CRIATIVIDADE NO MARKETING
07/03/2013 -
NOSSOS COLUNISTAS
PROPAGANDAS INTELIGENTES (AUDREY HEPBURN â CHOCOLATE GALAXY)
English:
http://www.dailymail.co.uk/femail/article-2283876/Audreys--chocoholic-Hepburn-returns-big-screens-new-Galaxy-advert.html
Video:
http://www.youtube.com/watch?v=Z6HKWuZPrdU
Galaxy Chocolate â
http://www.facebook.com/#!/galaxy?fref=ts
University of Virginia â
http://www.virginia.edu/
http://www.facebook.com/UVaWise?ref=ts&fref=ts
Comercial "ressuscita" Audrey Hepburn e provoca debate sobre uso de imagem.
A atriz Audrey Hepburn (1929-1993) foi "ressuscitada" por computação grĂĄfica em um comercial de chocolate da marca Galaxy. A medida reascende a polĂȘmica sobre o uso de celebridades mortas em campanhas publicitĂĄrias.
Vinte anos apĂłs sua morte, a atriz viaja de ĂŽnibus pela costa italiana, enquanto tira um chocolate de sua bolsa e observa um homem na rua. Como trilha, "Moon River", mĂșsica cantada por ela em "Bonequinha de Luxo" (1961).
Segundo o tabloide britĂąnico "Daily Mail", o vĂdeo levou mais de um ano para ser concretizado. A tecnologia utilizada para dar vida Ă atriz Ă© chamada de CGI (Computer Graphic Imagery), recurso que permite a criação de imagens por meio de computação grĂĄfica.
De acordo com o portal "CBS News", a autorização do uso da imagem foi dada pelos filhos de Hepburn, Sean Ferrer e Luca Dotti, que disseram à imprensa norte-americana que a mãe ficaria orgulhosa da campanha, jå que "sempre foi uma fã de chocolates".
Marcas como GM, Nike e Citroën também jå recorreram aos mortos para fazer campanhas. O tema, porém, é motivo de debate entre entidades que regulamentam campanhas publicitårias nos Estados Unidos.
Ă Folha, o professor de direito da Universidade da VirgĂnia Andrew McClanahan, coordenador de um grupo de estudos que avalia campanhas publicitĂĄrias nos Estados Unidos, disse que o uso da imagem de celebridades mortas em comerciais Ă© "antiĂ©tico".
"Uma coisa Ă© produzir um holograma do rapper Tupac, como foi feito em abril de 2012, e usĂĄ-lo para simular a condução de um show com cançÔes do artista. SĂŁo as mĂșsicas dele, Ă© uma coisa que ele faria em vida. Ă diferente de usar a imagem de uma celebridade morta para anunciar uma marca. A questĂŁo Ă©: nĂłs jamais saberemos ao certo se aquela pessoa gostaria de ter sua imagem associada ao produto em questĂŁo."
No Brasil, a Volkswagen recentemente fez uso da tecnologia para escalar o humorista Mussum, morto em 1994, como garoto-propaganda do Fusca 2013. O comercial reconstitui paisagens de SĂŁo Paulo, como o Viaduto do ChĂĄ, com cenografia inspirada na dĂ©cada de 1970. Foram usados veĂculos da Ă©poca e computação grĂĄfica.
Uma pesquisa realizada pela revista "Forbes" estima que, somente no Ășltimo ano, tenha sido arrecadado mais de US$ 500 milhĂ”es (o equivalente a R$ 990 mi) em publicidades que utilizam a imagem de celebridades mortas.
Fonte: Folha de S.Paulo â 01/03/13.
Mais detalhes:
http://www.dailymail.co.uk/femail/article-2283876/Audreys--chocoholic-Hepburn-returns-big-screens-new-Galaxy-advert.html
Video:
http://www.youtube.com/watch?v=Z6HKWuZPrdU
Galaxy Chocolate â
http://www.facebook.com/#!/galaxy?fref=ts
Universidade da VirgĂnia â
http://www.virginia.edu/
http://www.facebook.com/UVaWise?ref=ts&fref=ts
PROFESSOR X
ENTRE O PUM E O PAPA
Hå dois elementos centrais na educação ocidental: o pum e o papa.
Agostinho foi o pensador que lidou com o que o filósofo contemporùneo Peter Sloterdijk chamou de "a semùntica do peido". Agostinho era encantado com as proezas de controle fisiológico. Sua interpretação do pecado original atravessa esse assunto.
AdĂŁo e Eva desobedeceram a Deus ao comerem do fruto da ĂĄrvore do conhecimento. Como membros do paraĂso, se tornaram independentes de Deus. A punição imediata foi que eles prĂłprios, em seus paraĂsos pessoais -seus corpos- viram como Ă© triste nĂŁo possuir controle. Tornaram-se vĂtimas da ereção involuntĂĄria e outros descontroles corporais. O homem e a mulher sentem vergonha quando agem como um tipo de fantoche maluco.
A luta contra essa sina foi uma meta de Agostinho. Ele se fez herdeiro do "conhece-te a ti mesmo" e da busca do "governo de si" socråticos tanto quanto esse projeto esteve ligado aos estoicos, epicuristas e, por meio de Paulo, aos cristãos. Sua ideia båsica: mais que um exército que possa peidar junto, temos de ter uma humanidade com autolimites claros.
O papa é o chefe da igreja e o representante da divindade na Terra, dizem os católicos. Sendo assim, é aquele que, ao menos em tese, seria o homem mais apto a controlar seu pum. Com efeito, dificilmente, os papas se desviam de uma vontade férrea e um autocontrole fenomenal. Bento 16 não fugiu à regra. Falou que renunciaria caso não pudesse seguir sua missão e levou a cabo seu dito.
Foi usando dessa força filosófica de seus membros que a igreja contribuiu -não sem dor e sangue- para o caminho civilizatório, especialmente percorrido pelo Ocidente. Em muitos lugares, nos tornamos de tal modo donos de nós mesmos que pudemos deixar nossas juventudes pichar nos muros "à proibido proibir". Por que ousamos fazer isso?
O sociólogo Norbert Elias explicou mais ou menos assim: chegamos a tal ponto de sofisticação no autocontrole que pudemos criar zonas temporais e espaciais de "relaxamento dos instintos". A praia é um lugar que mostra bem isso. Até o menos educado jå não tem qualquer ereção no meio de outros humanos quase inteiramente nus.
Todavia, se Agostinho e Elias vissem o Brasil, diriam o seguinte: as coisas nĂŁo estĂŁo completas. Muito do que jĂĄ Ă© dispensado no Primeiro Mundo, aqui ainda Ă© necessĂĄrio! Tanto isso Ă© verdade que o Estado fez uma esdrĂșxula campanha nesse Carnaval: "urine no banheiro". Creio que gastamos mais levando o pipi das pessoas ao lugar certo do que dizendo que essa parte do corpo precisa ser protegida para nĂŁo pegar o HIV.
Eis aĂ esse problema todo traduzido politicamente: queremos que todos sejam livres e responsĂĄveis, de modo a termos uma sociedade liberal, com as regras coercitivas mais brandas possĂveis, mas, ao mesmo tempo, nĂŁo nos responsabilizamos pelos animais, nĂŁo cuidamos do espaço pĂșblico, nĂŁo ensinamos a nossos filhos os chamados "bons hĂĄbitos" e nĂŁo cedemos lugar para os mais velhos em ĂŽnibus.
E mais: bebemos e logo em seguida saĂmos de carro. Isso sem falar o quanto desejamos todos usar da "carteirada". No Brasil, parece que estamos a anos-luz do papa. Ainda nĂŁo somos donos de nosso prĂłprio pum.
Paulo Ghiraldelli Jr., 55, Ă© filĂłsofo, escritor e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) â Fonte: Folha de S.Paulo â 07/03/13.
UFRRJ â
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