SHOW DE MASCOTE
03/06/2010 -
FUTEBOL SHOW
ZAKUMI
English:
http://www.fifa.com/worldcup/organisation/mascot/index.html
O QUE É
O leopardo é a mascote da Copa-10
CRIADOR
Andries Odendaal
IDADE
15 anos. Zakumi nasceu em 1994, ano que simboliza o início da democracia e o fim do apartheid na África do Sul
O QUE SIGNIFICA
União das palavras "za", que representa a África do Sul, e "kumi", número 10 em vários idiomas do continente
Fonte: Folha de S.Paulo – 12/05/10.
Leia mais:
http://pt.fifa.com/worldcup/organisation/mascot/index.html
CONTAGEM REGRESSIVA
http://www.fifa.com/worldcup/
AS COPAS DE MAX
http://cbn.globoradio.globo.com/colunas/as-copas-de-max/AS-COPAS-DE-MAX.htm
BOLA SOCIAL SOCCER
Lançado no Orkut e no Facebook, já é um sucesso na web. No jogo, os usuários podem desafiar seus amigos para partidas, além de assumirem o papel de administrador do time de futebol, construindo um estádio e comprando equipamentos para os jogadores melhorarem sua técnica. Para atrair mais recursos para o clube, o jogador tem como assinar contratos de patrocínio com marcas como Coca-Cola e Allianz, que irão depositar dinheiro e bônus todos os dias, mas também estabelecerão metas para serem cumpridas.
Blog de papel.com - Fonte: O Tempo - 03/06/10.
Leia mais:
http://jogos.uol.com.br/pc/ultnot/2010/05/27/ult182u8384.jhtm
AS ORIGENS, SEGUNDO TOSTÃO
Dizem que o futebol começou na China, há mais ou menos 2.000 anos. Até hoje, os chineses não aprenderam a jogar. Sabem como jogar, mas não sabem jogar. Na Idade Média, o futebol foi levado para a Europa. Os trabalhadores brincavam com a bola nos intervalos das construções das igrejas medievais.
Talvez por isso, elas tenham levado tanto tempo para ficarem prontas. Os ingleses, espalhados pela Europa, levaram o esporte para a Inglaterra. Multidões corriam atrás da bola pelas ruelas de Londres. Destruíam tudo, e o futebol foi proibido em 1814, pelo rei Eduardo 2º. De nada adiantou.
Em 1863 foi o ato oficial de fundação em Londres da Football Association, a primeira entidade a organizar o esporte. Foram confirmadas as 17 regras e os 11 jogadores, que continuam até hoje. Em 1872, conteceu o primeiro jogo internacional, entre Inglaterra e Escócia.
O placar só poderia terminar em 0 a 0. Daí, nasceu a retranca. Segundo versões oficiais, o futebol chegou ao Brasil em 1894, trazido por Charles Miller, filho de um inglês com uma brasileira. Ele trouxe duas bolas, uma agulha, dois jogos de uniformes e dois livros de regras. Charles Miller era um centroavante oportunista. Desconfio que a verdadeira história seja diferente. Contam que o Descobrimento do Brasil não foi por acaso.
Cabral estava doido para jogar uma partida e já sabia que os índios eram bons de bola. Pois o futebol teria chegado ao Brasil muito tempo antes, trazido pelos enícios.
Em 22 de abril, logo que as 12 embarcações avistaram a terra, Cabral gritou: "Bola à vista"! A tripulação desceu e combinou uma partida para depois da missa.
Pero Vaz de Caminha foi o juiz. Ele escreveu ao rei Dom Manoel 1º: "Em se treinando, bom futebol dá". Aproveitou para pedir emprego à sua família. Nascia o nepotismo. Os índios jogavam nus e, daí, nasceu a pelada. Eles ganharam a partida por 10 a 1. Em troca de brincos e outros presentes, deixaram os colonizadores fazerem um gol. No início, o futebol era apenas para os brancos e ricos. Foi um desastre.
Ficou horrível e chato. Como ninguém ia ao campo, voltaram atrás. Na década de 20, o Vasco foi o primeiro clube a contratar um negro. A miscigenação foi responsável pela arte do futebol brasileiro. Em 1933, iniciou-se a profissionalização do futebol no Brasil. Desde menino, ouço que o Brasil é o país do futuro, e que o futebol é desorganizado fora de campo.
O futuro nunca chega, e o futebol, apesar de ter se transformado em um grande negócio, continua entregue a amadores e incompetentes. Sempre me intrigou porque escolheram 11 jogadores para formar um time, e não dez ou 12. Foi uma sábia decisão.
Discordo dos que acham que hoje os times deveriam ter um jogador a menos, com a justificativa de que os atletas correm muito, que diminuíram os espaços e que o campo ficou pequeno. Fora o goleiro, escolheram um número par de jogadores.
A simetria está presente em tudo. Existe no ser humano uma obsessão inata, compulsiva, pela simetria. Mesmo os grandes artistas, que costumam transgredir e reinventar o mundo, têm atração pelo duplo.
As primeiras grandes obras de arte conhecidas já tinham essa preocupação. Imagino que a simetria seja uma expressão da dualidade humana, dividida entre o bem e o mal, entre a paixão e a razão, entre o certo e o errado, entre o princípio do prazer e o princípio da realidade.
Poderia ser ainda uma maneira de reprimir os impulsos instintivos e de conciliar os opostos. O esquema tático hoje mais utilizado é o da simetria, com dois zagueiros, dois laterais, dois volantes, dois meias e dois atacantes.
Mais ainda, os técnicos preferem um zagueiro rebatedor e outro clássico; um volante habilidoso e outro brucutu, um lateral que apoia mais e outro que marca mais; um meia organizador e outro mais agressivo; um atacante mais leve e que joga pelos lados e outro, centroavante, finalizador.
Tudo simétrico. Como não dá para ter mais de um jogador no gol, o goleiro ficou sozinho, isolado. Deve ser por isso que os goleiros são mais individualistas, exibicionistas e esquisitos. Sentem falta do outro.
Fonte: Folha de S.Paulo - 06/06/10.
CANAIS ABERTOS FARÃO PIADAS NA ÁFRICA DO SUL
Enquanto Tiago Leifert se prepara para injetar humor à cobertura ufanista da Globo da Copa do Mundo, outros canais da TV aberta se movimentam para o evento. E os humorísticos devem responder por uma boa fatia da cobertura do Mundial.
Um dos pioneiros a fazer piada com a competição, o "Casseta & Planeta" não vai à África do Sul, mas "CQC" (Band), "Pânico" (RedeTV!), "Legendários" (Record) e "Rock & Gol" (MTV) terão parte de seu elenco no país.
"O "CQC" dedicará 70% do programa ao evento",diz Rafael Cortez. Enquanto Felipe Andreoli acompanhará os jogos e atletas, Cortez fará matérias fora dos estádios para o programa (seg., às 22h15).
Paulo Bonfá, âncora do "Rock & Gol", terá missão parecida. Em um reality show de cinco minutos (seg. a sex., às 21h), mostrará as agruras de um torcedor na Copa. "Os passeios, os shows de música africana, as filas dos jogos, os dias de chuva", adianta.
"Pânico" (dom.; às 20h45) enviará dois de seus integrantes, ainda não definidos. Já "Legendários" (sáb., às 21h45) terá na Copa Miá Mello e Marcelo Marrom, que chegou a ser preso após furar bloqueio para se aproximar de Dunga, quando ele encontrava Lula em Brasília.
Entre as novidades do jornalismo, Pelé comentará os jogos nos jornais do SBT, que não tem o direito de transmissão das partidas, exclusivos de Globo e Band. Esta terá em seu time de comentaristas jogadores "bad boys" como Edmundo e Vampeta.
Bruna Bittencourt - Fonte: Folha de S.Paulo - 30/05/10.
COPAS
Em termos de qualidade dos jogos, de 1986 para cá, é quase unânime: a pior foi a da Itália, em 1990, com a Alemanha campeã, jogando burocraticamente, contra uma Argentina cuja geração de Maradona estava no ocaso. Tenho dúvida quanto à melhor: se a do México em 1986, com Maradona ganhando o mundo, ou a da França em 1998, com Zidane.
Outra quase unanimidade: a Alemanha organizou em 2006 a melhor Copa da história, onde tudo funcionou com perfeição e cada alemão agiu como um bem-preparado relações públicas. O anfitrião mais sem graça, frio e criticado foi o Japão em 2002. Para a população em geral era como se nenhum evento diferente estivesse sendo realizado lá. Os elogios só para a Coreia.
Chico Maia (http://www.chicomaia.com.br/) - Fonte: O Tempo - 30/05/10.
ÁFRICA NA VEIA
A tentação é dizer que o primeiro dia na África a gente nunca esquece. Mas seria mentira. Já esqueci boa parte do que me aconteceu aqui em Johannesburgo no dia em que cheguei, anteontem.
Depois de oito horas de viagem em que não consegui pregar o olho por conta de um grupo ruidoso de torcedores argentinos, passei a quarta-feira feito um sonâmbulo, procurando decifrar as primeiras imagens da África. Só agora começo a me achar.
Outra tentação é a de tentar entender tudo de imediato, traçando grandes generalizações a partir dos fragmentos de realidade com que entramos em contato. Rodamos três quarteirões e "concluímos": puxa, ninguém anda a pé em Johannesburgo -ou, pior ainda, na África do Sul.
Depois de receber três sorrisos encantadores, saímos dizendo que os sul-africanos são o povo mais simpático do mundo. Mais ou menos como o Dunga, que, ao ver em Harare meia dúzia de escolares uniformizados e sorridentes, concluiu que a educação no Zimbábue era desenvolvida.
O fato é que a África nos entra por todos os poros, por todos os sentidos, e temos dificuldade em dar conta de tanta informação, de tanta novidade. Sentimos quase necessidade de nos confortar com interpretações e definições.
Ontem fomos a Soweto ver o tedioso treino da seleção brasileira. Aliás, uma sacanagem com o público local o único treino aberto ser um bate-bola e exercícios físicos.
No carro, Tostão, Juca Kfouri e eu íamos comentando tudo o que víamos. É uma das maiores favelas do mundo, mas na parte que vimos dela as casas são ajeitadinhas, de alvenaria, e as ruas são asfaltadas. Nada que lembre a feiura suprema das favelas de São Paulo e Rio.
Entretanto sabemos que há um Soweto mais miserável e deteriorado, tanto quanto sabemos que, entre aqueles rostos simpáticos e aqueles graciosos corpos bamboleantes, já rolou e ainda rola muito sangue.
Algumas informações chocam até mesmo a nós, já habituados com as iniquidades do Terceiro Mundo. Tostão lembrou, por exemplo, que todo o sistema de saúde na África do Sul é privado, o que, em um país que tem milhões de miseráveis, é um genocídio.
Também o transporte público é praticamente inexistente em Johannesburgo. Os pobres -ou seja, a imensa maioria- são deixados à própria sorte. Ainda assim, nas ruas se dança, se canta, se assopra a irritante vuvuzela. Misteriosa África.
José Geraldo Couto - Fonte: Folha de S.Paulo - 04/06/10.
ELES TRABALHARAM BEM!
Aliás, continuam trabalhando, já que há vários lugares onde as obras ainda não terminaram, principalmente no entorno do estádio Soccer City, e em algumas vias de acesso. Johanesburgo parece outra cidade em relação à de 2009, quando estive aqui cobrindo a Copa das Confederações.
Modernos equipamentos de segurança foram instalados no aeroporto, facilitando o desembaraço da liberação da bagagem, imigração e chegada ao saguão.
Em apenas um ano, eles conseguiram muitos progressos. Logo na saída do aeroporto já se nota diferenças, principalmente pela decoração da rodovia que leva ao Centro, com bandeiras dos 32 países que disputarão a Copa e temas voltados à cultura sul-africana.
As praças estão arrumadas, as ruas que já eram bem pavimentadas e limpas, melhores ainda, e o clima de confraternização já faz parte do cotidiano. Onde não se via policiais, agora há vários, e o tráfego está fluindo bem, em função das obras realizadas com este objetivo.
A receptividade continua sendo a melhor possível, e tudo faz crer que a primeira Copa do Mundo no continente africano será muito boa.
Mudanças
A transformação mais nítida é no entorno do estádio Soccer City, no Soweto. Quase tudo diferente. O metrô chegou, e onde havia barracos de zinco e lata, estão um Centro de Exposições e uma enorme estação de passageiros. A favela continua existindo, porém um pouco menor e ganhou serviços públicos essenciais que não existiam. Está mais humanizada.
Poeira
Até a próxima sexta-feira, às 11 h (do Brasil), quando será aberta a Copa, com África do Sul x México, muita gente ainda vai pisar em asfalto quente nas imediações do imponente Soccer City. Boa parte do estacionamento, especialmente na parte dedicada à imprensa, ainda é de terra, onde a poeira sobe permanentemente. Mas homens e máquinas não param de trabalhar.
Casas cheias
O pavor da Fifa são as imagens da TV mostrando espaços vazios nas arquibancadas dos jogos da Copa, qualquer uma, promovida por ela. Durante a Copa das Confederações, ela viu que isso ocorreria, e muito, neste ano, caso não baixasse o preço dos ingressos, principalmente para o bolso da população local. Fez isso, e a venda foi um sucesso, com ingressos custando até US$ 20. Dessa forma, além das barulhentas vuvuzelas, a perspectiva é que também os cambistas estejam com seus "empregos" garantidos, já que muita gente comprou por este preço, pensando em vender por, no mínimo, o dobro, o que continuará sendo um ótimo negócio para quem comprar. Cambista é uma "instituição" mundial, e nem a Alemanha conseguiu impedi-los, na Copa de 2006.
Chico Maia (http://blog.chicomaia.com.br/) - Fonte: O Tempo - 06/06/10.
LINHA-DURA NA COPA
O QUÊ?
56 tribunais recém-criados
PARA QUÊ?
Combater hooligans, cambistas, vendedores ilegais
POR QUÊ?
Desafogar os tribunais comuns e agilizar os julgamentos
QUANDO?
Desta semana até 11 de julho
Fonte: Folha de S.Paulo - 30/05/10.
COPA CRIA TRIBUNAIS PARA PUNIR RÁPIDO
A organização da Copa-10 decidiu adotar linha-dura contra hooligans (torcedores violentos), cambistas e vendedores que burlarem as rígidas regras de proteção a patrocinadores do evento.
Todos estarão sujeitos a julgamentos sumários, por cortes especialmente estabelecidas pelo governo sul-africano a pedido da Fifa, a entidade máxima do futebol.
Serão 56 desses tribunais especiais na África do Sul, funcionando a partir desta semana até o final do Mundial, cuja partida decisiva será no dia 11 de julho.
Cada um terá dois juízes, com a missão de lidar de maneira rápida com infrações diretamente relacionadas com o evento. Ficarão em salas especiais de fóruns e tribunais já existentes.
"É uma experiência nova, que queremos ver replicada em Copas futuras", diz Tlali Tlali, porta-voz do Ministério da Justiça sul-africano.
A ideia das cortes especiais, segundo o governo, tem dois objetivos: desafogar as cortes tradicionais, já atoladas com os grandes índices de violência no país, e agilizar a resolução de casos.
No Brasil, desde 2005, alguns estádios contam com a atuação do Jecrim (Juizado Especial Criminal), que tem como meta acelerar a resolução de uma infração ocorrida perto ou dentro da arena.
"Muitos dos responsáveis ou vítimas de crimes deverão ser pessoas que vieram de fora para a Copa. No sistema tradicional, esses visitantes já estariam de volta a seus países quando a fase processual começasse", fala Tlali.
Não há limite de tempo estabelecido para a resolução de casos, mas a expectativa é que a sentença saia em menos de uma semana.
Crimes mais sérios como assassinato ou estupro, se tiverem conexão com a Copa, também poderão ser submetidos às cortes especiais, embora nesses casos a sentença deva demorar mais para sair.
O governo tem a expectativa de que a maioria dos problemas seja relacionada a danos físicos a propriedades, causados sobretudo por torcedores que se embebedem e se tornem violentos.
Nesses casos, a resposta deverá ser a cobrança de indenização, prisão e deportação, no caso de estrangeiros.
Mas o comitê organizador da Copa também está preparado para diversos casos de "pirataria". Segundo as regras da Fifa, apenas patrocinadores do evento poderão vender e anunciar seus produtos numa zona de exclusão de 1 km de raio perto de estádios e Fan Parks (parques com telões).
A medida revoltou organizações de vendedores de rua que há anos trabalham perto dos estádios. A zona em torno de Ellis Park, localizado no centro de Johannesburgo, é a que mais afetará esses ambulantes. Muitos prometem desafiar a proibição.
Fábio Zanini - Fonte: Folha de S.Paulo - 30/05/10.
TRANSFORMAÇÃO NADA EMPOLGANTE
O futebol brasileiro começou a crescer a partir da presença maciça de negros em suas equipes e da diminuição das rivalidades regionais, que tanto prejudicaram a Seleção Brasileira nas primeiras Copas do Mundo. Com o aparecimento de grandes jogadores como Pelé e Garrincha, os esquemas defensivos que tanto sucesso fizeram até ali passaram a ser insuficientes para obstar esses talentosos jogadores. E mesmo aumentando o número de defensores pouco se conseguia diante desses excepcionais criadores. É que os espaços eram imensos e impedir atletas como eles de criar era uma façanha praticamente impossível.
Esses espaços eram assim gigantescos porque a preparação física desses jogadores ainda era tratada como uma atividade menos importante, menor, que a parte técnica ou tática. E era lógico que isso fosse visto assim. A ciência esportiva, então, dava apenas os primeiros passos. Somente nos anos 50 é que foi criada a principal organização de fomento à ciência esportiva: o American College, exatamente no período em que apareciam esses jogadores especiais. Como eles apresentavam também qualidades físicas natas, que os colocavam em vantagem contra seus marcadores, era natural que as dificuldades em marcá-los fossem grandes. Temos aqui um período em que, apesar de todos os estudos e a implantação de novidades táticas, a qualidade individual podia superar todos os esforços coletivos de uma equipe. A vitória do gênio contra a organização.
A Copa do México de 1970 desencadearia todas as transformações que ocorreriam no futebol. Jogar em condições tão difíceis, como na altitude de mais de 2 mil metros, provocou uma verdadeira caçada ao que de mais novo havia nos estudos na área esportiva. Os esforços científicos de dois anos antes, motivados pelas Olimpíadas realizadas na mesma cidade e nas mesmas condições, serviram como base das ações de planejamento físico das equipes mais importantes. Ainda que fossem preocupações incipientes, comparando-se com os dias de hoje. Mesmo assim percebemos que a maior parte das delegações teve grandes dificuldades em lidar com aquelas condições.
A partir daí, no entanto, o fato é que o jogo de futebol passou a ser então uma associação equânime de técnica e física e, posteriormente, a equação passou a pender para a última. Nos dias de hoje, um jogador de futebol atinge uma quilometragem duas vezes superior à de 1970, o que permite maior mobilidade do atleta, que passou a ocupar muito mais espaços no gramado de jogo. Com isso, o futebol começou a apresentar características muito diferentes: mais contato físico, mais infrações, mais interrupções e menos técnica. E foi o aspecto técnico que mais perdeu, pois, apesar de ainda podermos ver jogadores de grande talento, suas ações são muito mais limitadas que há 30 anos. Os jogos de futebol tornaram-se mais previsíveis e repetitivos, quando o surgimento de um gol, o mais das vezes, é quase um acidente de percurso.
O gol no futebol de hoje, fazendo comparação com o circo, é semelhante à queda de um trapezista. Isto é, todos os movimentos são treinados à exaustão e assim se consegue atingir um ponto em que os erros (e a criatividade) são raros, mas, quando acontecem, provocam a queda do artista. Então, o gol ocorre geralmente quando existe algum acidente ou erro do adversário.
Estimulando ainda mais essa tendência à uniformização do futebol, temos hoje um intercâmbio entre as várias escolas e culturas futebolísticas que não existia décadas atrás. Naquele tempo, os times e as seleções da Europa, por exemplo, pouco conheciam das equipes sul-americanas, porque os meios de comunicação por imagem eram incipientes e os contatos, raros. Assim, em cada encontro poderiam enfrentar muitas novidades em relação aos jogadores e mesmo às estruturas táticas. Com a melhora das comunicações intercontinentais, essa distância entre o Velho e o Novo Mundo foi diminuindo, e mesmo assim as escolas tradicionais ainda davam pouco valor à pesquisa sobre os adversários, o que chegou a provocar absurdos como o desconhecimento da Seleção Brasileira em relação à Holanda de 1974.
Poderíamos dizer que a equipe holandesa foi a que nos mostrou a mais revolucionária estruturação tática de todos os tempos. As constantes trocas de posição da maior parte dos jogadores, a ocupação de todos os espaços, a marcação por pressão em bloco – independentemente de onde estivesse o jogador adversário que portasse a bola –, uma extravagante linha de impedimento que se movimentava segundos antes do lançamento ou logo após a devolução da bola em direção ao campo inimigo, após um escanteio, e a técnica apurada de alguns de seus jogadores, como Cruyff, o chamado futebol total, nos ofereceram uma raridade em termos de variação tática. Algo que provavelmente não veremos na África do Sul.
Sócrates - Fonte: Carta Capital - Edição 598.
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