ESCREVER Ă UMA ARTE
27/07/2008 -
MANCHETES DA SEMANA
O DIA DO ESCRITOR
Para quem por acaso nĂŁo sabe, 25 de julho foi definido como dia nacional do escritor por decreto governamental, em 1960, apĂłs o sucesso do I Festival do Escritor Brasileiro, organizado naquele ano pela UniĂŁo Brasileira de Escritores, por iniciativa de seu presidente, JoĂŁo Peregrino JĂșnior, e de seu vice-presidente, Jorge Amado.
Quem se dispÔe a abrir um champagne pela data? E o que exatamente vamos comemorar?
A primeira pergunta me lembrou a cĂ©lebre distinção que o crĂtico francĂȘs Roland Barthes fazia entre Ă©crivant e Ă©crivain .
O écrivant é o escrevente, é aquele que estå preocupado em transmitir sua mensagem mediante a palavra, explicando explicitamente, ensinando educadamente. Ele tem uma idéia e quer transmiti-la. E vai transmiti-la sem maiores delongas. Pão pão, queijo queijo.
O escrevente quase nĂŁo se preocupa com a forma. Na maioria dos casos, nunca se preocupa de forma alguma com a forma. EstĂĄ concentrado na tarefa de colocar o seu pensamento dentro de um envelope e endereçå-lo corretamente. O envelope Ă© o texto, o livro, o que for, base material apenas, veĂculo. O fundamental, para o escrevente, Ă© que o leitor entenda o conteĂșdo, e ponto final. O envelope pode ser jogado fora depois.
Jå o écrivain , o escritor propriamente dito (ou propriamente escrito), cuida do envelope com o måximo cuidado e estilo. E a carta vai, mesmo com o envelope vazio. Porque o vazio também diz muito. O envelope é a carta. As palavras e as idéias são uma só realidade literåria.
O escritor convence graças ao poder de sua paixão pela palavra, e não prioritariamente pela paixão que dedique a uma causa. Ou melhor, a sua causa sempre foi e serå a palavra, caminho e céu de todas as causas. E de todas as paixÔes. O texto literårio nasce das mãos do escritor. O texto do escrevente pode até conter alguns traços literårios, mas são um recurso a mais para instrumentalizar melhor a palavra.
A rigor, os escreventes, os que escrevem para vencer, para convencer, para desenvolver teorias e ganhar adesÔes, deveriam comemorar seu dia em outra data. Talvez no dia do intelectual, ou no dia do retórico, ou no dia do autor de teses.
No dia do escritor comemoramos a solidĂŁo diante da palavra, a verdade, o medo, a alegria, o amor indizĂveis de sĂł saber escrever.
Gabriel PerissĂ© Ă© autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e CiĂȘncia) e "O leitor criativo" (Omega Editora). Recentemente lançou "Palavra e origens" (Editora MandruvĂĄ).
Fonte: NOSSA LĂNGUA_NOSSA PĂTRIA - http://www.nlnp.net
PAULO COELHO Ă HOMENAGEADO COM CANETA DE LUXO E NOME DE RUA
Cidade de Santiago de Compostela, na Espanha, terĂĄ rua com nome do escritor brasileiro que a popularizou. Se o nome de Paulo Coelho jĂĄ estava espiritualmente associado a Santiago de Compostela, a relação agora vai se tornar oficial. A cidade espanhola, destino final do caminho percorrido por milhares de peregrinos catĂłlicos - e outros nem tanto â decidiu dar um nome de rua ao escritor brasileiro, que popularizou o Caminho de Santiago pelo mundo depois que narrou a sua viagem pelo roteiro mĂstico no livro O DiĂĄrio de Um Mago.
AlĂ©m do nome da rua, Paulo Coelho ganharĂĄ outro presente pela efemĂ©ride. A grife italiana de canetas de luxo Montegrappa, da qual o escritor Ă© embaixador (tĂtulo que o mundo corporativo passou a dar Ă s celebridades que fazem propaganda de suas marcas), lançarĂĄ no mesmo dia uma edição comemorativa em homenagem a ele.
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http://www.estadao.com.br/arteelazer/not_art172396,0.htm
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