TURMAS VIAJANTES
27/06/2013 -
TURMAS DO FM
ALĂM DO CARTĂO-POSTAL (FOTO RUTA)
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A mensagem de confirmação no e-mail avisa: âEstamos ansiosos para tĂȘ-lo em uma tarde de exploração e fotografiaâ. Exploração, esta Ă© a palavra que descreve melhor a atividade que aconteceu no dia seguinte, um sĂĄbado, quando um grupo de estrangeiros â eu entre eles â saiu com uma cĂąmera na mĂŁo pelas ruas de Lastarria. No bairro âculturalâ de Santiago, o Ășnico objetivo seria fotografar cenas que fugissem do Ăłbvio turĂstico.
Fazer com que as pessoas caminhem pela cidade com um olhar criativo Ă© a ideia central do Foto Ruta, um projeto que começou em Buenos Aires, em 2011 e, neste ano, alcançou a capital do Chile â e logo, estarĂĄ tambĂ©m em ValparaĂso, no litoral do paĂs, e em Nova York. O preço varia de 30 a 90 dĂłlares.
AlĂ©m de um brasileiro, o passeio daquele sĂĄbado contava com um casal canadense, uma nova-iorquina e uma jovem chilena. âPessoas locais vĂȘm para explorar os setores centrais da cidade que, Ă s vezes, mal conhecemâ, explica Cat Allen, a elegante inglesa que dirige o escritĂłrio de Santiago. O evento começa em um cafĂ©, onde ela mostra uma sĂ©ria de imagens que serviriam de inspiração. Em seguida, o grupo sai para duas horas de caminhada livre. No fim, todos voltam ao ponto de partida para compartilhar com o grupo os melhores registros feitos.
Aceitam-se todos os tipos de cĂąmeras â as terças-feiras, aliĂĄs, sĂŁo dedicadas aos que usam celulares. Contudo, o que importa Ă© exercitar a maneira de ver a cidade. âObservamos o espaço com um olhar mais atentoâ, disse a nova-iorquina Mei Leong. âVocĂȘ repara em coisas que normalmente nĂŁo veria.â
Caio Ferretti - Fonte: Tam nas Nuvens â Ano 06 â NĂșmero 66 â Junho 2013.
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BIBLIOTECA DAS TURMAS DO FM
A ONDA
As impressĂ”es acerca dos protestos que atravessam o paĂs vĂȘm se alterando ao sabor dos acontecimentos, mas jĂĄ hĂĄ editoras decididas a publicar anĂĄlises do fenĂŽmeno. A Boitempo prepara para julho "Cidades Rebeldes: Passe Livre e as ManifestaçÔes que Tomaram as Ruas do Brasil", em parceria com o portal Carta Maior, com textos de Slavoj Zizek, David Harvey, Ruy Braga, Lincoln Secco e outros. O Movimento Passe Livre assinarĂĄ um artigo. Outros abordarĂŁo violĂȘncia nas manifestaçÔes, partidarismo, luta polĂtica e democracia. O livro, com fotos, custarĂĄ R$ 10 na versĂŁo impressa e R$ 5 na digital. A Companhia das Letras tambĂ©m anunciou dois e-books sobre o tema, assinados pelo jornalista Piero Locatelli e pelo filĂłsofo Marcos Nobre.
Painel das Letras â Raquel Cozer â Fonte: Folha de S.Paulo â 22/06/2013.
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A COZINHA VENENOSA â UM JORNAL CONTRA HITLER
Os inimigos de Hitler. Livro conta pela primeira vez histĂłria do jornal 'MĂŒnchener Post', maior oponente do nazista na imprensa alemĂŁ.
De todos os bilhĂ”es de folhas de papel jornal gastas ao longo da histĂłria para tratar de Adolf Hitler, as primeirĂssimas saĂram da grĂĄfica de um jornalzinho chamado "MĂŒnchener Post".
Numa sexta-feira de maio de 1920, uma nota da seção "Assuntos de Munique" registrava: "Uma espĂ©cie de partido, que ainda anda de fraldas e aparenta ter saĂșde bem fraca, vem aparecendo Ă s vezes em pĂșblico, sob o nome de Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores AlemĂŁes'. Na terça-feira Ă noite, um senhor chamado Hitler falou sobre o programa desse partido'".
A reportagem informava que o tal senhor "pregou o antissemitismo nos moldes nacionalistas".
Mais do que pioneiro em farejar que era preciso ficar de olho no rapaz de bigode curto e fala inflamada, o "Post" converteu-se logo em seu mais encarniçado inimigo na imprensa alemã.
Num livro importante sobre o fenĂŽmeno nazista, "Para Entender Hitler" (Record, 2002), o jornalista norte-americano Ron Rosenbaum opina: "A batalha travada entre Hitler e os corajosos repĂłrteres do Post' Ă© um dos grandes dramas nunca relatados da histĂłria do jornalismo".
Uma jornalista brasileira radicada na Alemanha desde 1991 resolveu a questão. Em "A Cozinha Venenosa - Um Jornal Contra Hitler", livro que acaba de ser lançado aqui, Silvia Bittencourt, 49, conta pela primeira vez a história.
Fruto de trĂȘs anos de trabalho, o volume, lançado pela editora TrĂȘs Estrelas (do Grupo Folha), conta em minĂșcias as batalhas, que transcenderam as palavras, entre o diĂĄrio e os nazistas.
Segundo Bittencourt, e a julgar pelo que relata Rosenbaum, nĂŁo hĂĄ nem na Alemanha livros sobre o "Post".
"Aqui ninguĂ©m conhece o MĂŒnchener Post', nem mesmo os polĂticos sociais-democratas atuais", diz a autora, em referĂȘncia ao partido polĂtico alemĂŁo que criou o jornal, no final dos anos 1880.
ASCENSĂO
A pesquisa de Bittencourt se desenvolveu em especial em arquivos e bibliotecas de Munique, cidade na qual o austrĂaco Adolf (1889-1945) se estabeleceu em 1913.
Depois de ter lutado na Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1918, o até então artista frustrado encontra nos fundos de uma cervejaria no centro da cidade, em 1919, uma reunião de um pequeno partido trabalhador, onde começaria sua trajetória.
"De um desocupado, sem formação ou profissão alguma, Hitler se tornou, em poucos meses, uma estrela em Munique", diz Bittencourt.
Ao contar a trajetĂłria do "MĂŒnchener Post", ela narra em detalhes a ascensĂŁo de Hitler e do partido, que saltou dos 200 filiados do final de 1919 aos 4 milhĂ”es de membros em 30 de janeiro de 1933, quando Hitler foi nomeado chanceler alemĂŁo.
O "Post" não duraria então mais do que 40 dias. Embora jå tivesse sobrevivido a incontåveis atentados nazistas, o de 9 de março foi o final.
"Destroçaram os equipamentos de produção do jornal, como os linotipos. Colocaram barras de ferro nas engrenagens das prensas rotativas, a fim de impedir que elas voltassem a ser usadas, e lançaram os grandes barris de tinta de impressão sobre as calçadas", relata a autora.
O pequeno grupo de jornalistas que produzia o diårio, que à época tinha dez påginas diårias e modestos 15 mil exemplares, não estava na Redação. Quase todos escaparam, um deles cruzando os Alpes a pé. Outros não tiveram a mesma sorte.
O editor de cultura, Julius Zerfass, foi um dos primeiros encarcerados no campo de concentração de Dachau, do qual seria solto no fim do ano.
"A Cozinha Venenosa", tĂtulo do livro, era a maneira pela qual Hitler se referia ao jornal. No glossĂĄrio do ditador, "veneno" era um termo usado para o mais abominĂĄvel.
O jornal retribuĂa chamando o nazista de "arremessador piolhento de lama" ou classificando seu partido, jĂĄ em 1923, como "o bacilo venenoso mais perigoso que o corpo do povo vem carregando consigo". Como diz Rosenbaum, se houve alguĂ©m na histĂłria que pode dizer "eu avisei" foram os repĂłrteres do "Post", primeiros "a tentar alertar o mundo para a natureza da besta feroz que rastejava em direção a Berlim".
Cassiano Elek Machado â Fonte: Folha de S.Paulo â 22/06/13.
Detalhes:
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