FALANDO DE LIVROS
22/03/2013 -
FALOU NO FM? TĂ FALADO!
UMA CARIDADE PARA FRANCISCO, LEIA SEU LIVRO
English:
Parliamentofreligions.org/pope-francis
Spanish Edition:
http://www.amazon.com/Sobre-cielo-tierra-Heaven-Spanish/dp/9500732939/ref=sr_1_1?s=books&ie=UTF8&qid=1363535140&sr=1-1#_
Barnes & Noble â
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The Pope -
http://www.facebook.com/#!/pages/Pope-Francis-Jorge-Mario-Bergoglio/306928809420678?fref=ts
O papa Francisco precisa de uma ajuda. Leiam seu livro "Sobre el Cielo y la Tierra". (O e-book estĂĄ Ă venda na Amazon americana por US$ 6,99, mas, por arte de Asmodeu, estĂĄ fora da loja eletrĂŽnica brasileira.) Tem 215 pĂĄginas e saiu no inĂcio do ano passado. Trata-se de um longo diĂĄlogo com o rabino Abraham Skorka. Coisa inteligentĂssima. Ă impossĂvel lĂȘ-lo e sair por aĂ repetindo rĂłtulos tais como "conservador" ou "homem simples" porque anda de ĂŽnibus. A simplicidade do cardeal Bergoglio vai muito alĂ©m. Ele vĂȘ o catolicismo como algo despojado: "Bispos e padres tĂȘm que sujar os pĂ©s de barro". Uma das suas mais duras crĂticas (depois das lambadas nos ladrĂ”es-milionĂĄrios) vai para os meios de comunicação que simplificam as agendas, tornando-as irrelevantes ou insolĂșveis: "Desinformam".
Até a noite de quarta feira o signatårio não sabia quem era ele. No dia seguinte, não encontrou um só bergogliólogo que mostrasse ter lido o livro de Francisco. Ele é tudo menos um clérigo conservador. (Segundo o fidedigno jornalista Horåcio Verbitsky, hå 30 anos ele deu uma mãozinha à ditadura, numa época em que a hierarquia católica estava casada com os generais. Bergoglio admitiu que foram cometidos erros genéricos, mas não assumiu responsabilidade pessoal.)
Pode ser conservador um cardeal que quer abrir os arquivos do Vaticano para que se estude o Holocausto? Ele Ă© contra o casamento de homossexuais e o aborto, mas isso nĂŁo Ă© conservadorismo, Ă© a doutrina da igreja. PĂlula? Astuciosamente calado. Em diversas ocasiĂ”es critica a conduta da igreja, seu regalismo e a promiscuidade com afortunados que fingem fazer caridade. PropĂ”e tolerĂąncia zero para os pedĂłfilos e chama o velho truque de transferi-los para outras parĂłquias de "estupidez".
O papa Francisco Ă© um jesuĂta severo. Diz que senhoras emperiquitadas, "vestidas, ou desvestidas", em casamentos nĂŁo vĂŁo Ă s igrejas para um ato religioso, mas para exibirem-se. Tabela de preços para cerimĂŽnias? "Isso Ă© fazer comĂ©rcio com o culto." Ao mesmo tempo, reconhece que casais morando juntos antes do matrimĂŽnio sĂŁo um "fato antropolĂłgico".
Francisco tem um "alertĂŽmetro". Evita dar a comunhĂŁo a notĂłrios vigaristas e jamais se deixa fotografar com eles.
O livro Ă© muito melhor que este breve resumo. Quem lĂȘ-lo viverĂĄ umas boas duas horas. NĂŁo pode ser conservador (seja lĂĄ o que isso significa) uma pessoa que diz o seguinte:
"O religioso Ă s vezes chama atenção sobre certos pontos da vida privada ou pĂșblica porque Ă© o condutor da parĂłquia. Ele nĂŁo tem direito de se meter na vida privada dos outros. Se Deus, na criação, correu o risco de nos tornar livres, quem sou eu para me meter?"
Elio Gaspari â Fonte: Folha de S.Paulo â 17/03/13.
Mais detalhes:
Parliamentofreligions.org/pope-francis
EdiĂŁo em Espanhol:
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O Papa -
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MENSAGENS DE NOSSOS LEITORES E COLABORADORES
O PAPA DO FIM DO MUNDO
A "surpreendente" escolha de Francisco mostra que Ă© inĂștil tentar adivinhar o resultado de um conclave.
A Folha gastou todo o seu latim nos 30 dias entre o anĂșncio da renĂșncia de Bento 16 e a escolha de seu sucessor. Foram sete manchetes, quatro editoriais, 64 artigos e 13 entrevistas, publicados antes de se saber quem seria o novo papa.
A julgar pelo jornal, o Brasil sĂł deve perder em nĂșmero de teĂłlogos para o Vaticano. Somados os entrevistados, os colunistas e os colaboradores, tivemos a opiniĂŁo de 47 especialistas sobre a transição na igreja.
Nem nos artigos nem nas reportagens apareceu o nome do então cardeal Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco. Só José Simão, que não entrou na contagem dos textos, acertou ao decretar, bem antes do conclave: "Papa argentino não pode!".
Zebra total? Terceira via? Essas são as explicaçÔes preferidas dos vaticanistas, que incensaram os nomes do brasileiro d. Odilo Scherer e do italiano d. Angelo Scola.
A impressĂŁo que fica Ă© que tentar adivinhar o resultado de uma eleição Ășnica como a do papa Ă© perda de tempo. As especulaçÔes sobre os "papĂĄveis" vĂȘm de algumas fontes, sempre as mesmas: os poucos cardeais e seus auxiliares que aceitam falar com jornalistas, em geral, do seu prĂłprio paĂs. As informaçÔes podem ser sinceras ou apenas balĂŁo de ensaio para testar ou para "queimar" certos candidatos.
Para serem consistentes, as previsĂ”es teriam que partir de uma enquete com um nĂșmero razoĂĄvel de votantes, o que Ă© impossĂvel num colĂ©gio que reĂșne 115 cardeais, procedentes de todas as partes do mundo.
"[As apostas] sĂŁo um jogo que nĂłs, jornalistas, precisamos jogar porque Ă© divertido e Ă© o que as pessoas esperam de nĂłs", definiu Sean-Patrick Lovett, diretor da programação em inglĂȘs da rĂĄdio Vaticano. Antes de a fumaça branca aparecer, ele acertou ao dizer que, "no final do dia, ficaremos surpresos com o homem que aparecer no balcĂŁo".
Boa parte das anålises tenta prever o futuro a partir do passado. Foi dito que a tradição mostra que, depois de um pontificado curto (Bento 16 ficou apenas oito anos), o escolhido é alguém mais jovem, capaz de permanecer por mais tempo. Errado. Francisco tem 76 anos.
Apostou-se que, surpresos com a renĂșncia e sem um herdeiro indiscutĂvel de Ratzinger, os cardeais prefeririam um nome consagrado. Errado. O arcebispo de Buenos Aires nĂŁo era uma liderança, mesmo tendo sido, aparentemente, bem votado no conclave de 2005.
E, sendo alguĂ©m de fora da Europa, o escolhido seria de um paĂs africano (o primeiro papa negro) ou do Brasil (o maior paĂs catĂłlico do mundo). Errado. Ganhou o da Argentina.
Previu-se que o papa teria que ser capaz de responder aos anseios modernizantes da sociedade. Errado. Bergoglio pode até mostrar-se progressista, mas suas posiçÔes sobre casamento gay, aborto e celibato são bem conservadoras.
O problema, para a imprensa, Ă© como preencher o vĂĄcuo que antecede a escolha do papa, que desta vez foi um perĂodo bastante longo. Da morte de JoĂŁo Paulo 2Âș atĂ© a escolha de Ratzinger, passaram-se 17 dias; agora, a transição demorou um mĂȘs.
Sem notĂcias diĂĄrias, sobraram conjecturas, pensatas e infogrĂĄficos para explicar os rituais e um amontoado de curiosidades (a famĂlia de alfaiates que faz as vestimentas do pontĂficie, o clĂ©rigo brasileiro que quase morreu em um assalto hĂĄ 40 anos, o conclave que durou trĂȘs meses em 1800).
As melhores reportagens e artigos publicados foram os que tentaram entender, pela lĂłgica da igreja, o legado de Bento 16 e os desafios que esperam por Francisco.
Provavelmente nunca saberemos o que levou ao consenso obtido na capela Sistina. Quando se imagina que, no mundo da comunicação instantùnea e do fim da privacidade, nenhum segredo resiste, estå aà uma instituição de 2.000 anos para provar que não é bem assim.
Suzana Singer â Ombudsman â Fonte: Folha de S.Paulo â 17/03/13.
O Papa â
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