FALANDO DE ESTILO
10/05/2008 -
FALOU NO FM? TĂ FALADO!
FALANDO E DORMINDO
English (more photos):
http://www.booking.com/hotel/es/silkenpuertaamericamadrid.en.html
Um projeto por andar: Fruto do trabalho de 18 dos melhores escritórios de arquitetura e design do mundo, de 13 nacionalidades diferentes, o Hotel Puerta América Madrid é um cinco estrelas com um conceito diferente de quarto a cada andar. As cores, as formas e os materiais utilizados dão um show de criatividade no hotel, que conta também com uma escultura exclusiva de Oscar Niemeyer.
Each floor is a different project: From the design board of 18 of the best architecture and design firms in the world, comprising professionals of 13 nationalities, Puerta America Madrid is a five star hotel with a unique concept for each floor. Materials, colors and shapes are all utilized for a veritable show in creativity. The hotel has an exclusive sculpture signed by Oscar Niemeyer.
Fonte: Tam Nas Nuvens - Abril 2008.
Saiba mais e veja mais fotos: http://www.booking.com/hotel/es/silkenpuertaamericamadrid.pt.html
MENSAGENS DE NOSSOS LEITORES E COLABORADORES
"Se vocĂȘ curte mĂșsica como tango, boleros e outras mais, nĂŁo deixe de visitar este site: http://www.paixaoeromance.com.br/index.htm. Muito bem feito e Ă© um local agradĂĄvel para viajar nos tempos tambĂ©m, unindo som, imagem e a letra das mĂșsicas. Boa viagem. (Colaboração: A.M.B.). FM: E viva o romantismo...
"Veja este arquivo, elaborado por Evandro Pelarin, Juiz de Direito de uma cidade do interior de SĂŁo Paulo e vale como reflexĂŁo sobre nossas leis brasileiras..." FM: O texto "Isabella, perdoa-nos!" estĂĄ na coluna "Fazendo Direito".
"OlĂĄ. Olhem o anexo. SerĂĄ que as pessoas sabem o que pode estar atrĂĄs do que consomem? NĂŁo sei se dĂĄ para colocar no jornal. Beijos" FM: NĂŁo sĂł dĂĄ como jĂĄ estĂĄ lĂĄ na coluna "A Jente Herramos".
"Pode mandar pra lĂĄ porque o lugar existe! DĂĄ para ir de ĂŽnibus... rs rs rs. Fica na cidade de Bela Vista de Minas.... Perto de JoĂŁo Monlevade..MG!!! Bela Vista, uma cidadezinha cercada de mato no interior de Minas Gerais, claro no Brasil, e uma grande surpresa. Um dos bairros tem o nome de Puta que Pariu ...! Acredite se quiser! O municĂpio de Bela Vista de Minas foi criado pela Lei nÂș 2764, de 30 de dezembro de 1962, desmembrando do municĂpio de Nova Era (New Era City), declarando naquele momento, Ă s margens do Corrego do Onça a IndependĂȘncia de Bela Vista de Minas. A cidade Ă© dividida em 7 bairros, Bela Vista de Cima, Lages, Serrinha, CĂłrrego Fundo, Favela, Puta que pariu que lugar Ă© esse?, e Boca das Cobras (A Europa de Bela Vista). http://www.guiadosmunicipios.com.br/mg/Bela%20Vista%20de%20Minas/ (Colaração: Corsino)" FM: Ă...P.Q.P!!!
7 DE MAIO: DIA DO SILĂNCIO
DOIS SINAIS DE VIDA: RUĂDO E AUSĂNCIA DE RUĂDO
Na dĂ©cada de 1960, o jornal O Correio publicou nĂșmero intitulado SilĂȘncio. Uma edição inteiramente dedicada ao ruĂdo, Ă s diferentes soluçÔes para limitar os danos que provoca, tanto no organismo humano como no corpo social. Quem conheceu SĂŁo Paulo naquela Ă©poca vai achar que O Correio estava exagerando, pois SĂŁo Paulo, pelo menos Ă noite, era cidade quase toda sossegada e silenciosa.
Quatro dĂ©cadas depois, a preocupação com ruĂdos aumentou na proporção em que o silĂȘncio diminuiu. Buzinas disparam, sirenes apitam, mĂĄquinas rangem, motores roncam, construçÔes batucam, pessoas gritam, e o valioso silĂȘncio Ă© cada vez mais escasso.
SilĂȘncio, no dicionĂĄrio, Ă© estado de quem cala; interrupção de ruĂdo; calada; sossego, calma, paz. Pode ser mais que isso: plenitude. EstĂĄ ligado a experiĂȘncias religiosas, ou artĂsticas.
CĂąmara Cascudo escreve que o silĂȘncio Ă© âelemento indispensĂĄvel e primordial aos ritos sagrados de todas as religiĂ”es do mundoâ. Os romanos tinham dia dedicado Ă deusa do silĂȘncio, Lara, Muta ou TĂĄcita. Em certos ritos da Ăfrica, vivos se comunicam com mortos por meio do silĂȘncio. Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown dizem na canção O SilĂȘncio, de 1996:
Antes de existir computador existia a tevĂȘ / antes de existir tevĂȘ existia luz elĂ©trica / antes de existir luz elĂ©trica existia bicicleta / antes de existir bicicleta existia enciclopĂ©dia / antes de existir enciclopĂ©dia existia alfabeto / antes de existir alfabeto existia a voz / antes de existir a voz existia o silĂȘncio / o silĂȘncio / foi a primeira coisa que existiu.
DaĂ, surgiu a vida. E adeus sossego.
Fonte: Almanaque Brasil.
A TORRE DE BABEL
O grande pĂșblico ignora, mas estĂĄ em discussĂŁo -aliĂĄs, continua em discussĂŁo- o acordo ortogrĂĄfico entre Brasil, Portugal e demais paĂses que falam e escrevem o portuguĂȘs, designados eruditamente como "lusĂłfonos". Uma velha questĂŁo que motivou diversos acordos -e nenhum deles foi realmente respeitado.
Tanto na academia brasileira como na congĂȘnere portuguesa, sempre houve comissĂ”es mais ou menos permanentes em busca da unificação ortogrĂĄfica -que, a bem da verdade, Ă© quase completa, com exceção de pequeno nĂșmero de palavras sobre as quais nĂŁo existe consenso. Exemplo: dificilmente o Brasil aceitarĂĄ escrever "facto" em vez de "fato", duas palavras que, em Portugal, tĂȘm sentidos diferentes.
Em linhas gerais, os especialistas lusitanos obedecem ao critĂ©rio histĂłrico das palavras: "SĂșbdito" em lugar de "sĂșdito", em respeito ao prefixo "sub", que indica submissĂŁo. E por aĂ vai.
Problema maior serĂĄ obter consenso com os povos africanos que falam portuguĂȘs. Alguns deles nĂŁo abrem mĂŁo das origens, que nascem dos diversos dialetos espalhados pelo imenso territĂłrio da Ăfrica. Ă o caso da letra "K", muito usada em todos eles. NĂŁo vejo a possibilidade de adotarmos aqui no Brasil a grafia de "kiabo" no lugar de "quiabo", ou "muleke" no lugar de "moleque".
Pessoalmente, me abstenho dos debates lĂĄ na Academia. NĂŁo sou especialista e aproveito a erudição alheia. Considero que lĂngua, linguagem, fonĂ©tica e ortografia sĂŁo como a famosa "La donna Ăš mobile", cantada na ĂĄria de Verdi.
NĂŁo adianta regredir aos tempos anteriores Ă construção da Torre de Babel, quando, segundo o relato bĂblico, os homens começaram a falar cada qual Ă sua maneira e a torre do consenso humano jamais chegaria ao cĂ©u.
Carlos Heitor Cony - Fonte: Folha de S.Paulo - 04/05/08.
LIBERTEM A LĂNGUA
Sendo a ortografia uma pequena dimensĂŁo da vida da lĂngua, seria legĂtimo esperar que nĂŁo fosse necessĂĄrio o acordo ortogrĂĄfico ou que, sendo-o, pudesse ser celebrado sem dificuldade nem drama. No caso da lĂngua portuguesa, assim nĂŁo Ă©, e hĂĄ que refletir por quĂȘ.
A razĂŁo fundamental reside no fantasma do colonialismo inverso que desde hĂĄ sĂ©culos assombra as relaçÔes entre Portugal e Brasil. Por sĂ©culos, a Ășnica colĂŽnia com propĂłsitos de ocupação efetiva no impĂ©rio portuguĂȘs, o Brasil, foi sempre e simultaneamente um tesouro e uma ameaça grandes demais para Portugal.
ApĂłs um curto apogeu no sĂ©culo 16, Portugal foi durante toda a modernidade ocidental capitalista um paĂs semiperifĂ©rico, isto Ă©, um paĂs de desenvolvimento intermĂ©dio, desprovido dos recursos polĂticos, financeiros e militares que lhe permitissem controlar eficazmente o seu impĂ©rio e usĂĄ-lo para seu exclusivo benefĂcio. Teve, pois, de o partilhar desde cedo com as outras potĂȘncias imperiais europĂ©ias, e foi por conveniĂȘncia destas que ele se manteve atĂ© tĂŁo tarde.
A partir do sĂ©culo 18, Portugal foi simultaneamente o centro de um impĂ©rio e uma colĂŽnia informal da Inglaterra. Ă semiperifericidade de Portugal correspondeu a semicolonialidade do Brasil, tĂŁo bem analisada por Antonio Candido, a idĂ©ia contraditĂłria de um paĂs mal colonizado e superior ao colonizador, um paĂs que resgatou a independĂȘncia de Portugal e que, logo apĂłs sua prĂłpria independĂȘncia, foi visto como uma ameaça aos interesses de Portugal na Ăfrica.
A relação colonizador-colonizado entre Brasil e Portugal foi sempre uma relação Ă beira do colapso ou Ă beira da inversĂŁo. AtĂ© hoje. Ă essa indefinição que torna tĂŁo necessĂĄrio quanto difĂcil o acordo ortogrĂĄfico.
Do lado portuguĂȘs, a posição ante o acordo assenta sempre na idĂ©ia de "rendição ao Brasil", tanto para o aceitar como para o recusar. Em ambos os casos, o fantasma do colonialismo do inverso, em vez da idĂ©ia libertadora do inverso do colonialismo. Acontece que hoje a inconseqĂŒĂȘncia do acordo tem conseqĂŒĂȘncias que nĂŁo tinha, por exemplo, em 1911.
Em 1911, o acordo teve lugar entre dois paĂses em que a lĂngua portuguesa era a lĂngua natural. No caso portuguĂȘs, o colonialismo proibia que as lĂnguas nacionais faladas nas colĂŽnias fossem um problema lingĂŒĂstico. No brasileiro, o colonialismo interno impedia que as lĂnguas indĂgenas existissem. Portugal considerava-se o dono da lĂngua portuguesa, mas, porque nĂŁo o era de fato, o acordo sĂł começou a ser implementado em 1931.
Hoje sĂŁo oito os paĂses de lĂngua oficial portuguesa, e em seis deles a lĂngua portuguesa coexiste com outras lĂnguas nacionais, algumas delas mais faladas que o portuguĂȘs. Nesses paĂses, o contexto da polĂtica da lĂngua Ă© muito mais complexo.
Mexer no portuguĂȘs sĂł faz sentido se se mexer nas lĂnguas nacionais, e mexer nestas, em paĂses que hĂĄ pouco saĂram de uma guerra civil, pode ter conseqĂŒĂȘncias bem mais graves que as do drama bufo luso-brasileiro.
Por essas razĂ”es, deviam ser esses paĂses a decidir o desacordo, mas pelas mesmas razĂ”es Ă© pouco provĂĄvel que aceitassem tal magnanimidade.
Nesse contexto, a lĂngua portuguesa deve ser deixada em paz, entregue Ă turbulĂȘncia da diversidade que torna possĂvel que nos entendamos todos em portuguĂȘs. Revejo-me, pois, no comentĂĄrio irĂŽnico e contraditĂłrio de Fernando Pessoa aos acordos ortogrĂĄficos, escrito em 1931, ano em que se implementava o acordo de 1911: "Odeio... nĂŁo quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escrita, como pessoa propria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ipsilon, como o escarro directo que me eno- ja independentemente de quem o cuspisse.
Sim, porque a orthographia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da translitteração greco-romana veste-m'a do seu vero manto regio, pelo qual é senhora e rainha".
Apesar de transcrito na ortografia de Pessoa, foi difĂcil entender esse passo?
Boaventura de Sousa Santos, 67, sociĂłlogo portuguĂȘs, Ă© professor catedrĂĄtico da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal). Ă autor, entre outros livros, de "Para uma Revolução DemocrĂĄtica da Justiça" (Cortez, 2007).
Fonte: Folha de S.Paulo - 04/05/08.
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