reduzir seu padrĂŁo de consumo dos recursos naturais.
O barco se chama Plastiki, nome inspirado na expedição Kon-Tiki, do aventureiro norueguĂȘs Thor Heyerdal (1914-2002). HĂĄ 60 anos, Heyerdal estava convencido de que a PolinĂ©sia havia sido colonizada por Ăndios sul-americanos. Para provar sua tese, Heyerdal construiu no Peru uma jangada chamada Kon-Tiki, o nome do deus Sol no idioma dos antigos incas. Em 1947, ele e cinco amigos se lançaram ao mar. Navegaram 8.000 quilĂŽmetros em 101 dias, atĂ© atingir as Ilhas Tuamotu, na PolinĂ©sia Francesa.
Heyerdal estava errado. Os Ăndios americanos jamais colonizaram a Oceania. Mas sua façanha entrou para os anais da aventura. Rothschild quer entrar para o mesmo rol de herĂłis. Desde 2008, constrĂłi em SĂŁo Francisco um catamarĂŁ feito de material reciclado. Os dois cascos sĂŁo s formados por 12 mil garrafas do tipo PET de 2 litros. Para manter a rigidez, as garrafas foram enchidas com gelo-seco. AlĂ©m do casco, cada peça e corda, todas as portas e dobradiças sĂŁo de plĂĄstico reciclĂĄvel. O barco terĂĄ 60 pĂ©s (18 metros). A viagem do Plastiki deveria começar em 28 de abril, 62 anos apĂłs a partida de Heyerdal. Mas o Plastiki nĂŁo ficou pronto a tempo, o que sĂł deverĂĄ ocorrer no meio do ano. Rothschild nĂŁo revela o valor do projeto. SĂŁo milhĂ”es de dĂłlares, bancados por patrocinadores como a HP e a empresa de cosmĂ©ticos Kiehlâs.
A viagem do Plastiki durarĂĄ pelo menos um ano. SerĂŁo 22.000 quilĂŽmetros de travessia, com direito a uma parada no HavaĂ, uma passada pelo lixĂŁo flutuante do Giro do PacĂfico Norte e visitas Ă s Ilhas Midway, Marshall, Tuvalu, Vanuatu e uma Ășltima escala na Nova CaledĂŽnia, antes do destino final, Sydney. Na travessia, Rothschild postarĂĄ mensagens e vĂdeos em seu blog. TambĂ©m responderĂĄ e-mails e farĂĄ videoconferĂȘncias por satĂ©lite com alunos dos Estados Unidos.
O lixĂŁo do Giro do PacĂfico Norte nĂŁo Ă© o Ășnico. SĂł no PacĂfico hĂĄ quatro. No HemisfĂ©rio Norte, um fica perto dos Estados Unidos, o outro na direção do JapĂŁo. No HemisfĂ©rio Sul, hĂĄ um lixĂŁo perto do Chile e outro perto da AntĂĄrtica. HĂĄ ainda um lixĂŁo no AtlĂąntico Norte. Parece que o mesmo ocorre no AtlĂąntico Sul e no Oceano Ăndico. Segundo o Programa Ambiental das NaçÔes Unidas, a ingestĂŁo de dejetos flutuantes Ă© responsĂĄvel, anualmente, pela morte de 3 milhĂ”es de aves marinhas e mais de 100 mil mamĂferos marinhos, como focas e lontras. Nas Ilhas Midway, a autĂłpsia de centenas de aves revelou que a causa mortis foram pedaços de plĂĄstico que, engolidos, bloquearam o sistema digestivo dos animais.
Embora seja um triatleta experiente, Rothschild nĂŁo sabe velejar. Foi apenas no mĂȘs passado que iniciou as aulas de vela na BaĂa de SĂŁo Francisco. Parece temerĂĄrio, e Ă© mesmo! A travessia serĂĄ cheia de riscos. NĂŁo se pode esquecer que o Plastiki Ă© um barco cuja tecnologia nunca foi testada. Um dos riscos Ă© a possibilidade de as garrafas do casco serem corroĂdas ao longo de meses de contato com a ĂĄgua do mar. Nesse caso, nĂŁo haverĂĄ alternativa a nĂŁo ser emitir um S.O.S. e abandonar o navio. âEssa Ă© a aventuraâ, disse Rothschild em uma reportagem para a revista New Yorker. âSe fosse fĂĄcil, qualquer um jĂĄ teria construĂdo um barco de garrafas plĂĄsticas.â
Outro risco que a tripulação enfrenta Ă© dar de cara com um ciclone, o equivalente no PacĂfico aos furacĂ”es do AtlĂąntico. Se Rothschild receber uma mensagem de rĂĄdio alertando para a formação de um ciclone, dificilmente o Plastiki conseguirĂĄ desviar seu curso com a rapidez necessĂĄria para fugir do perigo, pois sua velocidade mĂĄxima Ă© de 10 nĂłs (18 quilĂŽmetros por hora). Nesse caso, açoitado por ondas imensas no meio de um ciclone, Rothschild nĂŁo poderĂĄ contar com um resgate. âHĂĄ situaçÔes em que a ignorĂąncia Ă© uma bĂȘnçãoâ, diz.
Fonte: Ăpoca - NĂșmero 570.
VĂdeo: http://www.adventureecology.com/theplastiki/
Natural History magazine - http://www.naturalhistorymag.com/
Adventure Ecology - http://www.adventureecology.com/
DIA MUNDIAL DO LIVRO
No mesmo dia 23 de abril de 1616 despediam-se deste mundo dois dos escritores mais cĂ©lebres da literatura universal - William Shakespeare, aos 52 anos, e Miguel de Cervantes, aos 68. Em 1926, em homenagem ao autor de "Dom Quixote", a Espanha instaurou a data como o Dia do Livro no paĂs, a exemplo do que jĂĄ havia feito a Inglaterra, pensando no seu poeta. E, finalmente, em 1995, uma conferĂȘncia da Unesco determinou o dia 23 de abril como o Dia Mundial do Livro, a ser comemorado tambĂ©m no resto do mundo.
Douglas Resende - Fonte: O Tempo - 23/04/09.
Mais - http://www.amigosdolivro.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=3713
23 DE ABRIL
Dia de SĂŁo Jorge, Dia Internacional do Livro e da Festa da Rosa. Na Espanha, os amigos trocam livros e rosas: um livro para Cervantes, uma rosa para SĂŁo Jorge.
Paulo Navarro (http://www.pnc.com.br/) - Fonte: O Tempo - 23/04/09.
APRENDIZ 6 - UNIVERSITĂRIO
O desafio do jovem universitĂĄrio.
http://aprendiz6.rederecord.com.br/
DESAFIO SEBRAE
Para construir a sua histĂłria, vocĂȘ tem que dar o primeiro passo.
O jogo que transforma universitĂĄrio em empreendedor.
InscriçÔes até 13 de maio.
http://www.desafio.sebrae.com.br/Script/SbrFiquePorDentro.asp
INTERCĂMBIO - JOB TRUE EXPERIENCE â09
A True Experience oferece para os jovens opçÔes de trabalho e estudo no programa "Jobs True Experience â09". Entre os destinos mais procurados, Ăfrica do Sul, CanadĂĄ, Londres e EUA. Os interessados devem ter entre 18 e 28 anos, serem universitĂĄrios ou recĂ©m-formados e terem nĂvel intermediĂĄrio de inglĂȘs.
Pelo Mundo - Fonte: O Tempo - 21/04/09.
O site: http://www.trueexperience.com.br/
UM LIVRO A PARTIR DO BLOG - O CADERNO
Os textos publicados no blog do escritor portuguĂȘs JosĂ© Saramago serĂŁo reunidos num livro, intitulado "O Caderno".
Vencedor do Nobel de Literatura, Saramago mantém desde setembro do ano passado o endereço (http://caderno.josesaramago.org/), no qual escreve textos, relatos bem-humorados e tece opiniÔes sobre os mais variados assuntos.
"O Caderno" serå publicado pela Editora Caminho, em parceria com a Fundação José Saramago. O livro deverå ter uma tiragem inicial de 5.000 exemplares. .
A esposa de Saramago, Pilar del RĂo, declarou ontem que a publicação trata-se de "um livro da vida".
"NĂŁo Ă© um livro de crĂŽnicas. Ă a reuniĂŁo de textos em que o Saramago escreve o que o motiva, o que lhe provoca indignação e tambĂ©m sobre coisas que ele gosta", comentou Pilar[...]. AlĂ©m do portuguĂȘs, o livro ganharĂĄ versĂ”es em espanhol, italiano e inglĂȘs.
InĂcio. O blog de JosĂ© Saramago começou com um texto intitulado "Palavras para uma Cidade", em que o escritor declarava seu amor por Lisboa. Seguiu com artigos e comentĂĄrios de polĂtica, literatura, sociedade, economia e observaçÔes a respeito das obras de Carlos Fuentes, Jorge Amado e Fernando Pessoa, entre outros, e observaçÔes sobre Barack Obama e Nicolas Sarkozy.
Lupa - Fonte: O Tempo - 21/04/09.
Fundação José Saramago - http://www.josesaramago.org/site/
DO LIVRO AO E-BOOK
Quem tem medo de e-book? Eu nĂŁo. Falarei livremente sobre livros, adiantando que nĂŁo serĂĄ um tratado. Para começar, trata-se de um objeto concreto, ao qual vamos agregando vasta simbologia. As folhas sĂŁo numeradas na sequĂȘncia sonhada pelo autor. Livro Ă© impresso; se manuscrito, Ă© caderno. A passagem do manuscrito para a pĂĄgina impressa Ă© um fenĂŽmeno de vai e vem.
HĂĄ pouco tempo, era mal visto entregar carta pessoal datilografada. Manuscrever correspondĂȘncia burocrĂĄtica ou comercial soa estranho. Uma carta de amor prefere ser escrita Ă mĂŁo. O manuscrito continua tendo seu lugar de honra no mundo, e a caligrafia tambĂ©m.
Com a imprensa difundindose, deixamos para trĂĄs o livro/ objeto Ășnico e avançamos para formas mais democrĂĄticas. O mundo dos copistas foi substituĂdo pelas ediçÔes raras, autografadas ou dedicadas: esses sĂŁo os livros valiosos. Da acumulação de unidades, criamos coleçÔes particulares e bibliotecas pĂșblicas.
ColeçÔes sĂŁo mais do que amontoados de livros. NĂŁo Ă toa, a biblioteconomia como curso superior veio para ficar. Nele, aprende-se a classificar livros de forma que qualquer um encontre a unidade desejada. Hoje, isso Ă© uma exigĂȘncia vital. Biblioteca Ă© um ĂłrgĂŁo vivo que cresce e encolhe segundo uma lĂłgica que obedece Ă finalidade e ao interesse de quem vai consultĂĄ-la. Cada biblioteca de bibliĂłfilo obedece Ă s categorias de sua preferĂȘncia. O conteĂșdo do livro perde importĂąncia em certos casos, ficando a dedicatĂłria, a idade, a raridade como valor principal. E, assim, a histĂłria do livro vai se fazendo, incluindo e-books.
O manuscrito mantĂ©m seu lugar, especialmente na fronteira entre o pĂșblico e o privado. Por exemplo, um testamento, um Ășltimo pedido antes da morte, Ă© mais facilmente aceito se for manuscrito. Por outro lado, a intermitĂȘncia com a qual Ă© usado pĂ”e de escanteio o exercĂcio da caligrafia, que, de habilidade de todos, passa a artesanato ou quase arte.
Num mundo paradoxal, a indĂșstria editorial cresce e vamos procurando meios de transformar um livro em meu livro, de tornar Ășnico o que Ă© massificado pela indĂșstria editorial.
Livro tem forma, conteĂșdo, pode ser manuseado, catalogado, autografado, dedicado, levado de um lugar para o outro, comercializado, guardado. Seu apelo simbĂłlico Ă© tĂŁo especial que nĂŁo hĂĄ por que temer o computador ou o e-book.
Lembro uma singeleza que jĂĄ foi mais importante: guardavam-se dentro do livro folhas que ali ficavam para lembrar o tempo da primeira leitura. O conteĂșdo do livro conta, informa, divulga, mas cada exemplar carrega a histĂłria de seu dono.
Do copista passamos pelo chumbo fundido da linotipia, seguimos para a mĂĄquina de escrever, encostamos o velho mimeĂłgrafo, chegamos ao computador e ao seu editor de textos. Caminhamos para o e-book e sei lĂĄ mais o quĂȘ.
O futuro vem aĂ, mas os livros continuam cultuados. SĂŁo parte da histĂłria de cada um de nĂłs, o que o e-book jamais serĂĄ.
Outras Ideias - Anna Veronica Mautner, psicanalista da Sociedade Brasileira de PsicanĂĄlise de SĂŁo Paulo, Ă© autora de "Cotidiano nas Entrelinhas" (ed. Ăgora) - Fonte: Folha de S.Paulo - 23/04/09.
Sociedade Brasileira de PsicanĂĄlise de SĂŁo Paulo - http://www.sbpsp.org.br/
Cotidiano nas Entrelinhas - http://www.gruposummus.com.br/detalhes_livro.php?produto_id=659
OBAMA E O CACHORRO PORTUGUĂS
Barack Obama ganhou um cachorro portuguĂȘs. Ă o cachorro da anedota: tenta se acasalar com a perna da empregada ou com a almofada, e passa o dia inteiro correndo atrĂĄs do prĂłprio rabo. Quantos cachorros portugueses sĂŁo necessĂĄrios para trocar uma lĂąmpada?
Manoel? Joaquim? Nada disso: o cachorro portuguĂȘs de Barack Obama se chama Bo. De acordo com o Washington Post, em homenagem a Bo Diddley, o guitarrista de blues. Um bocado de gente notou que Bo pode ser interpretado tambĂ©m como B.O. â as iniciais de seu dono, Barack Obama. Nesse caso, Barack Obama Ă© igual a Quincas Borba, que tinha um cachorro chamado Quincas Borba.
Depois de passar dois parågrafos correndo atrås de meu próprio rabo, rosnando e latindo, cheguei ao ponto a que queria chegar. Barack Obama, dono do cachorro Barack Obama, certamente ignora as ideias de Quincas Borba, dono do cachorro Quincas Borba, porém elas poderiam ser-lhe de grande utilidade no relacionamento com a Coreia do Norte, ou com os aiatolås iranianos, ou com os terroristas em Tora Bora. Quincas Borba é tratado como um demente por seu autor, Machado de Assis. Mas o Humanitismo, a filosofia criada por ele, que atesta o "caråter benéfico da guerra", parece condensar e caricaturar as ideias do próprio Machado de Assis, com aquele seu realismo reacionårio, com aquela sua crueza fatalista, com aquele seu conformismo desiludido, com aquele seu azedume zombeteiro.
Cito Quincas Borba:
"SupĂ”e tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir Ă outra vertente, onde hĂĄ batatas em abundĂąncia; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, nĂŁo chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, Ă© a destruição; a guerra Ă© a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. DaĂ a alegria da vitĂłria, os hinos, aclamaçÔes, recompensas pĂșblicas e todos os demais efeitos das açÔes bĂ©licas... Ao vencido, Ăłdio ou compaixĂŁo; ao vencedor, as batatas".
A implacabilidade do pensamento de Machado de Assis estå claramente refletida na trama do romance Quincas Borba, em que os bandoleiros conseguem pilhar todas as batatas e os tontos morrem na miséria. Barack Obama, dono do cachorro Barack Obama, pode dispensar os conselhos humanitistas de Quincas Borba, dono do cachorro Quincas Borba. Mas a pergunta que ele talvez tenha de fazer um dia é a seguinte: quantos cachorros portugueses são necessårios para bombardear as usinas nucleares da Coreia do Norte e do Irã?
Diogo Mainardi (http://veja.abril.com.br/idade/podcasts/mainardi/) - Fonte: Veja - Edição 2109.
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