FUTEBOL & NEGĂCIOS
24/07/2009 -
FUTEBOL SHOW
RONALDO, O GAROTO PROPAGANDA
A cada 10 toneladas de minĂ©rio de ferro exportadas pela Vale no primeiro trimestre deste ano, 7 tiveram a China como destino. Os nĂșmeros demonstram a avassaladora importĂąncia dos chineses para a maior empresa de mineração do Brasil, principalmente neste momento, em que boa parte do planeta estĂĄ em recessĂŁo. A Vale decidiu retribuir aos chineses lançando uma campanha publicitĂĄria da qual o craque Ronaldo Ă© o garoto-propaganda. Nos anĂșncios, que começaram a aparecer nos jornais em maio, a empresa diz que Ă© a maior parceira da China no Brasil, investindo e criando empregos no paĂs asiĂĄtico. A campanha pode ser lida como um afago para enternecer os Ăąnimos das autoridades chinesas, que tĂȘm jogado com mĂŁo de ferro nas negociaçÔes para definir o preço do minĂ©rio nos contratos a longo prazo.
Giuliano Guandalini - Fonte: Veja - Edição 2121.
AMOR NAS CHUTEIRAS
No uniforme das seleçÔes nacionais, ao contrĂĄrio do que acontece no dos clubes, as camisas sĂŁo limpas e levam apenas o escudo da federação, o nĂșmero e o nome do jogador, alĂ©m do logo da fabricante de material esportivo - sem patrocinadores.
Mas ao assistir a um treino ou jogo da seleção brasileira de futebol Ă© possĂvel notar uma moda curiosa se espalhando entre os jogadores. Craques como Robinho, KakĂĄ e Alexandre Pato encontraram nas chuteiras um bom espaço para deixar mensagens. Nada com teor publicitĂĄrio, mas emocional - Ă© nos pĂ©s que eles declaram seu amor.
O mais comum sĂŁo os nomes dos filhos. Os zagueiros LĂșcio e Juan, o goleiro Gomes e o atacante LuĂs Fabiano, homenageiam suas crias em algum dos pĂ©s. As mulheres tambĂ©m tĂȘm espaço - Robinho abreviou o nome da esposa Vivian para Vivi.
JĂĄ o camisa 10 KakĂĄ mostra sua preferĂȘncia religiosa. O que um dia foi "I belong to Jesus"("Eu pertenço a Jesus") passou recentemente a ser "Jesus in First Place" ("Jesus em primeiro lugar"). O craque do Real Madrid, patrocinado pela Adidas, estĂĄ entre os nove dos 23 selecionados por Dunga que nĂŁo usam chuteiras da Nike.
Os encarregados de realizar os desejos dos 14 restantes estão na Itålia, mais especificamente na cidade de Montebelluna. à lå que a Nike possui sua fåbrica exclusiva para atletas patrocinados. Funciona assim: após o contrato assinado, o atleta vai até a Itålia tirar um molde para a confecção de sua chuteira. Depois, avisa a empres quando quiser alguma alteração. Segundo a companhia, em quatro dias a nova chuteira estå pronta, e o custo, entre a criação e a produção, chega até R$ 400 mil.
Fonte: Tam Nas Nuvens - Ano 02 - NĂșmero 19 - Julho 09.
Veja foto da chuteira do KakĂĄ - http://globoesporte.globo.com/ESP/Noticia/Futebol/Selecao_Brasileira/0,,MUL148767-4482,00.html
TAĂA FNH DE FUTSAL
Conforme professor Tueli, no segundo semestre de 2009 voltaremos com o futsal da Novos Horizontes sendo organizado pelo Buchecha e pelo Ricardo.
Peço a todos do FM qua nos ajude a divulgar essa informação.
Abraço a todos
Ricardo Lobenwein
CRUZEIRO TROPEĂOU NA ALMA
A ansiedade é uma reação normal e necessåria ante um perigo real e objetivo. No caso dos atletas, a ameaça é a derrota e o fracasso. Todos os jogadores, de alguma forma, alternam-se emocionalmente em uma decisão, ainda mais quando se decide em casa, diante de um inevitåvel otimismo.
A ansiedade, atĂ© certos limites, Ă© benĂ©fica. HĂĄ uma maior produção de substĂąncias quĂmicas e o jogador fica mais atento e mais vibrante.
Se a ansiedade for exagerada, o cérebro deixa de comandar o corpo, e os atletas passam a errar passes e finalizaçÔes. O nervosismo pode levar também à inibição, à perda da espontaneidade e da criatividade.
Foi o que aconteceu com o Cruzeiro. Todos sabiam que a partida seria difĂcil, mas nĂŁo se esperava que o time jogasse tĂŁo mal.
Independentemente da qualidade dos adversårios, outros clubes brasileiros tiveram a mesma dificuldade psicológica em decisÔes no Brasil.
Nelson Rodrigues, com seu delicioso exagero, dizia que quem ganha e perde partidas é a alma. O Cruzeiro correu, foi vibrante, mas confuso. Tropeçou na alma.
Evidentemente, nĂŁo foi apenas por isso que perdeu. O Estudiantes tem um bom time, um craque no meio-campo (VerĂłn) e atuou com inteligĂȘncia tĂĄtica.
Cada atleta é de um jeito e reage de uma maneira diferente às emoçÔes de uma partida importante. à preciso separå-los para se ter uma abordagem emocional feita por um psicólogo em um trabalho a médio prazo. Mas a maioria dos clubes só gosta de palestras ocasionais, motivadoras, de autoajuda.
Existem jogadores que crescem na adversidade. SĂŁo geralmente ambiciosos e perfeccionistas. Isso Ă© fundamental para ser um craque. Outros se inibem quando sĂŁo vaiados, criticados e enfrentam grandes dificuldades.
Hå atletas mimados, que só jogam bem se forem destaques da equipe. Ao lado de jogadores melhores, como em uma seleção, se apagam. Outros preferem ser coadjuvantes. à mais fåcil. São os obedientes e cumpridores dos esquemas tåticos. Muitos técnicos adoram esses atletas.
Existem ainda os deslumbrados, narcisistas, que se acham melhores do que realmente sĂŁo. Sentem-se perseguidos pela imprensa, que nĂŁo daria a eles os elogios que acham que merecem.
Vi atletas calados, tĂmidos, que ficavam desinibidos e possessos dentro de campo. Vi tambĂ©m muitos falantes e brincalhĂ”es, que morriam de medo diante de uma maior responsabilidade.
SĂŁo apenas alguns dos exemplos. O mais comum Ă© o mesmo atleta possuir vĂĄrias caracterĂsticas, Ă s vezes contraditĂłrias. A alma humana tem muitos mistĂ©rios.
Não tenho também nenhuma pretensão de ser um analista comportamental. Sou apenas um curioso, um psicólogo de botequim.
AlĂ©m do talento, o atleta ideal seria o que jogasse com muita garra, sem perder o controle das emoçÔes; que fosse seguro, confiante, sem perder a autocrĂtica; e ambicioso, sem perder a consciĂȘncia de que a força coletiva Ă© essencial para o sucesso individual.
Esse super-homem não existe. Somos todos, uns mais, outros menos, frågeis, incompletos e dependentes da atenção, do carinho e da aprovação do outro.
TostĂŁo - Fonte: Folha de S.Paulo - 19/07/09.
O CRUZEIRO E O REAL
O Brasil nĂŁo Ă© o paĂs do futebol. Ă o maior vencedor e o maior celeiro, mas mais paĂses do futebol sĂŁo a Inglaterra, a Argentina, a ItĂĄlia.
Aqui nĂŁo se cultiva O JOGO, nĂŁo se trata o futebol com reverĂȘncia, nĂŁo se dĂĄ a ele a liturgia que merece.
No måximo é visto como paixão e entretenimento, pois até como negócio é maltratado.
Prova disso, mais uma vez, foi que na maior noite do futebol no continente outras seis partidas do campeonato nacional rivalizavam com a decisĂŁo da Libertadores, num desrespeito Ă grandeza do que acontecia no MineirĂŁo.
E o eixo Rio-São Paulo nem sequer recebeu a transmissão do evento internacional pela TV aberta, algo simplesmente impensåvel na Europa, na Liga dos CampeÔes.
à ululante que o torcedor prefira ver seu time em ação a qualquer outro, por mais importante que seja a disputa em que este esteja.
RazĂŁo pela qual, em nome do JOGO, hĂĄ que se tratar de maneira diferente aquilo que Ă© mesmo diferente, raro, que acontece, no mĂĄximo, uma vez por ano, quando acontece, no dito paĂs do futebol.
A dor da maioria, a festa da minoria, a primeira apoteose, a virada dramĂĄtica, os ingredientes todos que fazem do JOGO o mais popular e mais democrĂĄtico do mundo (sĂł nele alguĂ©m com o fĂsico de Diego Armando Maradona pode ser o nĂșmero 1) deveriam ter sido tratados com o devido respeito, para que as geraçÔes se sucedam na perpetuação de seus vĂnculos e nĂŁo apenas como a repetição do ganhar, do perder ou do empatar.
Quem nĂŁo entende que o estĂĄdio tem um quĂȘ de templo, que aquele cimento Ă© um territĂłrio sagrado, que aquela grama Ă© a mais especial que hĂĄ na face da Terra, nĂŁo estĂĄ entendendo nada do que fala a linguagem do JOGO.
São meros burocratas, gente capaz apenas de pensar da mão para a boca, sem nenhuma preocupação com o futuro, porque, afinal, estarão tão mortos amanhã como estão hoje em sua mediocridade.
Quem nĂŁo viu ou nĂŁo teve como ver os 90 minutos de tensĂŁo disputados por Cruzeiro e Estudiantes na Ășltima quarta-feira perdeu a chance de viver com a camisa celeste a angĂșstia de um Ă©pico tal e qual teria vivido com as cores do seu time de coração. E perdeu a chance de ser solidĂĄrio, de ser generoso, de se sentir protagonista de um momento especial na vida do JOGO.
Ă de se lamentar, enfim, que o pragmatismo do dinheirismo insuflado pela batalha das audiĂȘncias chegue ao ponto de fazer tĂĄbula rasa de momentos sagrados, como uma decisĂŁo de copa continental.
RazĂŁo pela qual o velho escocĂȘs Bill Shankly, saudoso tĂ©cnico e gerente do Liverpool quando o time inglĂȘs dominou a Europa, deve mesmo ser imortalizado pela frase que consagrou: "Ă claro que o futebol nĂŁo Ă© uma questĂŁo de vida ou de morte. Ă muito mais do que isso...".
Um dia, quem sabe, haverå, no Brasil, dirigentes e não cartolas, executivos e não burocratas na administração do JOGO e de tudo que o cerca, para que nunca mais ninguém seja privado de ver o essencial em nome do circunstancial.
Bem diferente, portanto, da realidade de hoje. Oremos.
Juca Kfouri (http://blogdojuca.blog.uol.com.br/) - Fonte: Folha de S.Paulo - 19/07/09.
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