A MAGIA DA ARTE
23/05/2008 -
MARILENE CAROLINA
O MĂGICO
A tela O MĂĄgico, de Beatriz Milhazes.
English: http://www.artfact.com/features/viewArtist.cfm?aID=70154
A tela âO MĂĄgicoâ, da pintora Beatriz Milhazes, foi vendida esta semana, em leilĂŁo da Sothebyâs, em Nova York, por US$ 1,049 milhĂŁo. Ă o maior preço alcançado em leilĂŁo internacional por um artista brasileiro vivo. Beatriz, nascida em 1960 e artista que despontou a partir da chamada Geração 80, bateu o seu prĂłprio recorde anterior, que era de US$ 465 mil â sua tela Laranjeiras (2002/2003) foi vendida por essa cifra em outubro de 2007.
Fonte: O Tempo - 18/05/08.
Quadros de Beatriz Milhazes - http://images.google.com.br/images?q=Beatriz+Milhazes&hl=pt-BR&um=1&ie=UTF-8&sa=X&oi=images&ct=title
Beatriz Milhazes - http://www.escritoriodearte.com/listarQuadros.asp?artista=111
Sothebyâs - http://www.sothebys.com/
BRASIL CRESCE ENTRE OS QUE MAIS PUBLICAM ARTIGOS CIENTĂFICOS
No ranking de paĂses que mais publicam artigos cientĂficos no mundo, o Brasil subiu da 21ÂȘ posição, em 1996, para a 15ÂȘ, em 2006, segundo o novo indicador de produção cientĂfica SJR (SCimago Journal Country Rank), desenvolvido por um grupo de pesquisa espanhol, conduzido pelo cientista FĂ©lix de Moya, da Universidade de Granada. Na AmĂ©rica Latina, o Brasil lidera o ranking com 25.266 artigos cientĂficos publicados em 2006. Na lista geral, os EUA estĂŁo no topo, seguidos por China, Reino Unido e JapĂŁo. Segundo o SJR, pesquisadores brasileiros alcançaram mais de 160 mil publicaçÔes de 1996 a 2006. Os nĂșmeros de 2007 estĂŁo em anĂĄlise. Moya vem ao Brasil em junho a convite da editora Elsevier, para falar do indicador, no CNPq.
Mercado Aberto - Guilherme Barros - Fonte: Folha de S.Paulo - 20/05/08.
SJR (SCimago Journal Country Rank) - http://www.scimagojr.com/
Universidade de Granada - http://www.ugr.es/ugr/index.php
Elsevier - http://www.elsevier.com.br/
NUNCA ANTES NESTE PAĂS OS MUSEUS...
Os museus são ferramentas para todas as classes sociais, instrumentos de mudança social e desenvolvimento.
"Os conservadores sĂŁo pessimistas quanto ao futuro e otimistas quanto ao passado" (Lewis Mumford)
Nunca antes neste paĂs os museus foram tĂŁo discutidos. O espaço que o tema dos museus vem ocupando estĂĄ refletindo positivamente para que as polĂticas culturais se aproximem mais do universo museal.
Atualmente, existem cerca de 60 mil museus em todo o mundo, dos quais 90% criados após a Segunda Guerra Mundial. Fazer uma reflexão sobre o papel dessas instituiçÔes é de fundamental importùncia e deve ser uma preocupação permanente.
Para que a sociedade se aproprie de suas mĂșltiplas possibilidades, os museus aprofundam suas açÔes de comunicação, educação e pesquisa, que, por sua vez, possibilitam o desenvolvimento de novas açÔes de carĂĄter inclusivo. Isso torna a instituição museu uma das mais complexas criadas pelo ser humano, com diversas expressĂ”es em mais de uma centena de paĂses.
No Brasil, sĂŁo cerca de 3.000 museus, que representam 5% dos museus do mundo. Por essa razĂŁo, tal como em outros paĂses, a realidade museolĂłgica brasileira tem que ser pensada e repensada a todo momento.
Nossa diversidade museal tem relação direta com o tema do Ano Ibero-Americano de Museus, que comemoramos em 2008. O tema, que foi também adotado para as comemoraçÔes do Dia Internacional dos Museus, 18 de maio, é "Museus como agentes de mudança social e desenvolvimento".
Olhando para esse cenĂĄrio apĂłs cinco anos do lançamento da PolĂtica Nacional de Museus pelo ministro Gilberto Gil, podemos ver os resultados jĂĄ alcançados: a criação do Sistema Brasileiro de Museus; a Semana de Museus, que vai para a sexta edição, com mais de 1.500 eventos em todo o paĂs; o aumento da visitação, de 14 milhĂ”es, em 2003, para 21 milhĂ”es, em 2007; a ampliação dos investimentos, de R$ 24 milhĂ”es para R$ 140 milhĂ”es; a capacitação de mais 20 mil profissionais nesses cinco anos; e a ampliação da oferta de cursos de graduação em museologia, de dois para oito, em diversas regiĂ”es brasileiras.
A PolĂtica Nacional de Museus tem o reconhecimento internacional, servindo atĂ© mesmo de modelo para outros paĂses.
Esses nĂșmeros mostram que o Estado deve assumir a coordenação de suas polĂticas pĂșblicas e ser gestor, indutor e regulador, diferentemente da receita neoliberal do Estado mĂnimo.
O Congresso nunca atuou tanto em relação aos museus como nos Ășltimos cinco anos, a exemplo da proposta de criação do Estatuto de Museus e dos mais de dez projetos de lei que tramitam na CĂąmara e no Senado.
A PolĂtica Nacional de Museus tem em sua gĂȘnese um carĂĄter democrĂĄtico e participativo, rompendo com a lĂłgica de barĂ”es e vassalos, ampliando os interlocutores, e continua recebendo diversas contribuiçÔes que chegam de toda a parte para aperfeiçoar esse processo colocado em marcha ao longo desses anos.
Ă claro que ainda falta muito a fazer nessa trajetĂłria, pois apenas 20% dos municĂpios brasileiros tĂȘm museus.
Diferentemente da China, que decidiu que até 2010 criaria 5.000 museus novos, temos que sensibilizar cada vez mais a sociedade para a preservação da memória e para pensar os museus como ferramentas para todas as classes sociais, como instrumentos de mudança social e desenvolvimento.
Os museus são espaços de poder e muitos deles foram criados para simbolizar isso. Temos exemplos como o MoMa, de Nova York, que serviu à Guerra Fria, e até mesmo o Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, que foi criado pelo Estado Novo para produzir uma idéia de nação.
Nessa nova fase, os museus brasileiros trabalham na institucionalização da polĂtica museolĂłgica, com a criação do Ibram (Instituto Brasileiro de Museus). Essa proposta integra o programa de governo do presidente Lula e Ă© um passo fundamental para dar continuidade Ă s conquistas da PolĂtica Nacional de Museus. Ă uma inovação em relação ao atual modelo de gestĂŁo do patrimĂŽnio cultural, inovação que jĂĄ ocorreu em outros paĂses.
Essas açÔes são uma construção da imaginação museal brasileira, que tem caminhado em busca de garantir um futuro perene para o campo museal brasileiro. Esse futuro se constrói hoje.
JosĂ© do Nascimento JĂșnior, 41, antropĂłlogo, mestre em antropologia da polĂtica, Ă© diretor de Museus e Centros Culturais do Iphan (Instituto do PatrimĂŽnio HistĂłrico e ArtĂstico Nacional), do MinistĂ©rio da Cultura.
Fonte: Folha de S.Paulo - 21/05/08.
Ano Ibero-Americano de Museus - http://www.museus.gov.br/agenda_ibermuseus/index.htm
Sistema Brasileiro de Museus - http://www.museus.gov.br/
MoMa - http://www.moma.org/
Museu HistĂłrico Nacional - http://www.museuhistoriconacional.com.br/
Ibram - http://www.revistamuseu.com.br/emfoco/emfoco.asp?id=7518
UM MAPA QUE NĂO TEM SOSSEGO
Nas eleiçÔes do mĂȘs passado na ItĂĄlia, a Liga Norte, que defende a separação entre o norte e o sul do paĂs, dobrou sua votação, com relação Ă eleição anterior, e conquistou um papel de peso na coligação chefiada pelo primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Na BĂ©lgica, teme-se que o gabinete enfim formado em março, depois de oito meses de desentendimento entre os flamengos do norte e os valĂ”es do sul, seja um dos Ășltimos a segurar o paĂs unido. Na Espanha, fervem os nacionalismos basco e catalĂŁo. No PaĂs Basco, estĂĄ marcado para outubro um plebiscito sobre sua independĂȘncia. Na EscĂłcia, programou-se para 2010 um plebiscito sobre a ruptura dos laços com o Reino Unido. As pessoas que compraram mapas novos da Europa nos Ășltimos anos, para se pĂŽr em dia com as mudanças no leste do continente, que se preparem: logo podem ter de comprar outro, para se atualizar com as mudanças no lado oeste.
Se hĂĄ algo que soa incongruente ou, mais que isso, estapafĂșrdio, no mundo de hoje, Ă© o separatismo europeu. O continente vive seu momento mĂĄximo, na histĂłria, de paz e progresso. As populaçÔes desfrutam um bem-estar que os avĂłs, contemporĂąneos da II Guerra Mundial, nem em sonhos conceberiam. Protagonizam uma experiĂȘncia polĂtica, batizada primeiro de Comunidade EconĂŽmica EuropĂ©ia, depois de Comunidade EuropĂ©ia e, hoje, de UniĂŁo EuropĂ©ia, que Ă© a mais criativa fĂłrmula jĂĄ posta em prĂĄtica no planeta para agregar economias, aproximar sociedades e contornar histĂłricas hostilidades. Contra esse quadro floresce o paradoxal e oposto fenĂŽmeno do levante das parĂłquias. "NĂŁo temos nada em comum a nĂŁo ser o rei, o chocolate e a cerveja", diz Filip Dewinter, lĂder separatista flamengo. A BĂ©lgica configura o caso mais extremo. A Espanha de alguma forma continuarĂĄ a existir, mesmo que se despreguem dela o PaĂs Basco e a Catalunha. A ItĂĄlia idem, ainda que seja criada a repĂșblica com nome de Ăłpera-bufa â PadĂąnia â preconizada pela Liga Norte. JĂĄ a BĂ©lgica terĂĄ necessariamente de sumir do mapa para dar lugar Ă Flandres dos que falam a variante do holandĂȘs chamada flamengo e Ă ValĂŽnia dos que falam francĂȘs.
Os separatismos desafiam a noção de que nesses lugares a histĂłria jĂĄ chegara ao fim. NĂŁo havia nada que parecesse mais pronto e acabado, no mapa, do que a GrĂŁ-Bretanha. Houve lĂĄ atrĂĄs brigas como a que opĂŽs a primeira Elizabeth da Inglaterra a sua prima Maria Stuart, rainha da EscĂłcia, conforme bem nos ensinaram mais de uma fita de cinema, mas tudo isso fazia muito parecia superado, e indissolĂșvel o casamento que assegurava a unidade da maior das ilhas britĂąnicas. Eis no entanto que o nacionalismo escocĂȘs se revigora, arrebanha garotos-propaganda como o ator Sean Connery, e torna-se uma dor de cabeça crĂŽnica para o governo de Londres. A unificação da ItĂĄlia, no sĂ©culo XIX, tambĂ©m tinha toda a aparĂȘncia de um final (feliz) de histĂłria. NĂŁo mais. Na verdade, engano Ă© pensar que exista um fim para a histĂłria. JĂĄ deverĂamos estar escolados pela queda do Muro de Berlim, que determinou o colapso de outro mundo que parecia nĂŁo apenas sĂłlido, mas o retrato do futuro. NĂŁo aprendemos. A tendĂȘncia a achar que as coisas jĂĄ se cristalizaram tem o atrativo de inspirar segurança e mascarar com uma aparĂȘncia de previsibilidade o mundo em que vivemos.
As causas dos separatismos na Europa sĂŁo tĂŁo diversas quanto sĂŁo eles prĂłprios, mas podem-se identificar alguns padrĂ”es. A defesa da prĂłpria lĂngua, e a intolerĂąncia para com a do outro, Ă© o padrĂŁo que aproxima os separatismos da Espanha e da BĂ©lgica. O New York Times publicou recentemente a notĂcia de que a pequena cidade belga de Liedekerke, assustada com o crescente nĂșmero de habitantes francĂłfonos, determinou a exclusĂŁo das crianças que nĂŁo falam flamengo das atividades esportivas e de lazer das escolas. No PaĂs Basco, o serviço pĂșblico exige crescentemente dos servidores o conhecimento do euskera, o idioma local, que dois terços dos prĂłprios bascos nĂŁo dominam. Outro padrĂŁo Ă© a origem do separatismo nas regiĂ”es mais ricas, contra as mais pobres. Ă o caso da Catalunha, da Flandres e do norte da ItĂĄlia. As trĂȘs se irmanam na alegação de que sĂŁo obrigadas a sustentar, com os impostos que pagam ao poder central, as populaçÔes incompetentes e/ou indolentes de outras regiĂ”es.
A primeira moral dessas histĂłrias Ă© que os europeus nĂŁo tĂȘm razĂŁo para estranhar as disputas africanas entre tutsis e hutus em Ruanda, quicuios e luos no QuĂȘnia, ĂĄrabes e nubas no SudĂŁo. Suas prĂłprias tribos nĂŁo sĂŁo menos incompatĂveis umas com as outras. A segunda Ă© que dos povos e dos paĂses nĂŁo cabe esperar que tenham encontrado o ponto final de suas histĂłrias porque sĂŁo como os indivĂduos. Por mais contemplados pela riqueza e pelo bem-estar, sempre haverĂĄ algo que os balance. Se nĂŁo hĂĄ inimigos externos, inventarĂŁo inimigos dentro de si mesmos. A inquietude vigia sem descanso para impedir a vitĂłria do conforto que vem da riqueza e da harmonia que vem do bem-estar. Assim como nĂŁo hĂĄ homem pronto nem mulher pronta, tambĂ©m nĂŁo hĂĄ paĂs pronto nem povo pronto.
Roberto Pompeu de Toledo - Fonte: Veja - Edição 2061.
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