QUEM VĂ CARA, CARINHA E CANALHA, NĂO VĂ CORAĂĂO.
04/03/2007 -
EDITORIAL
Na Ășltima edição tivemos a oportunidade de insinuar pequenas intervençÔes filosĂłficas a respeito do negĂłcio alheio, ditando regras e recomendaçÔes com a mesma propriedade e cara de pau que ouvimos de nossos dignĂssimos mestres, especialistas em suas respectivas ĂĄreas. Ou, se nĂŁo sĂŁo, pelo menos deveriam ser.
Tanto quanto nossos mestres, o conhecimento obtido para dar essas opiniÔes foi obtido através de leitura, observação do ambiente, anålise das informaçÔes coletadas informalmente, pesquisando o que entendemos como falhas, diagnosticando, formando opiniÔes e também repassando opiniÔes.
Somos crĂticos e crĂticos procuram as falhas para criticĂĄ-las e a partir disso providenciar as devidas correçÔes. Mas somos crĂticos e nĂŁo âopinadoresâ inconsistentes. Afinal, desde que este jornal existe a FNH Ă© o nosso estudo de caso permanente.
Se somos algozes no que Ă© negativo, somos entusiastas quando se trata dos pontos positivos. E sĂŁo muitos. AtĂ© mesmo nos aturar por quase trĂȘs anos de marcação cerrada Ă© um ponto positivo. E, diga-se de passagem, de forma absolutamente democrĂĄtica.
Muitos alunos nĂŁo entendem ou nĂŁo se interessam pela nossa mensagem porque nĂŁo se envolvem com a vida social da faculdade. E aĂ Ă© que estĂĄ a grande questĂŁo, pois nĂłs acreditamos que na verdade a faculdade Ă© que nĂŁo tem sido capaz de envolvĂȘ-lo em sua vida social.
A faculdade quer que o aluno tenha orgulho e satisfação de fazer parte de seu corpo discente. E, certamente, o aluno da faculdade também quer ter orgulho de estudar nela. Mas orgulho de que?
A faculdade apóia o esporte, mas não se envolve realmente com ele. Os representantes da FNH, geralmente, só aparecem na hora de sair na foto. Nem pra tirar foto durante o campeonato aparece alguém. Mérito mesmo dos rapazes que se envolvem com o futsal, com o futebol de campo, que levam institucionalmente o nome da faculdade pro mercado com o pouco incentivo que recebem.
O aluno da faculdade quer se relacionar com funcionĂĄrios que nĂŁo pareçam estressados com suas atividades, que nĂŁo exponham conflitos e opiniĂ”es internos, debitando erros e dĂșvidas ao comportamento de terceiros.
O aluno quer perceber que seus professores fazem parte do projeto acadĂȘmico que a faculdade propĂ”e, sendo instrumentos dessa tal socialização que falamos acima.
O aluno quer conviver com uma burocracia menos burocråtica, que demande menos assinaturas e aprovaçÔes para as coisas simples. Que pelo menos a tramitação de seus requerimentos seja mais råpida do que o habitual.
O aluno quer assistir a palestras produtivas, envolventes, com temas contemporĂąneos, com palestrantes atualizados e cientes de seu compromisso com o pĂșblico.
O aluno quer uma cantina menos abarrotada de gente, quer mais espaço para fazer o seu lanche dentro do horårio de intervalo, não se obrigando a ter que sair da faculdade para poder comer alguma coisa dentro de seu limite de tempo.
O aluno quer um portal que funcione, onde ele acesse notas e faltas de maneira permanente e confiĂĄvel.
O aluno quer saber o que Ă© DA, pra que ele serve e se motivar, e se envolver nesse organismo tĂŁo importante.
Essas coisas nĂŁo sĂŁo assim tĂŁo complicadas de realizar.
A faculdade tem um corpo diretivo e um corpo docente repleto de profissionais experientes, pĂłs-graduados, mestres, doutores, competentes. SĂŁo pessoas que tem na bagagem a experiĂȘncia de anos e anos em outras faculdades, em empresas de ponta do mercado.
Mas porque nĂŁo conseguimos sentir isso? Porque toda essa competĂȘncia instalada nĂŁo consegue se traduzir num sentimento comum?
Ah! Como Ă© bom filosofar.
O governo Lula tem essa mesma caracterĂstica. Somente a classe mais desprivilegiada sente fortemente os efeitos positivos do seu governo. A sociedade que pensa e que forma opiniĂŁo sabe que nĂŁo Ă© o personalismo do presidente que vai resolver os problemas do nosso paĂs. NĂŁo existe mais espaço para personalismos no mercado globalizado.
O projeto interdisciplinar Ă© o exemplo prĂĄtico da importĂąncia de se aprender a trabalhar em grupo, de estar em um grupo onde as responsabilidades sĂŁo claras, assim como os objetivos a serem alcançados. Isto porque o interdisciplinar tem um objetivo definido, um prazo definido e as regras nĂŁo mudam de acordo com a conveniĂȘncia de quem lidera o grupo.
Sendo assim, não podemos nunca nos omitir de expressar nossas opiniÔes, de tentar sacudir a comunidade colocando questÔes importantes para todos.
As salas de aula nos ensinaram a importùncia da observação, do questionamento, da necessidade de reunir elementos que favoreçam a tomada de decisão, e é isso que, nada humildemente, tentamos sempre fazer através deste jornal.
Somos caras de pau, somos atrevidos, nĂŁo deixamos de falar o que vemos e o que pensamos. Mas fazemos isso com um Ășnico objetivo, que Ă© colaborar para que a FNH seja conhecida e reconhecida como uma instituição sĂ©ria, bem sucedida e tĂŁo competente quanto as mais renomadas instituiçÔes de Belo Horizonte.
Nosso trabalho, voluntĂĄrio, espontĂąneo, incĂŽmodo a muitos olhos, tem por essĂȘncia ser o canal que leva a informalidade da comunidade Ă formalidade da instituição. Depois de feita esta parte Ă© que usufruĂmos um pouquinho da fama. De Zorro para um lado e de Sargento Garcia para o outro.