EDUCAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL!
10/04/2008 -
A JENTE HERRAMOS
ENSINO PÚBLICO
"A Jente herramos". Confira a charge do Jean!
Fonte: Folha de S.Paulo - 05/04/08.
"EDUCAÇÃO NÃO É MERCADORIA!"
Aluno não é "matéria-prima". Nem "cliente"! Escola não é empresa! O "produtivismo" é inaceitável. E por aí afora. Educadores fervorosos não se cansam de denunciar a mercantilização do ensino. As palavras são usadas como tacapes, na esperança de abater os infiéis. Existem tais assombrações?
Há escolas que se declaram empresas (e ninguém demonstrou se são melhores ou piores do que as demais). Porém, o presente ensaio não se dirige a elas. Em vez disso, considera a "empresa" como uma metáfora para entender o "processo produtivo" (mais uma heresia!) de qualquer escola. Tais conceitos se revelaram úteis na economia e podem ser aplicados na educação pública, mesmo sem considerá-la como atividade empresarial.
As empresas têm toda a liberdade de definir o seu "produto". Rolls-Royces? Ladas? Cirurgias cardíacas? Rolex? Relógios de camelô? As escolas também: ensino para poucos? Ou para muitos? Ensino de violino? Uma vez definido o produto, faz todo o sentido obter o máximo resultado com o mínimo de gastos. Isso vale na "fabricação" de hóstias, seminaristas, doutores ou macarrão. Igualmente, é preciso controlar a qualidade e avaliar os resultados. Para isso, há inspetores de qualidade na fábrica e a Prova Brasil na educação. Nas artes, consideram-se os prêmios. Se isso é "produtivismo", três vivas para ele.
Das empresas bem administradas afloram conselhos proveitosos para as escolas: clareza ao definir (poucas) metas e assegurar que sejam compartilhadas (por diretores, alunos e professores); avaliação dos processos; e a regra pétrea de que é preciso tomar providências quando os resultados não correspondem ao esperado. Nada disso fere a sacrossanta nobreza da educação nem a complexidade e a delicadeza dos seus processos. De fato, as melhores escolas seguem tal figurino.
Mas podemos ir mais longe, tomando como metáfora o mais poderoso motor da economia de mercado: o lucro ou sua nêmesis, o prejuízo. É fenomenal o poder de prêmios para quem faz melhor e puxões de orelha para quem pisa na bola.
À primeira vista, trata-se de uma heresia a ser afastada das escolas públicas. Mas o lucro é apenas uma das manifestações de bons resultados. A metáfora sugere o vínculo entre desempenho e recompensa. Em vez de lucro, o sucesso pode ser mais pontuação na Prova Brasil. Ou menos deserção. Ou mais alunos aprovados na OAB.
De fato, não é preciso que haja mercados para que existam incentivos. Dentro da empresa não há mercados. O montador do automóvel não compra as peças do almoxarife e depois vende o carro. Por essa razão, as empresas criam incentivos e penalidades para os funcionários, visando a motivar seu comportamento. Está nas livrarias o livro 1001 Maneiras de Premiar Seus Colaboradores.Tais regras internas não são desconhecidas das escolas e vão das medalhas até as medidas drásticas de expulsão.
Obviamente, errando nos prêmios provocamos impactos desastrados. Se apenas penalizamos a repetência, isso pode gerar a aprovação indiscriminada e uma degradação do ensino. É preciso recompensar também a qualidade (como faz o Ideb).
Não se trata de um mercado no sentido convencional, mas do que foi chamado (pelo economista Albert Hirschman) de "quase-mercado". Onde ele não existe, cria-se uma metáfora do mercado, com metas concretas, prêmios e penalidades para que os desvios sejam automaticamente corrigidos.
Até mesmo os incentivos financeiros podem estar presentes no ensino público. Em menos de meio século o Brasil saiu de uma produção científica próxima de zero e tornou-se hoje o 15º maior "fabricante" de ciência. Sua pós-graduação passou a produzir anualmente quase 10.000 doutores e 40.000 mestres, uma das maiores colheitas do globo. O segredo? Prêmio ou puxão de orelha, acoplados a uma avaliação para decidir quem ganha qual. Há bolsas da Capes e do CNPq, há amplo financiamento da Finep, da Fapesp e de outras agências. Quem brilha ganha mais. Quem tropeça perde. A pós-graduação (que não foi privatizada) opera em um "quase-mercado" criado com inteligência, e que tem apresentado bons exemplos para o restante da educação.
Ponto de vista: Claudio de Moura Castro - Fonte: Veja - Edição 2055.
Livro 1001 Maneiras de Premiar Seus Colaboradores - Confira no Submarino:
http://www.submarino.com.br/books_productdetails.asp?Query=ProductPage&ProdTypeId=1&ProdId=1963597&ST=SR#content
Sites sobre a materia:
http://ideb.inep.gov.br/Site/
http://www.capes.gov.br/
http://www.cnpq.br/
http://www.finep.gov.br/
http://www.fapesp.br/
EDUCAÇÃO - MEDO NA ESCOLA
O período do dia que as crianças passam na escola deveria ser de tranqüilidade para os pais. Os filhos, afinal, estão sob a supervisão de outros adultos, em um ambiente voltado para a atividade intelectual. Esse é o cenário esperado – mas ele está longe de espelhar a realidade em muitas das escolas públicas brasileiras, sobretudo as das grandes cidades. O fato de a escola nem sempre ser um lugar pacífico não chega a ser novidade. O mérito de uma pesquisa divulgada na semana passada foi mostrar, em detalhes e com números, em que medida a violência preocupa os familiares. O estudo, conduzido pelo Instituto Fernand Braudel em parceria com a Fundação Victor Civita, baseou-se na opinião de pais de alunos da rede pública da cidade de São Paulo. Ele chama atenção para um dado impressionante: os pais não só não estão em paz ao enviar os filhos à escola como, bem ao contrário disso, 44% dizem que ela não oferece segurança aos alunos. O medo da violência é tamanho que nenhum outro tema relativo à rotina escolar ganha tanto espaço em casa quanto brigas ou o uso de drogas no recreio. Esse assunto aparece à frente daquilo que deveria estar no centro das conversas familiares: a sala de aula.
A preocupação dos pais tem respaldo na realidade – e a própria pesquisa aponta isso: 45% deles relatam saber de episódios de agressão física na escola dos filhos, 40% mencionam roubos e furtos e 32% se referem a casos de drogas no pátio. São dados que ajudam a explicar parte da insegurança manifestada pelos entrevistados. Há, no entanto, outra razão – essa de caráter mais subjetivo: tal insegurança é também provocada pela indisciplina e pela desorganização nas escolas. Explica Patrícia Guedes, uma das coordenadoras da pesquisa: "Esse ambiente transmite a idéia de que as crianças estão desprotegidas – e não sendo cuidadas". O fato é que, em escolas onde todo mundo se sente mais vulnerável, os alunos faltam mais às aulas e o ensino piora, segundo demonstrou um estudo da Unesco. Resume o estudante Lucas Batista, 15 anos, testemunha de xingamentos entre professores e alunos e do consumo de drogas nas dependências de sua escola: "Com um clima assim, é difícil aprender qualquer coisa".
A violência não é um problema restrito às escolas públicas de São Paulo, tampouco está circunscrito à realidade brasileira. Em Londres, em Nova York ou na Cidade do México, ela também aparece. Todas essas metrópoles lidam com redes gigantescas de escolas e classes lotadas, sobre as quais é, evidentemente, mais difícil manter o controle. Olhar para medidas eficientes tomadas nessas cidades pode ajudar o Brasil. Antes de tudo, elas se cercaram de estatísticas para mapear o problema, o que praticamente inexiste no caso brasileiro. Em outra frente, algumas delas criaram núcleos de educadores para tratar dos casos de violência nas escolas, antes da alçada exclusiva da polícia. Com tudo isso, as ocorrências em Nova York caíram 10% em apenas dois anos e o ensino melhorou – algo de que, não há dúvida, o Brasil precisa com urgência.
Camila Pereira - Fonte: Veja - Edição 2055.
Sites relacionados com o tema:
http://www.braudel.org.br/
http://revistaescola.abril.com.br/fvc/
http://www.unesco.org.br/
E NÓIS QUE PENSAVA QUE NUNCA ERRAVA!
CONTINUAMOS ERRANDO PROPOSITALMENTE...! HERRAR É UMANO!
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