TEMPLO RECICLĂVEL
30/10/2008 -
PENSE!
WAT PA MAHA CHEDI KAEW
English: http://www.daylife.com/search?q=The+Wat+Pa+Maha+Chedi+Kaew+temple
Os monges do templo budista Wat Pa Maha Chedi Kaew encontraram um modo ecolĂłgico de atingir o nirvana: a reciclagem. A construção, iniciada em 1984, jĂĄ empregou 1,5 milhĂŁo de garrafas de vidro â e Ă© ampliada conforme chegam novas doaçÔes de vasilhames. O vidro nĂŁo Ă© o Ășnico material reaproveitado. Tampinhas foram usadas para criar os mosaicos que decoram as paredes internas do templo.
Fonte: Ăpoca - NĂșmero 545.
Ă PRECISO AVANĂAR NO COMBATE Ă POBREZA
Durante a ConferĂȘncia do MilĂȘnio, em 2000, chefes de Estado de todos os paĂses da AmĂ©rica Latina e do Caribe se uniram aos lĂderes de outras partes do mundo para fazer promessas ambiciosas, mas bastante sĂ©rias: os Objetivos de Desenvolvimento do MilĂȘnio (ODM), um plano de ação concreto que estabelece metas quantificĂĄveis nas ĂĄreas de saĂșde, educação, pobreza, fome, meio ambiente e igualdade de gĂȘnero, temas que continuam sendo um desafio para nossa regiĂŁo.
No Ășltimo dia 25 de setembro, os lĂderes se reuniram novamente para discutir os ODM e avaliar em que ĂĄreas o mundo pode fazer mais para alcançå-los atĂ© 2015.
Os objetivos são alcançåveis, mas demandam açÔes articuladas, criativas e decisivas por parte da comunidade internacional.
Ă precisamente por esse motivo que o secretĂĄrio-geral das NaçÔes Unidas, Ban Ki-moon, pediu aos lĂderes do mundo que apresentassem, nesse encontro de alto nĂvel, planos concretos e os prĂłximos passos para cumprir esses compromissos.
Temos presenciado melhoras importantes ao redor do mundo. O resultado Ă© que jĂĄ foram alcançadas, antes do prazo, algumas metas essenciais dos Objetivos de Desenvolvimento do MilĂȘnio. Na AmĂ©rica Latina, paĂses como Chile, Brasil, Equador e El Salvador tĂȘm se destacado pelo compromisso e pelas açÔes concretas para o cumprimento dos ODM.
Em parte graças ao fortalecimento de programas sociais de grande envergadura, o Brasil jå alcançou a meta de redução da pobreza estabelecida pela ONU, estå prestes a universalizar o acesso ao ensino fundamental e, no ritmo atual, deverå atingir a maior parte das metas nacionais.
Em algumas ĂĄreas, o governo federal jĂĄ assumiu compromissos mais ambiciosos do que o previsto nas metas do milĂȘnio: o Brasil se comprometeu, por exemplo, a reduzir a um quarto a pobreza extrema, enquanto a meta demandava apenas a redução pela metade da proporção da população que vive com renda inferior a um dĂłlar por dia. Do mesmo modo, em vez de reduzir Ă metade a proporção de pessoas que sofrem com a fome, o paĂs se comprometeu a eliminar esse problema atĂ© 2015.
O estabelecimento de metas mais rigorosas Ă© revelador das dimensĂ”es e das complexidades do paĂs, que tambĂ©m se posiciona na esfera internacional como uma importante liderança na construção de um sistema multilateral mais eqĂŒitativo.
Mas nĂŁo hĂĄ dĂșvidas de que o maior desafio do Brasil nos prĂłximos anos serĂĄ transformar os Objetivos de Desenvolvimento do MilĂȘnio em uma realidade para todas e todos, garantindo que as diferentes metas sejam atingidas em todas as regiĂ”es do paĂs e pelos diferentes grupos sociais.
A América Latina tem bons motivos para celebrar, mas ainda hå muito a ser feito. Existe uma grande heterogeneidade na região no que se refere aos resultados conquistados. O mais importante é que devemos ser mais ambiciosos e analisar a situação além das médias nacionais.
Sabemos que Ă© preciso um esforço renovado para chegar Ă s populaçÔes marginalizadas. Para que essa ambição fique ao nosso alcance, terĂŁo de ser garantidos os compromissos assumidos na Ășltima reuniĂŁo dos ODM sobre a necessidade de que os maiores esforços venham do mundo desenvolvido. Especificamente, Ă© necessĂĄrio garantir simultaneamente o aumento da ajuda aos paĂses que mais precisam dela e a implementação de medidas para a expansĂŁo dos fluxos comerciais e a abertura de novos mercados para as exportaçÔes por meio de acordos multilaterais.
Trata-se de um momento crĂtico, dado que a desaceleração da economia, os altos preços dos alimentos e dos combustĂveis e as mudanças do clima ameaçam os progressos jĂĄ conquistados.
Os Objetivos de Desenvolvimento do MilĂȘnio sĂŁo realizĂĄveis, mas somente se os lĂderes mundiais cumprirem seus compromissos e adotarem medidas positivas e rĂĄpidas para melhorar a situação de todos, independentemente de quem sejam e de onde venham.
Temos todos o papel, como cidadĂŁos responsĂĄveis, de apoiar os esforços dos governos para cumprir essas promessas e aumentar a intensidade de suas açÔes nos prĂłximos sete anos -nas ĂĄreas de saĂșde, renda, educação, recursos, nutrição- para pĂŽr fim Ă pobreza e melhorar a eqĂŒidade na AmĂ©rica Latina e alĂ©m dela.
Rebeca Grynspan é a diretora regional para a América Latina e o Caribe do Pnud (Programa das NaçÔes Unidas para o Desenvolvimento). Fonte: Folha de S.Paulo - 26/10/08.
Pnud Brasil - http://www.pnud.org.br/home/
PLANETA DOS MACACOS
A gente sempre acaba caindo obtusamente no mesmo engano. A gente sempre repete o ciclo da borracha. Primeiro: ganhamos uma montanha de dinheiro vendendo algo como uma seiva gosmenta. Segundo: somos inundados de moeda estrangeira. Terceiro: erguemos um Teatro de Ăpera bem no meio do mato, onde podemos usar nossas cartolas. Quarto: lĂĄ fora, o valor da seiva gosmenta despenca. Quinto: a moeda estrangeira some de uma hora para a outra, e o que resta da belle Ă©poque matuta, no melhor dos casos, Ă© uma epidemia de malĂĄria.
A quebra da economia global tem sido tratada como um fato incomum, anormal, imprevisto. Mas o que ocorreu foi o contrĂĄrio: incomum, anormal e imprevisto Ă© o perĂodo que estĂĄ terminando agora. Nos Ășltimos anos, todas as regras do mercado foram achincalhadas. E ninguĂ©m pagou por isso. Como ocorreu com Dorothy na Terra de Oz, homens de lata e macacos alados passaram a ocupar nosso cotidiano empresarial e financeiro. A quebra da economia global Ă© apenas um retorno de Dorothy Ă sua fazenda no Kansas. Ă um retorno Ă realidade, trilhando a estrada de tijolos amarelos.
A Argentina é um macaco alado. Depois de aplicar um calote em seus credores internacionais, conseguiu crescer ininterruptamente por todos estes anos. Na Terra de Oz da economia globalizada, a Argentina, ao invés de ser punida, foi recompensada. Isso é incomum, isso é anormal, isso é imprevisto. Alguns dias atrås, sem crédito, sem saber como pagar as contas, a Dorothy de La Plata, Cristina Kirchner, simplesmente decidiu confiscar o capital dos fundos de aposentadoria privados. Acabou a Argentina imaginåria do milagre peronista. A Argentina real é a do confisco, do abuso, do golpe.
O sistema hipotecĂĄrio americano? Um macaco alado. O mercado imobiliĂĄrio espanhol? Um macaco alado. A tese do descolamento dos emergentes? Um macaco alado. O real sobrevalorizado? Um macaco alado. O petrĂłleo? Um macaco alado. Quando o barril de petrĂłleo chegou aos 100 dĂłlares, todos os analistas declararam que a economia mundial desabaria. O barril de petrĂłleo continuou a subir, e ninguĂ©m deu a menor pelota. Agora se sabe qual Ă© a realidade do petrĂłleo â o produto estĂĄ sobrando. Vladimir Putin? Hugo ChĂĄvez? PrĂ©-sal de Lula? Macacos alados.
Em dezembro, a China vai comemorar os trinta anos de abertura da sua economia. Algum tempo terĂĄ de passar antes que a gente possa avaliar direitinho o que mudou no perĂodo. Foi um acontecimento Ășnico, que sĂł pode ser comparado ao fim do escravismo ou ao emprego da mĂĄquina a vapor. A China foi o redemoinho que nos arrastou atĂ© a Terra de Oz do comĂ©rcio internacional. De volta Ă realidade mais tacanha, da fazenda do Kansas, temos de tirar a cartola e nos preparar para a epidemia de malĂĄria.
Diogo Mainardi - Fonte: Veja - Edição 2084.
O QUE PODE CRIAR UM MONSTRO?
O que pode criar um monstro? O que leva um rapaz de 22 anos a estragar a própria vida e a vida de outras duas jovens por⊠Nada?
SerĂĄ que Ă© Ăndole? Talvez, a mĂdia? A influĂȘncia da televisĂŁo? A situação social da violĂȘncia? Traumas? Raiva contida? DeficiĂȘncia social ou mental? Permissividade da sociedade? O que faz alguĂ©m achar que pode comprar armas de fogo, entrar na casa de uma famĂlia, fazer refĂ©ns, assustar e desalojar vizinhos, ocupar a polĂcia por mais de 100 horas e atirar em duas pessoas inocentes?
O rapaz deu a resposta: 'ela nĂŁo quis falar comigo'. A garota disse nĂŁo, nĂŁo quero mais falar com vocĂȘ. E o garoto, dizendo que ama, nĂŁo aceitou um nĂŁo. Seu desejo era mais importante.
NĂŁo quero ser mais um desses psicĂłlogos de araque que infestam os programas vespertinos de televisĂŁo, que explicam tudo de maneira muito simplista e falam descontextualizadamente sobre a vida dos outros sem serem chamados. Mas ontem, enquanto nĂŁo conseguia dormir pensando nesse absurdo todo, pensei que o nĂŁo da menina EloĂĄ foi o Ășnico. Faltaram muitos outros nĂŁos nessa histĂłria toda.
Faltou um pai e uma mĂŁe dizerem que a filha de 12 anos NĂO podia namorar um rapaz de 19. Faltou uma outra mĂŁe dizer que NĂO iria sucumbir ao medo e ir lĂĄ tirar o filho do tal apartamento a puxĂ”es de orelha. Faltou outros pais dizerem que NĂO iriam atender ao pedido de um policial maluco de deixar a filha voltar para o cativeiro de onde, com sorte, jĂĄ tinha escapado com vida. Faltou a polĂcia dizer NĂO ao prĂłprio planejamento errĂŽneo de mandar a garota de volta pra lĂĄ. Faltou o governo dizer NĂO ao sensacionalismo da imprensa em torno do caso, que permitiu que o tal sequestrador conversasse e chorasse compulsivamente em todos os programas de TV que o procuraram. Simples assim. NĂO. Pelo jeito, a Ășnica que disse nĂŁo nessa histĂłria foi punida com uma bala na cabeça.
O mundo estĂĄ carente de nĂŁos. Vejo que cada vez mais os pais e professores morrem de medo de dizer nĂŁo Ă s crianças. Mulheres ainda tĂȘm medo de dizer nĂŁo aos maridos ( e alguns maridos, temem dizer nĂŁo Ă s esposas ). Pessoas tĂȘm medo de dizer nĂŁo aos amigos. Noras que nĂŁo conseguem dizer nĂŁo Ă s sogras, chefes que nĂŁo dizem nĂŁo aos subordinados, gente que nĂŁo consegue dizer nĂŁo aos prĂłprios desejos. E assim sĂŁo criados alguns monstros. Talvez alguns nĂŁo cheguem a sequestrar pessoas. Mas tĂȘm pequenos surtos quando escutam um nĂŁo, seja do guarda de trĂąnsito, do chefe, do professor, da namorada, do gerente do banco. Essas pessoas acabam crendo que abusar Ă© normal. E Ă© legal.
Os pais dizem, 'nĂŁo posso traumatizar meu filho'. E nĂŁo Ă© raro eu ver alguns tomando tapas de bebĂȘs com 1 ou 2 anos. Outros gastam o que nĂŁo tĂȘm em brinquedos todos os dias e festas de aniversĂĄrio faraĂŽnicas para suas crias. Sem falar nos adolescentes. Hoje em dia, Ă© difĂcil ouvir alguĂ©m dizer nĂŁo, vocĂȘ nĂŁo pode bater no seu amiguinho. NĂŁo, vocĂȘ nĂŁo vai assistir a uma novela feita para adultos. NĂŁo, vocĂȘ nĂŁo vai fumar maconha enquanto for contra a lei. NĂŁo, vocĂȘ nĂŁo vai passar a madrugada na rua. NĂŁo, vocĂȘ nĂŁo vai dirigir sem carteira de habilitação. NĂŁo, vocĂȘ nĂŁo vai beber uma cervejinha enquanto nĂŁo fizer 18 anos. NĂŁo, essas pessoas nĂŁo sĂŁo companhias pra vocĂȘ. NĂŁo, hoje vocĂȘ nĂŁo vai ganhar brinquedo ou comer salgadinho e chocolate. NĂŁo, aqui nĂŁo Ă© lugar para vocĂȘ ficar. NĂŁo, vocĂȘ nĂŁo vai faltar na escola sem estar doente. NĂŁo, essa conversa nĂŁo Ă© pra vocĂȘ se meter. NĂŁo, com isto vocĂȘ nĂŁo vai brincar. NĂŁo, hoje vocĂȘ estĂĄ de castigo e nĂŁo vai brincar no parque.
Crianças e adolescentes que crescem sem ouvir bons, justos e firmes NĂOS crescem sem saber que o mundo nĂŁo Ă© sĂł deles. E aĂ, no primeiro nĂŁo que a vida dĂĄ ( e a vida dĂĄ muitos ) surtam. Usam drogas. Compram armas. Transam sem camisinha. Batem em professores. Furam o pneu do carro do chefe. Chutam mendigos e prostitutas na rua. E daĂ por diante.
NĂŁo estou defendendo a volta da educação rĂgida e sem diĂĄlogo, pelo contrĂĄrio. Acredito piamente que crianças e adolescentes tratados com um amor real, sem culpa, tranquilo e livre, conseguem perfeitamente entender uma sanção do pai ou da mĂŁe, um tapa, um castigo, um nĂŁo. Intuem que o amor dos adultos pelas crianças nĂŁo Ă© sĂł prazer - Ă© tambĂ©m responsabilidade. E quem ouve uns nĂŁos de vez em quando tambĂ©m aprende a dizĂȘ-los quando Ă© preciso. Acaba aprendendo que Ă© importante dizer nĂŁo a algumas pessoas que tentam abusar de nĂłs de diversas maneiras, com respeito e firmeza, mesmo que sejam pessoas que nos amem. O nĂŁo protege, ensina e prepara.
Por mais que seja difĂcil, eu tento dizer nĂŁo aos seres humanos que cruzam o meu caminho quando acredito que Ă© hora - e tento respeitar tambĂ©m os nĂŁos que recebo. Nem sempre consigo, mas tento. Acredito que Ă© aĂ que estĂĄ a verdadeira prova de amor. E Ă© tambĂ©m aĂ que estĂĄ a solução para a violĂȘncia cada vez mais desmedida e absurda dos nossos dias. Ronaldo Gimenes.
(Colaboração: Cleide - SP)
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